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Abe the Wizard – Capítulo 243

Deurgars

Abel estava no topo de um vale, perto da fronteira entre o Ducado Koror e a Grande Cordilheira Divisória. 

Observando o chão lá embaixo, podia ver um grande número de animais selvagens e criaturas venenosas se movendo no chão abaixo. Este era o território dos deurgars, uma região onde os humanos evitavam se aventurar. Nem mesmo os caçadores ousavam caçar ali, devido à alta concentração de animais perigosos. 

Por questões de segurança, os deurgars haviam escolhido um acampamento fácil de defender como refúgio.

Enquanto Nuvem Branca circulava no céu, Abel estudava a geografia local. A cordilheira do vale era mais estreita do que ele imaginara, com apenas 800 metros de largura. Observando as casas de madeira lá embaixo, Abel percebeu o quanto eram antigas e deterioradas. 

Era difícil imaginar alguém usando-as como abrigo contra a chuva e o vento. Curiosamente, não havia fazendas ou plantações à vista. Além dos deurgars, nada vivo parecia habitar aquele lugar. 

O Vento Negro coçava o nariz incessantemente, enquanto Abel tentava ignorar o forte cheiro que permeava o ar. Parte do odor vinha da sujeira acumulada no chão, mas o cheiro mais forte parecia emanar de uma grande panela fervendo no centro da praça da cidade.

Esses deurgars eram como os caídos. Embora não vivessem no mundo sombrio, sua coexistência era tão repulsiva quanto a das criaturas infernais. Na verdade, os deurgars eram mais inteligentes que os caídos, mas pareciam não se importar em usar sua inteligência para fins de higiene.

Na praça da cidade, no meio do vale, um bando de deurgars formava um círculo, assistindo a um duelo sangrento entre dois de seus pares. Quando a lâmina de um deurgar cortou as pernas do outro, um fluxo de sangue cinza escuro se espalhou pelo chão. 

Todos os espectadores aplaudiram ao ver isso, gritando no topo de seus pulmões. Parecia que a visão de sangue era tudo o que eles viviam. Quando o deurgar ferido recuou, sua perna machucada, sua cabeça foi cortada pela lâmina de seu oponente.

Assim que a luta terminou, os espectadores correram para pegar o cadáver. Enquanto faziam isso, cantavam alto e dançavam de maneira estranha. Abel não podia acreditar no que esses deurgars fizeram em seguida. Depois que terminaram de dançar, pegaram o duergar morto, incluindo sua cabeça decepada, e jogaram os restos na grande panela fervente, adicionando mais madeira ao fogo. 

Uma coisa é comer outra espécie inteligente, mas quão doentes esses deurgars tinham que ser para comer sua própria espécie? Abel não conseguia entender nada. Talvez os deurgars fossem realmente servos do diabo. Eles claramente não tinham nenhum direito de existir neste mundo.

Abel desviou o olhar e viu uma caverna na parte mais interna do vale. A julgar pelos dois guardas em seu posto ali, aquela devia ser a residência de uma figura importante.

Dois guardas, com conjuntos completos de armaduras anãs e bem equipados, destacavam-se em contraste com os deurgars na praça da cidade, parecendo muito mais civilizados de certa forma. Enquanto Abel observava, um esquadrão de cerca de dez deurgars saiu da caverna. 

Assim como os guardas, eles carregavam armas e vestiam armaduras anãs, dirigindo-se à praça da cidade. Quando chegaram, pegaram dois deurgars e os levaram de volta acorrentados. 

Abel estava no céu quando ouviu os dois deurgars gritando por suas vidas, um som nada agradável. Seja qual for o destino que os aguardava, provavelmente seria muito sombrio.

Então era isso. O mundo dentro e fora da caverna estava completamente separado. O interior devia ser onde estavam os exércitos e a classe dominante, enquanto o exterior parecia mais uma fazenda para manter o gado.

