Talvez SEJA impossível.— Garovel disse. Obviamente, uma boa família não iria só aceitar eles sem perguntar nada. Talvez nós poderíamos explicar de algum jeito ou encontrar algum outro meio de conseguir, mas… no momento, nada vem a minha mente.
— Ugh, aff… e qual a terceira opção?
No momento que Garovel ia responder, o telefone de Hector começou a bipar. Ele estava dentro do casaco em sua mesa e ambos viraram para olhar para ele.
Hector checou a mensagem. A mensagem era a seguinte:
<remetente_desconhecido: delroy, 8133 r. sampson vida/morte. proteja elas>
<usuário: cê tá bem?>
<usuário: o que aconteceu?>
<remetente_desconhecido: estou bem, você está com as crianças?>
— Ele respondeu mesmo. — Hector comentou.
Que alívio. Pergunte a ele o que aconteceu de novo.
Ele o fez. Eles não tiveram que esperar muito tempo para uma resposta.
<muito mais fácil explicar em pessoa. vamos nos encontrar o mais rápido possível.>
— Hmm. — Ele mostrou a mensagem a Garovel.
Não há necessidade dele saber onde você vive. Escolha outro lugar.
— O cemitério?
Eh, isso é perto demais. Você conhece aquele parque a oeste daqui? A uns dois quilômetros mais ou menos?
— Uh… Parque Nelson, certo?
Sim.
— Tá bom… — Ele enviou a mensagem.
<ok, estou indo para lá agora.>
Hector franziu o cenho. — No meio da noite… ? Geez. Acho que ele está ansioso para pegar as crianças. Acho que eu também estaria, se estivesse na situação dele…
Ele não estava certo se ele devia sair de fininho pela janela. Parecia uma ideia ruim sair com dois bebês nos braços. Ele sabia que seus pais ambos acordavam de manhã cedo, especialmente sua mãe, então ele checou as escadas e ficou aliviado de ver que ambos já tinham ido para cama.
Ele saiu furtivamente pela porta da frente com as crianças, trazendo os suprimentos de bebê só por precaução. Quando ele chegou na moto, criou um suporte de ferro para carregá-los.
Hector logo chegou no Parque Nelson. Ele não viu ninguém na vizinhança, exceto um casal jovem andando perto da entrada e um carro passando ocasionalmente.
— Está bem escuro. — Hector disse. — Se incomoda de me ajudar a encontrar ele do céu?
Claro. — Garovel voou acima das árvores, que eram densas o bastante ao ponto que Hector não conseguia seguir direito o ceifador.
Mas, uh… fique onde eu possa te ver, por favor…
Sim, Mãe.
Hector se moveu em direção ao centro do parque, onde havia uma lagoa artificial com uma pequena fonte. Ele parou debaixo de um poste de luz no caminho principal do lugar, mas decidiu não se sentar no banco lá.
Hmm. — Garovel disse depois de uns minutos. Eu não vejo ele. E você?
Não. Acho que vamos ficar esperando…
Escondido atrás de uma saída de ar no teto de um prédio de apartamentos, Geoffrey encontrou seu lugar. Era bem longe, mas ele conseguia ver praticamente o parque inteiro dali. Ele apontou seus binóculos paro ponto cintilante se movendo no céu e ele viu o ceifador. O ceifador do Hector.
Geoffrey sorriu. — Aha. Achei mesmo que tinha sido vocês dois que ajudaram o Sr. Colt. — Ele estava olhando para o parque agora. — Agora, onde está o Hector… ?
Ele viu a figura escura debaixo do poste de luz. Geoffrey tocou no caroço dolorido em seu peito. Não era nada além de uma inconveniência ocasional, então ele nunca se incomodou em ir em um médico, contrário aos desejos de Desmond. Em vez disso, Geoffrey gostava do sentimento, gostava de como isso o lembrava de Hector, seu amigo muito especial.
Honestamente, ele nem tinha certeza se queria matar Hector. Ao pensar nas possíveis hostilidades que eles poderiam ter, as lutas violentas e casualidades inocentes e sessões de tortura longas, Geoffrey não conseguia não sorrir. Hector parecia alguém que o entreteria por muito, muito tempo.
Mas ao mesmo tempo, Geoffrey sabia que ele não podia enrolar muito. Havia um obstáculo insuperável que certamente acabaria com toda a diversão mais cedo ou mais tarde. Seu avô.
Damian estava reconstruindo os negócios da família. Hector era um obstáculo ativo para esse objetivo. A colisão deles parecia inevitável. E, obviamente, parar Damian não era uma opção. Então, quanto mais ele pensava no assunto, mas Geoffrey percebia que apesar dele não querer exatamente Hector morto, ele com certeza não queria que outra pessoa o matasse. Era por isso, no final das contas, o motivo dele não ter contado a Feromas e Damian sobre vir até aqui. Se Hector tinha que morrer, então Geoffrey tinha que ser o responsável por isso. Simples assim.
