“Na forma de um cadáver?”
O coração de Lumian afundou ao ouvir isso.
Se o corpo de Reimund tivesse saído do loop devido ao sacrifício, ele não seria capaz de reviver através do loop. Assim que a anormalidade em Cordu fosse resolvida, ele estaria realmente morto e não apenas desaparecido.
Embora Lumian não estivesse disposto a admitir que um sujeito tolo como Reimund fosse seu amigo, eles se conheciam há quase cinco anos. Brincaram juntos, pregaram peças juntos e experimentaram muitas coisas juntos. Independentemente disso, ele não poderia tratá-lo como um estranho.
Relembrando o passado, ele percebeu que, além de Aurore, Reimund era provavelmente a pessoa com quem ele mais interagia.
“Aurore não costumava dizer que os tolos são os sortudos? Por que isso está acontecendo?” Lumian não pôde deixar de responder: — Mesmo que ele se torne um cadáver, ainda haverá um espírito.
Aurore suspirou suavemente.
— Talvez a entidade que recebe o sacrifício não esteja interessada em espíritos e só queira carne e sangue? Talvez ela não quisesse acionar o loop e só quisesse carne e sangue em vez do espírito de Reimund, deixando-o em Cordu ou destruindo-o diretamente?
Nesse caso, o cadáver de Reimund equivalia a matéria pura sem qualquer espiritualidade. Poderia sair do loop sem desencadear uma reinicialização.
Ao ouvir a resposta de sua irmã, a mente de Lumian imediatamente repassou o que poderia ter acontecido.
Depois que todos saíram da água, Reimund nadou para mais longe. De repente, uma força invisível agarrou-lhe as pernas, cobriu-lhe a boca e arrastou-o para as profundezas do rio, onde se afogou.
Depois disso, seu espírito permaneceria no fundo do rio ou seria destruído. Seu cadáver seria levado para um lugar desconhecido e se tornaria um sacrifício…
Com esse pensamento, Lumian de repente ficou inspirado.
— Independentemente de o espírito de Reimund ter sido deixado para trás ou destruído, assim que o loop for reiniciado, ele deverá aparecer na forma de um fantasma.
— Logicamente falando, isso está correto. — Aurore assentiu pensativamente. — Depois de escurecer, farei um ritual psíquico e verei se consigo encontrar o espírito de Reimund. Sim, é melhor termos algo que ele usa frequentemente como médium.
Lumian respondeu sem hesitação: — Depois de explorar o castelo à tarde, irei para a casa de Reimund. Seus pais estão me procurando para perguntar sobre seu paradeiro de qualquer maneira.
Quando chegasse a hora, com suas habilidades de Caçador e a vigilância de Lumian, não seria difícil para ele obter um item que Reimund usava constantemente.
— OK. — Aurore não se opôs.
Lumian exalou e perguntou: — Aurore, uh, Grande Irmã, você é capaz de canalizar espíritos?
— Como uma Espreitadora de Mistérios, possuo conhecimento sobre vários assuntos, — Aurore riu em autodepreciação. — Como foi sua conversa com os três estrangeiros?
Lumian rapidamente contou sua discussão com a enigmática mulher e sua conversa com Ryan, Leah e Valentine, mas evitou mencionar a oração da entidade.
Aurore ouviu atentamente e soltou um suspiro.
— É perigoso resistir ativamente à corrupção, mas é a única maneira de explorar as ruínas do sonho, descobrir seus segredos e encontrar a chave para quebrar o loop. Será uma jornada difícil para você…
— O que há de tão terrível nisso? — Lumian deu um tapinha no peito. — Estou me salvando.
Aurore assentiu levemente.
— Você pode usar meu perfume de âmbar cinza. Também tenho almíscar de veado e ingredientes para fazer velas. Apenas tulipas precisam ser adquiridas em outro lugar.
— Lembro que Madame Pualis tem um jardim, mas não sei se está florido.
— Floresceu, — afirmou Lumian com certeza.
