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Apocalypse Hunter – Capítulo 91

O Rei e o Grupo (2)

Quando ela estava vagando pelas ruas depois de se separar do grupo, Leona começou a pensar.

Difícil dizer…

Os Salteadores estavam vagando casualmente pelas ruas e o Grupo não parecia ser ruim. Parecia bem generoso deles usar suas tropas para proteger os civis. Mas ter preconceito não serviria para nada. Cada um tinha uma missão a cumprir e Leona iria dar tudo de si para completar a dela.

Ela sofreu bullying em sua cidade natal, mas ela na verdade era uma criança com muita experiência. Como tal, era fácil para ela descobrir onde as crianças brincavam só com uma escaneada casual da cidade grande, livre.

Com frequência adultos não viam crianças como outras pessoas, mas para crianças, adultos com certeza eram outras pessoas.

O mundo pertencia aos adultos e as crianças estavam cientes que elas viviam no mundo dos adultos. As crianças entendiam bem que o mundo delas estava sendo controlado por eles.

Leona não pensava assim, mas ela era esperta o bastante para reconhecer a lógica por trás do comportamento das pessoas.

O comportamento das crianças sob o controle dos adultos era previsível.

Elas queriam seu próprio mundinho, livre do controle dos adultos. O desejo das pessoas não mudavam muito e as crianças eram do mesmo jeito.

Crianças queriam um esconderijo, um lugar secreto que só elas conheciam para brincar. Naquele lugar, elas criariam seu próprio mundinho e compartilhariam com outras crianças.

Assim como Leona e seus amigos tinham usado um prédio abandonado nos arredores da cidade como o esconderijo, as crianças daqui estariam fazendo o mesmo.

Já que ela mesma era uma criança, foi fácil para ela avistar os melhores lugares para esconderijos. Foi bem simples, estes eram lugares que ela mesma usaria como um esconderijo.

Um espaço subterrâneo escondido pouco depois da cidade era o melhor, mas se o lugar fosse fundo demais, não haveria muita luz do sol e isso não seria bom. As crianças não tinham recursos para pagar por eletricidade.

Conforme Leona andava pela cidade de Shane, ela cuidadosamente escaneou a periferia. Quando alcançou uma área longe da muralha de lixo com muitos prédios abandonados, Leona se sentiu confiante.

Esse é o lugar.

Por não ser um lugar muito habitável, não havia pessoas por perto. E porque a área estava cheia de escombros de prédios demolidos, o acesso era difícil. Essas coisas tornavam o lugar fora dos limites para adultos.

Além disso, pilhas grossas de rocha bloqueavam a visão de tudo que acontecia dentro dos prédios abandonados, o que era um lugar ideal para um esconderijo.

Leona escalou até o topo da pilha de rocha e entrou em um prédio abandonado. Chegar lá foi difícil, mas quando ela entrou…

Tem definitivamente algo aqui.

Então, ela avistou uma cabeça de uma criança em um canto e recuando através de uma abertura em um beco. Seus movimentos eram rápidos, como uma criança tirando sua mão de um fogão quente depois de se queimar.

Leona sorriu largamente.

— Sim, eu sou um gênio.

Ela adivinhou que aquela criança, que acabou de correr, era o vigia do esconderijo.

Mais dentro do lugar, Leona viu uma passagem estreita entre dois prédios abandonados. Havia luz o bastante para distinguir os objetos ao redor e o caminho parecia se alargar conforme ela andava.

Logo, um espaço pequeno, escuro apareceu. Poeira se levantando visível devido a luz do sol fazia o lugar parecer uma cena tirada de um filme noir.

Umas vinte crianças estavam lá dentro. Todas assistindo Leona com suas costas apoiadas contra uma parede ou suas cabeças inclinadas para um lado.

No fim do beco, estava um menino sentado em cima de um recipiente de suprimentos militares com suas pernas bem abertas, seus cotovelos em cima de seus joelhos e seu queixo descansando em seus dedos entrelaçados .Um raio de luz estava passando pouco abaixo de seu queixo.

