Katerina estava observando Eldara como um falcão esse tempo todo, pronta para se mover caso surgisse a ocasião.
Ao contrário dos Elfos típicos que se concentravam apenas em seu caminho como Mago, Katerina era alguém que treinava como Guerreira em seu tempo livre. Agora, como ela estava apenas a um passo de ser uma Maga Guerreira, muitos a disseram que ela já teria atravessado esse abismo se não tivesse perdido tempo treinando como Guerreira.
A essas pessoas, Katerina respondia que, se não o tivesse feito, não teria vivido até hoje.
De fato, houve muitas ocasiões em que o poder e seu corpo permitiu que ela ganhasse uma vantagem decisiva sobre o inimigo.
Na verdade, muitos no exército eram como ela. No entanto, a percepção do público ainda era que treinar o corpo era uma perda de tempo.
Sabendo que a ex-Rainha era apenas uma Maga Elfa do 7º Grau (comparável a uma Humana) sem treinamento como lutadora, ela estava confiante que seria capaz de impedi-la de fazer qualquer coisa sempre que desejasse.
Até agora, tudo o que ela viu no rosto da ex-Rainha foi a mesma tristeza e fúria que eram visíveis em toda a multidão.
No entanto, apenas alguns momentos atrás, seus instintos gritaram para ela que algo estava errado.
Examinando todo o seu corpo, Katerina percebeu seu dedo indicador começar a se mover.
Ao contrário dos movimentos ociosos, este parecia ter um propósito e ela podia dizer que tinha uma certa força por trás devido aos nervos tensos que eram visíveis.
Este era o momento!
Dando um único passo à frente, Katerina balançou o pé para acertar a mão de Eldara logo acima da palma.
O choque repentino fez Eldara perder o controle de sua mão, fazendo com que o medalhão caísse antes de ser pego por Katerina, que acabara de avançar.
Enquanto isso, Eldara tinha uma expressão de choque absoluto em seu rosto enquanto olhava o medalhão que agora estava na mão de Katerina.
O que estava acontecendo? Por que infernos essa vaca teimosa a agrediu?
Primeiro veio a irritação por sua dignidade ter sido ferida sem hesitar. Alguém ousou atacar fisicamente a pessoa que governou Eldinor por décadas!
Então veio a percepção de que havia mais uma coisa que a ligava à questão dos escravos: o sistema de segurança.
Com desespero evidente em seu rosto, Eldara tentou alcançar e recuperar o medalhão.
Claro, Katerina não lhe daria essa chance. Afastando-se rapidamente, ela segurou o medalhão à distância de um braço, como se estivesse com uma bomba-relógio nas mãos.
O Elfo idoso que estava no palco percebeu toda a ocorrência com olhos perplexos.
Sabendo que ela era a existência mais poderosa no palco, Katerina caminhou na direção do ancião enquanto mantinha um olho em Eldara que estava furiosa.
No entanto, usando a experiência adquirida ao passar anos no comando, ela se acalmou em uma fração de segundo.
Vendo isso, Katerina sorriu levemente antes de alcançar o velho Elfo e sussurrar algo em seus ouvidos.
Era como se as palavras de Katerina enviassem choques elétricos pelo corpo dele, enquanto o Elfo arregalava os olhos e encarava Katerina como se perguntasse ‘É verdade?’
Vendo a outrora famosa comandante acenar a cabeça com convicção, o Elfo idoso falou em uma ferramenta mágica antes de apontar para o palco.
Todo esse tempo, a multidão assistia, perplexa com tudo o que acabava de acontecer na frente deles. Katerina, que era bastante famosa por sua tenacidade e honestidade, havia atacado a ex-Rainha de Eldinor.
Depois de fazer isso, ela correu de volta e caminhou em direção ao locutor no palco.
Como seus olhos estavam fixos em Eldara, o sorriso de realização de Eldra não foi notado por eles.
Suas palavras os despertaram.
“Mãe, eu sabia que você escolheria essa opção no momento em que pisei neste palco. Povo de Eldinor, aqui está sua prova de que, como eu disse, minha mãe é a responsável por tantas crianças como Lizzie estarem sofrendo por meses antes de serem vendidos como ‘ativos’. Sr. Locutor, aqueles que não foram capazes de ver também podem ter um vislumbre?”
Vendo Eldra se dirigir a ele, o Elfo idoso balançou a cabeça levemente antes de acenar para um soldado em pé fora do palco.
