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Abe the Wizard – Capítulo 245

Elfos

Este era um coração transparente como cristal, suas veias claramente visíveis, quase dando a impressão de estar vivo. Abel ficou surpreso ao notar que o coração ainda pulsava enquanto o observava. Ele nunca tinha visto nada como aquilo, um coração tão translúcido e pulsante, retirado de algum tipo de criatura. 

Como poderia continuar batendo depois de ser removido do corpo? Abel contemplou por um momento, fascinado pela visão. O coração parecia vivo, pulsando uma vez por minuto. Para Abel, essa descoberta era extraordinária, talvez a maior de todas até então.

Depois de usar seu poder espiritual para examiná-lo, decidiu colocá-lo no Cubo Horádrico. Uma descrição apareceu, indicando que era um item chamado Coração Imortal de ouro escuro.

Coração Imortal. Essa foi a única informação fornecida pelo Cubo Horádrico. Não explicava suas propriedades ou origens, deixando Abel para descobrir por si mesmo.

Nas profundezas da Floresta da Lua Dupla, a duzentos metros das fileiras de árvores gigantescas, que alcançavam até 100 metros de altura, Vento Negro parou. Abel apontou com seus dedos finos para o alto muro de árvores e perguntou a Loraine:

“Esta é a Grande Muralha dos Guardiões Élficos?” Um sorriso iluminou o rosto de Loraine. Abel transformou-se em um elfo, com orelhas afiadas e corpo esguio. Embora sua forma humana parecesse mais robusta devido ao treinamento intenso, sua aparência atual era mais graciosa e elegante.

Loraine reprimiu um sorriso e respondeu suavemente:

“Sim, Abel, esta é a Grande Muralha dos Guardiões Élficos. Além deste muro está a cidade de Angstrom!”

“Como os elfos conseguiram construir algo assim?” Abel perguntou, enquanto observava a extremidade superior do muro feito de árvores com cem metros de altura.

Loraine olhou na mesma direção que Abel e respondeu:

“Pelo que ouvi, houve uma guerra muito intensa por aqui. Quando os elfos negros invadiram a cidade de Angstrom, todos estavam se preparando para lutar por suas vidas.”

“Foi quando os antigos ancestrais apareceram. Você vê, eles tinham que cumprir o antigo juramento que lhes fora dado: proteger os elfos que viviam aqui. Para afastar os elfos negros, os ancestrais deram origem à maior árvore de toda a Floresta da Lua Dupla. Quando a árvore foi despertada, ela não retornou à floresta. Em vez disso, permaneceu aqui e se transformou naquela enorme parede verde ali.”

“Os antigos ancestrais ainda existem?” Abel perguntou curioso. Apesar de ser um mago há tanto tempo, nunca tinha ouvido falar de criaturas tão poderosas quanto os ancestrais.

“Ninguém sabe ao certo. Dizem que se a cidade de Angstrom for atacada novamente, essas árvores gigantes despertarão para protegê-la!” Loraine olhou para trás e disse. Abel tentou imaginar como seria um ancestral. 

Uma árvore de cem metros de altura transformada em um monstro gigante que poderia avançar literalmente sobre seus inimigos. Ele não estava tentando ser cético em relação aos contos de Loraine, mas a maneira como ela os retratava era incrível.

Vento Negro caminhou lentamente em direção à árvore gigante. Abel podia ver as cicatrizes naquela árvore imensa. Apesar de todas elas, a árvore permanecia alta e firme ali por muitos e muitos anos. Embora fosse chamada de muralha de árvores, a distância entre cada uma delas ainda era considerável. O espaço mais largo era suficiente para passar várias carruagens grandes. À medida que passavam pela parede de árvores, as folhas e galhos formavam um corredor verde natural.

Abel imaginava como seria a cidade de Angstrom. Alguns dos adjetivos que ele tinha em mente eram gentis, elegantes, solenes ou naturais. No entanto, quando finalmente chegaram, ele não encontrou palavras para descrever a beleza que testemunhava.

Era um castelo roxo, com paredes de mais de 100 metros de altura que se estendiam muito além do que se podia ver. Abel não sabia do que era feito, nem como os enormes blocos roxos foram cortados e moldados. No topo das paredes, dezenas de torres de vigia com pontas afiadas estavam construídas uniformemente próximas umas das outras.

“É lindo!” Abel elogiou ao ver a cidade dos sonhos à sua frente.

“Sim, é. As paredes são feitas de jadeíta roxa. Parece ainda mais esplêndida quando o dia escurece!” Loraine olhou com orgulho para Angstrom.

“Esta jadeíta roxa absorve a luz solar durante o dia, que é liberada à noite. Quando isso acontece, toda a cidade é iluminada por uma luz roxa!” Abel notou muitas tendas ao redor dos muros de Angstrom, com centenas de carruagens estacionadas nas proximidades. Ele achou curioso que todos que entravam ou saíam fossem humanos. Essa visão estranha levou Abel a perguntar.