Ele posava como um chefe da máfia de filmes antigos. As outras crianças davam olhares nervosos ou fatigados para Leona, mas ninguém ousou falar antes do chefe abrir sua boca.

O menino parecia ter uns quinze ou dezesseis anos. Com sua voz baixa e olhar indiferente em seu rosto, ele disse.

— Que que cê tá fazendo aqui, criança?

Leona teve que morder seus lábios bem forte, porque o menino estava tentando demais soar como um adulto. Ela podia rir a qualquer momento se não tomasse cuidado.

Mas o menino, com o que ele pensava ser o olhar mais ameaçador em seu rosto, continuou.

— Eu conheço todo mundo daqui. Cê é uma forasteira?

— Si-sim…

Tentando suprimir suas risada, ela gaguejou, mas a gangue pensou que ela estava agindo daquele jeito devido a medo.

O chefe parecia feliz de ver ela com medo.

— Não fique com medo. Nós não somos ruins.

Ruim talvez não, mas estranhas com certeza…

Ela mordeu seus lábios ainda mais para que não soltasse o que passava por sua mente. Entretanto, o chefe e a gangue estavam começando a dar risadinhas bobas visto que entendiam o silêncio dela com trepidação.

— Galera, relaxem ae. Não pareçam tão maus.

Instantaneamente, os rostos de todos pareceram mais alegres. Leona achou estranho, mas engraçado pra caralho.

— Nos desculpe. Estamos meio tensos esses dias. — O menino disse ao ter mal interpretado feio a resposta de Leona.

— Oh… tá bom.

Meio tensos esses dias. Se sentindo bem orgulho por ter usado essa frase, o menino afagou sua barba imaginária enquanto se levantava. Ele andou bem devagar em direção a Leona.

— Então, por que você está aqui, forasteira?

— É-éeee… na-nada demais… nó-nós vamos ficar na cidade por uns dias.

Leona decidiu usar o mal entendido da gangue. Garotos como ele tinham egos grandes e não gostavam que suas autoridades imaginárias fossem ameaçadas.

Seria mais fácil uma criança assustada ser aceita no grupo. Se ela se comportasse do seu jeito imprudente de sempre, só resultaria em brigas e ela não conseguiria completar sua missão.

Comummente, ela teria dito algo tipo, “Seus imbecis, que porra é essa?!” e, então, vazado de lá, mas agora era diferente. Ela tinha uma missão a completar e não deixaria sua boca suja ficar no caminho. Entrar na brincadeira não foi muito difícil.

Leona abaixou seu olhar um pouco e considerou suas palavras com cuidado.

Eles estão tentando muito agir como adultos. Não aguento eles, mas dá pra tolerar. Não parece que possuem armas. Facas no máximo. Eu tenho minha arma então tô de boas…

O que eu devia dizer? Vamos brincar? Não, eles não gostariam disso porque é o que crianças fazem. Eles vão falar para eu dar no pé. Quero ser um membro da gangue de vocês? Nem, vai parecer muito suspeito. Acabei de dizer que só vou ficar aqui por uns dias, eles vão pensar que tô mentindo.

Se eles querem agir como adultos…

Leona organizou seus pensamentos. Ninguém a ensinou como, mas ela aprendeu uma coisa ou duas. Ela estava se tornando mais como Zin e era capaz de avaliar a situação como ele.

Se eu preciso fazer amizade com eles e massagear o ego deles… então é melhor agir de um jeito sério e honesto. Não quero ser quem vai dizer isso, mas ah, bem… acho que estou sendo muito honesta…

Com um olhar sério em seu rosto, ela encarou o menino e disse.

— Eu preciso de informação sobre Shane.

Os sorrisos nos rostos das crianças desapareceu e o rosto de Leona começou a parecer mais como o de um soldado Armígero realizando uma missão ultra secreta. Na verdade, sua expressão facial parecia muito com a de Ramphil.


