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Apocalypse Hunter – Capítulo 12

Há um Motivo para os Doidos Sobreviverem (1)

Zin viveu por um tempo muito longo. E não era algo estranho ele ter demência. Apesar dele não parecer velho por fora, seu âmago envelheceu consideravelmente, e não seria surpresa descobrir que o cérebro dele não estava normal.

— Eu envelheci ao ponto onde eu preciso me preocupar com demência? Que maravilha.

Apesar de Zin não fazer isso frequentemente, ele falou em monólogo. Zin tentou rir como se não fosse nada, mas não conseguia rir naturalmente.

Era bem óbvio, mas não era fácil lembrar de algo que foi esquecido. Zin andava impotentemente.

E naquele momento –

*rrrrrooom!*

Um barulho alto de um motor reverberou de longe. Zin imediatamente se escondeu nos arbustos.

*Vrrrrrraaaaaaammm!*

O barulho alto estava vindo a alguns quilômetros de distância, e parecia que estava ficando mais e mais perto. Zin se moveu lentamente nos arbustos. Ele ficou parado e observou o horizonte.

Ele avistou vários carros acabados se aproximando.
*Vrrrrrooom!*

O barulho estava vindo de carros acabados usando reatores.  O corpo dos carros era feito de sucata de metal.  Os pneus eram de pedaços de borracha costurados com arames.

Esses carros de reatores algumas vezes tinham três, duas ou até quatro rodas.  Alguns tinham assentos de motoristas, e outros não.

*Brrrrrrrrrrrrrr!*

Esses carros tinham aparências diferentes, e eles pareciam bombas relógios que podiam explodir com seus motoristas a qualquer momento.

Tranqueirões.

É impossível que alguém nessa península iria chegar a construir esse monte de lixo maluco… Talvez seja do continente.

O tranqueirão imitava os veículos do passado, mas eles eram bem rápidos mesmo com um reator vagabundo, já que usavam um combustível poderoso, as lascas azuis. Assim como Zin usava armas, outras pessoas tinham habilidades técnicas em um mundo onde tais habilidades eram raras.

E assim como um caçador investia todo o dinheiro e tecnologia em caçar com armas, haviam aqueles que se focavam suas energias em veículos. Eles eram o grupo maluco de indivíduos que eram inimigos de todas as pessoas.

Salteadores.

Eles tinham traços de ladrão, assassino, gatuno, corsário e saqueador. Apesar deles não serem monstros, eles gostavam de matar pessoas mais do que um monstro, e nenhum monstro ou pessoa ficava vivo no caminho deles.

Salteadores eram obviamente cruéis em natureza, e os tranqueirões se moviam bem mais rápido do que uma pessoa podia andar.

De tempos em tempos, alguns andarilhos iriam roubar esses tranqueirões para viajar.

Entretanto, Zin prefiria não viajar em tranqueirões.

*Brrrrrr!* *Craassh!*

— Arrrrggggh!

Um dos tranqueirões parecia ter dado um solavanco na estrada, pulou e explodiu no meio do ar. Um tranqueirão era literalmente feito com lixo, e eles eram muito instáveis e perigosos. Zin não gostava de viajar em bombas relógio. E um caçador estava em posição para detectar inimigos primeiro, e não alertar os outros com o barulho alto do motor. De qualquer jeito, um tranqueirão era algo que Zin realmente odiava.

O Salteador dentro do tranqueirão que explodiu voou e caiu na estrada, morrendo feiamente.

— Parem! Parem!

Assim que o líder do grupo de Salteadores gritou, todos os Salteadores pararam imediatamente. Não era difícil identificar o líder dos Salteadores. Eles lideravam a alcateia ou pilotavam os melhores tranqueirões com ornamentos como caveiras. Entre o grupo de uns trinta Salteadores, haviam três líderes. Em um dos tranqueirões com quatro rodas, havia dúzias de caveiras pendendo em seu capô. Zin observou o grupo dos arbustos.

Eles não possuem armas de fogo… mas possuem armas de alta potência… provavelmente não são da península. — Zin fez uma análise ao observar as armas do líder e do grupo. Dentro do porta-malas das tranqueirões, havia um monte de lança-foguetes.

— Aquele cara acabou de morrer?

— Eu acho que sim, senhor?

— Vá pegar o motor e partes! Se tiver sucatas úteis na próxima cidade, nós vamos construir um novo.

Assim que o líder acabou de falar, um grupo de Salteadores correu em direção à tranqueirão acabada. Eles não estavam interessados no companheiro morto.

Coçando sua barba, o líder gritou para os Salteadores olhando para ele:

— Quem não tem carro?

Assim que ele gritou, dez Salteadores levantaram suas mãos. O líder sorriu e apontou para um deles.

— Você! Você já tem um carro!

— Chefe! É vergonhoso chamar isso de carro. Considere-me sem carro!

— Acho que não! Ei, você aí, Boong-Shik, é o próximo.

— Ah! Chefe, obrigado! Muito obrigado!

Boong-shik, o Salteador, estava tão feliz que gritou com tudo. Assim que os Salteadores colocaram as partes úteis em seus tranqueirões, eles ligaram seus motores.

*Vroom!* *Vrroooom!*

Antes de ir embora, o líder ficou bravo e gritou com os Salteadores.

