Camus ficou atordoado ao encontrar Amandina ali. Seu espanto superou em muito qualquer alegria que ele pudesse ter sentido.
Da janela acima, Amandina notou as quatro figuras abaixo. Seu rosto se contorceu em alarme, e ela desapareceu no interior sombrio da casa.
Surpreso, Camus gritou: — Não tenha medo! Estamos aqui para mantê-la seguro!
Enquanto gritava, ele subiu correndo as escadas até o segundo andar da residência de Twanaku.
Sua visita ao Feudo das Palmeiras confirmou a teoria de Louis Berry. Os participantes do Festival dos Sonhos perderam o controle de suas ações, movidos por malevolência e desejos ocultos. No entanto, suas mentes permaneceram lúcidas, permitindo a comunicação.
Camus não tinha certeza se os indivíduos possuídos interpretariam mal as palavras dos outros. Além disso, isso não era verdadeira clareza de pensamento. Eles não perceberiam que estavam sonhando, e a experiência desapareceria ao acordar.
Tump! Tump! Tump! Camus e Rhea correram para dentro do prédio, subindo os degraus dois de cada vez.
Atrás da casa, fora da vista, uma janela de vidro fixada em tábuas de madeira se abriu. Amandina, vestida com equipamento preto de caça, agilmente saiu. Ela usou as saliências e fendas da parede para descer rapidamente até o chão.
Quando seus pés tocaram o chão, ela notou uma pessoa observando-a de lado.
Era Lugano, seu braço direito terminando em um toco sangrento, seu rosto marcado com manchas vermelhas. Ele parecia uma bagunça assustadora.
O coração de Amandina apertou. Ela pressionou as costas contra um pilar que sustentava a casa de Twanaku, os punhos se fechando enquanto ela fechava os olhos.
No mesmo instante, as pálpebras de Lugano caíram e sua mente ficou nebulosa.
Ele caiu no chão e caiu em um sono profundo onde estava.
Os olhos de Amandina se abriram de repente, sem poder mais usar seu poder para forçar o homem exausto pela batalha a dormir.
Fazer isso a prenderia em um sono profundo, capaz de agir apenas em sua forma de Pesadelo, seu corpo imóvel. E o homem não estava sozinho!
Antes que Lugano pudesse acordar naturalmente, Amandina se virou para fugir, buscando um refúgio seguro para se esconder.
Naquele momento, ela ouviu uma voz sorridente.
— Então você também é um Beyonder.
Amandina olhou instintivamente e viu o aventureiro, Louis Berry, parado diante de outro pilar de madeira que sustentava a casa de Twanaku, não muito longe dela.
O belo Louis Berry, com seu cabelo escuro e olhos esmeralda, tinha uma mão no bolso enquanto se apoiava no pilar. Seus pés estavam cruzados atrás dele, e seus lábios se curvavam em um sorriso brincalhão enquanto ele olhava para ela.
O luar carmesim e tênue da noite lhe dava um ar de fascínio enigmático e sinistro.
Amandina cerrou os punhos mais uma vez e fechou os olhos.
Entretanto, seus sentidos espirituais lhe disseram que Louis Berry havia desaparecido em um instante.
Ela não conseguia encontrar o alvo e não conseguia usar suas habilidades correspondentes.
Momentos depois, Amandina, com sua percepção espiritual aguçada, lançou seu olhar para as sombras no andar térreo da casa.
Ela sentiu algo se mexendo ali.
Ao mesmo tempo, Amandina ouviu uma voz ilusória e etérea.
— Não queremos lhe fazer mal.
— Não somos afetados pelo Festival dos Sonhos.
Amandina, que estava prestes a usar sua percepção espiritual para fixar a presença informe na sombra, ficou surpresa.
Nesse momento, Camus e Reia correram para a janela correspondente e chamaram Amandina:
— Estamos aqui para proteger você!
— Temos autocontrole suficiente.
Depois de avaliar o número e a força dos dois lados, Amandina perguntou com ceticismo: — Por que vocês não são afetados?
