Em uma vila localizada a 80 quilômetros a leste da Cidade de Lanthanor.
A pequena Tammie saltitou ao longo da estrada central que levava à casa do Prefeito da vila enquanto cantarolava alegremente uma música para si mesma.
Como alguém cujo pai havia morrido no exército, ela era elegível para receber uma pensão do Governo que sempre chegava neste dia.
Sua mãe havia falecido durante a visita de um nobre, cujos detalhes sempre foram escondidos dela. Agora, eram apenas ela e sua irmã mais nova, Sally, que estava brincando no campo de sua família.
Ansiosa para comprar um presente para gentil família que cuidava de sua fazenda para elas, recebendo apenas uma pequena porcentagem do lucro, Tammie tentou decidir que faria os olhos de Jake, o filho dessa família, brilharem de alegria.
Aos 12 anos, ela já havia amadurecido ao ponto de só pensar em economizar para se mudar para a capital.
Segundo o Prefeito, o Rei havia criado lá uma escola aberta para todos. Tanto ela quanto sua irmã se interessavam em estudar encantamento, ou pelo menos forja, por causa de todas às vezes que a tocha deixada por seu pai trouxe luz para elas durante os momentos mais sombrios de suas vidas.
No entanto, antes de chegar à casa do Prefeito, ela ouviu um som atrás dela que a fez se virar.
Embora a lembrasse do farfalhar de roupas ao vento, tinha um certo frio estranho que, por algum motivo, a fez pensar em sua irmãzinha.
Atrás dela tudo parecia normal, exceto pelo fato de que várias pessoas corriam em sua direção com expressões aterrorizadas em seus rostos.
Seu primeiro pensamento ao ver essa cena foi que o campo da família também estava na direção de onde as pessoas fugiam.
Saindo correndo, Tammie ignorou e se esquivou de todos aqueles que tentaram detê-la antes de chegar a um ponto onde a visão à sua frente a atordoou e a fez parar.
A preocupação que estava em seu rosto se transformou em medo total, já que a parte da vila que deveria estar diante dela não estava à vista.
Em vez disso, a única casa ainda de pé parecia estar sendo devorada por uma caveira verde.
No entanto, depois de observar por alguns segundos, Tammie percebeu que, na verdade, era algum tipo de fogo verde.
O farfalhar que ela ouvira estava mais alto agora, deixando claro que estava sendo causado por aquele fogo, que devorava uma casa inteira sem deixar cinzas.
Quando ela estava prestes a correr para encontrar Sally, uma mão invisível a segurou antes de puxá-la para trás.
Quando Kellor chegou no ar acima da vila a primeira coisa que viu foi a garotinha correndo com medo no rosto, ele sabia que definitivamente havia civis na área que já haviam sido devorados.
Depois de lançar um feitiço de tornado e puxar a garota de volta para a segurança, ele acionou um olho de comunicação para transmitir ao Rei de Lanthanor, que estava atualmente na sala de situação, a cena que se desenrolava.
Quando a imagem ficou clara na tela à sua frente, Daneel não pôde deixar de suspirar e deixar cair o copo que estava segurando naquele instante.
De cima, era como se alguma entidade demoníaca tivesse mordido a pequena vila onde viviam mais de 100 pessoas.
Vendo o tornado ser bem-sucedido em apagar o fogo, Daneel suspirou de alívio antes de ver que a garotinha que Kellor havia jogado para trás agora estava correndo novamente.
As tropas de choque composta pela Elite de Magos e Lutadores já haviam chegado ao local e notificaram que os perpetradores haviam fugido.
Depois de chegar a um campo árido, do qual nada restava além da terra, a garotinha começou a procurar freneticamente.
O campo não era muito grande e ela precisou de apenas 15 minutos para contorná-lo. No entanto, como se não quisesse acreditar, ela correu de novo e de novo o mesmo caminho enquanto olhava em todas as direções.
Finalmente, ela caiu no chão e agarrou a terra abaixo dela em frustração antes de soltar um grito horripilante que assustou até mesmo os soldados endurecidos pela batalha que estavam perto dela.
Sally se foi. Se foi para sempre.
Primeiro, seu pai morreu em uma guerra.
Em seguida, sua mãe a deixou sozinha com sua irmãzinha.
Agora, a garotinha que ela carregava para várias casas na vila apenas para obter leite suficiente para alimentá-la também se foi.
