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Apocalypse Hunter – Capítulo 46

Jogo de Maldição (3)

O capitão saiu correndo do posto da guarda e foi direto para onde Zin e Leona estavam ficando.

*Bang! *

— Seu filho da puta! — O capitão abriu a porta de madeira com um chute e logo apareceu na frente deles. Zin estava limpando suas armas e Leona estava observando Zin. O capitão não prestou atenção nas partes da arma.

— Seu maldito! O que você fez comigo?

— Eu te disse, é uma maldição. E você me disse que não acreditava em tais coisas. — Zin encarou de volta enquanto respondia calmamente. Zin era capaz de entender o que tinha acontecido com o capitão olhando para a ferida em sua bochecha.

— Você não deveria pensar que o que você experimentou é só coincidência? Se você ficar bravo comigo, eu imagino que você realmente acredita que feitiçaria exista.

— Isso… — Ao concordar com Zin, significaria que o capitão estaria admitindo sua derrota.

— Um jeito ou o outro. Você pode falar que isso é uma coincidência ou admite que a maldição está ativa. Se você está admitindo que a feitiçaria é real, me pague as lascas e caia fora.

— Você… você acha que eu vou cair no seu truque?!

*Bang! *

— Aí! — Quando o capitão chutou a porta, parece ter pisado em um pregoo.

Leona começou a rir.

— Ele não deveria saber que algo estranho está acontecendo com ele? Por que ele se recusa a admitir?

— Há tipos diferentes de crença. — Zin estava limpando suas armas com um pano e sorria enquanto passava óleo nas partes. Ele não desacelerou seu trabalho enquanto falava. Em um jeito calmo, decidiu reparar e checar todas as suas armas. Ele tinha que usar seu tempo de maneira eficiente.

— Ele acredita fortemente que feitiçaria não é real. — Ter uma fé cega significava que alguém acreditava em algo ou não acreditava em algo. De um jeito, o capitão era extremista. Quando Zin terminou de checar sua escopeta automática, ele a remontou e a guardou em sua bolsa. Leona sempre foi fascinada pelas armas de Zin.

— Você não vai me mostrar mais?

— Nós vamos ficar ocupados logo.

— Hmm? Nós vamos ficar ocupados? O que você quer dizer? Não acabamos com nosso trabalho?

Zin lentamente se levantou enquanto assistia os residentes passarem pelo hotel.

— Eu vou começar um pequeno show.

— Um show?

— O que nós vamos fazer durante o tempo sem nada para fazer de qualquer jeito? Nós devemos ganhar algumas lascas.

Eles não seriam capazes de ir embora do castelo pelos próximos quatro dias e Zin não planejava desperdiçar seu tempo fazendo nada.

Zin escolheu um ponto, colocou um tapete e se sentou. Leona não sabia o que Zin estava planejando fazer, mas entendeu logo quando uma mulher apareceu na frente deles, parecendo assustada.

— Desculpe-me… Sr. Feiticeiro? Posso falar com você rapidinho?

Leona conseguia ver onde isso estava indo e Zin respondeu com um aceno.

— Entre.

— Obrigada senhor!

Feiticeiros eram temidos pelas pessoas. Mas às vezes, havia pessoas desesperadas que precisavam visitar um feiticeiro em busca de ajuda.

A mulher trouxe uma criança com ela. Com um olhar desesperado, ela se sentou na frente de Zin e começou a falar sobre sua situação.

— Minha criança continua dizendo que sua barriga dói…

— Parece que ele está com dor faz um tempo.

— Certo! Como você sabia? — A mulher parecia surpresa com as palavras de Zin.

Zin pensou consigo mesmo:

Bom se é uma dor pequena, você não teria vindo me ver para começo de conversa… você veio me visitar porque a dor não parava.

Zin continuava a olhar para a criança assustada. Parecia que a criança iria se mijar a qualquer momento. Leona estava assistindo Zin e se perguntando o que ele ia fazer.

— Pelos próximos quatro dias, não fale com a criança. Só a alimente e deixe dormir. Trate-o como se ele não existisse. Eu vou notificar a Lorde, então por favor não traga-o para reuniões diárias tais como o salão de jantar ou a chamada noturna. Então, o espírito irá perder interesse na criança.

— Isso vai ser o bastante?

— Sim. O espírito é fraco. E, eu preciso realizar uma cerimônia simples na criança, então por favor fique lá fora. Fique longe do prédio e feche seus olhos e tape seus ouvidos. Se você não seguir minhas instruções, o espírito pode entrar no seu corpo.

— Sim, sim senhor.! —  A mulher correu para fora do hotel e a criança foi deixada sozinha. A criança não sabia o que fazer e estava se afastando de Zin.

— Criança. Chegue mais perto.

— Ahn? Tá… — A criança estava prestes a chorar enquanto lentamente se aproximava de Zin. Ele sussurrou nos ouvidos da criança.

— Eu disse uma mentira para sua mãe.

— O quê?

— Não finja que está doente.

— ! — Quando Zin falou, a criança ficou assustada.

