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Damn Reincarnation – Capítulo 188

A Catedral (4)

Os cacos de vidro que caíram no chão, se estilhaçaram ainda mais. No meio do rugido criado por isso, Eugene estava parado distraído. Cacos se acumularam ou ricochetearam em sua cabeça e ombros, e o som era ensurdecedor, mas nos ouvidos de Eugene havia silêncio absoluto.

Mesmo que dezenas de milhares desses cacos de vidro caíssem sobre ele, eles não podiam perfurar sua pele ou fazê-lo sangrar, mas todo o seu corpo latejava de dor como se estivesse sendo despedaçado por uma faca afiada.

Ou pelo menos foi assim que se sentiu. Eugene olhou para o Santo Graal de Anise que segurava na mão esquerda. A imagem posterior do que ele tinha visto ainda persistia em sua cabeça. Ele viu as garotas paradas ali com sangue escorrendo delas. A inexpressiva Anise, a chorosa Kristina e as inúmeras garotas que existiram entre elas.

Eugene não conseguiu distinguir claramente as expressões daquelas garotas. Ele sentiu náuseas. O cheiro de sangue que ainda não deveria estar sentindo permaneceu sob seu nariz e se recusou a sair.

— Sir Eugene?! — Uma voz gritou quando Rensol e vários outros clérigos se aproximaram hesitantemente de Eugene.

Eles estavam tendo dificuldade em entender a situação. A destruição dos pilares de luz, que foram o orgulho desta catedral por centenas de anos, confundiu suas mentes, e a presença de Eugene Lionheart no centro disso os deixou ainda mais confusos.

De como as coisas pareciam… Parecia que Eugene havia sido aquele a destruir os pilares de luz.

Mas por que diabos ele faria isso? Que razão poderia haver para ele fazer isso? Mesmo os sacerdotes que não sabiam da identidade de Eugene pensavam assim, e Rensol, que sabia que Eugene era o Herói, estava ainda mais certo de que Eugene não tinha motivos para fazer isso.

— Você está bem? — Rensol perguntou timidamente. — P-Por agora, por favor, venha aqui. Não sabemos se as paredes não continuarão a desabar. Ficar aí é muito perigoso—

Uma voz balbuciava bobagens para ele, mas Eugene só podia ouvir o som de seu coração batendo cada vez mais rápido, como se estivesse prestes a explodir. Sua mão direita vazia estava apertada o suficiente para parecer que ele estava tentando esmagar seus ossos. Sua respiração acelerava junto com as batidas de seu coração. Eugene ofegou enquanto levantava a cabeça.

Ele viu o altar da catedral. Graças aos cacos de vidro que caíram de cima, o altar e seus arredores ficaram cobertos de cacos de vidro.

Quando Eugene caminhou em direção ao altar, cacos de vidro quebraram sob seus pés. Quando Eugene começou a se aproximar do altar, a perplexidade nos rostos de Rensol e dos outros sacerdotes aumentou. Eles não podiam dizer quais eram as intenções de Eugene, mas podiam ler um pouco o tipo de atmosfera que ele estava exalando.

— Sir Eugene, o que diabos você está tentando fazer? — Rensol perguntou enquanto se aproximava de Eugene com uma expressão rígida.

No entanto, Rensol só conseguiu dar alguns passos à frente antes de congelar no lugar. Não era apenas Rensol, também. Todos os sacerdotes que estavam prestes a tentar parar Eugene se viram incapazes de se mover como se estivessem congelados no lugar.

[Sir Eugene…] Mer timidamente falou de dentro de seu manto.

Mas Eugene não teve tempo de sobra para respondê-la. Enquanto Eugene distraidamente fazia o que podia para suprimir sua intenção assassina transbordante, ele chutou o altar com um pé.

Bang!

O altar não caiu, nem foi lançado pelos ares. No momento em que Eugene chutou, o altar se despedaçou em uma nuvem de poeira. Tendo removido o altar, Eugene pegou o maxilar da Santa que havia sido colocado no chão oco abaixo.

— S-Sir Eugene… — Rensol gaguejou ao chamar o nome dele.

Esse era o maxilar da Santa de quatrocentos anos atrás. Entre todas as relíquias sagradas consagradas na Catedral de Tressia, era uma rara relíquia sagrada de primeira classe que só poderia ser comparada ao crânio de São Teodoro.