Naturalmente, a gangue não foi muito receptiva de primeira.

— Informação? Por que uma forasteira precisa de informação sobre Shane?

— Meu companheiro é um caçador. Ele precisa saber que tipo de lugar é Shane para cumprir a missão dele de boa.

Ela não estava mentindo, mas sem sombra de dúvidas, pareceria uma mentira. Por ter ouvido tanto sobre caçar, ela conseguia falar essas coisas facilmente.

— Se você não acredita em mim, nós estamos no hotel de quatro andares pra aqueles cantos. Você pode ir checar com seus próprios olhos.

E claro, eles não iriam. As crianças tinham seu mundinho aqui, mas quando elas fossem para fora, voltariam a ser crianças. Era importante que ela ganhasse a confiança deles aqui. A gangue pensou nisso momentaneamente.

O menino, que parecia ter a palavra final, disse.

— Não confio muito em você. Se você fosse eu, daria informação para alguém que acabou de chegar aqui?

Filho da puta, ele tá sendo difícil

Leona estava começando a ficar irritada.

— Tá, e se você me dar um tempo para ganhar sua confiança?

Já que a gangue deixou ela ficar ali com eles, ela deu seu melhor para agir como uma adulta. Zin iria provavelmente decidir ficar aqui por alguns dias para reunir informação. Em vez de se apressar e ferrar as coisas, seria melhor ela se mover com cuidado.

Além disso, ela podia conseguir o que precisava só de andar com as crianças. Já que eles não queriam dar a informação, ela precisava conseguir um tempo até eles fazerem isso. Dar e receber. Era uma estratégia simples.

O menino considerou com um olhar sério e, então, assentiu em concordância.

— Tá. Não é educado ser rude com nossa convidada. Nós não somos como os outros.

Leona se encolheu.

Há outros além deles?

Como poderia haver mais de uma gangue como essa em Shane? Pela primeira vez, Leona de repente ficou preocupada sobre o futuro da cidade livre que ela estava visitando.

Enquanto Leona estava brincando com o lorde da rua das crianças, Cho-Yul estava indo para o bar. Ele pegou emprestado umas lascas com Zin para propósitos de pesquisa.

— Ah., fala sério… é só isso? — Cho-Yul suspirou antes de ir para o bar.

Zin só deu a ele duas lascas.

— Isso deve ser o bastante para um drinque, certo? Dá pra comprar pelo menos um drinque mesmo se o preço estiver alto.

— Ah, mas se eu quiser interagir com os outros…

— Use de forma sábia. 

Zin foi firme e Cho-Yul não tinha amuletos para mudar a mente dele. Que irônico que um feiticeiro de alto nível que conseguia fazer cair chuva do céu tinha que implorar por umas lascas.

Entretanto, ele tinha que fazer isso funcionar, então ele empurrou a porta com cuidado e entrou no lugar apesar de se sentir inseguro.

Era de dia, mas já havia uns grupos de pessoas sentados nas mesas, bebendo e conversando entre si. Em uma cidade livre, os cidadãos eram livres para fazer o que quisessem, então não havia problemas em beber agora contanto que eles tivessem lascas o bastante.

Como esperado, mesmo num bar, havia um Salteador. Ele estava sentado em um canto com seus braços cruzados, bocejando, aparentemente muito entediado e não parecia ligar muito para seu trabalho.

O odor azedo que enchia o bar era um cheiro que Cho-Yul amava. Um alcoólatra que bebia todo dia não perderia seu gosto por álcool tão rápido assim.

O dono do bar viu Cho-Yul se aproximar e disse categoricamente.

— Cerveja. Uma lasca por um quartilho e eu não negocio.

Eles só tinham cerveja, mas isso teria que servir.

Só posso comprar dois quartilhos.

Com um sorriso satisfeito em seu rosto, ele entregou uma lasca ao dono. Logo, um quartilho de cerveja foi servido em um vidro sujo sem manchas. Cho-Yul olhou o copo de vidro e não conseguiu não franzir o cenho.