Abel preparou uma flecha gigante em sua balista, adicionando uma rede na ponta da flecha, onde planejava colocar sua bomba super explosiva. Enquanto ajustava a balista, sentiu uma presença maliciosa emanando do vale. O equipamento de proteção que Nuvem Branca usava poderia proteger contra parte dessa aura maligna, mas não era completamente imune a ela, então teve que voar mais alto para ficar fora da influência dessa força do mal

Abel ficou profundamente enojado ao perceber que os dois deurgars foram enviados como sacrifícios vivos. Os outros deurgars os sacrificavam para pedir poder e proteção ao grande ser do mal. Isso explicava por que pareciam tão repulsivos; estavam contaminados pelo poder maligno. 

Os líderes usavam os membros mais fracos de seu grupo para ganhar mais poder para si. Dessa forma, mesmo sendo rivais tanto dos humanos quanto dos anões, conseguiam produzir muitos guerreiros poderosos entre sua espécie.

Quando sentiram a presença maliciosa, os deurgars ajoelharam-se no chão e, como fanáticos, começaram a gritar palavras que Abel não entendia. Havia um olhar frenético em seus rostos enquanto faziam isso. A presença maligna persistiu por mais dez minutos. Quando desapareceu, os deurgars voltaram às suas atividades anteriores, como se tivessem esquecido o que havia acontecido.

Nuvem Branca desceu novamente. Abel apontou sua balista para a caverna e procurou pela bomba super explosiva de seis segundos de atraso em sua caixa de armazenamento, colocando-a na rede no topo de sua flecha. Sem hesitar, soltou a flecha. Conforme voava em direção à caverna, a estatística em seu anel começou a parecer muito diferente do que era. 

O ponto de precisão de ataque agora era 73, significativamente maior do que no Continente Sagrado. Além disso, a balista tremeu quando disparou a flecha. Abel sabia que não era devido à própria balista; era o efeito de seu anel azul. O leve tremor ajustou a direção do tiro.

Abel esperava que a flecha atingisse diretamente o centro da caverna, mas devido ao tamanho dela, não tinha certeza exata de onde acertaria. Embora não fosse um atirador de balista profissional, conhecia o suficiente sobre tiro com arco para direcionar a flecha conforme necessário. 

“Invasores!” gritou o duergar guardião enquanto tentava localizar a fonte do ataque. Abel sussurrou para si mesmo.

6, 5, 4. Nuvem Branca voava o mais alto que podia. Enquanto isso, Abel continuava sua contagem regressiva mentalmente.

3, 2, 1. Quando Abel chegou a “um”, uma grande explosão ocorreu no meio do vale, no centro da caverna. As rochas se despedaçaram e caíram como flechas gigantes em direção aos deurgars.

Todos os deurgars no vale ficaram completamente petrificados.

Cada pedra lançada era forte o bastante para ser fatal. As frágeis casas de madeira onde viviam foram derrubadas como brinquedos. Ao serem atingidos pelas pedras, os deurgars responderam apenas com gritos de dor até a morte. A explosão superexplosiva superou as expectativas de Abel. Enquanto muitos deurgars foram mortos pela explosão, os sobreviventes restantes gemiam de dor no chão, incapazes de suplicar por misericórdia. 

A caverna desapareceu, transformando-se em um vasto e profundo buraco. A entrada ficou bloqueada por grandes pedras, deixando apenas uma passagem estreita para uma pessoa entrar.

Abel não queria desperdiçar outra de suas bombas super explosivas. Por mais poderosos que fossem, os ferros de meteoritos eram muito difíceis de recuperar. Embora tivesse ao seu lado um anão extremamente rico, preferia economizar ao máximo os materiais. Equipou-se com o arco do corvo e retirou uma aljava de flechas de ferro de sua bolsa espacial. 

Mirando nos sobreviventes, disparou flechas vermelhas flamejantes que explodiam o chão como dinamite. Os deurgars que habitavam fora da caverna eram todos de baixo nível e, sem a Nuvem Branca à vista, os deurgars não conseguiam localizar um alvo para contra-atacar.

Enquanto alguns buscavam seu inimigo, muitos optaram por fugir para salvar suas vidas. Abel não poupou nenhum deles. Aqueles que tentavam escapar eram abatidos pelas flechas em voo ou pela explosão provocada pelo feitiço de chamas de Abel. Em pouco tempo, todos os deurgars do vale estavam mortos.

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