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Circle of Inevitability – Capítulo 436

Fé Aberta e Inclusiva

Lumian tinha visto um veleiro de três mastros semelhante nas ilustrações da série O Aventureiro. Ele se destacava em meio às movimentadas Docas Lavigny, um contraste com os barcos a vapor do interior, e chamava a atenção dos passantes.

Simultaneamente, Lumian sentiu um calor na palma da mão direita, que depois diminuiu.

“O que está acontecendo? A aura persistente do Imperador do Sangue sofreu uma mudança sob estímulo? Isso… isso parece um tipo de ressonância…” Lumian ponderou surpreso e confuso.

“Poderia haver uma conexão entre este antigo veleiro de três mastros e o Imperador do Sangue Alista Tudor?”

Enquanto Lumian olhava para o veleiro, Jenna desembarcou da carruagem e comentou brincando: — Você não me trouxe aqui só para me mostrar este navio pirata antigo, não é?

Ela tinha lido os dois primeiros volumes serializados da série O Aventureiro nos jornais. Livros sempre foram caros em sua família, e quando a compensação relacionada ao trabalho de seu pai não chegou após sua morte infeliz, suas oportunidades de leitura ficaram escassas. Ela ocasionalmente encontrava jornais velhos usados ​​para colar na parede ou para outros propósitos e lia até o pôr do sol.

Com a presença dos bardos de rua e das histórias de ninar de sua mãe, seu espírito permaneceu longe de ser desolado.

Desde que chegou ao distrito comercial e se tornou uma cantora de bares, Jenna encontrou um meio de ganhar uma renda substancial. Ela até economizou para comprar uma cópia pirata da série O Aventureiro de um livreiro clandestino para finalmente apreciar as ilustrações intrincadas. Esse esforço frequentemente a fazia sentir remorso pela Madame Fors Wall. Ela planejava comprar um conjunto autêntico assim que tivesse quitado todas as suas dívidas.

Para sua surpresa, suas dívidas pareciam só aumentar.

Lumian desviou o olhar e respondeu com um sorriso provocador: — Considere isso um bônus.

Os dois estavam na beira do porto, discutindo as disparidades entre o antigo veleiro e as ilustrações da série O Aventureiro.

Depois de um tempo, Lumian levou Jenna até a modesta catedral do Tolo.

Jenna olhou para a torre do sino e o campanário no topo do prédio de quatro andares, examinando o símbolo prateado que compreendia um Olho sem Pupila incompleto e uma seção de Linhas Contorcidas. Perplexa, ela perguntou: — Isto é uma catedral?

“As catedrais não deveriam ser maiores?’

A catedral da Igreja do Eterno Sol Ardente, no distrito comercial, e o Quartier du Jardin Botanique eram muito mais magníficas e sagradas em comparação.

— Sim — Lumian afirmou, liderando o caminho para dentro.

Jenna seguiu de perto, cada vez mais surpresa com a simplicidade da catedral.

Os vitrais eram escassos, e não havia nenhuma decoração de ouro para ser encontrado. A catedral não tinha maquinário intrincado. A única aparência de religião estava nos enormes murais, que pareciam favorecer cores e iluminação suaves.

A característica mais marcante da catedral eram as janelas grandes e numerosas. Mesmo no térreo, o interior era inundado de luz natural.

O olhar de Jenna percorreu os murais e ela instintivamente sentiu que eles simbolizavam orientação e redenção.

Passava um pouco das 10 da manhã, e o público da catedral era escasso. Estava silencioso, exalando uma sensação de serenidade.

Lumian guiou Jenna até a terceira fileira de bancos de frente para o altar.

Ele examinou os arredores, seu olhar pousando no Emblema Sagrado do Tolo diante dele. Em um tom solene, ele revelou,

— Você deveria estar ciente de que Franca e eu estamos escondendo algo de você. Há alguns segredos que não compartilhamos com você.

— Sim — Jenna assentiu gentilmente, aguardando a explicação de Lumian.