Ele já viu muito serviço ruim, mas não só o copo estava meio cheio apenas, mas a cerveja não tinha espuma e coisas estranhas estavam flutuando lá dentro.

— Sr. Dono, é isso aqui?

— Se você não gostar, jogue fora e vá embora. Sem reembolso.

O dono já pegou o dinheiro e ele não ia devolver. Cho-Yul encarou a quantidade minúscula de cerveja em seu copo e, então, encarou o dono. Ele pensou sobre os discernimentos que ele ganhou e se perguntou qual seria uma resposta apropriada de um feiticeiro para um serviço porco desses.

Falar a língua dele parecia uma escolha mais sábia.

— Baseado como você conduz seu negócio, você deve tá mandando muito bem.

— Ah, fico lisonjeado.

O dono do bar sorriu. Fazer negócios em uma cidade livre significava servir visitantes que só estariam lá por pouco tempo. O dono não se sentiria obrigado em prover um bom serviço a eles. O dono seria legal com seus principais consumidores, as pessoas da cidade.

Ele não tinha ideia que um feiticeiro de alto nível acabou de dar a ele um elogio sarcástico. Não era uma maldição, mas haveria alguns infortúnios em seu caminho.

Entretanto, um serviço ruim não justificava uma maldição, então Cho-Yul pegou seu copo e se sentou em uma mesa. Seu plano era ouvir as conversas ao seu redor, avaliar a situação e, então, se sentar com um grupo.

Se ele tivesse lascas o bastante, compraria bebida para todos a fim de ganhá-los, mas isso não era possível no momento. Mas primeiro, estava na hora dele provar sua cerveja barata. Ele tomou um gole e, então, seu rosto se contorceu em uma careta.

— … mas que porra é essa?!

Era amargo, mas ele não estava provando o gosto amargo do álcool.

Enquanto vivia uma vida ociosa como um viajante, ele cultivou muitos grãos e fez álcool com eles. Quando seu mestre morreu e ele teve que se separar de sua companheira aprendiz, como um meio de parecer idiota, ele viajou muito para beber e com frequência recebia uma surra daquelas.

Pelos altos e baixos da vida, ele provou muitos tipos de álcool diferentes e ele até sabia como fazer alguns quando as condições eram boas.

Olhando ao redor, ele notou que o bar não era barulhento. As pessoas estavam conversando umas com as outras bem baixinho. De primeira, ele pensou que era por causa do Salteador monitorando o lugar, mas agora ele percebeu que as pessoas não estavam bêbadas, porque eles estavam bebendo cerveja falsa.

Ele provou todos os tipos de cerveja e cerveja falsa não era exceção.

Cho-Yul era geralmente um cara despreocupado que não gostava de confrontar pessoas, mas havia algumas coisas que ele não podia perdoar – como enganar consumidores pagantes com cerveja falsa

*Skrrrrrek*

Cho-Yul se levantou de sua cadeira de madeira velha indignado, foi até o balcão segurando seu copo e, então, colocou o copo na frente do dono.

Mas ainda, ele não queria fazer uma cena. Ele encarou o dono ameaçadoramente, mas o dono permaneceu indiferente.

— O que você quer?

— Você acha que qualquer coisa com gosto amargo podia se passar como cerveja? Você pode enganar outras pessoas, mas a mim não. — Cho-Yul expressou sua raiva.

Ele sabia muito bem que havia mercadores que vendiam cerveja falsa em lugares onde não havia uma cultura alcoólica estabelecida. O rosto do dono se contorceu levemente. Cho-Yul agarrou sua nuca como uma pessoa que estava prestes a ter um derrame e continuou.

— Você pegou meu dinheiro e me fez beber urina, então é melhor você consertar as coisas.

Fazer álcool falso precisava de muitos ingredientes, mas fazer cerveja falsa só precisava de urina. Naturalmente, urina humana.


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