Supreme Magus – Capítulo 1084

“Somente quando sentirem que bateram numa parede e não conseguem mais avançar, é que vocês poderão vir pedir ajuda. Isso significa que vocês receberão lições individualmente e progredirão no próprio ritmo.”

“A única exceção é a Metamorfose, que vai matá-los no menor erro, e Maestria Da Forja. Esse tipo de runa não é algo que pode ser aprendido por conta própria, só ensinada por alguém que já as conhece.”

“Também vou lhes mostrar os métodos básicos da Maestria da Forja Desperta, do qual espero que criem um próprio ou o incorporem ao que já possuem.” Faluel olhou diretamente para Lith durante a última parte de seu discurso.

“Todos aqueles que precisam de treinamento físico devem vir aqui pelo menos três vezes na semana. Quylla, por favor, diga a Friya que ela deve vir também. Vou aproveitar esse tempo para instruí-la de seus deveres como Precursora e lhe ensinar o Caminho da Maestria da Forja.”

“Uma última coisa. Tô morta de cansaço, então, a menos que seja uma emergência, quero ser deixada em paz por pelo menos um dia inteiro. Vão pra casa e descansem.” Faluel guardou seu equipamento e pegou seu amuleto de comunicação do seu item dimensional.

Cuidar de crianças era tão gratificante quanto exaustivo.

‘Eu mereço algum tempo de qualidade com meus amigos.’ Ela pensou.

Depois que Faluel começou a falar alegremente com algumas Bestas Imperador — das quais a maioria ele nunca tinha visto — Lith compartilhou uma parte de sua vitalidade com o resto do grupo. Ninguém além de Nalrond, que havia sido reenergizado por Faluel, se aguentava em pé.

Ele checou todos com Revigoramento, descobrindo que a melodia de sua força vital havia se tornado discordante e que estavam à beira da inanição.

“Vocês querem uma carona de volta pra casa, ou preferem dormir na torre?” Ele disse depois de consertar ossos quebrados e mais contusões do que ele podia contar.

“Dormir?” Tista olhava Lith com um ódio e loucura que ele raramente via.

“Enquanto você ficou com sua bela bunda sentada numa cadeira confortável por seis horas seguidas, eu me aproximei da morte tantas vezes que viramos melhores amigas. Eu não quero dormir. O que eu quero é tomar um banho e comer até explodir.”

“Nos leve para a torre e prepare muita comida, por favor.” Quylla disse. “Seria bom ir pra casa, mas não tenho forças pra dar mais nenhum passo e nem paciência pra esperar pela comida. Prefiro matar alguém com uma bola de fogo e comer sua carne.”

A forma como ela falou não soou como uma piada e o fato de que os outros apenas assentiram, babando com o pensamento, só tornou as coisas ainda mais assustadoras.

Durante os dias que se seguiram, Lith e os outros só se encontravam no lar de Faluel. Ele focou principalmente na Magia Espiritual e na Maestria de Luz já que a Metamorfose tinha um uso muito limitado em comparação com as outras disciplinas.

Quanto às aulas de Maestria da Forja, graças a Soluspedia, memorizar as runas só levou o tempo necessário para Lith e Solus anotarem e organizarem suas notas antes de armazená-las na biblioteca dimensional.

Algumas semanas após o incidente nas minas de Feymar, Lith recebeu uma ligação do Secretário Real.

“Bom dia, Arquimago Verhen. Você foi convocado à corte real para providenciar seu testemunho sobre os eventos que resultaram no resgate dos Magos Ernas.” O holograma do amuleto de Lith mostrava um homem por volta dos cinquenta anos de idade, com cabelos grisalhos e uma barba bem feita.

Sua voz era educada, mas cada uma das suas palavras soava como uma ordem, não uma solicitação.