— P-Por favor, coloque-o de volta no chão. — Implorou Rensol. — Eu realmente não sei o porquê você está fazendo tudo isso, mas não pode simplesmente tocar nisso sem permissão…

Eugene não o estava ouvindo. Ele apenas jogou o maxilar no Santo Graal de Anise e se virou. Os sacerdotes não conseguiram seguir Eugene quando ele saiu da catedral principal.

[Sir Eugene, você está bem? Você está bem, certo?] Mer repetiu-se preocupada.

— Estou bem. — Respondeu Eugene ao sair da catedral.

Isso era uma mentira. Na opinião de Eugene, seu eu atual não estava nada bem. Mas também não era tão raro que suas emoções se irritassem tanto…

Quando descobriu o Cavaleiro da Morte feito do cadáver de Hamel no túmulo do deserto. Quando Barang atacou Signard e os outros elfos na Floresta Samar. Quando Eward capturou seus parentes para usar como sacrifício no Castelo dos Leões Negros, e quando teve que enfrentar os remanescentes dos Reis Demônios.

No entanto, as emoções que surgiram durante esses eventos foram pelo menos claras e certas. Ele sentiu raiva, fúria e outros sentimentos semelhantes. No entanto, Eugene estava incerto sobre o que estava sentindo. Esses sentimentos eram tão intensos quanto naquela época, mas ele ainda não tinha certeza se essa emoção crescendo dentro dele era raiva, fúria ou outra coisa.

“Não.”

A verdade era…

“Eu sei.”

Eugene realmente sabia o que estava sentindo e o que estava pensando. Ele simplesmente não queria admitir. Eugene mordeu firmemente o lábio inferior enquanto enfiava a mão dentro de seu manto para tirar Akasha.

Mer agarrou a mão de Eugene. Ela colocou o rosto para fora do manto e olhou para Eugene com uma expressão preocupada. Seus olhos verdes, tão parecidos com os de Sienna, tremiam de ansiedade.

Embora Eugene não tivesse certeza de que tipo de expressão ele tinha em seu rosto, agora ele sabia. O rosto refletido de volta para ele nos olhos de Mer parecia estranho até para ele mesmo.

— Estou bem. — Repetiu Eugene mais uma vez.

Mesmo sabendo que não estava bem, Eugene não pôde deixar de dizer que estava. Mer também podia sentir o que ele estava sentindo. Mer sabia que não poderia segurar Eugene no lugar ou acalmá-lo, e também sabia que não tinha justificativa para fazê-lo.

Então, no final, Mer não disse nada e apenas soltou a mão de Eugene. Ao aceitar o olhar preocupado de Mer, Eugene ergueu Akasha.

O maxilar desta Santa era de quatrocentos anos atrás.

Anise nasceu trezentos anos atrás.

Eugene não entendia exatamente o que significava essa lacuna de cem anos. Ele nem quis entender. No entanto, no final, o resultado ainda era o mesmo. Mesmo que ele não quisesse, precisava entender. Embora Eugene não quisesse admitir a verdade, sabia que não tinha escolha a não ser aceitá-la.

Ele ainda podia ouvir o som de seu próprio coração batendo forte em seus ouvidos. Engolindo uma respiração pesada, Eugene lançou o feitiço Dracônico de Akasha.

Crack crack.

Algo fluiu na cabeça de Eugene. A conexão entre ele e esta relíquia de centenas de anos atrás foi projetada na mente de Eugene.

A imagem resultante não era nítida. Talvez porque fosse de muito tempo atrás, ou talvez por que a relíquia estava tão danificada? Ele não sabia o que era, mas Eugene viu uma cena, cortada por estática crepitante, se desenrolar dentro de sua cabeça.

Mais uma vez, Eugene viu o vínculo abominável que existia entre aquelas meninas cujos pés estavam encharcados no rio de sangue. Havia Anise, Kristina e todas as outras garotas além delas. Mas desta vez, Anise não era a primeira da fila.

Mesmo antes dela, havia outra garota, não, garotas, que deixavam seu sangue fluir livremente. Seus rostos estavam faltando. De todas as garotas que estavam ali, as duas únicas cujos rostos eram claramente visíveis eram Anise e Kristina. Os rostos das outras garotas haviam… Sumido.

