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Throne of Magical Arcana – Capítulo 7

Ganhos e Tentações

Cercado pela névoa vermelha, Lucien sentiu seus membros derreterem e os nervos em seu cérebro inchando e latejando. Ele estava vendo Corella e Howson sofrerem uma mutação de corpos humanos para ratos gigantes, e depois voltando ao normal, várias vezes.

— É… é uma ilusão?! — Lucien tinha certeza. Então, ele se concentrou e tentou circular seu espírito novamente, como ondas, e tudo ao seu redor voltou ao normal. Nenhuma alteração ou contorção aconteceu mais.

Lucien viu Corella e Howson deitados no chão, com feridas por todo o corpo, à beira da morte.

— Nossa isso foi uma armadilha mágica desgraçada… A ilusão deve ter se originado do sangue dos ratos, ou talvez da planta estranha? — Lucien pensou alto. Ele finalmente entendeu que desde o início, quando mataram o primeiro rato, eles já estavam presos na ilusão. Lucien estava protegido pelo escudo de luz, além de ele não saber que sua vontade era um pouco mais forte do que a das pessoas comuns, razão pela qual ele não foi afetado pela ilusão.

O ataque divino que disparou do emblema evaporou não somente a mão direita e o ombro de Gary, mas também uma parte do teto de pedra da câmara. Havia um grande buraco lá, do qual pedaços de pedra caíam aos poucos, como se a câmara estivesse prestes a desmoronar.

A poeira e as pedras dispersaram a névoa vermelha, e somente então Lucien sentiu sua força se recuperar, gradualmente. Não tendo ideia do que aconteceria a seguir, seu cérebro começou a trabalhar loucamente: Exceto por mais dois feitiços de Luz, Lucien não tinha nada mais que pudesse ser utilizado. Seus músculos ainda estavam fracos devido à névoa vermelha paralisante.

Então sua atenção foi atraída para a planta no canto, que estava tremendo e balançando devido à queda das pedras.

— A planta não consegue se proteger de outra forma além de criar uma ilusão? — Lucien perguntou. Ele se esforçou ao máximo para se levantar novamente e então arrastou seu corpo em direção a ela. Ele se movia muito devagar e quase caiu várias vezes. Pedras afiadas continuavam caindo sobre ele, deixando pequenas feridas dolorosas em todo o seu corpo.

Porém, Lucien respirou fundo e continuou se movendo. Depois de tal profunda experiência, ele estava calmo e decidido. Estendendo a mão direita, ele agarrou firmemente o caule da planta. Ele percebeu que naquele caule havia pulsação, como se fosse um ser vivo! Lucien sentiu como se estivesse agarrando veias de uma criatura circulando o sangue. Ele puxou o tronco com todas as suas forças. De repente, a planta se encolheu e soltou um grito extremamente agoniantemente agudo.

Lucien não conseguiu em sua primeira tentativa, mas ele continuou puxando com todas as suas forças. Como um moribundo lutando pela sobrevivência, a planta gritou, estendeu seus galhos e os enrolou no braço de Lucien. A planta estava úmida, viscosa e gelada, e seus galhos tinham inúmeras minúsculas rebarbas que perfuravam a pele de Lucien. Lutando contra seu medo, Lucien puxou com força de novo.

*Crack!*

A planta de repente parou de gritar. Um líquido vermelho espirrou do caule quebrado e salpicou todo o peito de Lucien, deixando um forte cheiro de ferrugem no ar. Sentindo tontura, Lucien se recostou contra a parede para manter o equilíbrio.

Depois que a planta foi quebrada ao meio a névoa vermelha ficou muito mais densa e quase se liquefez. Assim que a névoa alcançou os três livros que estavam na mesa, eles imediatamente começaram a corroer. Levou apenas alguns segundos para corroer completamente todos os livros. Lucien não teve tempo de ler nada.

Deve ser outra armadilha mágica. — Lucien pensou. Caso a câmara fosse descoberta, as notas do feiticeiro se destruiriam automaticamente quando a névoa atingisse uma certa densidade. Merda! Era uma pena para Lucien. Ele estava esperando encontrar alguns feitiços mágicos poderosos nas anotações.

Nesse momento, ele notou algo brilhando em sua biblioteca espiritual. Por curiosidade, Lucien deixou sua projeção espiritual entrar na biblioteca. Então, seus olhos se arregalaram de surpresa: uma nova estante apareceu! E havia uma pequena etiqueta onde estava escrito “Magia (Arcana)”. Sobre a prateleira havia três livros. Eram os mesmos que foram destruídos.

