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Warlock Apprentice – Capítulo 53

Ficando mais forte

Flora ficou desapontada quando sua sugestão foi recusada. Caso contrário, ela poderia fazer alguma pesquisa com esse pássaro bobão, talvez até rastrear

e deduzir algumas informações importantes sobre os feitiços de vida artificial de Greya. 

Que pena. 

Ainda assim, isso não era importante para Flora. Supondo que ela conseguisse pôr as mãos nas informações originais dos feitiços, ela não seria capaz de reproduzir os resultados enquanto ela não aprendesse o caminho de Greya. Ela estava curiosa apenas por causa do desejo natural que os magos têm por conhecimento. 

Flora disse que levaria Angor ao quarto dele, então Angor tentou apreciar o cenário da planície na Baleia-Nuvem ao longo do caminho. Porém, enquanto caminhava pelo “rancho”, ele sentiu alguma coisa estranha. 

Por exemplo, ao passar por uma casa de pedra quadrada, ele sentiu um cheiro muito forte de sangue. 

E, desde que ele começou a seguir Flora, ele tinha a sensação de que alguém estava lhe observando por trás. A indescritível inquietação em suas costas o deixava desconfortável. Toda vez que ele olhava para trás, não havia nada lá. Todas as tendas estavam bem fechadas. As vacas eram as únicas criaturas por ali. 

Mas, quando Angor olhava para frente novamente, o sentimento de estar sendo observado voltou imediatamente. 

Angor sentia-se completamente estranho. Parecia que Flora havia notado também, embora ela não tivesse dito nada a respeito. 

Quando caminhavam próximos a um prédio de metal, Angor sentiu alguma coisa estranha como se fosse o cheiro de cadáveres apodrecidos. Ele não tinha certeza se estava apenas alucinando. 

O sol estava brilhante, a grama estava fresca. As vacas e águias estavam todas aproveitando a natureza pacífica. 

O rancho parecia limpo e bonito à primeira vista. Pelo menos, essa era a primeira impressão de Angor. Contudo, as sensações estranhas, os cheiros de sangue, o olhar malévolo e o cheiro ocasional de Flora fizeram Angor hesitar quanto a isso. 

Talvez um abismo sem fundo ou um mal sem nome estivesse escondido sob a luz do sol. 

Porém, Angor não tinha a intenção de investigar a atmosfera completamente diferente em relação ao que sentira no Redbud. 

Talvez fosse isso que os aprendizes queriam dizer quando dividiam os magos entre magos da luz e das trevas? O Redbud não era “limpo”, mas ficaria tudo bem enquanto ninguém procurasse por problemas. Angor nunca estremeceu sem motivos no navio. Mas, desde que chegou na Baleia-Nuvem apenas há pouco tempo, ele sentiu todos os nervos em seu corpo ficarem tensos como se um monstro estivesse em algum lugar pronto para devorá-lo no próximo segundo. 

De volta à quando Angor estava conversando com Flora, ele pensou que era realmente sortudo por ter uma “irmã de escola” como ela. 

Agora, pensava de outra forma. 

Ele mal conhecia Flora e Sunders. Era um estudante agora, isso é verdade, mas isso era dificilmente suficiente para Angor determinar a natureza de alguém. 

Mara disse que Flora era uma infame maga das trevas na região sul, nomeada “A Bruxa de Sangue”, enquanto Sunders era alguém poderoso o suficiente para massacrar magos. Como Angor poderia se orgulhar apenas por se juntar a eles? 

O futuro de Angor ainda era incerto. 

Quando ele pensou nisso, acreditou que não deveria se preocupar sobre as incertezas de agora em diante. Ansiedade poderia tornar uma pessoa dependente e alheio aos pequenos detalhes. 

Ele se lembrou de ter lido sobre um famoso caso de psicologia da Terra, a Síndrome de Estocolmo. 

Dois criminosos com antecedentes planejavam roubar o maior banco de Estocolmo, na Suécia. Ao falharem, eles aprisionaram quatro trabalhadores no banco e ficaram num impasse com a polícia por 130 horas. Acabou quando os criminosos decidiram ceder. Porém, vários meses após o incidente, os trabalhadores sequestrados mostraram simpatia pelos criminosos e se recusaram a acusá-los em corte. Eles até mesmo tentaram financiar a defesa para eles. Eles alegaram que ao invés de machucá-los, os criminosos cuidaram deles durante o impasse, então eles se recusaram a cooperar com a polícia. 