— Seus pedaços de lixo!  Se vocês acham que seu carro está prestes a explodir, pare! Não morra como um idiota! Se uma bomba explodisse, todos nós estaríamos mortos! Tomem cuidado! Entenderam!?!!

— Você não acabou de dizer que se parássemos, nós atrapalharíamos a formação?

— O que?

— Ah, nada demais! Vamos embora!

— Seu idiota! Vamos embora! Quem sabe, vai que encontramos algo valioso como líquor durante a parada.

— Mesmo se achássemos, você, chefe, não beberia tudo? Pra que então?

— Agora, seu desgraçado… eu vou te pegar!

— Oops, eu estou indo na frente, Chefe!

— Pare, seu desgraçado!

*Vrrrrrroooom!*

Religando os motores, o grupo de Salteadores partiu. As coisas que eles deixaram para trás foram, marcas de pneu, sucatas de metal, e um cadáver.

Zin esperou atrás dos arbustos até que os Salteadores partissem, e se levantou.

Salteadores eram barulhentos não importava por onde passavam.

Os Salteadores pareciam ser idiotas fazendo besteira por aí, mas não devem ser subestimados. Para as vítimas, elas prefeririam não encontrar Salteadores que conversavam sobre se eles deveriam matar alguém cortando seus braços ou pernas. Os Salteadores eram cruéis. E Zin tentava não lutar com eles, os evitando a todo custo. Havia várias razões, com as seguintes quatro em particular:

Salteadores geralmente formavam bandos. E confrontar eles precisariam de muita munição.  Salteadores eram humanos, e ele não podia extrair lascas deles.

O barulho alto dos tranqueirões atraía bestas.

Quando Salteadores achavam que perderiam uma luta, eles se auto-destruíriam com suas tranqueiras. Eles prefiriam morrer do que desistir de suas lascas.

Zin odiava lutar contra Salteadores porque não era rentável.

Espere um minuto. Aquele caminho…

Os Salteadores passaram pelas estradas cheias de curvas e não estavam mais a vista, mas ele ainda podia ouvir o som de seus motores. Zin estava indo para o norte, enquanto os Salteadores estavam indo para o sul. Ponto Ardente estava no caminho deles. Era provável que eles não encontrariam o Ponto Ardente, mas os tranqueirões eram limitados em termos de estradas que eles podiam operar. Assim como Zin tinha tomado a rota norte, eles tomariam a rota sul.

O que significa que eles chegariam no Ponto Ardente eventualmente. Zin começou a ir para o norte com um olhar pesado.

Um caçador não era uma pessoa da justiça. Um caçador trabalhava pelo número de lascas que ele podia conseguir. Similar à como um caçador iria começar a atirar sem hesitação quando encontrassem andarilhos e refugiados na selva, um caçador não mostrava emoção durante a caçada. Caçadores não eram boas pessoas, e Zin não ligava para as vilas que não tinha mais negócios.

E assim, ele continuou andando para o norte sem se virar, apesar dele saber o que aconteceria com Ponto Ardente. Zin não pensou e nem disse nada durante esse tempo. Só continuou andando para frente como uma máquina.

Zin andou por um período desconhecido de tempo.

Agora eu me lembro. — Zin se virou de costas. Encarando o sul agora, ele começou a correr. A razão era simples.

Ele se lembrou finalmente do que havia esquecido. Assim que descobriu, seus pensamentos ficaram claros, e ele foi capaz de estabelecer seu destino.

Eu não peguei minha recompensa.

Ele não pegou as 500 lascas da Leona.

Zin foi em direção ao sul para recuperar suas lascas. ele estava pensando que as lascas eram a única razão para voltar. Isso mostra o quão rápido ele partiu do Ponto Ardente. Ele foi embora com pressa ao ponto de esquecer a recompensa.

Zin andou 130 km para o norte por dois dias. Ele andou sem dormir, então acabou viajando uma boa distância. Levaria dez horas para voltar até lá. Zin correu bem rápido, sua estamina era monstruosa.

O céu estava escuro, assim como seus arredores.

Zin pausou, ele estava perto de Ponto Ardente e podia ver a luz da lua iluminando a muralha da prisão.

— Cansativo… — Isso foi tudo que ele disse depois de correr por dez horas. Ao invés de descansar, ele observou as muralhas de Ponto Ardente.

Estava quieto demais.

Já deve ter acabado. — Zin foi capaz de ver o que aconteceu. Ele encarou as muralhas de Ponto Ardente e ficou parado.

Não era difícil descobrir o que aconteceu.

O portão estava quebrado.

O portão de aço pesado foi esmagado. O lança-foguetes de um Salteador deve ter sido o bastante para destruir o portão. Parecia que houve uma batalha, e Ponto Ardente foi subjugado.

— …

Zin não teve muito sentimento sobre o fato que os Salteadores conquistaram Ponto Ardente. Os guardas de Ponto Ardente só estavam armados com flechas, enquanto os Salteadores estavam fortemente armados. Eles não tinham chance. Embora todos estivessem mortos, Zin voltou para recuperar sua parte da recompensa. A recompensa não reclamada ainda estaria lá mesmo que as pessoas estivessem mortas. E Zin iria pegar suas lascas de volta, mesmo se elas tiverem sido tomadas por Salteadores.

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