“Há humanos aqui também?” Abel perguntou a Loraine, que também parecia intrigada.

“Parecem ser comerciantes da União Continental de Comércio ou algo do tipo. Eles têm permissão especial dos elfos para estar aqui. Não tenho certeza do que estão fazendo.”

Conforme Vento Negro se aproximava do portão de Angstrom, mais elfos começaram a se reunir ao redor. O Vento Negro era imponente, mas não era só isso que atraía a atenção deles. Aparentemente, era comum os elfos procurarem companheiros para a vida quando atingiam a idade adulta. O leque de opções era diversificado, desde bestas espirituais até animais selvagens e pássaros, dependendo da afinidade mútua.

No entanto, muitos elfos nunca tinham visto um lobisomem de montaria antes. Em primeiro lugar, eles não eram uma espécie natural da Floresta da Lua Dupla; viviam principalmente na pradaria fria ao norte e eram mais conhecidos pelos orcs do que por humanos ou elfos. Com isso dito, a presença de Vento Negro ali era surpreendente. Até mesmo os lobisomens enfrentavam desafios ao domar suas próprias montarias, então por que Vento Negro estava ali com alguns elfos aparentemente normais?

“Parece que teremos que esperar na fila para entrar. Venha comigo, Loraine”, disse Abel, enquanto se dirigia para a entrada. O portão da cidade era semelhante aos encontrados no mundo humano. Havia duas passagens ao todo: uma para os elfos comuns e outra para os nobres, também conhecidos como altos elfos. Como era impossível determinar o status de Abel como nobre humano, ele teria que entrar como um cidadão élfico comum. (Na verdade, ele poderia ser um príncipe humano e ainda assim ser impedido de entrar).

“Não, não Loraine! Ela não precisa esperar na fila!” Uma voz doce e feminina ecoou de longe. Abel ficou chocado ao ouvir isso. Agora um cavaleiro comandante, possivelmente ainda mais prestigiado, ele foi completamente pego de surpresa ao ouvir a mulher chamando “Loraine”.

Ele se virou. Era uma elfa, vestida com um elegante vestido de renda branca pura e um adorno prateado em seus longos cabelos negros. Seus olhos eram de um azul cristalino, como os de Loraine, e permaneceram fixos nela o tempo todo, enquanto chamava por Abel e Loraine.

Abel não detectou nenhuma hostilidade na elfa. No entanto, algo lhe dizia que ela, quem quer que fosse, era extremamente perigosa. Seu QI dourado de combate começou a se acumular dentro dele. Seus dedos se moviam levemente, prontos para pegar sua arma da bolsa portal a qualquer momento.

“Irmã!” Os olhos de Loraine se encheram de lágrimas. Ela pulou do Vento Negro e voou para o abraço da elfa. Esta elfa parecia habilidosa em se misturar entre os outros elfos, quase como um fantasma. Por razões que Abel não entendia completamente, Loraine parecia ser a única ciente de sua presença.

Depois que Loraine a abraçou, todos os outros elfos de repente perceberam sua existência. Rapidamente, começaram a se curvar em reverência. Até os guardas no portão se juntaram ao gesto. O portão ficou em silêncio por alguns segundos, com apenas o som de Loraine chorando no abraço de sua irmã.

“Vamos para casa, Loraine”, disse a elfa. Em seguida, ela revelou um talismã em sua mão, envolvendo todos em uma luz brilhante que os teleportou instantaneamente para outro lugar.

Normalmente, Abel ficaria tonto após um teletransporte, mas ele conseguiu ignorar o efeito graças ao seu QI de combate dourado. Parecia que a elfa estava usando um grande círculo defensivo para transportá-los, algo incomum de se ver. Esse tipo de dispositivo tinha muitas restrições e só poderia levá-los a áreas dentro de seu alcance específico. Abel não esperava entrar na cidade élfica dessa maneira.

Abel olhou ao redor enquanto era levado para um pavilhão no topo de uma pequena ilha, situada no meio de um oceano. A ilha era tão pequena que toda a sua massa de terra era ocupada pelo pavilhão, construído com um belo jade branco adornado com diversas gravuras. Era assim que os elfos viviam em luxo.

Na extremidade da ilha, uma ponte em arco levava a uma grande mansão luxuosa, também construída com jade branco. Ambos os lados da ponte eram guardados por portões adornados com coroas élficas. Ao olhar para baixo, Abel pôde ver a água cristalina que permitia visualizar até mesmo a vegetação aquática e os peixes de escamas brilhantes.

A elfa dirigiu-se a Abel: “Por favor, espere aqui um momento. Vou providenciar alguém para preparar suas acomodações.” 

E virando-se para Loraine, acrescentou: “Venha comigo.”

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