No dia seguinte, o trio foi até a floresta para deixar o Castelo do Poder Celestial. Os residentes do castelo continuavam com seus trabalhos e brevemente se despediram deles.
Foi uma resposta amigável, mesmo que reservada. Os residentes pareciam prontos para acolhê-los de volta e ao mesmo tempo, não pareciam ligar se nunca mais voltassem.
Só o lorde do castelo saiu para se despedir. Ele tirou um bloco de madeira chapeada.
— Isso…
— É uma bússola dos Oito Diagramas.
Era um dispositivo compacto que era similar aos Oito Diagramas. Pessoas o usavam para detectar o feng shui em uma região particular.
— Ele não consegue detectar a área de forma tão precisa quanto o Oito Diagramas, mas vai reagir a qualquer sinal de feitiçaria ou espíritos malignos. O dispositivo vai te avisar, mestre caçador, se houver qualquer armadilha ou perigos na frente relacionados a feitiçaria.
O dispositivo não conseguia detectar detalhes menores como os Oito Diagramas, mas a bússola ainda era uma ferramenta ótima para reagir a feitiçaria próxima.
Zin ficou maravilhado enquanto olhava para a bússola.
— A feitiçaria do templo se tornou bem avançada.
— Haha, nós não temos muito mais coisa para fazer aqui. Eu te desejo uma jornada segura, mestre caçador.
— Eu agradeço. Vou dar uma surra naquele idiota e trazer de volta o Vento Celestial.
— Isso não é muito necessário. Bom, então, nós vamos começar as rezas hoje…
O lorde se afastou do trio e Zin colocou a bússola no bolso.
— Então é tipo uma bússola.
— Sim.
A bússola dos Oito Diagramas era certamente um dispositivo útil.
— Vamos lá.
Os três começaram a correr pela floresta e alcançaram o penhasco mais uma vez. Leona se sentou no chão e encarou o fim do penhasco.
— Ah, véi… aí véeeeei. — Leona começou a entrar em pânico.
Era um penhasco com uma queda sem fim e ela não conseguia ver o chão. Subir pode ter sido fácil, mas descer parecia maluquice. Entretanto, Ramphil e Zin começaram a se preparar para descer.
— Ah, véi… fala séeeeeerio…! — Leona gritou e estava prestes a chorar, mas Ramphil e Zin simplesmente ignoraram.
Ponto da Erva Daninha.
Era uma vila pequena com umas cem pessoas vivendo lá. Entretanto, a vila tinha todas as necessidades para a sobrevivência. A terra era fértil e havia muitas casas construídas nas ruínas. Havia um rio passando por perto, o que significava uma fonte abundante de água potável.
A muralha de lixo ao redor da vila servia como defesa dos inimigos e os guardas estavam armados com fuzis brutos. As defesas eram fortes o bastante para afastar os Salteadores ou monstros. A vila não era o melhor lugar, mas era considerado um ótimo lugar para o pouco mais de cem pessoas que viviam lá.
A vila só não tinha energia, assim como mão de obra insuficiente para caçar monstros lá fora. A vila não podia arcar para ligar suas lanternas durante a noite e o problema só ficava pior já que ninguém saía do Ponto.
— Eu espero que os caras do Grupo não apareçam…
Um dos residentes da Erva Daninha murmurou, se sentindo preocupado. Os outros residentes começaram a falar também.
— Para que eles viriam aqui? Por qual razão viriam incomodar nossa vila pobre…?
— Você acha que eles vão matar pessoas para roubar coisas? Eles matam porque há pessoas vivendo lá.
— Mas eles não podem estar interessados nesta vila. Só que as outras acabaram atacadas pelo Grupo.
— Que sorte…
Baseado na conversa dos residentes, parecia que a região norte estava totalmente ocupada pelo bando de Salteadores chamado de o Grupo. E o Grupo estava expandindo seu território continuamente. Os dois homens sentados na rocha olharam para um bêbado cambaleando.
— Cara, o que os fantasmas estão fazendo? Por que eles não levaram aquele cara ainda?
— Ele deve ter bebido muito.
— Que vida miserável. Ele ainda parece jovem.