— Se você continuar fingindo que está doente, um espírito vai de fato entrar no seu corpo e você vai ficar muito doente. E lembre disso. Um espírito consegue matar uma criança como você facilmente.

— Eu sinto muito!

— Você vai ser capaz de andar livremente pelos próximos quatro dias. Então vá e brinque o quanto você quiser. Mas não finja que está doente. Se fingir que está doente, você vai ficar doente mesmo e o espírito vai te machucar. Eu não estou mentindo sobre isso. Entendeu?

— Sim, sim! Nunca mais vou fazer isso de novo! — A criança correu para fora e trouxe sua mãe de volta.

— A cerimônia acabou.

— Quanto eu preciso pagar…

— Eh, hmmmm. Só pague o quanto você quiser.

Era largamente conhecido que não se deve falar com um feiticeiro sem pagar a taxa de consulta do mesmo. A mulher estava em um dilema já que ela não estava certa do quanto tinha de pagar para um feiticeiro de verdade.

Ela não tinha muito para pagar, mas ao mesmo tempo, estava preocupada que o feiticeiro iria ficar bravo.

Entretanto, ela queria ficar livre do terror. A mulher deixou cinco lascas e depois de dizer obrigado várias vezes, deixou o hotel. Não era possível para indivíduos pouparem muitas lascas em um castelo e cinco lascas não era um valor pequeno.

Quando a mulher saiu com a criança, Leona olhou para Zin incrédula. — Isso foi uma mentira?

— Sim, tudo que eu disse.

— … você não devia parar de mentir? Como você vai lidar com as consequências de enganar pessoas?

— Fingir que está doente é um hábito muito ruim para uma criança. Eu não resolvi um problema para a família?

— Bom, você é muito astuto… mas como você sabia que ele estava fingindo?

— Em Jule, crianças também trabalham. — Zin notou isso enquanto observava o castelo. Zin sempre estava ciente dos detalhes pequenos. — É natural que crianças não querem trabalhar. E o único jeito delas serem dispensadas do trabalho é estarem doentes.

— Uou…

— E era meio óbvio que a criança estava fingindo estar doente baseado no comportamento dele na minha frente.

Leitura psíquica dependia fortemente de intuição. Um psíquico seria capaz de inferir os fatos baseado em hábitos passados e ações do presente. Um psíquico ganharia a confiança do cliente e o cliente iria confiar na leitura da sorte do psíquico.

Leitura psíquica parecia uma farsa, mas era bem efetiva na era pós-apocalíptica.

Leona olhou para Zin com nojo inicialmente, mas, então, arregalou seus olhos e assentiu.

— Agora que eu te ouvi… moço, você é tão legal.

— Bom, é um pena que só agora você admite esse fato.

— … mas você ainda age como um punk.  — Leona pensou que Zin era incrível por descobrir o que era a situação baseado em observações diferentes.

Zin não era o pior trapaceiro, no sentido que ele realmente resolvia problemas para as pessoas. Leona estava se perguntando se ela devia chamar Zin de caçador de verdade ou não.

Nos últimos dias, ele fez feitiçaria que causaria epidemias horríveis e agora ele estava agindo como um leitor psíquico.  Havia um motivo para Zin ser capaz de sobreviver mesmo depois de viver por tanto tempo!

— É sempre difícil encontrar o primeiro cliente. Agora as pessoas vão começar a vir aos montes.

Nesse momento, o capitão da guarda estava tendo problema com azar e a credibilidade de Zin foi provada para muitas pessoas.

Depois da primeira residente pedir ajuda para Zin, pessoas aprenderam que Zin não era um feiticeiro que comia humanos vivos. Era só questão de tempo antes das pessoas irem até ele pedir ajuda.

Muitos residentes tinham de trabalhar em um cronograma, mas eles também tinham tempo livre disponível. Muitos estavam com medo demais de Zin para visitar o hotel. Mas depois da mulher, sua primeira cliente, voltar com um sorriso brilhante, eles começaram a perguntar sobre Zin.

Depois disso, muitas pessoas começaram a fazer fila na frente do hotel durante o tempo livre entre o jantar e a hora de dormir.

— Meu tornozelo está doendo esses dias…

— Tritura essa erva negra e misture com água e uma lasca. Faça uma pasta e aplique no seu tornozelo por uma semana. Se certifique de usar essa erva preta específica.

— Eu estou tendo pesadelos esses dias…

— A cada noite, infunda a água com uma castanha e uma jujuba e beba a água antes de ir dormir. Você deve comer a castanha e a jujuba logo depois de ir para a cama. Mas não deve haver luz no quarto. Sem luz de qualquer forma no quarto.

A leitura psíquica que Zin realizava era única. Ele falava sobre remédios com termos de feitiçaria. Palavras tais como “sempre” e “nunca” representavam atos proibidos. Muitas pessoas acreditavam que tais leituras psíquicas eram feitiçaria.

— Nunca vai funcionar sem isso.

— Nunca deve ser feito.

Zin era familiar com como os feiticeiros adicionavam significados para as suas palavras e ele era capaz de usar isso para o seu benefício.

