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The World After the End – Capítulo 230

O mundo após o fim (2)

“Dez anos?”

Jaehwan franziu a testa enquanto levava o dedo à cabeça. Dez anos? Por que ele tinha dez anos? Como sua mãe estava ali? Por que ELE estava ali?

Por que… Eu sou… Quem sou eu?

— O que eu fiz de errado com ele?

— Nunca disse que você fez algo errado.

— Meu filho está bem. Ele é bom na escola, tem muitos amigos… E até seus professores…

— Alguns transtornos delirantes são difíceis de perceber, pois os sintomas são os mesmos das atividades regulares.

— NÃO! Ele está bem! Ele foi apenas… Ele foi apenas traumatizado! É tudo culpa dele… Por causa dele… Meu filho… Ele só…

— Vou mostrar-lhe, senhora.

O médico então trouxe Jaehwan para a mesinha no canto da sala e puxou as cortinas. Eram tão finas e simples que não impediam os sons de entrarem ou saírem. Ouvia-se o som da respiração tensa de uma mulher. O médico falou com Jaehwan.

— Jaehwan. Você pode responder algumas perguntas para mim?

Jaehwan assentiu.

— Quantos anos você tem?

— Eu esqueci.

— Esqueceu? E por quê?

— Já vivi demais para isso.

— Demais? Quanto tempo é isso?

— Dez bilhões de anos.

Uma mulher ofegante podia ser ouvida além da cortina. O médico olhou para a cortina e continuou com suas perguntas.

— Então o que você tem feito até agora Jaehwan?

— Eu estava brigando contra o Grande Irmão.

— O Grande Irmão é seu ‘pai’?

Jaehwan não respondeu. O médico escreveu algo em seu papel e continuou a perguntar.

— Então por que você brigou com o Grande Irmão?

— Para destruir o Sistema.

— Sistema? E o que é isso? Você pode explicar para mim?

Jaehwan sentiu uma forte dor de cabeça enquanto tentava se lembrar do que era o Sistema, mas não funcionou. O médico então assentiu com conhecimento de causa e deu uma caneta e um pedaço de papel para Jaehwan.

— Jaehwan, você pode desenhar aqui?

Jaehwan começou a desenhar algo no papel. Não demorou muito para terminar o desenho. O médico recebeu o papel de volta de Jaehwan.

Era uma árvore gigante. Uma árvore gigante com raízes e galhos secos. O médico olhou para ele com curiosidade.

— Essa árvore é o ‘Sistema’?

Jaehwan não respondeu, porque ficou tonto. Ele mal conseguia respirar, mas o médico continuou fazendo suas perguntas.

— Então, existe uma coisa chamada ‘torre’ na raiz desta árvore e ela sequestra pessoas da Terra para mandá-las subir na árvore?

— Sim.

— E isso é o [Cultivo]?

— Certo.

— E você sobreviveu ao [Cultivo] e foi para o topo da torre?

As perguntas continuaram chegando e Jaehwan continuou respondendo. Adaptados e Despertados. <Caos> e <Abismo>. Deuses e Seguidores. Jaehwan não sabia por que sabia tudo isso, mas se concentrou em responder às perguntas do médico.

— Entendo. Assim, o ‘mundo único’ é alguma forma de espaço imaginário que é criado pelo sonho de alguém. Isso está certo?

— Quase isso.

— E quando você consegue que muitos acreditem nisso, então se torna uma ‘realidade’?

Jaehwan assentiu. Ele então viu uma figura diminuindo além da cortina. Cada vez que respondia a uma pergunta, sentia a respiração de sua mãe ficando mais superficial.

Era um sentimento estranho. Cada vez que Jaehwan respondia para tornar seu mundo mais detalhado, a história que ele viveu estava sendo pisoteada, mas Jaehwan não tinha certeza do que era.

Como o médico continuou perguntando, Jaehwan o viu mudando estranhamente. Não era sua expressão, mas seu rosto estava coberto por palavras e números complicados. Foram aqueles que Jaehwan viu do homem que ele estocou.

Vozes continuaram falando com ele.

Estoque. Estoque-o e mate-o.

Jaehwan balançou a cabeça enquanto mordia os lábios.