Um enorme painel surgiu acima do palco, claramente visível para toda a multidão que ainda estava confusa.
Este era o painel normalmente utilizado na fase de debates, pois os que estavam no pódio à frente já estavam bem visíveis para todos. Hoje, isso ocorreu em circunstâncias diferentes de qualquer outra desde o estabelecimento do Reino dos Elfos.
Quando a imagem entrou em foco, os elfos e humanos na multidão perceberam que era uma repetição do que acabara de acontecer no palco, contudo, com um ângulo de visão lateral.
Este foi, realmente, o ponto de vista do locutor. Como alguém que ainda estava na ativa para o Reino, ele estava sempre com uma ferramenta mágica que registrava e transmitia as imagens à sua frente. Isso servia tanto para monitorar ameaças quanto para manter um registro das ações dos responsáveis pelo Reino, pelo menos enquanto atuavam em seu papel oficial.
Katerina recebeu a ordem educadamente formulada para abordar o locutor e solicitar a reprodução de voz da ferramenta. Assim como antes, ela tinha sido obrigada.
Essa meticulosidade aterrorizante no planejamento a surpreendeu e a fez se perguntar quem era tão capaz. Eles sabiam pelas posições das pessoas no palco que suas ações seriam registradas, prontas para serem exibidas ao público para mostrar a verdade.
No painel, a cena já havia sido ampliada e acelerada para mostrar o instante em que o pé de Katerina bateu na mão de Eldara, parando o dedo prestes a pressionar algo.
O medalhão que caiu de sua palma estava bem visível, assim como o botão que estava dentro dele.
Enquanto isso, Eldara teve tempo suficiente para reunir seus sentidos.
Ao longo de todos esses anos, ela teve o cuidado de nunca se envolver pessoalmente com assuntos como esse. No entanto, incapaz de confiar em mais ninguém, ela não teve escolha a não ser manter em seu corpo a proteção contra falhas na guarda de seus bens mais importantes e arriscados.
Ela sabia muito bem que sua filha era incapaz de tais maquinações. Querendo saber quem foi que conseguiu pegá-la em flagrante com a ferramenta, Eldara os amaldiçoou enquanto procurava maneiras de minimizar a situação.
Tudo o que ela precisava era dúvida.
Com sua mente perspicaz, ela facilmente encontrou uma explicação.
Dando um passo à frente com indignação no rosto, a ex-Rainha de Eldinor gritou: “O que faz você pensar que isso é prova de alguma coisa? O botão envia sinais de socorro para aqueles que atendem minha palavra no exército. Eu simplesmente queria movê-los discretamente para libertar as crianças! Filha, chega dessa brincadeira. Sei o que você quer fazer: me incriminar por este ato horrível. Nós duas sabemos que, se você deseja verificar se essa ferramenta mágica é a que aciona a bomba da prisão, é preciso chamar especialistas que possam desmontar a ferramenta. E se esses especialistas ou qualquer outra pessoa substituir a ferramenta em meu medalhão pelo gatilho real? Aqui, todos viram que caiu da minha mão e não foi adulterado, mas e depois? Quem pode dizer com certeza que não foi trocado?”
Enquanto a ex-Rainha fazia essas perguntas com um ar de raiva legítima, dúvidas realmente apareceram nas mentes daqueles que assistiam. Como alguém com décadas de experiência em campanhas, Eldara era bem versada na arte de controlar o público.
Vendo Eldra ainda olhando para ela sem expressão, ela continuou:
“Passei toda a minha vida a serviço de Eldinor. Todos aqui sabem que nossa nação só cresceu a novos patamares sob minha liderança. Admito que você é inteligente por escolher tal método na tentativa de manchar a minha reputação, mas você deveria saber que eu e as pessoas a quem sirvo não somos tão ingênuos. Filha, deixe o governo assumir. Você já fez o suficiente. Renda-se e siga a Lei.”
De fato, sem chamar os especialistas e mover o medalhão, não havia como provar que realmente era o gatilho.
Usando este ponto, Eldara fez seu contra-ataque, que parecia funcionar com a perplexidade da multidão que não sabia no que acreditar.
No momento em que se sentia triunfante por dentro, Eldara observou sua filha caminhar calmamente até Katerina antes de pegar o medalhão em suas mãos.
Erguendo-o no ar para que todos pudessem ver, ela apertou o botão fazendo o chão tremer devido à explosão que acabara de acontecer no armazém.