Não que ele não pudesse vê-las claramente. Elas literalmente não tinham rostos. Suas feições também não foram obscurecidas por uma névoa. Fossem seus olhos, narizes ou lábios, elas não tinham nenhuma dessas características. Era uma visão grotesca e assustadora ver todas essas garotas com rostos vazios em pé na fila, deixando seu sangue escorrer.

Os olhos de Eugene foram para uma das garotas em pé na frente de Anise. Como as outras, a menina não tinha rosto, mas não faltavam apenas olhos, nariz e boca. Ela também não tinha queixo. Então seu rosto parecia que a metade inferior havia sido cortada. Parecia que seria doloroso até respirar. Eugene sabia que essa garota tinha que ser a Santa de quatrocentos anos atrás.

Se fosse esse o caso, e todas as outras garotas na frente dela? E as garotas entre Anise e Kristina?

Eugene já havia descoberto quem elas eram antes. Mas assim como esses sentimentos dentro dele, a resposta não era algo que ele queria aceitar.

Ele precisava ver mais.

Curvando a cabeça, Eugene avançou. O Santo Graal e o maxilar foram engolidos juntos pela luz.

“Deve haver mais coisas que você quer me mostrar. Estou bem. Não tenho problemas em continuar. Estou preparado para ver tudo.”

Enquanto Eugene murmurava essas garantias para si mesmo, Anise, ainda com o rosto inexpressivo, fechou os olhos.

Uma a uma, todas as meninas desmoronaram e desapareceram.

Todas as santas que estavam ali desmoronaram como castelos de areia, tornando-se parte do rio que fluiu com sangue derramado. O fluxo vermelho de sangue tornou-se um redemoinho em espiral no centro do campo de visão de Eugene.

Crack crack.

O ruído criou uma distorção na imagem. Finalmente, o redemoinho terrivelmente vermelho se acalmou para se tornar um corpo de água calmo. Uma primavera linda e brilhante.

Boom.

O som soou abaixo dos pés de Eugene. Era o som de pegadas sendo esmagadas no chão e deixadas para trás quando os passos de Eugene pousaram com força demais para o chão suportar. Enquanto tentava acalmar as emoções que o consumiam, Eugene tentava pensar na situação, não, em tudo o que acaba de descobrir.

A Fonte de Luz.

Ele não sabia exatamente onde era. Visto que não era de conhecimento público, tinha que ser um lugar mantido em segredo mesmo dentro de Tressia. Pelo que ele tinha visto na projeção… Não parecia estar dentro de um prédio. Havia pilares antigos… Eugene pensou ter visto os restos de um templo que parecia tão antigo que poderia ser chamado de ruína. Onde era? Não havia lugar assim perto da catedral.

Quanto à Kristina.

Ela estava atualmente naquele local. Eugene continuou andando. Não sabia exatamente o que era aquela fonte. Ele também não sabia o propósito do ritual realizado ali. Kristina havia dito que o ritual era necessário e que ela mesma participava dele de bom grado. Não importava o quão suspeito o ritual parecesse, Eugene estava disposto a respeitar a escolha de Kristina.

—Olhe bem, Hamel.

— Para este vínculo abominável.

Anise, na forma de uma jovem, levantou as mãos, que estavam cobertas de sangue.

Kristina, que também estava na forma de uma menina, estava chorando ao lado de Anise. Desde que se reuniram em Yurasia, sua atitude era estranha.

Respeito, né? Eugene esfregou suas próprias bochechas duras.

“Desde quando tenho tanta consideração pelos outros?”

Quando esse pensamento surgiu em sua cabeça, Eugene não hesitou mais.

Baaaang!

O chão sob os pés de Eugene se despedaçou e desabou quando se lançou ao ar.

Eugene virou as costas para o céu noturno roxo acima da cidade, que estava claro demais. O vento que invocou manteve o corpo de Eugene no ar. Depois de voar alto o suficiente para ver toda a enorme Catedral de Tressia de uma só vez, Eugene ergueu Akasha.

