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Damn Reincarnation – Capítulo 189

A Fonte de Luz (1)

Eugene lentamente endireitou as costas. Ele podia sentir o latejar em sua cabeça diminuindo lentamente, mas seus olhos ainda pareciam bastante secos e tensos. Se pudesse, queria retirá-los e enxaguá-los com água.

— Há alguns deles. — Eugene murmurou enquanto levantava a cabeça. Ele podia ver cerca de duzentas figuras se movendo à distância. Não havia dúvidas sobre isso, eram os Paladinos e os Inquisidores. Embora o Portal de Dobra tivesse sido desconectado, agora estava ativado. Eles vieram para descobrir a presença de Eugene.

Estavam vindo rápido, e Eugene não queria nenhum confronto desnecessário. No entanto, ficou claro que eles não tiveram consideração por seu desejo. Embora não atacassem imediatamente, certamente fariam comentários irritantes e o mandariam de volta.

“Onde estou?” Eugene se perguntou.

Ele só sabia que estava em algum lugar nas montanhas, mas ignorava sua localização exata. No entanto, isso realmente não importava. A presença dos Paladinos e Inquisidores era suficiente para sugerir a presença da Fonte de Luz nas proximidades.

A projeção do Santo Graal e o maxilar mostraram… Um antigo templo. No entanto, não viu tal templo nas proximidades. Era esperado. Como os rumores sobre a Fonte de Luz eram desconhecidos do público, até o templo estava escondido.

Eugene ergueu Akasha no ar.

Ele podia ver a magia permeando o espaço ao seu redor, embora fosse impossível entender a maioria dos feitiços mesmo com Akasha, já que eram magia divina. Era uma barreira complexa que combinava magia regular e magia divina. Seria difícil romper apenas com magia.

Então ele não poderia simplesmente explodir com força? Era uma forma de pensar extremamente simples e até mesmo ignorante, mas Eugene não pensou muito.

Ele quebrou o pilar de luz da Catedral de Tressia e saiu com o Santo Graal e o maxilar. Então reativou o Portal de Dobra e chegou a este local, uma área proibida. Ele já havia cruzado vários limites, então não tinha motivos para quebrar a cabeça com um assunto tão simples. Ele não precisava hesitar só porque o método era bruto.

— O que é isso? — Eugene murmurou confuso enquanto tentava desembainhar a Espada do Luar. Mas, ao contrário de sua intenção, ele encontrou suas mãos em torno de uma espada diferente, a Espada Sagrada, Altair. Ela se moveu por conta própria e pousou na mão de Eugene.

Eugene franziu a testa enquanto falava.

— Você nunca me mostrou nada quando eu mais desejei, então o que está fazendo agora?

Quem foi o responsável por mover a espada? Foi o Deus da Luz? Nesse caso, Eugene queria esmagar Altair em pedaços. Ele não se importava com o valor da lâmina nem com o que ela representava. Ele não gostava, então quis quebrá-la.

As coisas mostradas a ele pelo Santo Graal de Anise e o maxilar da Santa foram suficientes. Imagens surgiram em sua mente: o rio de sangue que começou a fluir de um passado distante e desconhecido, o rosto inexpressivo de Anise, as lágrimas que encharcaram o rosto de Kristina, assim como inúmeras garotas que estariam lá, aquelas cujas existências eram fracas e esvoaçantes.

Um vínculo abominável.

— Deus? — Eugene desembainhou a Espada Sagrada enquanto cerrava os dentes. Em um movimento rápido, ele tentou quebrá-la, esmagando-a contra o chão. Se isso não bastasse para estilhaçá-la, então… Sim, ele queria encharcar a lâmina com o sangue dos fanáticos que adoravam o ser abominável como seu Deus.

No entanto, assim que a lâmina estava prestes a bater no chão, uma luz fina envolveu seu corpo. Eugene foi forçado a parar de espanto quando a luz lentamente se espalhou da lâmina e envolveu Eugene.

A Espada Sagrada também não era o único objeto iluminado. O Santo Graal e o maxilar também irradiavam em sua outra mão. Cada uma das duas relíquias sagradas emitia luz como se em resposta à espada brilhante.

Eugene olhou para a luz por um momento, então avançou com uma zombaria. Havia Paladinos e Inquisidores de guarda nas proximidades do Portal de Dobra. Eles pertenciam a organizações diferentes, mas compartilhavam a mesma missão. No entanto, receberam ordens diferentes e meios diferentes para executar sua missão.

