“E uma luz ofuscante perfurou o céu. O poder que foi dado pelo imperador ao terceiro general parou exércitos e erradicou cidades. O general que comandou a Luz cometeu as maiores atrocidades de todos enquanto o Império foi forjado. Foi sorte da rebelião que ele foi o primeiro a cair.”
– A Crônica proibida.
*** Dwem, Capital ***
*** Azir ***
O Grande Xamã enfia a mão no bolso e tira a moeda, depois a joga ela em mim e eu a pego na hora certa. Ele sorri e balança o totem para mim.
“Tome isso como um pouco obrigado por me ajudar. Não é uma moeda comum, então cuide bem disso.”
Eu viro a moeda entre meus dedos. Não importa como eu olhe, é apenas uma moeda de ouro mal feita. A forma não é exatamente redonda, mais como um oval e as marcas de ambos os lados quase se desvaneceram no nada. De um lado, algo que poderia ser um edifício, enquanto o outro mostra os contornos de uma pessoa sem características distintas. A superfície é lisa de muitos anos de tocá-lo. Pelo menos parece ser velho.
“Você tem certeza? Parece que você está ligado a este item.”
O Grande Xamã encolhe os ombros e tira outra moeda do bolso.
“Não se preocupe, eu tenho mais delas.”
Ele vira a nova moeda e pega.
“As moedas têm poder. Não os subestime, só porque você não entende.”
O anão louco sai para conversar com um de seus subordinados. Eu guardo a moeda para dar uma olhada mais tarde.
[N/T: O autor revesa a forma como chama o Grande Xamã alternando entre Pequeno Dwemer, Grande Xamã ou Anão e por isso eu vario a forma como me refiro a ele]
O gemido abafado de um dos sulistas chama minha atenção, é a vítima de Stella. Depois que seu rosto se transformou em uma bagunça inchada, Stella se virou para outros meios de infligir dor. Ela está sentada em cima dele enquanto segura uma das mãos dele. Todos os outros mantêm uma distância respeitosa dela e do alvo da violência.
“Quantas tropas você tem?”
Ele balança a cabeça e um segundo depois Stella estala o mindinho. O cara começa a se contorcer, mas Stella torce a mão para forçá-lo a parar.
“Você está relacionado aos Magos Negros! Você não está? Quem ordenou a tentativa de assassinato?”
Mais uma vez o cara se recusa a responder e seu dedo indicador recebe duas novas articulações.
Ah, então ela suspeitou que eles estivessem relacionados com o ataque a ela. Eu pensei que ela não tivesse percebido ainda. Meu relatório naquela época fez parecer que eu matei a maioria dos caras diretamente responsáveis. Vou até Stella e coloco a mão no ombro dela.
“Querida? Posso lidar com ele? Este método de interrogatório não é civilizado.”
Ela olha para mim.
“Eu não terminei!”
Eu aponto para ele.
“Mas ele é.”
Depois de um momento de indecisão, Stella se afasta do sulista, mas não sem pisar em sua canela, quebrando-a. Ele faz um trabalho admirável em não ceder à dor.
Eu me ajoelho ao lado do cara e sorrio para ele.
“Você sabe quem eu sou?”
Ele balança a cabeça.
“Você é o mágico da mente.”
“Se você não resistir, a sua mente pode permanecer intacta. Só estou oferecendo isso porque me sinto generoso.”
E porque não quero me cansar desnecessariamente.
Sua expressão fica louca.
“O próprio Mestre nos confiou nossa tarefa. Não há como eu trair sua causa!”
“Então você também está sob a influência da magia da escravização?”
Isso não é bom. Isso significa que ele vai lutar até o fim. Eu vou ter uma dor de cabeça depois disso.
“Isso vai te machucar mais do que eu.”
Eu coloco minha mão em sua testa e invado sua mente. Ele me cumprimenta com um ataque de emoções cruas e se eu não tivesse me estabilizado, teria sido varrido.
Imagino agulhas atacando suas defesas, mas ele trava e vira para dentro na tentativa de me bloquear. Sem me importar, agarro suas defesas mentais até que desmoronem. Ele estava em um estado ruim para começar, mas sua mente ainda não desiste e tenta escorregar do meu alcance.
Se ele continuar assim, ele morrerá antes que eu consiga algo dele. Não tendo outra escolha, começo a atacar com minha vontade bruta e rasgo lembranças de sua mente, peça por peça. Memórias e imagens aparecem enquanto ele está tentando recuperar o controle, mas ele escorrega de seu alcance a cada momento que passa. Ele não cede e luta até que finalmente algo vital dentro dele quebra. Sua mente se despedaça como vidro e me rouba a possibilidade de obter mais informações.
Eu pisco para focar meus olhos. Seu corpo se contorcendo está de joelhos e sua boca está aberta em um grito silencioso. Os olhos estão voltados para cima, a ponto de mostrar apenas o branco neles. Lentamente a contração pára e ele respira uma última vez como suspirar, aliviado. Então ele fica parado.
Ele lutou sua última luta sem razão, como um animal. Eu limpo minha mão em sua túnica e me levanto, esfregando minhas têmporas.
Eu sinto uma sensação estranha de puxar na minha cabeça e algo parece pulsar diretamente atrás dos meus olhos.
“Isso vai se transformar em uma dor de cabeça desagradável!”
“Então, se machucar alguém não é civilizado, então o que é que deveria ser?”