Para a pessoa que reclamou de dor no calcanhar, Zin estava simplesmente sugerindo que a pessoa deveria aplicar um emplastro que continha ingredientes que aliviavam a dor. Para a pessoa que reclamou de pesadelos, Zin estava sugerindo que a pessoa bebesse água quente para se acalmar e fechar as janelas antes de ir dormir.

Zin sabia que os guardas ligavam as luzes durante a noite para ajudar na patrulha e assumiu que o sono do homem era interrompido pela luz.

Zin conhecia muitos remédios caseiros que utilizavam tipos de ervas diferentes e o conhecimento veio muito a calhar.

Pessoas pagavam de diferentes formas. Pessoas que não tinham lascas pagavam com grãos e tecidos. Zin começou a guardar todos seus pagamentos no hotel. Conforme mais pessoas começavam a aparecer, Leona começou a direcionar o tráfego para Zin. Conforme o céu ficava mais escuro, Leona foi para fora do hotel e gritou para as pessoas na fila.

— Nós fechamos por hoje! Por favor voltem para casa!

Quando as pessoas começaram a reclamar, Leona gritou para elas.

— Não deixem o senhor feiticeiro irritado. Vão para casa logo!

— Ele não pode me aceitar como o último cliente?

— Eu fiquei esperando por tanto tempo!

Leona estava começando a ficar brava com a reclamação das pessoas.

— Merda. Vão embora logo Voltem amanhã.

Quando Leona gritou com raiva, as pessoas ficaram surpresas e fugiram. Alguns residentes estavam sussurrando e pensando que Leona não era uma criança normal.

— Você sabia? Eu acho que a garotinha está possuída.

— Entendo. É por isso que ela foi tão rude… deve ser um espírito sórdido vivendo nela.

— Vamos embora.

— Uou. Eles não são feiticeiros comuns.

Assistindo os residentes de Jule irem embora, Leona ficou sem palavras com as reações deles. As pessoas estavam interpretando o comportamento rude dela de um jeito interessante…

— Merda. Leitura psíquica não é tão ruim mesmo. — Leona se perguntava se ela deveria se tornar uma leitora psíquica ao invés de caçadora enquanto entrava no hotel. — O que é tudo isso…

Zin começou a organizar todos os pagamentos no chão.

— Eu acho que nós nos beneficiamos das ações do capitão da guarda hoje.

— Eu também acho. Nós provavelmente vamos precisar de uma carroça para carregar tudo isso. — Leona viu que Zin coletou os grãos e uma boa quantidade de lascas também.

— Eu não acho que tudo isso caberia em um tranqueirão também. — Zin suspirou. — Nós vamos precisar ficar aqui por mais quatro dias.

Zin foi capaz de ganhar tantas coisas no primeiro dia, ele não conseguia imaginar quanto mais iria ganhar nos próximos dias.

Ironicamente, enquanto o capitão da guarda se metia em mais acidentes, mais pessoas vinham visitar Zin. Na verdade, o capitão era notório entre os residentes.

— Ele só fala mentiras e está me matando. Não tenho outra opção além de obedecer suas palavras, porque ele é o capitão da guarda… cara, amaldiçoa ele.

— Eu entendo que ele é um guarda talentoso, mas eu queria que ele parasse de falar sobre seus dias gloriosos na selva… é irritante.

— Bom, ele não viveu em Jule por muito tempo. A Lorde o promoveu para capitão por causa do seu talento na luta. Mas ultimamente, a Lorde parece estar se arrependendo de sua decisão.

Os residentes estavam falando mal do capitão da guarda assim que alguém começou o tópico.

— Não sei se eu deveria falar sobre isso. Mas ele pediu para a Lorde se ele poderia ter mais de uma esposa e ele foi repreendido. Desde então, eu acho que ele tem um rancor da Lorde. Ah bem, eu acho que só algumas pessoas sabem disso…

Zin soube de todos os delitos que o capitão estava se safando. A Lorde estava prevenindo que o capitão fizesse outra coisa, mas parecia que ele não tinha respeito pelos residentes.

— Pensando sobre isso, ele merece ser amaldiçoado.

Os residentes estavam felizes que o capitão estava sofrendo acidentes e dores. Muitos residentes pareciam agradecer Zin por seus atos e estavam provavelmente visitando Zin para agradecê-lo.

Zin se sentia estranho sempre que estava no meio de uma disputa de poder.

— Então, a última vez, foi muito perigoso. Ele estava brigando com um soldado… se a Lorde não tivesse interferido na hora, teria sido um desastre.

O falante foi a última pessoa a visitar. Ele estava inicialmente falando merda sobre o capitão da guarda e, então, falou sobre o soldado. Quando Zin ouviu a palavra “soldado”, ele ficou abruptamente sério.

— Um soldado? Você pode explicar em mais detalhes?

— Oh, um soldado Armígero passou pelo nosso castelo… vamos ver… foi há duas semanas, eu acho?

Zin imediatamente pensou em Charlotte.

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