O Coração do Dragão emitia luz. Com os olhos bem abertos, Eugene viu a miríade de feitiços que haviam sido lançados sobre a catedral. A maioria dos feitiços tratava de manter o edifício e melhorar sua estética. Esses não eram os feitiços que ele estava usando Akasha para procurar. Um por um, Eugene removeu esses inúmeros feitiços de sua busca. Embora tivesse a ajuda de Mer, tanta informação mágica estava sendo forçada em seu campo de visão que a cabeça de Eugene latejava.

Ainda assim, era melhor para ele ter dor de cabeça por causa disso. Em vez de distrair os pensamentos de Eugene, a dor de cabeça latejante estava realmente aguçando sua mente. Indo mais fundo, cada vez mais fundo, seus olhos ficaram injetados enquanto ele forçava ainda mais concentração através dos dentes cerrados.

Seus olhos, tingidos de luz vermelha, penetraram profundamente no porão da Catedral. Ele o havia encontrado. Os cantos da boca de Eugene se torceram para cima. Se lembrou do que Mer havia dito no primeiro dia em que chegaram a Yuras.

Ele não sabia se era usado por conveniência, mas realmente havia um portal de dobra escondido nas profundezas da catedral. Eugene então encontrou o caminho que levava a este porão. Portanto, não havia mais necessidade de ficar no ar assim.

Eugene imediatamente voou para baixo, indo para a torre do relógio e a porta que levava ao subsolo que estava escondida dentro dela.

— Sir Eugene! — Uma voz o interrompeu.

Era Rensol. Ele estava bloqueando a entrada da torre do relógio junto com alguns outros sacerdotes.

— P-Por favor, volte para o seu quarto. — Gaguejou Rensol. — Por que diabos você está fazendo isso? Por que… Por que você levaria essas relíquias sagradas—

— Saia do caminho. — Eugene cuspiu em uma voz desconhecida.

Sem parar, Eugene apenas continuou caminhando em direção a eles rapidamente.

— Sir Eugene, você também foi responsável por quebrar os pilares de luz? Por que você faria isso? P-Por favor, dê-nos uma explicação. — Rensol corajosamente exigiu.

Parecia que eles não tinham intenção de recuar apenas com um aviso. Eugene imediatamente invocou uma rajada de vento. Ele não tinha intenção de prejudicar Rensol, que estava apenas tentando bloquear o caminho de Eugene. Era só… Eugene só queria afastá-los para que não o incomodassem mais. Eles queriam uma explicação? Como ele deveria explicar as emoções que estava sentindo agora e as coisas que foram projetadas em sua cabeça?

Em primeiro lugar, era Eugene quem queria uma explicação. Então apenas manteve a boca fechada e virou o vento na direção deles.

Whoooosh!

Assustados com o ataque, Rensol e os sacerdotes invocaram a luz e levantaram uma barreira de poder divino para bloquear o caminho de Eugene. Só de olhar para essa luz brilhante, Eugene sentiu como se o cheiro de sangue de antes estivesse flutuando ao seu redor mais uma vez.

Boom!

O vento fez os sacerdotes voarem para o lado. Então, em vez de se dispersar, o vento se juntou e quebrou a porta da torre do relógio. Agora que o caminho à frente havia sido aberto, os pés de Eugene flutuaram no ar mais uma vez.

Eugene imediatamente voou para a torre do relógio sem mais demora. Então, procurando pelo portal subterrâneo que havia descoberto antes, ele brandiu o vento novamente.

Boom!

Todas as estátuas que estavam ao longo das paredes foram completamente destruídas. A porta secreta que levava ao subsolo só poderia ser aberta manipulando de forma elaborada essas estátuas, mas Eugene não queria perder tempo com isso, então apenas quebrou a porta.

Passando pelas escadas que levavam ao local, ele chegou ao porão que abrigava o portal de dobra. A luz mágica do portal não estava acesa. Isso significava que ele não estava conectado a lugar algum.

Um portal de dobra sempre precisava de um mago para mantê-lo, a fim de manter a conexão com as coordenadas dos portais conectados. No entanto, além de Eugene, não havia mais ninguém lá no momento.

Ficou claro o que havia acontecido sem nem mesmo precisar pensar nisso. Depois que o cardeal Rogeris saiu com os inquisidores, ele fechou completamente o portal de dobra.

