“Toby!” Greya estendeu a mão. A ave marinha sentada no cabelo de Angor decolou e voltou para ela.
“Toby têm me seguido desde que foi criado. É uma forma de vida nova que eu criei, usando vários espíritos fantasmas e materiais valiosos, tendo como base uma ave marinha comum. Tentei várias vezes recriar o processo, fazer algo similar, mas nunca tive sucesso. Toby é o único da espécie”, Greya explicou enquanto olhava para Toby com um olhar gentil.
“Toby está aqui há anos. Não tem nenhum poder especial como os outros monstros, mas é inteligente. Ele consegue entender a fala humana agora e também tem uma capacidade espiritual parecida à de aprendizes.”
Angor estava começando a suspeitar das intenções de Greya de deixar Toby com ele.
“O Restaurante da Barbie está sempre viajando ao redor do mundo procurando por materiais. Toby está seguro comigo, mas agora, estou me aproximando de um ponto crucial para cruzar meus limites. Quando um mago gourmet precisa fazer isso, ele ou ela precisará de vários ingredientes e receitas únicas. Eu percorri toda a região sul nesses séculos. Ainda pode haver alguma coisa sobrando, mas não ajudará no meu avanço agora.
É por isso que eu decidi deixar a região sul e ir para algum lugar distante. Talvez até mesmo para alguma dimensão genérica desconhecida. Eu nunca pensei sobre isso antes, mas estou presa nesse limite por centenas de anos, e se eu não achar um caminho em breve, nunca irei superá-lo. Farei isso agora.”
Greya usou uma barreira à prova de som para falar, então apenas Angor ouviu.
“A jornada que me espera é cheia de perigos. Não poderei proteger Toby desta vez, então espero que você possa ficar com ele enquanto eu estiver fora.”
Greya olhou nos olhos de Angor. Ela tinha muitas opções, como deixar Toby na Casa de Doces, ou com um amigo próximo. Porém, quando ela o apresentou essas ideias, o pássaro recusou todas elas. Ele queria ficar apenas com Greya. Após muita insistência, Toby finalmente escolheu alguém.
Essa pessoa não era um amigo ou aliado, era alguém que ele encontrou apenas uma vez: Angor.
Ela não sabia por que Toby escolheu o garoto, mas quando ela lembrava da atitude particular de Sunders em relação a ele, assim como a natureza de Angor e suas possíveis conquistas, Greya não protestou. Como ela sabia que Angor iria partir com Sunders amanhã, ela rapidamente veio ao Redbud durante a noite.
Toby entendeu toda a conversa. Ele também encarou Angor com seus pequenos e brilhantes olhos, esperando por uma resposta.
“Então meu palpite estava certo. Não é como se eles precisassem que eu fizesse isso para sempre, mas quase…” Angor pensou.
Angor tentou recusar com os pares de olhos grandes e pequenos fixos nele. Ele nem tinha certeza sobre seu próprio futuro. Quem sabia o porquê Sunders de repente veio e o tomou como seu aluno? Se Angor poderia atender às expectativas do homem? ou o que o aguardava na Caverna Bruta?
Angor não tinha respostas para essas perguntas.
Ainda assim, Greya estava pedindo a ele. Uma “verdadeira maga que merece respeito”, de acordo com o próprio Sunders.
Flora também disse a Angor que ele deveria manter uma boa relação com Greya.
Considerando isso, Angor cerrou os dentes.
Ótimo. Não é como se as coisas pudessem piorar.
Se Sunders ficasse insatisfeito com ele, talvez Sunders não seria muito duro com ele considerando que o animal de Greya estava com ele.
“Tudo bem. Tomarei conta do Toby até a senhorita Greya retornar.”
“Psh.” Olhando para a expressão de Angor como se ele estivesse indo para uma missão suicida, Greya não conseguiu conter sua risada. “Não seja assim. Você fez parecer como se eu estivesse intimidando alguém”, Greya amarrou um pouco de seu longo cabelo. Ela acrescentou, “Não se preocupe muito. Cuidar de Toby é fácil. Quando você chegar ao continente, você nem precisará alimentá-lo. Ele procurará por comida sozinho. Além disso, Toby é inteligente. Sabe, pode até ser ele quem cuide de VOCÊ.”
Greya observou Toby sentado em sua palma por um logo tempo.
Ficou tudo quieto.