Giovanni, um dos Capitães dos Cavaleiros da Cruz de Sangue, havia dado ordens para ‘educadamente’ persuadir Eugene a retornar. Atarax de Maleficarum deu ordens diferentes. Ele havia servido o cardeal Sergio Rogeris por muito tempo e sabia exatamente o que o homem queria. Além disso, ao contrário de Giovanni, ele havia experienciado Eugene pessoalmente.

Persuasão educada? Não havia nenhuma maneira que Eugene Lionheart pudesse ser persuadido. Embora fosse perfeito em suas qualidades como guerreiro, não poderia ser mais carente de fé. Além disso, ele tinha uma personalidade rude e violenta. Ficou claro para Atarax que ele não poderia ser persuadido a voltar, por mais educados que fossem.

Assim, Atarax ordenou o uso da força desde o início. Eles o suprimiriam rapidamente e o prenderiam ou o enviariam de volta pelo Portal de Dobra. Era um método grosseiro, mas era o único método plausível para Atarax.

Apenas quando Eugene retomou seus passos com a Espada Sagrada na mão, seis figuras pularam dos arbustos, três Paladinos em uniformes de cruz de sangue e três Inquisidores em mantos vermelhos e nunchakus. Nenhum dos rostos era familiar para Eugene, mas os seis o reconheceram naturalmente.

Um dos paladinos iniciou a conversa:

 — Sir Eugene Lionheart. — Ele parou por um momento, sentindo uma sensação de admiração pela espada brilhante na mão de Eugene.

O Paladino ficou um tanto confuso quando notou que a tigela segurada na outra mão de Eugene também emitia luz. Não era só ele, também. Nenhuma das seis pessoas imaginou que a tigela era, de fato, o Santo Graal de Anise.

— Mesmo que seja você, este não é um lugar onde qualquer pessoa possa simplesmente entrar.

— Por favor, retorne…

Os Paladinos nunca tiveram a chance de terminar suas palavras. Os Inquisidores deram um pontapé no chão e algo refletiu a luz de dentro de suas capas vermelhas esvoaçantes. A emboscada não foi discutida anteriormente e foi uma surpresa para seus associados. Além disso, seus movimentos eram afiados demais para que seu propósito fosse considerado subjugação.

Mas Eugene não entrou em pânico. Em vez disso, ficou feliz por terem iniciado o ataque. Ele não brandiu sua espada nem parou de andar, mesmo quando os Inquisidores estavam quase sobre ele. Ele não se importava com as habilidades que possuíam e do que eram capazes. Essas coisas não significavam absolutamente nada para Eugene.

Pow!

Os paladinos só poderiam chamar aquilo de força bruta simples. Não havia técnica envolvida. Eugene empunhava uma mana extremamente densa e simplesmente atacava os agressores. Isso foi tudo.

Foi um ataque tão simples e direto, mas nenhum dos inquisidores conseguiu resistir. Um foi golpeado no chão como uma mosca, outro foi jogado para o lado e rolou impotente para o chão depois de se chocar contra uma árvore, enquanto o terceiro foi arremessado de volta de onde vieram.

Os Paladinos mudaram de posição quando sentiram um arrepio percorrer suas espinhas. As orações que recitaram em suas mentes deram origem ao poder divino. Os arredores estavam bastante escuros quando a meia-noite se aproximava, mas a luz sagrada emitida pelos paladinos afastou a escuridão.

No entanto, a luz que emitiam era pequena e insignificante em comparação à luz usada por Eugene.

Os Paladinos não podiam se mover. Foi porque a luz deles brilhou com menos intensidade? Não, não era esse o motivo do fenômeno. Em vez disso, eles não podiam ousar se mover. O próprio pensamento, a mera ideia de se mover, foi apagado de suas mentes.

O poder divino que enchia seus corpos lhes dava coragem e lhes permitia superar o medo, mas tudo aquilo virou nada quando viram o rosto de Eugene.

Seu rosto não estava deformado ou distorcido. Pelo contrário, ele parecia assustadoramente calmo e subjugado. No entanto, embora seu rosto não traísse emoções, os Paladinos sentiram uma raiva terrível e uma intenção assassina de Eugene. Eles não podiam acreditar que tais emoções vinham do Herói.

A cortina de luz ao redor de seus corpos falhou em inibir seus instintos básicos como humanos, instintos que gritavam desesperadamente, alertando-os para não se moverem nem um centímetro. Simplificando, eles não tinham determinação.