— Haha. — Eugene soltou uma risada seca enquanto se dirigia para o portal de dobra.

Mer, que leu suas intenções, entrou em pânico e saiu de seu manto para agarrar Eugene pelos ombros.

— Esse plano é muito imprudente e perigoso! — Mer gritou.

— Mer, solte. — Ordenou Eugene.

— S-Sir Eugene, por favor, acalme-se. — Implorou Mer. — Um portal de dobra é o mais alto nível de magia espacial! Mesmo que um mago do Quinto Círculo possa manter a conexão entre os portais, você precisa ser pelo menos um mago do Sexto Círculo para criar uma nova conexão.

— Você realmente acha que eu não sei disso?

— Claro que você sabe! É por isso que estou dizendo para você não fazer isso! O fato de estar tentando fazer algo assim, mesmo sabendo de tudo isso, significa apenas que, Sir Eugene, você não está em seu juízo perfeito agora!

Mer estava certa. O portal de dobra que mantinha uma conexão por longas distâncias era o mais alto nível de magia espacial. O nível atual de Eugene como mago era o Quinto Círculo. Com a ajuda de Akasha e Mer, ele poderia usar feitiços até o Sétimo Círculo, mas ainda era muito arriscado para Eugene tentar abrir o portal à força.

Os portais de dobra registravam um comprimento de onda único para cada portal conectado. Os comprimentos de onda em ambos os lados do portal precisavam entrar em ressonância para abri-lo e manter uma conexão. Naturalmente, apenas o mago que controlava o portal de dobra conhecia o feitiço para criar esses comprimentos de onda. Não era possível para Eugene abrir o portal a menos que conhecesse as coordenadas espaciais da Fonte de Luz e os comprimentos de onda necessários para a ressonância.

Mer tentou desesperadamente persuadi-lo.

— Se você usasse um dispositivo de cálculo e adicionasse Akasha em cima disso, poderia combinar os comprimentos de onda à força. No entanto, Sir Eugene, você também deve estar ciente de que tal conexão não pode deixar de ser instável, certo? A magia espacial, especialmente a magia que envolve atravessar longas distâncias como um teletransporte, é muito arriscada quando falha. Se a conexão falhar—

Eugene a interrompeu: 

— Não vou falhar.

— Hã? — Mer expressou sua confusão.

— Tudo bem se eu conseguir estabelecer uma conexão. — Eugene assegurou a ela. — Depois disso, posso sintonizar o comprimento de onda enquanto estou no meio da travessia. Dessa forma, não sairemos de sincronia e a conexão não deverá ter problemas.

— M-Mas isso é simplesmente absurdo. — Protestou Mer. — Ajustar as coordenadas e sintonizar os comprimentos de onda em tempo real sem antes conhecer as coordenadas da saída…! Mesmo para mim, esses cálculos são impossíveis! Isso não está mais no reino do cálculo puro!

— Não tenho intenção de obrigar você a fazer isso por mim, então não se preocupe. — Disse Eugene enquanto tirava a mão de Mer de seu ombro.

Então ele empurrou firmemente a cabeça de Mer e a colocou de volta para dentro de seu manto.

— Kyaah! — Mer gritou em reclamação.

— Fique aí pacientemente e não saia. — Ordenou Eugene.

Então fechou bem a abertura do manto para que ela não pudesse escapar.

Eugene acenou para Akasha e apontou para o portal de dobra.

Eugene estava à beira do Sexto Círculo. Foi difícil entender o quão longe ainda tinha que ir quando colocou as mãos em Akasha pela primeira vez, mas depois de passar pela guerra civil no Castelo dos Leões Negros e seu treinamento contínuo sob o lago na propriedade principal, seu nível de magia também aumentou. Talvez por causa disso, Eugene foi capaz de ler a fórmula do portal de dobra imediatamente.

A mana extraída de sua Fórmula da Chama Branca fluiu para o portal de dobra.

Fwoooosh!

O espaço entre os dois pilares do portal de dobra se distorceu e começou a brilhar. A conexão espacial estava pronta para ser aberta, mas o comprimento de onda do portal ainda não havia ressoado com o outro lado.