O profundo amor de Greya por Toby era claro para qualquer um.
Angor sentiu um pouco de inveja. De volta ao mundo normal, ele tinha Jon e seu irmão, mas quando ele partiu para o mundo da magia, ele encontraria alguém em quem poderia confiar?
Depois de um tempo, Greya finalmente deixou sua tristeza de lado. Ela levantou a mão e deixou Toby ir.
O pássaro voou ao redor da cabeça dela.
“Vá agora.”
Toby hesitou, então lentamente pousou no mesmo lugar de sempre na cabeça de Angor.
“Aí, meu cabelo… Depois vou ter que te ensinar a não fazer isso”, Angor murmurou.
“Até que eu volte… Toby ficará aos seus cuidados”, disse Greya.
Antes de sair, ela entregou a Angor um objeto macio, em forma de cápsula, parecido com uma bolha.
“Esta é uma cápsula espacial fabricada usando organismos que vivem dentro das barreiras de espaço cinza. É de uso único, no entanto. Há suprimentos para Toby, assim como uma recompensa para você, por cuidar dele. Quebre a cápsula para pegar os itens”.
Com isso, Greya se preparou para sair.
A porta foi aberta de repente. Alan entrou enquanto esfregava os olhos sonolentos. Ele levou Aleen de volta para seu quarto enquanto Angor conversava com Mara.
“Vovô, Aleen está dormindo. Você precisa — Ele parou ao notar Greya. — Huh, quem é essa?”
Greya não prestou atenção nele. Ele era apenas uma criança. Porém, quando ela olhou para o garoto, sua expressão ficou um pouco estranha.
“Ele é seu neto?” Greya apontava para Alan enquanto perguntou a Mara.
Mara pensou que Greya estava culpando Alan por ter entrado, então ele rapidamente assentiu com medo.
“Sim, seu nome é Alan. Senhorita Greya, ele ainda é uma criança e não sabe muito—”
Greya acenou com a mão para pará-lo.
“Que tipo de mudança seu neto viu durante seu teste de talento?”
“Mudança?” Mara murmurou atordoado. Ele disse, “Ele viu algo do nada. Durante o teste, um pão preto apareceu num prato vazio, de acordo com ele.”
Ver algo se materializar era uma mudança muito comum registrada na Coletânea Anual de Talentos de Abelles.
“Algo apareceu? Acho que não.” Greya sorriu. Ela tirou um distintivo de metal de algum lugar. Havia um padrão esculpido de uma cabana escondida na floresta nele, e um retrato em relevo de si mesma no verso.
“Este é o distintivo da minha Casa de Doces. Se você estiver disposto, leve o distintivo até a Casa de Doces. Os magos gourmet lá são inigualáveis em todo o sul.”
Mara entendeu as intenções de Greya.
Alan tem talento para ser um mago gourmet?
Mara olhou para seu adorável neto gordinho. Sério?
Ele pensou sobre os comportamentos diários de Alan. O garoto ou estava comendo ou indo comer.
Mesmo as ilusões liberadas pelo Restaurante da Barbie hoje não forçaram Alan a fazer nada drástico. Ele estava apenas confuso.
Mara nunca pensou sobre as ações de seu neto. Apenas acreditava que Alan precisava comer muito para seu crescimento. Agora que Greya mencionou, todos esses fatos apontavam para o talento de Alan.
É… pessoas envolvidas em algo não conseguiam ver o quadro geral.
Quando Greya finalmente saiu, Mara começou a hesitar. Ele deveria enviar Alan a Casa de Doces para se tornar um mago gourmet?
Magos gourmet eram considerados Ocultos. Porém, eles tinham uma posição mais fraca no mundo dos magos por que eles não eram fortes em combate. Muitos aprendizes que estudavam magia gourmet nunca se tornaram magos. Adicionado ao fato de que eles não poderiam nem lutar bem, eles simplesmente se tornavam cozinheiros para magos mais fortes. Não era uma conquista notável.
Alan tinha o talento e, claro, ele poderia escolher outro caminho. A escolha era dele.
Com a recomendação de Greya, pelo menos Alan poderia alcançar alguma coisa na Casa de Doces. Era extremamente difícil ficar forte apenas sendo um mago gourmet. Mara realmente não queria que seu neto terminasse como chef na casa de outra pessoa.
O que fazer?!