Os Paladinos priorizaram persuadir Eugene por meio de conversas, em vez de subjugá-lo à força. Eles eram muito moles. Então, quando vieram para enfrentá-lo, suas mentes e determinações se curvaram como grama ao vento.

A intenção assassina de Eugene era tão verdadeiramente feroz e explosiva que os Paladinos dos Cavaleiros da Cruz de Sangue, famosos por sua fé inabalável, foram forçados a cair e seus instintos pisoteados.

Gugh.

Os três Paladinos não ousaram mover um músculo como se fossem uma presa diante de seu caçador. Eles engoliram em seco, contraíram-se e sentiram o suor frio escorrer pelos poros de seus corpos… Até que Eugene finalmente passou por eles.

Ele abriu caminho pela floresta protegida por barreiras. Pretendia explodir a barreira usando a Espada do Luar, mas foi dissuadido pela luz da Espada Sagrada abrindo o caminho.

As duas relíquias em sua mão esquerda ainda brilhavam.

O que bloqueou seu caminho foi um amálgama incrivelmente complexo de várias barreiras, e até mesmo os sentidos de Eugene foram ineficazes. Ele não poderia dizer o que estava bem na frente dele. Era como se estivesse vagando por uma névoa espessa… Bem, não era apenas um sentimento. Na verdade, Eugene estava realmente caminhando por uma névoa densa. Ele não sabia se estava subindo ou descendo a colina, nem se estava realmente no caminho certo. Eugene havia encontrado vários tipos de magia e barreiras até agora, mas nunca uma barreira tão poderosa.

— Realmente teria sido a escolha certa quebrar tudo. — Murmurou Eugene. No entanto, ele não alcançou a Espada do Luar. Não teria hesitado se a Espada Sagrada estivesse sozinha em seus esforços para iluminar o caminho. No entanto, não foi apenas a Espada Sagrada que o guiou.

O Santo Graal… É… Algo parecia estranho. Se a Espada Sagrada era a tocha guiando seu caminho adiante, o Santo Graal e o maxilar em sua mão esquerda eram… Era como se estivessem puxando sua mão para frente; como se estivessem guiando o caminho.

— Isso… — Sussurrou Eugene enquanto olhava para frente. — É um milagre?

Eugene odiava a palavra ‘milagre’. Fazia muito tempo que a odiava. As pessoas usavam a palavra milagre para descrever quaisquer eventos não convencionais, misteriosos e impossíveis, coisas que não poderiam ser realizadas pelo poder humano.

A maioria dos milagres experimentados nos campos de batalha tendia a ser ocorrências semelhantes, batalhas aparentemente impossíveis vencidas, derrotar um inimigo muito mais forte do que ele ou sobreviver em situações impossíveis. Tais foram os milagres que Eugene, ou melhor, Hamel, experimentou em sua vida anterior.

No entanto, irritava Hamel chamar tais eventos de milagres. Vencer uma batalha impossível? Um resultado de lutar com a própria vida em risco. Derrubar um oponente mais forte? Produto de uma batalha bem travada. Sobreviver a uma situação em que a morte era inevitável? Ou a gratidão era justificada ao inimigo por ser um idiota que falhou em confirmar a morte, ou alguém lutou para salvar sua vida.

—Em certo sentido, não poderiam ser todos classificados como milagres?

—Não.

—Hamel, estou tratando de você agora, porque tenho o poder de tratar de você. O poder que tenho me foi dado pelo Deus da Luz, então minha própria existência poderia ser prova de milagres.

—Você é livre para pensar como quiser, mas eu não penso assim. Porra, caralho. Quem luta somos nós, quem luta, quem trata é você. Por que devemos tomá-lo como um milagre dado por Deus?

—Não quero discutir com você sobre a fé. Hamel, eu sei que você é um pirralho persistente, obstinado e teimoso, como um verme.

—Você acabou de me chamar de pirralho?

—Tudo o que você está dizendo é que não quer admitir os milagres do gracioso Deus da Luz, certo? Você acha que suas conquistas são resultado de seu talento e trabalho duro. Isso é realmente ser um arrogante—

—Não eu, mas nós.

—O quê?

—Somos talentosos, trabalhadores e vitoriosos. Vencemos batalhas impossíveis, porque lutamos bem, e você está me tratando aqui e agora porque está aqui. Prova de um milagre? Você? De que porra está falando? Você não é um milagre, mas uma humana normal, viva e respirando, não é?