Lumian continuou, — Como você pode ver, Franca e eu não somos parentes. Ela e minha irmã Aurore são amigas próximas que compartilham interesses em comum. Loki e Eu Conheço Alguém, com quem lidamos anteriormente, também fazem parte desse grupo, mas eles são traidores, causando um desastre em Cordu e custando a vida da minha irmã.

— Entendo… — Jenna respondeu, tendo evitado aprofundar-se muito anteriormente, mas tendo uma vaga compreensão.

O olhar de Lumian permaneceu fixo no altar do Sr. Tolo.

— Há outra conexão entre Franca e eu. Não acreditamos no Eterno Sol Ardente ou no Deus do Vapor e da Maquinaria…

Jenna não conseguiu deixar de rir.

— Eu já adivinhei. Quando algum de vocês foi à igreja? Eu não costumo ver vocês rezando em horários fixos!

— Pelo menos você sabe em que rua fica a Igreja do Santo Robert. Franca pode nem saber para onde a porta da catedral se abre.

Ela, por outro lado, rezava, ouvia os sermões e ia à missa pelo menos uma vez por semana. Isso era tanto uma demonstração de piedade para com os Purificadores quanto um hábito de fé de todos esses anos.

A única desvantagem era que ela frequentemente cantava no Salle de Bal Brise até meia-noite antes de retornar à Rue des Blouses Blanches para dormir. Ela não conseguia se levantar para dar boas-vindas ao sol da manhã e ao amanhecer, então só conseguia marcar um horário fixo de oração para o meio-dia.

— Não, eu não vou porque sou um criminoso procurado. Mal posso ser considerado um crente no Eterno Sol Ardente — Lumian respondeu com um sorriso. Então, disse solenemente, — Franca e eu acreditamos neste deus ortodoxo, o grande Sr. Tolo.

Lumian pressionou a mão no peito e sussurrou solenemente: — Louvado seja o Tolo!

“O Tolo…” Jenna achou o nome da divindade peculiar.

Depois de pensar um pouco, ela perguntou: — O Tolo das cartas de tarô?

— Sim, você adivinhou corretamente — afirmou Lumian.

Jenna avistou uma figura alta com um sobretudo preto e uma meia cartola se aproximando do altar. Ela instintivamente abaixou a cabeça e disse com um toque de presunção,

— Descobri quase dez baralhos de tarô da Franca, e ela não costuma usá-los para adivinhação.

“Meu deus… Será que ela pensou que seria legal jogar um Dois de Copas no cadáver depois de eliminar um alvo, então fez preparativos?” Quanto mais Lumian considerava isso, mais ele sentia que esse era o estilo de Franca.

Jenna parou por um momento e perguntou: — A Companhia Farmacêutica do Tolo também pertence à Igreja do Tolo?

— Uh… — Lumian foi pego de surpresa por um momento.

Ele não tinha pensado muito nisso. Inicialmente, acreditava que a empresa farmacêutica tinha o nome de cartas de tarô.

Agora, parecia que o Tolo das cartas de tarô parecia ser igual ao Sr. Tolo!

Lumian hesitou antes de responder: — Talvez.

Ele não tinha certeza se a Companhia Farmacêutica do Tolo era afiliada à Igreja do Tolo ou se era simplesmente uma iniciativa de um membro do Clube de Tarô.

Jenna demonstrou sua profunda percepção ao perguntar: — Você me trouxe aqui não apenas porque é um lugar seguro para discutir sua fé, mas também para mostrar que a Igreja do Tolo é uma igreja reconhecida e popular, capaz de construir uma catedral em Trier.

— Você não é tão ingênua quanto parece, — Lumian virou a cabeça e sorriu. — Meu terceiro propósito é perguntar se você consideraria se converter ao Sr. Tolo?

— Converter… — A mente de Jenna estava num turbilhão.

Lumian adotou um tom persuasivo, dizendo: — Isso não entra em conflito com seu contrato com os Purificadores. O Sr. Tolo é um deus ortodoxo reconhecido por todas as Igrejas. No entanto, a propagação dessa fé está concentrada nas ilhas marítimas e em certas regiões do Continente Sul. A maioria das pessoas no Continente Norte não tem conhecimento disso.