Enquanto falava, ela se fixou na entidade sem forma na sombra, acreditando que ela era a mais forte entre o grupo — o aventureiro, Louis Berry. Se ela descobrisse algo errado e algo desse errado, controlar Louis Berry primeiro aumentaria efetivamente suas chances de escapar.
O corpo de Lumian emergiu das sombras.
Ele olhou para Lugano, que havia recuperado a consciência e se levantado, e elogiou interiormente a percepção espiritual aguçada de Amandina. Então, ele sorriu para Amandina e disse: — Certamente você notou que temos entrado e saído desta casa com frequência nos últimos dias.
— E você? Como consegue manter seu autocontrole normal?
Amandina olhou para a casa ao seu lado, não mais intrigada com a capacidade de Lumian e dos outros de permanecerem lúcidos e racionais.
Ela franziu os lábios e disse: — Robert me levou para um encontro na casa de Twanaku. Passei metade da noite aqui.
O coração de Camus doeu quando ele deixou escapar: — Robert sabe o que há de especial neste lugar?
Amandina assentiu agilmente.
— Ele conhece muito bem o Festival dos Sonhos.
— Qual é a relação dele com Twanaku? — Lumian perguntou pensativo.
Amandina refletiu por um momento.
— Não sei. Pelo menos, não notei nenhuma tensão romântica entre eles ou qualquer interação.
“O que você quer dizer com tensão romântica?” Lumian não perguntou diretamente sobre o conhecimento do Sr. Robert sobre o Festival dos Sonhos. Em vez disso, ele perguntou outra coisa.
— Você é uma Beyonder do caminho da Noite Eterna?
Amandina piscou e disse hesitante: — De certa forma…
Lá em cima, Camus perguntou preocupado: — Onde você conseguiu a fórmula da poção e os ingredientes correspondentes?
Enquanto conversavam, vários movimentos e gritos ecoavam das plantações fora da cidade e por toda a cidade.
Os olhos de Amandina dispararam ao redor enquanto ela sorria e dizia: — Posso escolher não responder?
— O que você acha? — Lumian sorriu para ela.
Amandina não recuou. Ela levantou a cabeça ligeiramente e olhou nos olhos de Lumian sem pestanejar.
Ela notou que seu sorriso permanecia o mesmo, e seus olhos verde-esmeralda, porém profundos, permaneciam sem emoção.
Depois de mais de dez segundos, Amandina desviou o olhar e inclinou levemente a cabeça.
—Eu obtive neste sonho.
Camus, que estava no terceiro andar, ficou surpreso. — Você o obteve durante o Festival dos Sonhos?
Ele conseguia entender como obter uma fórmula de poção durante o Festival dos Sonhos. Enquanto os ganhos de conhecimento podiam ser replicados na realidade, os ingredientes Beyonder usados para preparar poções poderiam ser trazidos do sonho para a realidade?
Será que depois de consumir uma poção durante o Festival dos Sonhos, alguém também pode permanecer um Beyonder ao acordar?
Isso subverteu muito do senso comum do misticismo!
Sem esperar pela confirmação de Amandina, Camus pensou em uma possibilidade.
Ele imediatamente perguntou a Amandina: — Você é uma Beyonder apenas neste sonho?
Amandina queria se fazer de boba, mas depois de olhar para Louis Berry, que a encarava com um leve sorriso, ela disse sombriamente: — É a mesma coisa na realidade, mas não tenho muitas oportunidades de mostrar isso.
“Como isso é possível?” Camus olhou para Amandina, suspeitando que o conhecimento místico que ele havia encontrado desde a infância era impreciso.
Ele havia considerado a possibilidade de Amandina estar mentindo, mas não estava disposto a duvidar dessa garota que ocupava um lugar especial em seu coração.
Naquele momento, Lumian falou calmamente com Amandina, com uma expressão imperturbável: — Você não consumiu nenhuma poção, não é?
A expressão de Amandina mudou um pouco. Ela inchou as bochechas e murmurou: — Por que você ainda está me perguntando se já sabe…
“Não consumiu uma poção?” Camus, Rhea e Lugano ficaram surpresos, mas ao relembrarem seus encontros, eles ganharam uma melhor compreensão da situação de Amandina.