—Ha…!

—O quê? Tem algum problema? Se acha que estou errado, vá buscar aquele seu maravilhoso deus todo-poderoso. Hein? Você não pode, certo? Então, por que continua reclamando sobre algum maldito milagre e…

—Então vamos colocar assim.

Ele podia se lembrar claramente da expressão de Anise daquela época.

—Tudo isso, tudo aqui, não é milagre de Deus. Hamel, como você diz… Você, não, nós… Haha. Não, até isso é pretensioso. Apenas… Todos nós… Certo. É algo que todos conseguiram juntos com uma… Borrifada, só um pouquinho da vontade de Deus… Só um pequeno milagre.

Anise disse isso com um sorriso. Pensando bem, essa foi a primeira vez que Anise cedeu em qualquer assunto relacionado à fé e milagres. Foi a primeira vez que ela recuou e reconheceu um pouco sem forçar sua própria visão.

Um pequeno milagre.

Eugene parou. Ele não conseguia mais andar. Anise sempre falou sobre Deus, Luz e milagres. Ela sempre rezou para seu deus com um sorriso imperecível.

Anise realmente acreditava na existência de Deus. Pelo menos, é assim que sempre pareceu. Anise estava mais desesperada do que qualquer outra pessoa pela existência de Deus. Ela tinha que ser.

Trezentos anos atrás, Anise desejava levar todos os que morreram para o céu. Ela declarou que derramaria sangue em nome de Deus e iluminaria as trevas em nome de Deus. Ela havia declarado que brilharia como a luz mais brilhante depois de Deus para trazer luz aos condenados e conduzi-los ao céu.

Às vezes, ela questionava a existência de Deus e do céu. Inúmeras pessoas morriam. Os dias eram cheios de sofrimento e mortes. Demasiadas pessoas foram enterradas e terras foram devastadas. Era impossível encontrar outra coisa senão campos de batalha e o cheiro sombrio da morte. Era uma época em que criaturas demoníacas matavam humanos, monstros matavam humanos, demônios matavam humanos e humanos matavam humanos.

Então Anise duvidou da existência de Deus. O Deus onisciente e onipotente não estava em lugar nenhum quando o mundo mais precisava de sua presença. Deus não derramou sangue por seus cordeiros. Deus, a chamada luz para afastar todas as trevas, não afastou a noite eterna da era das trevas.

Todos os dias, o sol dava lugar ao crepúsculo e, mais uma vez, trazia luz ao amanhecer, mas o mundo saudando o novo raio de sol não era absolutamente diferente da noite anterior.

O desespero enchia os dias imutáveis, e quando estava à beira do colapso, quando não tinha mais vontade de superar a embriaguez, Hamel reconheceu um milagre de Deus pela primeira vez em sua vida.

Vermouth; sua existência era um milagre de Deus. Deus não era indiferente e ausente. Em vez disso, ele estava tentando salvar o mundo enviando Vermouth.

Foi assim que Eugene se convenceu.

— Anise. — Chamou Eugene.

As longas e intensas batalhas eram sempre decoradas com uma bebida no final. Quando as batalhas infernais e torturantes terminavam, as costas de Anise sempre ficavam encharcadas de sangue. Felizmente, o cheiro do sangue dela era mascarado pelo cheiro forte de sangue dos arredores.

Quando Anise tirava o uniforme e mostrava as costas encharcadas de sangue, Hamel via como seus estigmas haviam se espalhado em comparação com antes. Anise bebia enquanto ele limpava o sangue de suas costas e aplicava pomada.

— Eu deveria ter trazido álcool? — Sussurrou Eugene. Mas não houve resposta.

A mão pequena e pálida conduzia Eugene. Ele não podia sentir o cheiro de sangue da garota. As roupas outrora manchadas de sangue agora eram brancas e imaculadas. Então Eugene queria chorar. Ele não podia negar que não havia calor irradiando da mão que o conduzia. Ele não conseguia nem sentir seu peso.

Embora pudesse ver o cabelo loiro esvoaçante e as costas da garota tão claras quanto o dia, ele sabia muito bem que ela não era uma das vivas. Ele não queria acreditar que aquele… Pequeno e cruel milagre era um presente de Deus.

— Você… — Eugene gritou, mas a garotinha nunca voltou atrás. Ela continuou em frente e guiou Eugene para o caminho certo. Embora a névoa se dissipasse lentamente, Eugene não queria desviar os olhos. Ele viu as mãozinhas, braços, costas e cabelos da garotinha puxando sua mão esquerda.