“Não– Não posso fazer isso. A mamãe vai ficar triste.”

Jaehwan se agachou para se esconder das vozes que discutiam sobre ele. O questionamento parou. O sangue escorria de seus lábios e o médico ficou chocado, arrastando Jaehwan para cima.

— Oh, não! Enfermeira!

O médico rapidamente pegou Jaehwan e o deitou em uma cama. Ele chamou uma enfermeira para examinar o ferimento de Jaehwan. O médico então chamou a mãe de Jaehwan para uma sala separada. Ela estava pálida como sempre e mal respirava.

O doutor suspirou. Ele viu o mundo da mulher se despedaçando pelo que acabara de testemunhar.

— J-Jaehwan adora ler… Ele lê todos os tipos de livros e quadrinhos. Isso provavelmente…

— Senhora.

— Ele é muito esperto! Ele não pode…

— Senhora.

Ela começou a chorar. O médico esperou até que ela se acalmasse um pouco.

— Vou ter que pedir que me desculpe por fazer essas perguntas.

— Sim.

— Jaehwan já foi prejudicado por seu pai de alguma forma?

A mulher engasgou por um segundo e respondeu:

— N-Não.

— Isso é verdade? Você tem que ser honesta comigo, senhora.

— NÃO! Eu estou dizendo a verdade. Ele nunca colocou as mãos em seu filho!

A negação da mãe até parecia desesperada.

— Mas posso ver vestígios de violência que seu pai infligiu a Jaehwan. Todos os símbolos retratam seu pai.

O médico falou enquanto mostrava os desenhos e os registros que obteve de Jaehwan. Havia uma árvore, uma torre e um homem de palito apontando para o céu.

— A árvore e a torre. Todas as imagens apontam para ‘aumento’. E a ‘facada’… Você não acha que todas elas têm uma imagem semelhante?

— Não tenho certeza.

— Na psiquiatria, todos esses são símbolos de um pênis masculino.

— P-Pênis?

— Sim. Estou chocado ao ver um exemplo tão perfeito de um caso que retrata tudo com uma imagem.

O médico coçou a cabeça enquanto continuava a explicar. A mulher ouviu o médico em silêncio. Ele descreveu com inúmeras palavras e teorias psicológicas. A mulher não entendeu nem metade do que o médico disse, mas mal conseguiu entender que a situação era muito grave.

— Você acha que ele machucou Jaehwan sem que eu percebesse?

— Não podemos dizer com certeza, mas estamos vendo um traço dessa violência de Jaehwan e isso afetará diretamente seu crescimento mental.

— O que deveríamos fazer…

O médico então bateu em sua mesa e falou de forma tranquilizadora com a mulher desesperada.

— Mas não se preocupe muito. Nem tudo sobre o diagnóstico atual de Jaehwan é ruim.

A mulher ficou surpresa.

— O que você quer dizer?

— As imagens simbólicas de Jaehwan são mais vívidas e específicas do que qualquer outro paciente ou registros de pesquisa que eu já vi e estão interconectadas umas com as outras. Não é apenas uma questão de imaginação… É mesmo ao ponto da literatura…

O médico então tentou encontrar as palavras para descrever e continuou.

— Parece que esse mundo realmente existiu quando ouço suas histórias. Ele é apenas um garoto de dez anos e…

A mulher franziu a testa com raiva.

— Você está zombando de mim?

— Não é isso. Jaehwan está em estado grave, mas se ele conseguir superar, seu distúrbio pode até ajudá-lo de forma artística.

— Forma artística?

— Alguns pensam que o transtorno delirante e a síndrome de Savant estão intimamente relacionados.

— Savant… O quê? O que é isso?

O médico balançou a cabeça. Ele percebeu que a mulher não entendeu nenhum dos termos profissionais que acabara de usar.

— Ah, é um distúrbio comum aos gênios. Estou apenas avisando para que você possa ficar tranquila.

O médico então dobrou o prontuário do paciente em uma pasta e encerrou a consulta.

— Teremos que fazer com que Jaehwan fique longe de seu pai. Sugiro que nos visite para um tratamento mais aprofundado. Jaehwan precisa disso para seu futuro.


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