Stella aponta para o cadáver aos meus pés.
Adala tem uma expressão doentia no rosto e Padma está um pouco pálida. Eliot caminha mais perto para dar uma olhada no sulista.
“Cara! Não importa quantas vezes eu veja, nunca me acostumo com isso! A magia da mente de Nict é louca!”
Eu tento me afastar do cadáver, mas percebo a tempo que o Grande Xamã apareceu ao meu lado. Ele sacode seu totem no cadáver.
“Então você ganhou alguma coisa com a fritura do cérebro de um dos nossos únicos prisioneiros sem consulta?”
Ah, bem. Desculpe por não perguntar.
“Você não teria conseguido nada dele. Ele estava sob a influência da magia da escravização e era forte nisso. Pelo menos eu tenho algumas informações dele. É a primeira vez que ponho minhas mãos em alguém que está um pouco mais envolvido nisso.”
O Grande Xamã fica impaciente.
“Não bata no mato e chegue logo ao ponto. Com o que estamos lidando?”
Eu aponto para o cadáver aos meus pés.
“Esse cara era o lacaio do Sr. Bandagens. Eles faziam parte de uma rede clandestina secreta que trabalha em todo o mundo. Suas ordens vêm de alguém que eles chamam de ‘Mestre’. Ele ensinou-lhes magia e ligou-os com feitiços de escravização à sua vontade. Parece que o Sr. Bandagens foi muito alto na estima do Mestre até que ele perdeu a rede em Nict. O mestre os puniu com uma operação em pequena escala como embaixadores em Dwem. Eles não tinham outro propósito além de manter as aparências.”
Eu recolho meus pensamentos.
“Essa rede deles parece ser enorme. Ele tem memórias de lugares distantes, pelo menos um deles parece ser Quinn.”
O Grande Xamã se coça com seu totem.
“Eles não são das nações do sul?”
Continuo esfregando minha têmpora enquanto tento classificar as informações que recebi.
“Eles não são. As nações do sul são apenas um peão, como os bárbaros. Ele não estava envolvido em outras operações. Ah, isso mesmo. Eu vi um mapa da fronteira norte. Eu tenho um bom vislumbre da implantação de tropas deles, mas essa não é nossa principal preocupação. Eles pretendem quebrar sua defesa usando uma nova arma. Eles a chamavam de Luz do Imperador, pareciam como…”
O Grande Xamã grita.
“Repita isso!”
Eu estremeço, sons altos não são bons para o meu cérebro agora.
“Sua arma secreta é chamada de Luz do Imperador.”
O Grande Xamã sai correndo da sala.
“Ligue para o general InvernoCinzento! Reúna todas as forças restantes e leve-as até a fronteira! ”
Eu olho para Stella, mas ela é tão sem noção quanto eu. Então deixo meu olhar vagar pelas outras pessoas na sala até que Padma finalmente parece saber alguma coisa.
Ela faz um gesto impotente.
“A Luz do Imperador é um dos grandes artefatos com os quais o Imperador forjou seu império. Ele tinha sete deles, um para cada um de seus generais e um para si mesmo. A Luz é considerada a mais perigosa, embora eu saiba que todos os seus artefatos foram perdidos ou destruídos durante a rebelião.”
Inclino a cabeça e tento lembrar o que vi.
“Poderia parecer um capacete grande com asas?”
Padma balança a cabeça.
“Não, existem algumas ilustrações dos artefatos em nosso museu. Infelizmente, a Luz do Imperador é sempre mostrada apenas como um pilar de luz, separando as nuvens e criando um terreno baldio. As outras estão melhor documentadas.”
Adala olha para o chão e cruza os braços na frente do peito.
“Há sempre uma figura com um capacete alado nessas ilustrações, apontando para a luz.”
Um pilar de luz separando as nuvens? E um capacete? Como um capacete poderia fazer algo assim? Eu queria que as memórias do cara não fossem tão fragmentadas. Seria muito mais fácil entendê-los.
Stella se aproxima de Padma.
“Seus registros históricos parecem ser melhores que os nossos, posso dar uma olhada neles? Não há quase nada desse tempo em nossas bibliotecas.”
Padma encolhe os ombros.
“Essas não são informações restritas. Eles são livremente acessíveis em nosso museu, embora não haja muito mais do que você tem em sua biblioteca em Nict. Eu estava sempre interessada em história, então eu os comparei um com o outro. Existem algumas pequenas diferenças em como a história se passa, mas o esboço é o mesmo. As únicas diferenças óbvias estão em como tudo foi percebido, em como o imperador era um conquistador para nós e um grande governante para você.”
Eu resmungo.
“Isso é tudo de bom, mas como pode ser que seu legado de repente apareça e nos morda na bunda. Eu posso imaginar algumas luzes que são capazes de separar as nuvens e nenhuma delas é um bom presságio para o seu exército.”
Nesse momento, o Grande Xamã retorna com o general Inverno Cinzento, que está carregando uma enorme tela. Eu me sinto instantaneamente lembrado do meu velho mundo. O general é seguido por dois soldados com uma mesa e eles colocam tudo no meio da sala.
O Grande Xamã passa a mão pela tela e acende, mostrando um mapa da fronteira norte.
“Você pode nos mostrar a implantação de tropas deles? Precisamos descobrir onde eles têm a Luz e roubá-los deles. Se eles conseguirem ativá-lo, perderemos tudo!”