Durante o último loop, quando ele e Aurore visitaram o castelo para pegar a carruagem emprestada, notaram que muitas flores do jardim já haviam desabrochado, o que era incomum no início da primavera nas montanhas.
Aurore acenou lentamente.
— Independentemente disso, você deve explorar o castelo à tarde. Você pode colher algumas flores enquanto faz isso. Aquela mulher enviará esses itens para as ruínas do sonho para você?
— Sim, — respondeu Lumian, sentindo-se confiante em sua suposição.
Aurore ponderou por um momento antes de dizer: — Vou lhe dar o Broche de Integridade antes de partir esta tarde. O castelo de Madame Pualis está imundo e pode envolver mortos-vivos. Pode ser muito útil.
— Não é necessário. Guarde-o com você para se proteger de Madame Pualis, — insistiu Lumian, antecipando as objeções da irmã. — Valentine é um crente fanático do Eterno Sol Ardente. De acordo com você, como Beyonder, ele deveria ter escolhido o caminho do Sol. Ele será mais útil do que o Broche de Integridade.
Com base nas observações de Aurore nos últimos anos, os crentes fanáticos do Eterno Sol Ardente normalmente escolheram o caminho do Sol.
Isso também fazia sentido. Os crentes do Eterno Sol Ardente que escolheram o caminho do Sol tendiam a se tornar cada vez mais fanáticos, a menos que não acreditassem neste verdadeiro deus desde o início.
— Isso é verdade, — admitiu Aurore. — Você pode praticar uma maneira mais simples de ativar a Visão Espiritual. Depois, tire uma soneca ao meio-dia para reabastecer suas energias. Vou lhe ensinar as antigas palavras de Hermes e Hermes antigo necessárias para o ritual desta noite.
Ao ouvir as palavras de sua irmã, Lumian de repente se lembrou de algo que ela costumava dizer quando estava apressando seus manuscritos: — O cronograma é apertado e a tarefa é enorme.
……
Às 15h20, Lumian estava na encosta com vista para o castelo do administrador quando avistou Madame Pualis se aproximando da aldeia com sua criada, Cathy. Madame Pualis usava um lindo vestido azul acinzentado com um leve toque fofo, e seu cabelo estava preso em um coque elegante.
Assim que desapareceram de vista, Lumian correu para o fundo da colina onde Ryan, Leah e Valentine já estavam esperando. Eles pareciam estar com suas roupas originais, não tendo feito preparativos para o que estava por vir.
Lumian ficou surpreso ao ver que eles estavam desarmados e perguntou: — Vocês não estão carregando nenhuma arma?
Ryan, que tinha apenas um pouco mais de 1,7 metro de altura, sorriu e respondeu: — Não preciso carregar arma comigo.
Valentine, vestido com um colete branco e um casaco fino azul, ecoou o sentimento de Ryan: — Não preciso de uma arma.
Leah, por outro lado, tirou um pequeno e requintado revólver prateado de suas botas. — Esta é minha arma.
Ela abriu o cano para revelar balas de cores diferentes gravadas com vários padrões e símbolos. — Elas têm efeitos Beyonder diferentes.
Pa! Leah fechou o cano e perguntou a Lumian com um sorriso: — Que arma você trouxe?
“Um de vocês não precisa de arma, o outro não precisa carregar arma consigo, e um tem um revólver tão bonito e poderoso. Isso me faz parecer bobo…” Ele levantou a jaqueta escura que trazia nas costas e revelou um machado preto como ferro enfiado em seu cinto.
Sem esperar que Ryan e os outros falassem, ele suspirou e disse: — Vocês todos agem como Beyonders, e eu sou como um gangster se preparando para uma briga.
Leah riu, seus sinos tilintando: — Você tem talento para a autodepreciação.
— É melhor do que ser ridicularizado pelos outros, — Lumian apontou para a colina íngreme atrás deles. — Vamos subir agora. Não podemos perder mais tempo.