“Estou no meio de uma pesquisa importante, porém meus deveres para com o reino vem em primeiro lugar.” Lith usou a expressão que significava “sou um homem ocupado, não alguém sempre à disposição. Contudo, respeito sua autoridade desde que também respeite a minha.”

“A Realeza ficará encantada com essas palavras. Sua audiência está agendada para amanhã de manhã no Castelo Real em Valeron. Que a Grande Mãe lhe conceda uma viagem segura.” O Secretário Real encerrou a ligação sem dar à Lith a oportunidade de discutir sobre um reagendamento.

“Solus, o que você acha?” Lith perguntou.

“Que é melhor se levarmos Tista com a gente. Ela pode confirmar nossa versão da história e a Realeza provavelmente adivinhou que ela está envolvida. Ela não é o tipo de pessoa que passa despercebida, mesmo em uma guerra.” Solus disse.

Os dois ligaram para seus amigos e Faluel. Dar uma explicação à um oficial de baixa patente era uma coisa, dar seu testemunho oficial à Realeza era outra. Todas as versões da história precisavam combinar e fazer sentido.

“Estou realmente surpreso que a Corte tenha demorado tanto para arranjar uma audiência. Me pergunto se isso é ainda maior do que eu imaginava.” Lith ligou para Kamila para confirmar suas suspeitas.

“Você também foi convocado?” Ela parecia preocupada e nervosa.

“Deuses, eu nunca falei com a Realeza exceto durante as festas de gala e em sua ascensão à Arquimago. Por que eles precisam ouvir de mim também? A única coisa que posso testemunhar é sobre a hora em que você partiu e retornou.”

De repente Lith ficou feliz por seu avanço prematuro após resgatar Phloria, porque atrasou seu retorno das minas de Belin tempo suficiente para inventar uma explicação plausível para tudo.

‘Kamila está certa. A única razão para convocarem ela também é para saberem se a rede de Portais das bestas é mais avançada que a do Reino. Eles não sabem sobre o Teleporte da torre e provavelmente estão tentando arrumar uma explicação plausível para o quão rápido eu viajei.’ Lith pensou.

“Você pode me pegar amanhã? Talvez assim eu me sinta menos nervosa.” Ela disse, o tirando de seus pensamentos

“Claro, Kami. Não se preocupe, você só precisa dizer a verdade.” Ele piscou para alegrar Kamila e lembrá-la que ela não pode mentir sobre o que não sabe.

No dia seguinte todo o grupo se reuniu na antecâmara Real, com exceção de Nalrond que foi substituído por Kamila. As irmãs Ernas estavam nervosas, pois explicar sua sobrevivência sem mencionar a ajuda de Baba Yaga era a parte mais difícil de sua história.

Revelar a presença da Mãe Vermelha explicaria tudo e faria as Ernas parecerem loucas. Baba Yaga era uma figura lendária e mesmo se a Realeza acreditasse que ela interviu, isso criaria perguntas que Phloria não estava disposta a responder.

‘Se eles descobrirem que eu sou uma desperta, minha vida vai acabar. Me tornarei parte de algum esquadrão secreto de operações especiais ou uma cobaia. Como diabos Lith consegue viver com esse fardo?’ Ela pensou enquanto finalmente sentia na pele pelo que ele passava.

Suas irmãs tentaram tranquilizá-la enquanto os outros verificavam suas próprias roupas. Kamila estava vestida com o uniforme dos Condestáveis Reais enquanto o resto do grupo usava suas respectivas vestes de mago. O azul profundo de Lith se destacou em meio ao vermelho profundo dos magos comuns.

Várias damas da corte apontaram para ele enquanto o examinavam, rindo e fofocando. Muitas até lhe passaram sua runa de contato.

“Alguém é muito popular com as mulheres.” Tista riu, acotovelando Lith algumas vezes. Seu amplo manto escondia suas curvas e a falta de maquiagem a fazia parecer simples em comparação às mulheres embonecadas que vagavam pelo Palácio Real.