O jovem tinha um cabelo longo e seus olhos estavam desfocados. Ele não estava andando direito visto que parecia bêbado. Ele estava carregando uma bolsa de couro em sua mão direita e conforme cambaleava para frente ele bebia álcool de sua bolsa.
Todos no Ponto falariam disso, implicando que o bêbado era o maior problema na vila.
Ele só sabia como fermentar grãos para fazer álcool e as pessoas não estavam felizes que ele estava usando grãos preciosos para fazer álcool. Mas o jovem colheu seus próprios grãos, então as pessoas não podiam culpá-lo diretamente. Ele era bem estranho, tanto que os residentes não sabiam o que fazer com ele.
— É meio incrível que ele saiba como cultivar a terra tão eficientemente.
— Eu sei. Seria incrível se apenas ele parasse de beber.
Apesar do jovem bêbado parecer que mal trabalhava na terra, sua terra sempre possuía uma colheita farta. O homem até doava uma parte para o armazém comum. Exceto pelo seu hábito de beber demais, ele fazia todo o resto direito.
Os residentes iriam sugerir que ele parasse de beber, mas ele sempre recusava e dizia, “Como eu vou viver um dia sequer nesse mundo maldito sem beber?”
O homem estava firme e as pessoas não conseguiam continuar repreendendo-o.
O jovem chegou na vila a uns dois anos atrás. Inicialmente, ele pediu por um pedaço de terra onde pudesse plantar e os residentes aceitaram ele na vila. Mas em algum ponto, ele começou a fazer álcool e não parava de beber. Houve muitos incidentes envolvendo sua embriaguez, mas as pessoas desistiram dele no fim.
Apesar dos residentes odiarem sua embriaguez, eles o aceitaram como um deles já que ele era diligente em seu trabalho na terra. Eles cuidavam dele e ocasionalmente iriam checá-lo se não o vissem por alguns dias. Eles eram gratos que o homem era viciado em drogas baratas. Na verdade, alguns aldeões iriam visitar sua casa para beber juntos.
Os residentes da Erva Daninha ambos odiavam e gostavam do jovem ao mesmo tempo.
— Hmm…
— Bom…
Parecia que os dois homens estavam esperando conseguir uns copos do jovem.
O bêbado entrou cambaleando em sua cabana e se deitou no chão. O cheiro de fermento enchia seu quarto. Ele pegou alegremente um balde de álcool da jarra e o bebeu. O homem vivia como queria e parecia ser bem excêntrico já que não era muita gente que bebia nesse mundo apocalíptico.
— Kaaaah… — O homem terminou sua bebida e começou a se sentir tonto. Com seu rosto vermelho de tanto beber, ele estava pronto para dormir.
Entretanto, o bêbado estava sempre pensando sobre algo.
— Você parece confortável demais. Não há tempo para beber o dia inteiro.
— Ah, qual o problema mana? Está tudo bem. Você devia relaxar e curtir sua vida.
— Seu maldito desagradável. Foi tolice da minha parte esperar algo de você.
— Hahaha, o que você esperava? Só vá com o fluxo. Nada nunca muda nesse mundo. Por que você tenta tanto? Por que você se preocupa tanto?
— Você não tem intenção de alguma de herdar a relíquia?
— Bom. Eu não preciso de um item que parece inútil.
—Então, dê para mim.
— Infelizmente, eu não posso por causa da promessa com o mestre. E eu nem tenho ele.
— Você sempre usa o mestre como uma desculpa.
— Haha… e isso é novidade? De qualquer jeito, gostaria de um goró?
—Phew… eu não quero mais falar com você. Parece que você vai morrer nesse lugar de tanto beber. Eu estou saco cheio de você.
— Se cuida, mana. Eu não vou me levantar e me despedir de você.
Quase um ano se passou desde que ele viu ela. Seus olhos estavam fervendo com ambição e ganância. O homem pensou que era melhor viver como um tolo. Conforme o homem estava prestes a cair no sono, a porta da cabana se abriu.
*…Creeeeeeaaaaak…*
A dobradiça da porta rangeu e alguém que o bêbado não reconhecia entrou na cabana.
— … você realmente parece patético.