Ele viu Hector pegou seu telefone e começou a digitar. O telefone de Colt começou a bipar logo depois. A mensagem era:
<onde cê tá?>
Geoffrey pensou por um momento e, então, escreveu de volta:
<malz. não vou conseguir ir. remarcar pra amanhã?>
Houve uma pausa longa. Ele voltou a assistir o ceifador conforme sua paciência começava a se esvair e, então, Hector digitou.
<tudo bem. mas que porra aconteceu>
Geoffrey franziu seus lábios enquanto considerava o que escrever agora. — Ah, aqui vamos nós… — Ele escreveu.
<geoffrey me atacou, mas consegui escapar. me escondendo da polícia agora.>
Hector enviou mais uma mensagem, sugerindo que eles se encontrassem na tarde seguinte, para o que Geoffrey concordou e, então, Geoffrey assistiu ele sair do parque. Era difícil demais seguir Hector no escuro, mas o ceifador era claro como o dia.
Geoffrey manteve sua distância, pulando pelos telhados, espirros de vermelho o carregavam enquanto ele mantinha sua visão. E não demorou até ele ver o ceifador desacelerar. Ele usou seus binóculos de novo e viu o ceifador desaparecer dentro de uma casa de dois andares.
— Então, é aí que você mora. — Geoffrey disse. — Interessante.
Por um tempo, Geoffrey meramente ficou sentado assistindo a casa.
— O que eu devia fazer? — Ele pensou. — Hmm. Eu não quero correr logo pra parte boa. Tem que ser algo especial. Obviamente, eu preciso fazer ele assistir seu ceifador morrer, mas o que mais? Umm… oh! As crianças! Claro que as crianças! Não consegui fazer Sr. Colt assistir elas morrerem, então eu posso fazer Hector assistir no lugar dele.
Geoffrey franziu o cenho e cruzou seus braços. — Mas espera. Ele é muito mais forte que Sr. Colt. Tirar as crianças dele sem matar ele primeiro pode ser difícil… talvez se eu atrair ele pra fora da casa… ? Bom, deixa eu pensar. Está no meio da noite… e ele é bem protetor… como eu faço ele sair sem levar as crianças com ele? Hmm….
De volta em seu quarto, Hector se sentou e começou a treinar com seu metal, tentando melhorar sua velocidade na criação das luvas de novo. Ele encontrou um relógio velho e decidiu cronometrar a si mesmo. Depois de algumas tentativas, ele descobriu que conseguiu tirar alguns segundos do processo.
— Mais quatorze minutos e meio agora. — Ele murmurou.
Ele estava prestes a desistir quando um distante pop o interrompeu. Um pequeno tremor que passou pelo seu quarto e a luz de sua lamparina tremeluziu e apagou.
— O que foi isso?
Uma explosão, senão estou errado. Garovel flutuou até o teto.
Hector esperou no escuro. A luz não está voltando…
Não é só na sua casa. Vários blocos estão completamente no escuro. Acho que podemos culpar o apagão a explosão que veio do sistema de energia.
O que você quer que eu faça? Eu devia ir lá checar?
Acho melhor.
Hector olhou para os gêmeos no escuro, ainda dormindo em suas camas improvisadas. Mas… e as crianças?
Acha que você devia ficar?
Sua expressão enrijeceu. Não sei… podem haver pessoas feridas lá fora, certo? Presas debaixo de algum escombro ou algo do tipo?
Pode haver.
Ele se levantou e passou uma mão em seu rosto enquanto ficava andando pelo quarto. O que eu faço? Se alguém morrer lá e, eu podia… agh… mas eu só… !
Leva as crianças com você.
Ele assistiu Garovel flutuar de volta para o quarto. O que?
Pode ser que você suma por horas, dependendo de como as coisas estão. Você não devia deixar os bebês sozinhos por tanto tempo.
Mas é perigoso pra caralho!
Você vai manter eles a salvo.
Ele ficou incrédulo. Não tem como você saber disso! E se eu foder com tudo de novo?!
Hector. — Garovel disse. Eu sei que ainda te falta confiança, mas não há dúvidas em minha mente que você conseguirá protegê-las. Eu preciso te lembrar de todas as pessoas que você já salvou?
Ele olhou para o chão e franziu o cenho.