A biblioteca pode coletar livros também?! Espera, e quanto ao conteúdo, então? Eu nem tive a chance de ler eles. Lucien estava tentando entender como a biblioteca funcionava. Como a corrosão aconteceu muito rápido, todos os livros foram destruídos por completo. Provavelmente a biblioteca consegue copiar o conteúdo… então as projeções dos livros podem ser armazenadas aqui…

Lucien estava apenas chutando. Ele precisava de mais provas. Olhando para as três capas, um sentimento forte e hesitante surgiu na mente de Lucien: Não seria muito perigoso aprender magia em um mundo onde o poder divino dominava tudo, e os feiticeiros eram odiados pelo público?

Ele sabia que não podia perder muito tempo aqui. O mais surpreendente foi que, depois que a névoa desapareceu completamente, Corella e Howson gemeram baixo. Eles ainda estavam vivos! Lucien sabia que ele realmente tinha que se apressar e tirar todos eles desse lugar terrível.

Benjamin involuntariamente gemeu quando sentiu Lucien ativando o Ataque Sagrado. Naquele momento, seus espíritos estavam de algum modo conectados. Ele ficou mais do que surpreso.

— Lorde Benjamin? — perguntou Paul com preocupação.

Sob a lua prateada o rosto de Benjamin não parecia muito bem. Ele disse em voz baixa:

— Algo inesperado aconteceu lá embaixo. Droga! Ela era apenas uma aprendiz. Esses caras são inúteis… Paul, espere aqui. Se eu não voltar dentro de cinco minutos, peça ajuda ao bispo.

Já que havia uma marca do seu espírito na insígnia, Benjamin conseguia senti-la. Ou ele não teria emprestado o crachá a um rapaz que ele acabara de conhecer. Ele não esperava que sua própria marca pudesse ser tocada por outra pessoa. A desgraça sempre seguia a arrogância e o preconceito.

Para Benjamin, os cavaleiros eram apenas um bando de sujeitos vulgares e ignorantes, que não sabiam nada além de como lutar utilizando sua força física. Assim, sem pensar duas vezes se os guardas eram mais adequados ou não, Benjamin deu a insígnia a Lucien, um rapaz cuja força de vontade era maior do que a das pessoas comuns.

A opinião de Benjamin se baseava em suas experiências passadas. A família de onde ele veio, a família Rafati, era uma das famílias mais poderosas do Ducado Violeta. A família Rafati era conhecida por ser o berço de vários jovens abençoados. Enquanto os cavaleiros tinham que aprender magias, os descendentes da família Rafati nasciam com a Bênção no sangue.

Benjamin não estava nem perto de ser a criança mais talentosa em sua família, mas depois de entrar no mosteiro, ele se destacou entre seus pares e logo se formalizou como um pastor e um conjurador divino. Mas agora, como pastor, ele estava tendo problemas para lidar com uma armadilha deixada por uma aprendiz de feiticeiro. Aquilo definitivamente afetaria sua reputação e posição na Igreja. Então ele não tinha escolha senão correr para lá e resolver o problema sozinho.

Paul também ficou surpreso.

— Eles tinham a insígnia… Tem mesmo um verdadeiro feiticeiro lá em baixo?

Sons de passos vieram quando Lucien estava prestes a se arrastar para fora da câmara visando pedir ajuda. Ele ficou agitado, com medo de que se fosse outra bruxa ou bruxo vindo para se vingar, caso em que ele não seria capaz de escapar com vida. Acima de tudo, estava preocupado porque uma câmara era um dos melhores lugares para executar alguém e evitar que informações se espalhassem

— Vinha Sanguinária? — Benjamin deu uma olhada no canto e rapidamente especulou o que havia acontecido. Ele olhou para Lucien e para os três guardas. — Felizmente, ainda estão vivos.

Benjamin ficou um pouco surpreso quando viu Lucien, refletindo. Parece que quando ele ativou minha marca, seu poder espiritual também aumentou. Ele chegou ao nível básico de um pastor aprendiz. Muito sortudo ele.

No entanto, tudo mudou. A Igreja agora não está em seu status dominante absoluto como há trezentos anos atrás. Hoje, o poder da divindade não pode ser adquirido apenas com talento. Ser um verdadeiro pastor requer uma aprendizagem sistemática desde muito jovem. ‘O Imperador dos Arcanos Mágicos’, foi ele que iniciou, há quase quatrocentos anos, a idade de ouro do desenvolvimento do poder divino e da magia. Ele mudou as regras de como se tornar um conjurador divino.

Como um membro da família Rafati, em comparação com a maioria dos pastores, Benjamin sabia mais sobre as circunstâncias do mundo. Além do mais, ele não era tão devoto a sua própria fé em particular. Mais precisamente, ser um aristocrata realmente entrava em conflito com sua identidade dentro da Igreja.

Principalmente depois da “Conferência de Teologia Superior”, ocorrida há mais de trezentos anos, quando a Igreja foi dividida em duas: uma ao sul, e a outra ao norte. Ambas se criticavam alegando serem a única representante da legítima vontade de Deus. Entretanto, nenhuma delas foi interrompida ou impedida de ganhar continuamente o poder divino, o que fez muitos bispos e cardeais duvidarem se Deus realmente existia, ou se tudo isso era uma prova para os seguidores de Deus em qualquer dos lados. Esse tipo de atitude afetou diretamente as seguintes gerações, como a de Benjamin, por centenas de anos.