O homem com um casaco preto parecia um caçador e ele não parecia mesmo amigável. O bêbado coçou seu estômago e se sentou contra a parede. Em resposta a hostilidade do visitante, o rosto do bêbado ficou sério. O jovem começou a falar em um tom hostil.
— A vila não gosta de visitantes.
— Os residentes com certeza me acolheram.
Os residentes acolheram os companheiros do visitante depois que eles deram algumas lascas para as pessoas. Mas o bêbado falava como se não ligasse.
— Isso é problema dos aldeões.
O jovem continuou a encarar o visitante conforme ele parecia ficar mais sóbrio.
— Se você conseguiu chegar na vila ao passar pela Feitiçaria de Disfarce que foi colocada na entrada, com certeza você não é bem-vindo.
O Ponto da Erva Daninha permanecia seguro do Grupo porque os Salteadores não conseguiam encontrar esse lugar. O jovem ativou a Feitiçaria de Disfarce a fim de manter a vila segura de ataques.
Naturalmente, ninguém visitava a vila e o visitante na frente do jovem era alguém que conseguiu encontrar a vila escondida. Dessa forma, o jovem não podia acolher o caçador misterioso na frente dele.
— Como você encontrou o “Portão da Vida”?
A Feitiçaria do Disfarce criava vários portões e todos eles levavam até o “Portão da Morte”. A fim de chegar no “Portão da Vida”, você precisaria evitar os quatorze “Portões da Morte”. Seria impossível alguém encontrar o da vida por acidente.
— Eu sei um pouquinho de feitiçaria também.
O caçador estava dizendo que ele sabia como resolver o truque por trás da Feitiçaria do Disfarce. A bússola dos Oito Diagramas ajudou muito Zin, mas ele não iria mencionar isso para o jovem.
Zin se sentou na frente do bêbado e encarou ele. O jovem estava completamente sóbrio nesse ponto.
— Você é o sucessor do imperador e o feiticeiro de alto nível?
Zin parecia pronto para quebrar o pescoço do jovem se ele desse uma resposta idiota.
O jovem ficou espantado ao ouvir a palavra imperador vinda do visitante.
Zin analisou a cabana fedida e estalou sua língua enquanto olhava para o bêbado na frente dele.
— Você parece um beberrão. Imprestável.
— … o que você quer?
— Eu ouvi que você pegou o Vento Divino. Dê ele para mim.
— Você deve ter ido até o templo do Poder Celestial.
O bêbado lentamente se levantou e se virou de costas para Zin.
— Eu vendi ele muito tempo atrás para pagar umas bebidas.
— Você acha que eu estou de brincadeira aqui?
*Pow!*
— Arggh!
Zin pegou ele pelo pescoço e forçou ele contra a parede. A cabanavelha começou a balançar e poeira caiu do teto. Zin estava puto e pronto para matar o homem.
— Certo… eu vou te dar mais uma chance.
*Bam!*
— Aíiiiii!
Zin jogou ele para longe e o homem rolou no chão. O jovem parecia ser um bêbado e ele não parecia mesmo um feiticeiro de alto nível.
— Eu preciso do poder de selo.
— Do que você tá falando? Para que raios você precisaria do poder de selo…?
— Você se chama de feiticeiro de alto nível e nem sabe o que está acontecendo nesse mundo?!
Zin estava extremamente irritado.
Apesar do jovem não ser como Zin, ele era uma pessoa de grande poder. Zin estava tratando o jovem de forma diferente das outras pessoas.
Zin estava furioso que uma pessoa com grandes poderes estava desperdiçando suas habilidades. O jovem nem era um vilão, mas sim um bêbado.
Então, algo inexplicável aconteceu depois.
Zin pegou o jovem e arremessou ele para fora da cabana. Sentando perto dele, Zin queria que o jovem sentisse o que estava acontecendo no mundo. Fazia um tempo desde que o jovem realizou algum feitiço poderoso.
O céu estava claro e o jovem focou quietamente sua atenção para sentir a energia no céu. Em um instante breve, ele sentiu como se uma adaga perfurasse seu coração.
Estrela do Desastre!
Uma energia hedionda que nunca foi vista antes rodopiava no céu.