Se tudo o que Eugene tivesse disponível fosse a capacidade de ler a fórmula, ele não teria outro caminho a partir dali. No entanto, Akasha não concedia apenas a habilidade de ler feitiços. Também concedia a capacidade de entendê-los.

Os olhos de Eugene latejavam. Ele lambeu os lábios enquanto se preparava para o uso da mudança de frequência de alta velocidade.

Mer não queria ajudá-lo. No entanto, realmente não podia se recusar a fazer nada. Dentro do manto, Mer soltou um suspiro profundo e começou a sincronizar sua consciência com a de Eugene.

Então percebeu que coisa absurda ele estava prestes a fazer.

Akasha permitiu que ele compreendesse as fórmulas do portal de dobra. Além disso, usaria a magia de busca do feitiço Dracônico para escanear a conexão com o outro lado da porta. O próprio feitiço faria um cálculo inverso a partir dos vestígios mínimos do outro lado da conexão que havia sido deixado no portal de dobra fechado, para prever as coordenadas espaciais do outro lado. Eugene então pretendia infundir sua mana no portal para cada uma das inúmeras coordenadas que foram derivadas por meio desse método para gerar um comprimento de onda momentâneo e então repetir isso até que ele pudesse combinar os comprimentos de onda para cada coordenada.

Isso era uma loucura. Um trabalho brutal e irracional por trás de uma máscara de magia avançada. Esta não era uma tarefa que um único mago poderia realizar. Mesmo um Arquimago não poderia conectar todos esses diferentes portais de dobra repetidamente enquanto realizava uma quantidade tão grande de cálculos a cada vez. Não havia como tal plano ser possível. Se alguém tentasse fazer isso, sua mana seria esgotada imediatamente.

No entanto, Eugene tornou isso possível. Akasha reduziu a quantidade de mana necessária para a magia. Mer pôde compartilhar o trabalho de cálculo das coordenadas. Operar a Fórmula do Anel de Chamas permitiria que Eugene recuperasse toda a mana desperdiçada. Seus sentidos, aguçados até o limite, seriam capazes de detectar as mudanças nos comprimentos de onda. Não importava se os comprimentos de onda não eram perfeitamente ressonantes. Contanto que houvesse um momento em que eles ressoassem, Eugene não perderia essa chance.

Quando lágrimas de sangue começaram a escorrer de seus olhos arregalados e se acumular na ponta de seu queixo, Eugene empurrou Akasha para frente.

Uma ondulação se formou no espaço distorcido. Sem poupar mana, Eugene derramou tudo o que tinha. As ondulações estavam ficando cada vez maiores. A mana de Eugene foi forçada a entrar no remendo conectando os dois lados e martelou a porta fechada.

Fwoooosh!

O espaço distorcido de repente se encheu de luz. Os portais de dobra foram conectados com sucesso. Dentro do manto, Mer se esparramou em exaustão. Nesse ponto, sentiu que ficaria feliz em usar a função de descanso que tanto odiava.

“Não, eu não posso”, Mer pensou consigo mesma enquanto balançava a cabeça.

Eugene caminhou lentamente até o portal de dobra. Este portal estava conectado à Fonte de Luz. Ele realmente não queria imaginar o que poderia ver lá. Mas iria ver em breve, de qualquer maneira.

Eugene fechou os olhos tensos e passou pelo portal de dobra.

* * *

A Fonte de Luz era um santuário onde a Graça de Deus residia desde os tempos antigos. Mesmo entre os numerosos sacerdotes de Yuras, apenas alguns sacerdotes cuja fé havia sido verificada sem sombra de dúvida sabiam da existência da Fonte de Luz.

E entre esses sacerdotes, apenas algumas figuras de autoridade foram autorizadas a ver a Fonte de Luz pessoalmente, mas mesmo assim, todos os Paladinos e Inquisidores que foram mobilizados para esta missão sentiram uma grande honra e emoção apenas por receberem o dever de proteger a nascente e a permanência da Candidata a Santa.

Este nem era um teste difícil. Estavam em um templo nas profundezas das montanhas. Vários milagres e feitiços estavam protegendo este lugar de ser visto a olho nu. Era impossível para animais selvagens ou qualquer outra pessoa entrar neste local, mesmo por acaso. Por precaução, ficaram de guarda por vários dias, mas nos dois dias desde o início do ritual, nem mesmo um único coelho, muito menos uma pessoa, havia chegado perto do templo.