Ela nunca mais seria capaz de ver aquela covinha unilateral ou a testa larga que era objeto de sua provocação lúdica.
Ela desejou estar na frente dela, para poder dizer que ela era a melhor irmãzinha em todo o maldito mundo.
Incapaz de suportar a dor, ela soltou grito após grito até que sua garganta começou a sangrar e a voz sair enrouquecida.
Daneel estivera observando tudo isso sem dizer uma palavra. Finalmente, ele ordenou a Kellor que deixasse a garota inconsciente e a trouxesse para o Palácio.
A contagem final foi que 46 dos 100 aldeões morreram no ataque.
Desmoronando no trono, Daneel lembrou-se dos eventos que haviam ocorrido desde a manhã.
Durante seu treino habitual, ele foi chamado por Kellor à sala de vigilância.
Ao chegar, Kellor e Luther tinham expressões graves em seus rostos.
Parecia que uma pequena força contendo 4 pessoas havia sido avistada saindo do Vale da Névoa em direção ao Reino de Lanthanor. Um deles usava um hábito púrpura muito parecido com aqueles usados pelos sacerdotes da Igreja da Retidão.
Essa notícia gelou Daneel até os ossos.
Ele não deveria ter muito mais tempo?
Eles já estavam atacando?
As informações de seu mestre estavam erradas?
Controlando seu pânico, ele percebeu que, se a Igreja fosse atacar, definitivamente não enviaria uma força tão pequena, a menos que fosse uma força composta com, pelo menos, um indivíduo de Nível Campeão.
Por mais aterrorizante que esse pensamento fosse, Daneel sentiu que era improvável principalmente devido ao fato de que o grupo havia saído do Vale da Névoa.
Além disso, se tal figura quisesse realmente enfrentar Daneel, ele não teria escolha a não ser desistir.
Assim, considerando todos os fatos, ele percebeu que era provável que houvesse algum tipo de ligação entre a Igreja da Retidão e a Seita Folha Fulminante, fazendo-os se unirem para enviar uma força contra ele. Afinal, havia muitas maneiras de contornar o juramento que haviam feito.
Ele realmente tinha sido bastante descarado em suas tentativas de mapear a área, e parte do propósito do centro de vigilância era detectar tal retaliação.
Embora ainda não soubesse o motivo que os impedia de simplesmente se teletransportarem para fora do Vale, Daneel não era do tipo que questionava muito as coisas boas.
Ele despachou Kellor imediatamente, mas eles não tinham ideia de onde atacariam.
No segundo em que a formação de detecção de teletransporte foi ativada, Kellor se aproximou.
No entanto, os invasores foram muito rápidos. Metade da vila já havia sido destruída antes deles partirem, e Daneel teve que testemunhar a angústia da menina.
O que ele poderia fazer?
Havia muitas aldeias, eles não tinham como evacuar todos. Embora Kellor garantisse que eles seriam capazes de responder em segundos, parecia que o inimigo era capaz de causar um enorme dano com aquele fogo estranho do qual ele ainda não tinha informações.
O único consolo era que havia menção a uma tipologia particular de chamas com efeitos semelhantes na biblioteca secreta. Conhecidas como Chamas Tenebrosas, eram extremamente difíceis e caras de fazer, mas seus efeitos, de devorar praticamente tudo e qualquer coisa, eram incomparáveis.
Na verdade, a força invasora poderia ter se teletransportado para um local diferente e continuar o ataque, embora Daneel estivesse de olho neles com a formação que abrangia o Reino. No entanto, eles escolheram partir.
Isso significava que eles estavam com medo de enfrentar as tropas de choque ou que o fogo era realmente especial.
Com aquele grito angustiado ainda reverberando em seus ouvidos, Daneel decidiu que era hora de tomar medidas drásticas.
Ele precisava dar uma declaração que fizesse essas pessoas tremerem de medo, mesmo que a ideia de realizar ataques de guerrilha passasse por suas cabeças.
A Terra teve seu quinhão de guerras, mas agora, Daneel se lembrou da batalha em que um dos países mais fortes do mundo perdeu contra uma pequena força que só tinha uma floresta para chamar de lar, com a vontade de lutar, voltar e vencer.
Embora estivesse no mesmo lugar que havia perdido, ele faria questão de não cometer os mesmos erros.
Eles ousaram matar o seu povo, não uma, mas duas vezes.
E ele não teria escrúpulos em recorrer a todos e quaisquer métodos à sua disposição.