Além disso, para se encaixar nesta era de desenvolvimento rápido, vários Papas tinham modificado o fundamento da teologia introduzido nele parte do conhecimento adquirido através da exploração do mundo, feitas por grandes Arcanistas.

A modificação garantiu o rápido desenvolvimento da Igreja e o aparecimento de incontáveis ​​ conjuradores talentosos. Desta forma, a Igreja do Sul ainda conseguiu no geral preservar sua posição dominante e continuar crescendo, mesmo cercada por muitos inimigos poderosos como hereges, feiticeiros maléficos, criaturas sombrias e assim por diante. Contudo, esse mesmo comportamento provocou mais conflitos dentro da própria Igreja do Sul.

O pensamento de Benjamin voltou à realidade. Ele soltou um pouco de pó branco de sua mão e entonou um feitiço estranho. Um vento forte soprou a névoa vermelha para longe. Apontando o dedo para Gary, ele fez aparecer uma luz branca sobre as feridas do guarda. Elas começaram a cicatrizar e logo recuperaram sua cor original. Depois de repetir o procedimento em Corella, Howson e Lucien, um por um, ele confirmou com eles o que havia acontecido ali. Benjamin checou a mesa para garantir que nada tivesse sido deixado lá.

— Movam tudo de volta para a igreja, incluindo os corpos dos ratos.

Ele colocou a insígnia, que já havia sido devolvida por Lucien, de volta em seu colarinho, dizendo:

— Deus te perdoou, Lucien. Vá para casa e descanse. Que Deus te abençoe.

Inicialmente, Benjamin queria recompensar Lucien com algum dinheiro ou até mesmo esperar para ver se o garoto tinha o potencial de ser treinado, se as coisas fluíssem bem. Mas depois de tudo isso, a única coisa que Benjamin queria era que Lucien saísse o mais rápido possível dali. Ele tinha um outro problema a enfrentar: a mão direita de Gary. Ele não conseguia utilizar o feitiço para a regeneração de membros.

Tendo a chance de sair, Lucien caminhou apressadamente em direção à saída. No momento em que deixou a câmara, ouviu Corella falando com Howson em voz baixa:

— Gary perdeu a mão direita. Ele provavelmente não conseguirá se manter na guarda…

Ele caminhou para fora dos tubos com sentimentos complicados e variados. A multidão o questionou instantaneamente, exalando preocupação e curiosidade.

— Pequeno Evans, o fantasma se foi? — Perguntou tia Alisa em voz alta, de longe.

Lucien acenou com a cabeça.

— Sim. O lugar foi purificado pelo pastor e pelos guardas. — O clima se iluminou imediatamente depois de terem a resposta que queriam. Eles começaram a ficar mais curiosos sobre o que aconteceu lá embaixo.

— Lucien, como era o fantasma? Terrível?

— Eu sabia que Lorde Benjamin conseguiria lidar com isso!

— Lucien é abençoado por Deus! Ele teve a chance de usar a insígnia!

— Que pena! Lucien não é mais uma criança, ou ele poderia ir ao templo e se tornar um verdadeiro pastor. Pense nisso! Um pastor nativo de Aderon!

Lucien foi ficando incomodado pelos comentários. Eu sou velho demais para virar pastor?

Embora Lucien nunca tivesse pensado em ser um pastor por causa de sua identidade reencarnada, ainda era bastante deprimente saber que ele não tinha nenhuma chance de usar aquele poder tão surpreendente.

— Meu pobre e pequeno Evans. Olhe para o seu rosto. Você deve estar muito exausto. — Tia Alisa morreu de preocupação.

Lucien realmente precisava de um tempo para si mesmo. Ele acenou com a cabeça e caminhou diretamente em direção a seu pequeno barraco. Ele fechou a porta e capotou na cama. Dali era possível ouvir a multidão se dispersando gradualmente depois que Benjamin e os guardas partiram.

Lucien sentia falta de seus pais e amigos, mas não podia fazer nada a respeito. Ele começou a pensar em seu próprio futuro novamente. O verdadeiro Lucien não passou por nenhum treinamento antes. Então eu não poderia me tornar nem um pastor nem um cavaleiro. Se eu quiser me livrar dessa vida e me tornar alguém, então preciso aprender magia…

Mas então eu seria um inimigo da Igreja e de todo o povo, inclusive a tia Alisa. E eu lá tenho outra opção?

Ainda indeciso, Lucien decidiu olhar os livros recém adicionados à sua biblioteca mental. Pouco depois, de olhos arregalados ele perguntou em voz alta para si mesmo.

— Eu não sei ler?!


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