“É realmente uma bênção, mas não tenho certeza de como isso foi conseguido…” Lumian sorriu silenciosamente enquanto Camus perguntava nervosamente a Amandina: — Qual deus maligno te enganou?
Amandina ficou perplexa. — Deus maligno? Que deus maligno?
Antes que Camus pudesse explicar, Lumian perguntou pensativamente:
— Como você obteve essas habilidades sobrenaturais?
Amandina zombou.
— Por que eu deveria te contar?
No momento seguinte, ela viu Louis Berry revelar um sorriso que a aterrorizou inexplicavelmente.
— F… Foi Robert, — Amandina disse com um arrepio. — Ele me levou para a floresta lá fora e me levou até uma enorme pedra preta. Ele me pediu para colocar minha mão nela.
— E então você se tornou um Beyonder? — Lugano interrompeu Amandina com surpresa e curiosidade, falhando em cumprir com seu dever como servo.
Amandina balançou a cabeça.
— Então eu adormeci… no sonho. Quando acordei, eu tinha superpoderes.
— Robert também é um Beyonder? Ele obteve seus poderes pelo mesmo método? — Camus pressionou.
Amandina soltou um suspiro suave e disse: — Ele é um Beyonder, mas não sei se ele obteve suas habilidades da mesma forma. Ele me trouxe para um encontro aqui. Antes de entrar neste sonho, ele já era um Beyonder.
“Pedra negra…” Lumian surgiu do andar térreo da casa de Hisoka e perguntou a Amandina com um sorriso: — Onde está Robert? Ele não está tendo um encontro com você aqui?
A expressão de Amandina mudou entre raiva e diversão quando ela respondeu: — Ele queria visitar sua outra amante antes de vir até mim.
— Ele tem outra amante? Quem? — Camus perguntou, subitamente irritado.
Os olhos de Amandina dispararam ao redor, e ela hesitou por um momento com uma expressão estranha.
— Padre Cali.
— Uh…
— Huh? — Camus, Rhea e Lugano não conseguiram deixar de exclamar em choque e confusão.
Até mesmo alguém tão culto quanto Lumian não conseguiu deixar de levantar as sobrancelhas.
Amandina abriu os braços e disse: — Ele gosta de mulheres, mas prefere homens.
— Ele disse que me trouxe para o sonho para obter superpoderes porque se sentia culpado por mim. Ele também estava grato por eu estar disposta a ajudá-lo a manter isso em segredo e não romper o noivado, continuando a sair com ele, a ficar com ele, protegendo sua imagem mesmo depois de conhecer seu outro lado.
Naquele momento, Camus e Rhea permaneceram em silêncio, mas Lumian sentiu o mesmo significado em seus olhos.
“Vocês, intisianos…”
Divertido, Lumian perguntou a Amandina: — E você pode aceitar isso?
Amandina ponderou seriamente. — Por que não? Como parceiro de casamento, Robert se destaca em status, riqueza, força, aparência e habilidades. No Continente Sul, não há muitas escolhas melhores. Além disso, tínhamos um lindo relacionamento. Ele me ama, mas também ama Padre Cali.
Amandina sorriu para Lumian e disse: — Ele também me prometeu mais liberdade.
Ao ouvir a resposta de Amandina e olhar para a jovem e bela moça, Camus, que estava no terceiro andar, sentiu de repente uma pontada de tristeza.
Uma certa beleza em seu coração se despedaçou.
Lumian olhou para ele e zombou interiormente.
“Ele não estava mentalmente preparado para ver o outro lado de Amandina? Amandina conseguiu se expressar sucintamente de uma maneira muito autocontrolada sem demonstrar isso.”
“Talvez Amandina tenha dito isso deliberadamente na frente de Camus para impedi-lo de amá-la por pena.”
Lumian virou-se para Amandina.
— Em outras palavras, Robert está atualmente na Catedral do Santo Sien?
— Sim. — Amandina assentiu.
Lumian reconheceu as palavras dela sucintamente e falou em tom de comando: — Então vamos fazer uma ‘visita’ a ele e ao Padre Cali.