— Mas… — Jenna hesitou. — Eu nunca pensei em mudar minha fé…

Sua fé no Eterno Sol Ardente não poderia ser descrita como devota ou fanática, mas era um hábito que ela cultivava desde a infância. Ela também aceitava a maioria dos ensinamentos. Até hoje, a ideia de conversão nunca lhe passou pela cabeça. Ela não sentia uma forte vontade de mudar de fé, nem abrigava qualquer insatisfação profunda com a Igreja.

As únicas vezes em que expressou descontentamento foram durante os anos mais desafiadores que sua família enfrentou, especialmente após a morte de sua mãe. Naqueles momentos, ela ocasionalmente resmungava sobre o Eterno Sol Ardente, sentindo que Ele não protegia os verdadeiros crentes. No entanto, esses momentos estavam longe de ser suficientes para motivar uma conversão.

Lumian olhou para o rosto de Jenna e ofereceu um sorriso tranquilizador.

— Está tudo bem se você não quiser se converter. Estou apenas sugerindo. Minha principal preocupação é garantir que, se você se encontrar separada de nós durante o desastre iminente, saiba que este lugar é um refúgio. Não se preocupe, mesmo se você for um crente do Eterno Sol Ardente, a Igreja do Sr. Tolo o acolherá e lhe dará proteção.

Jenna pareceu confusa e perguntou: — Então por que não posso ir à Igreja do Santo Robert?

Lumian reuniu seus pensamentos e explicou: — Franca e eu compartilhamos a mesma fé e trabalhamos para uma organização secreta. Dois dias atrás, recebemos informações da organização.

— Há um problema com o Claustro do Coração Sagrado da Igreja do Eterno Sol Ardente, semelhante aos problemas com o Claustro do Vale Profundo da Igreja do Deus do Vapor e da Maquinaria.

— Numa situação dessas, algumas catedrais podem não ser confiáveis, e você pode não ser capaz de distinguir entre o confiável e o não confiável. Então, é melhor escolher aquelas que são conhecidas por serem confiáveis.

Jenna havia vivenciado pessoalmente os problemas no Claustro do Vale Profundo, então ela entendia a importância dos problemas potenciais no Claustro do Coração Sagrado.

Ela murmurou para si mesma: — A catástrofe poderia começar de dentro das Igrejas?

— Talvez — respondeu Lumian, embora não pudesse dar uma resposta definitiva.

Naquele momento, uma figura imponente, vestida com um sobretudo preto feito sob medida e uma meia cartola, aproximou-se de Lumian e Jenna. Ele tinha 2,56 metros de altura, cabelos e olhos dourados.

Ele olhou para Jenna e perguntou com um sorriso caloroso: — Irmã, esta é sua primeira visita à catedral do meu senhor?

— Sim, mas estou aqui com um amigo — respondeu Jenna. Ela instintivamente resistiu à ideia de converter sua fé e perguntou: — E quem é você?

— Eu sou o bispo aqui, Teslian — o meio-gigante se apresentou com um sorriso confiante.

Jenna observou seu traje, que parecia distante do traje convencional do clero.

Teslian voltou seu olhar para Lumian e continuou: — Você estaria interessado em me ouvir apresentar nossa luz e salvador, o grande Sr. Tolo?

— Não se preocupe. Nosso senhor não obriga as pessoas a se converterem, e ele não se importa se elas acreditam nele junto com outras divindades. Por sua vez, crer nele também pode coexistir com outras crenças.

— Você… quê? — Jenna gaguejou.

Isso estava completamente além da sua compreensão!

Qual divindade permitiria que seus seguidores tivessem crenças impuras ou múltiplas?

Além disso, por que se referir a essa divindade como ‘ele’ em vez de ‘Ele’? O último é o pronome exclusivo para divindades! Por que se referir a essa divindade como ‘senhor’?

A mente de Jenna estava cheia de perguntas e seus pensamentos estavam desorganizados.

— Sim, o Sr. Tolo é conhecido por sua compaixão e benevolência — respondeu o bispo, vendo que Jenna e Lumian não se opunham. Ele então abriu a Bíblia preta com padrões prateados e começou a pregar.

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