Eu preciso? Tá, vamos ver. Há Bohwanox, eu, Colt, essas mesmas crianças, aquelas pessoas do prédio dos apartamentos do outro dia, Lynn, Roman, Mehlsanz, a porra da Rainha de Atreya, eu uma terceira vez… oh e aquela menina da sua primeira noite como meu servo, lembra dela? Vamos lá, há tantas que eu não consigo lembrar de todas. E adivinha? Você está mais forte agora do que nunca antes.
Eu… ah… mas e se elas se ferirem…
Elas sempre vão estar em perigo de se ferir. Mas agora, um dos lugares mais seguros que elas podem estar é ao seu lado. Só não use elas para refletir balas e eu acho que elas vão ficar bem.
Hector ficou em silêncio.
Garovel esperou e, então, disse, Que tal eu escoltar a situação primeiro, então?
Ele olhou para cima. Nã-não. Eu não quero que você vá a lugar algum sem mim também.
Vou tomar cuidado. — O ceifador foi para a parede.
Não, você está certo. Eu vou… eu vou manter elas a salvo… e vou te manter a salvo também.
Então vamos nos apressar. — Garovel falou.
Hector pegou as crianças.
Andar de volta do porto até o motel foi irritantemente lento. Ele queria só roubar um carro, visto que aparentemente Geoffrey jogou o de Colt no mar, mas Bohwanox não permitiria.
Uma fita amarela cercava o estacionamento, mas depois de esperar o último carro de polícia ir embora pela noite, Colt ficou aliviado de ver que seu carro não foi revistado pelo polícia. Seu dinheiro, roupas e suprimentos de viagem estavam todos a salvo.
Eu imagino que isso significa que os policiais não conseguiram te identificar. — Bohwanox disse.
— Pode ser que alguém tenha ouvido os tiros, mas ninguém me viu mesmo. — Colt trocou suas roupas esfarrapadas por umas frescas, encontrando um único dente de tubarão em seu colarinho conforme ele jogava suas roupas fora. — Isso, ou os policiais aqui são idiotas a esse ponto, o que honestamente é mais provável.
Eu achava que você pensava bem da policia.
— Não a dessa porra de país. — Ele juntou suas coisas e foi embora.
Então, por que você se incomodou em trabalhar como um então?
Porque achei que poderia ser útil. — Colt disse. Estava no meio da noite, então quase ninguém estava na rua mais, mas ele decidiu conversar silenciosamente mesmo assim. Tentei o exército por um tempo, mas era só treinamento e bobagem. Tive que gastar meu tempo todo com um bando de retardados e nós nunca nem saímos do país. Voltei para Brighton, que estava até o talo de tanto crime, e a lei estava fazendo absolutamente tudo que podia para ajudar os merdas escaparem. Então, eu comecei a usar a lei para foder com eles sempre que podia.
E foi aí que Rofal te notou?
Colt levantou uma sobrancelha. Você sabe até isso, huh? A quanto tempo está me seguindo a propósito?
Desde que Hector ajudou você e as suas crianças escaparem daquela mansão subterrânea.
Entendo.
O ceifador inclinou sua cabeça sombria para ele. Você não me parece do tipo de pessoa que quer melhorar a sociedade. Sem ofensas.
Não sou um bom homem. — Colt disse. Um bom homem se arrependeria de muitas das coisas que eu já fiz, eu acho. Mas eu conheci pessoas boas. Ou pelo menos, pessoas que mereciam muito mais do que conseguiram. E eu descobri que podia fazer coisas que pessoas boas não conseguiam.
Coisas, huh? Se importa de elaborar mais? Bohwanox perguntou.
Não.
Nós vamos passar muito tempo juntos. Seria bom se aprendêssemos a nos dar bem.
Eu acho que vamos nos dar bem sem saber cada coisinha um sobre o outro.
Não está curioso sobre mim, então?
Me diga o que quiser. Não vou te parar.
Hmm. Então você preferiria uma relação tipo de negócios.
Porra e como.
Bohwanox pausou. Não tenho problemas com isso. Contanto que você não me desobedeça.
Tudo certo. — Colt parou, olhou para a rua vazia e, então, olhou para Bohwanox mais uma vez. Olha, eu sei que você é contra, mas eu realmente preciso roubar um carro se eu quiser chegar em Brighton de manhã. Que tal se eu roubar de alguém que merece?
Suponho que não teria problemas. Mas você consegue mesmo encontrar alguém assim?
Uma hora depois, ele tinha um carro. Irritantemente, Bohwanox fez ele levar o idiota bêbado para casa primeiro.
Próxima coisa, Colt encontrou um orelhão.
Ligando para Hector?
Sim. Eu memorizei o número dele em caso de emergência.
Bem preparado hein?
Não o bastante, obviamente. — Ele ouviu o telefone tocar.
Alguns momentos se passaram. Ele não está atendendo. — Bohwanox disse.