— Foi… para céu, né?

Por favor, feche os olhos para essa imoralidade. Se não puder, por favor, coloque os deveres de entrar no céu sobre os ombros de seu servo. Então, vamos nos reunir um dia no mesmo lugar.

— Você… Você virou um anjo no céu, né?

Antes que ele percebesse, Eugene não estava mais andando pela floresta.

O sonho mostrado a ele pela Espada Sagrada e a oração do Anise…

—Se não nós, quem poderia ir para o céu?

Tinha que ser verdade. Mais do que ninguém, Anise, você merecia ir para o céu. Eugene honestamente pensava assim. Ele sabia exatamente o tipo de vida que Anise levava em sua vida anterior.

Se não fosse por qualquer outra coisa, o céu tinha que existir por causa de Anise. Assim como ela esperava, deveria ter se tornado a segunda luz mais brilhante depois de Deus a iluminar o céu.

—Definitivamente poderemos nos reunir no paraíso. Se não…

Clack.

O Santo Graal caiu de sua mão. Tanto o cálice quanto o maxilar contido dentro rolaram pelo chão.

—Então Deus não existe.

Ele se encontrava em algum lugar subterrâneo seguindo a orientação da garotinha.

O que o acolheu não foi uma alucinação criada pela barreira.

Mas Eugene não queria olhar diretamente para a visão diante de seus olhos. Ele não sabia o que pensar, o que sentir e que expressão fazer.

Plop.

Ele ouviu uma gota de água e Eugene cerrou os dentes. Ele queria evitar o cheiro de sangue. Felizmente, o fedor de sangue que permeou seu olfato era seu próprio sangue. Sangue escorria de seus olhos semicerrados e lábios franzidos.

Eu tenho de ver.

Uma voz ressoou em sua cabeça, sua própria voz. Eugene lentamente levantou a cabeça e olhou para a frente. Muitos canos que revestiam a parede estavam… Em contato com uma nascente de água. A água era puxada para um cano, passava por suas entranhas, passava pelo filtro… E voltava para a poça. A última etapa da purificação era responsável pelo som da água que enchia o espaço.

Havia muitos filtros.

Havia muitos tubos.

Todo o processo era repetido, uma e outra e outra vez. O cano central extraía água da nascente e depois a direcionava para outro lugar. A cena era realmente horrível e lembrou Eugene de um órgão de tubos; um órgão doentio e abominável.

Eugene levantou a cabeça e olhou para cima. Ele viu os ‘filtros’ conectados aos canos, as esferas brancas penduradas como frutas maduras no ar.

Dentro das esferas estavam…

— …

“O que estou fazendo aqui?”

“O que estou segurando na minha mão?”

“Os objetos rolando aos meus pés, as coisas na minha frente, as coisas penduradas acima de mim…”

Plop.

Em algum lugar dos canos, o som da água ressoou mais uma vez, e Eugene fechou os olhos.

Quando os abriu, inúmeras garotas estavam penduradas acima da fonte. Ainda era difícil distinguir os rostos delas e… Ele ainda não conseguia entender o porquê. No entanto, podia ver Anise de pé e Kristina chorando.

— Que pena. — Anise abriu os lábios. Aquela mulher terrível, mesmo agora, ela não havia contado tudo a Eugene. Mas ele também não ansiava por uma resposta dela.

A resposta não importava.

— Deve ter sido difícil e doloroso. Mesmo agora. — Disse Anise enquanto se aproximava lentamente de Kristina. Inúmeras garotas caminhavam ao seu lado e, uma a uma, começaram a desaparecer. As meninas derreteram como a neve e se tornaram parte da primavera. No entanto, Anise e Kristina ainda permaneceram.

— Hamel. — Gritou Anise depois de tomar seu lugar atrás de Kristina, que continuou a chorar. Ela abriu os braços e abraçou Kristina por trás. — O que você vai fazer?

Deixando para trás a terrível pergunta, as duas finalmente desapareceram. Eugene abaixou a cabeça… O Santo Graal e o maxilar já haviam se quebrado em estado irreconhecível.

— …

O que ele iria fazer?

Definitivamente era algo que Anise perguntaria. Embora fosse ela quem queria alguma coisa, nunca diria isso diretamente.

No entanto, agora, nem precisava perguntar.

Eugene lentamente levantou a cabeça e uma chama mortal engolfou suas órbitas oculares.


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