— Tudo bem. — Leah, com seu vestido justo, foi a primeira a subir.
Ela se movia com agilidade e seu equilíbrio era excepcional. Usando os sulcos do terreno, subiu o morro com facilidade.
O que foi ainda mais notável foi que os quatro sinos de prata em sua pessoa permaneceram imóveis e silenciosos.
Lumian seguiu logo atrás, usando a poção Caçador para fortalecer seu corpo e escalando a colina antes inescalável com a ajuda de pedras e raízes de árvores, embora não fosse tão despreocupado e ágil quanto sua companheira.
Depois de recuperar o equilíbrio, ele olhou para trás e viu Ryan agarrando o ombro de Valentine e levantando-o.
Num movimento rápido, Ryan saltou sobre uma pedra saliente no meio da colina.
Sem hesitação, ele avançou mais uma vez, entregando Valentine às proximidades de Lumian e Leah.
Ao longo de todo o esforço, seu físico parecia ter aumentado de tamanho.
Isso deixou Lumian pasmo.
Embora o morro não fosse alto, ainda era exagerado demais para ser escalado com apenas dois saltos.
Os Caçadores definitivamente não conseguiriam!
Depois de sair do torpor, Lumian olhou para o edifício em forma de castelo com duas torres e o jardim circundante. Ele sugeriu aos três estrangeiros: — Vamos até a porta dos fundos.
— Espere um momento. — Ryan o parou e olhou para Leah.
Leah permaneceu em silêncio e deu dois passos em direção à entrada traseira da estrutura semelhante a um castelo.
Seus lábios se moviam silenciosamente, murmurando algo baixinho.
No instante seguinte, os quatro pequenos sinos de prata presos ao véu e às botas tilintaram.
O som não era ensurdecedor, mas era urgente e intenso.
Leah girou e se dirigiu a Lumian e ao resto: — É um caminho traiçoeiro. Um problema grave, de fato.
Com isso, ela deu dois passos em direção à entrada principal.
Ding, ding, ding. Os sinos continuaram a tocar, tornando-se ainda mais insistentes e prementes.
— Provavelmente encontraremos problemas significativos se tentarmos entrar pela frente, — o tom de Leah era severo, mas havia uma sugestão de sorriso em seu rosto.
— E se entrarmos por uma janela? — Ryan perguntou.
Leah assentiu e mudou de rumo, caminhando em direção ao jardim.
Desta vez, embora os sinos tocassem, eram fracos e lentos.
Leah sorriu e exalou: — Esta rota é segura.
Lumian, que havia observado todo o processo, ficou perplexo. Ele não conseguia entender o que os três estrangeiros estavam tramando.
“É assim que os Beyonders operam?” Ele se lembrou dos ensinamentos de sua irmã e perguntou: — Adivinhando o perigo?
— De fato. — Leah assentiu e virou-se para Valentine. — Vou explorar adiante. Esteja preparado.
— Entendido, — Valentine respondeu seriamente.
— Que preparativos? — Lumian perguntou confuso.
Leah riu. — Preparar-se para lançar feitiços divinos e conjurar chamas.
“Então, qual é o propósito de criar chamas?” Antes que Lumian pudesse perguntar, Leah entrou no jardim e se dirigiu ao castelo.
Ela chegou a uma janela e sinalizou que tudo estava claro.
— Vamos, — Ryan informou ao grupo enquanto corria em direção a Leah.
Valentine e Lumian seguiram de perto.
Ao passarem por um canteiro de tulipas, Lumian estendeu a mão para colher uma, mas Ryan o deteve com o antebraço.
Ele não perguntou a Lumian por que estava fazendo isso e apenas disse gentilmente: — Não há pressa. Podemos colher flores mais tarde. Se a colheita causar algum incidente, nossa missão ficará comprometida.
“É verdade…” Lumian aproveitou totalmente essa experiência.
Logo chegaram a uma fileira de janelas na lateral do castelo.