Uma das trabalhadoras até mesmo se apaixonou por um dos criminosos e propôs casamento durante sua sentença na cadeia. Durante o confinamento de seis dias, os criminosos ameaçaram a vida dos trabalhadores, assim como também ocasionalmente os mostravam misericórdia. Sob o desenvolvimento de uma mentalidade inesperada, os trabalhadores decidiram recusar a ajuda do governo de resgatá-los. 

O Incidente de Estocolmo era diferente comparada a situação atual de Angor, mas havia semelhanças. 

Quando extremamente estressado pelo perigo, um homem poderia se agarrar na menor das esperanças. Era isso que Angor estava sentindo agora. Se a mentalidade de Angor mudasse pela simples gentileza de Sunders e Flora, ele seria o mesmo que as vítimas do incidente. 

Suor frio cobriu as costas de Angor. 

Ele lentamente abriu mão da cordialidade que demonstrava para Flora e voltou a ser um nobre que conhecia boas maneiras, mas apenas boas maneiras. Até mesmo sua expressão se tornou exatamente a mesma que seu falecido pai carregava. Educado, composto, distante. 

A Caverna Bruta era uma organização de magos das trevas. Se ele se aproximasse do lugar com seus ingênuos princípios morais, ele certamente encontraria uma morte rápida e terrível. 

Flora estava ciente das mudanças na mente de Angor o tempo todo. Assim como quando eles passaram pelo cheiro de sangue apodrecido, Flora se manteve em silêncio, ainda que um pequeno traço de aprovação brilhasse em seus olhos. 

Angor era um jovem sem muitas experiências neste mundo. Ela e Sunders não seriam babás, então Angor deveria se tornar forte por conta própria neste reino, seguindo as leis da selva. 

“Ali na frente está sua tenda. Como parece?” Flora apontou para uma tenda arredondada e branca com uma bandeira vermelha no topo. 

Angor pausou. 

A tenda parecia… comum. 

Ficava apenas a cem metros da bela tenda de Sunders. Havia apenas uma pequena ladeira de terra entre ambas. Uma curta caminhada. 

Porém, Flora levou Angor por um desvio e caminharam quase um quilômetro. 

Ele olhou para Flora. Uma vaga ideia veio a sua mente. 

Ele apenas sorriu no final. “É ótima. Obrigado.” 

“Certo. Entre, virei buscá-lo à noite.” 

Antes que ela saísse, Angor rapidamente perguntou, “Poderia me dizer por que o professor me aceitou?” 

Flora parou de andar. 

Ela se virou com um grande sorriso. Seus olhos assumiram a forma de uma lua esbelta e crescente. 

“Também quero saber. Talvez você mesmo possa perguntar a ele à noite?” 

… 

Dentro da pequena, branca e arredondada tenda. 

A decoração era simples. Uma cama beliche, um criado-mudo, uma cortina de gaze branca, uma escrivaninha e cadeira de caramelo ocos. Também havia um relógio e um suporte para vela, semelhantes aos que estavam em seu quarto no Redbud, embora um pouco mais delicados. 

Angor se sentou na cadeira e colocou sua bagagem sobre a mesa. 

A bolsa de couro de tamanho médio continha tudo que ele tinha: roupas, itens de higiene pessoal e um par de botas de caça de camurça. Também havia uma pequena caixa de madeira com a Efêmera Seccional de Greya, assim como tubos de bambu contendo folhas secas de Orvalho da Manhã. 

Tudo na bolsa era trivial para Angor. Ele não ficaria frustrado mesmo que perdesse essas coisas. Ele sempre manteve seus bens mais preciosos por perto: o tablet holográfico e o Olho Alienígena. 

Ele guardou suas roupas e ficou ali, perdido em pensamentos, já que não tinha nada para fazer. 

Ele estava pensando sobre usar seu tablet para ler alguns romances

. Porém, ele estava ficando no território de outra pessoa, e a intenção de Sunders para com ele ainda não estava clara, sem contar a explicação de Flora sobre “pares extras de olhos e ouvidos” de um mago… Angor não ousava retirar seu tablet, temendo que alguém possa estar observando. 

Expor o tablet não era algo sério. Havia apenas Hanzi

nele e ninguém poderia lê-los. Porém, Angor temia que alguém decidisse investigar a fundo, o que poderia levar a exposição da identidade de Jon como “alguém de outra dimensão”. Isso seria desastroso. Angor decidiu agir discretamente por algum tempo. Ao menos, ele não usaria o tablet durante seus dias na Baleia-Nuvem. 

Sem o tablet para passar o tempo, e sem livros já que ele deu todos eles a Alan, a única coisa que Angor poderia fazer agora era ficar olhando para o nada. 

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