Mas eles ainda não baixaram a guarda nem um pouco. Seria impossível para qualquer um dos Paladinos ou Inquisidores que haviam sido mobilizados para proteger este santo sacramento de baixar a guarda sob o argumento de que a missão não era extenuante. Se algum deles fosse tão flexível, não teria sido chamado para esta cerimônia.

Os Cavaleiros da Cruz de Sangue eram chamados de Escudo de Luz.

O Maleficarum da Inquisição era chamado de Martelo de Luz.

Os Paladinos e Inquisidores que foram recrutados de suas respectivas organizações sentiram isso ao mesmo tempo. O portal de dobra que deveria ter sido fechado agora estava aberto. Alguém acabara de passar pelo portal e chegara perto do templo. Embora nunca tivessem esperado que tal coisa acontecesse, já que aconteceu, o que precisavam fazer a seguir estava claro.

[Honrado Cardeal…]

[Estou ciente.]

A chamada foi transmitida silenciosamente de dentro de suas cabeças.

Sergio respondeu ao alerta sem nenhum sinal de diversão no rosto. No entanto, não se levantou de onde estava ajoelhado. Atualmente, Sergio não poderia agir pessoalmente.

Também não era apenas ele. Havia duas pessoas ajoelhadas junto com ele, oferecendo suas orações. Havia Giovanni, um dos Capitães dos Cavaleiros da Cruz de Sangue, e o Inquisidor Atarax. Originalmente, este ritual deveria ser conduzido apenas por Sergio, mas o ritual desta vez era especial. Assim, junto com os outros Paladinos e Inquisidores que haviam sido mobilizados, esses dois indivíduos com forte poder divino estavam ajudando Sergio.

[Sir Eugene parece ter chegado pelo portal de dobra.] Sergio informou aos outros.

[Devemos capturá-lo?] Atarax perguntou, olhando para a expressão de Sergio.

[Com todo o respeito.] Sergio concordou com a proposta sem revelar imediatamente suas emoções crescentes. [Se possível, tente fazer com que ele volte por conta própria. Se isso for impossível… Então não há como evitar. Todos vocês devem estar bem cientes de quão importante é este ritual… Mesmo que ofenda Sir Eugene, temos que mandá-lo de volta imediatamente.]

[Sim, senhor.]

[Seguiremos suas ordens.]

Mas como Eugene apareceu ali? Ele definitivamente havia fechado o portal de dobra. Sergio tinha ouvido falar que o talento de Eugene Lionheart como mago também era excepcional, mas não deveria ser impossível até mesmo para um Arquimago conectar os dois lados de um portal de dobra sozinho?

[Que surpreendente…] Sergio comentou com uma expressão aborrecida enquanto acalmava suas próprias emoções.

Certamente era impossível, inacreditável e surpreendente. Mas isso era apenas quando considerado dentro do escopo do que os humanos eram capazes. A conquista de Eugene não foi nada comparada aos milagres realizados por Deus.

Sergio mais uma vez juntou as mãos para rezar e olhou para frente.

Na frente dele, uma luz suave estava brilhando.

A luz vinha da água que brotava de uma nascente no subsolo que brilhava mesmo no escuro. A água tinha um leve calor, embora não houvesse nenhum cheiro em particular. A água não apenas brilhava; também tinha um poder sagrado muito mais forte do que a água benta abençoada por um sacerdote de alto escalão como ele.

No meio desta fonte, Kristina, vestida com uma túnica branca pura que lembrava uma mortalha, estava imersa em sua luz.

O sangue escorria das inúmeras feridas que cobriam seu corpo. O sangue de Kristina se misturou com a água da nascente, mas a água da nascente não ficou vermelha.

Sergio, que estava assistindo, levantou-se lentamente. Puxou uma adaga que havia sido imersa na fonte e se aproximou de Kristina. As águas puras da fonte estavam cheias de poder divino. Não importava quantas vezes ela fora cortada, as feridas de Kristina foram curadas pela graça divina infundida na luz da fonte.

Esta visão era verdadeiramente milagrosa. Sergio olhou para Kristina, cujos olhos estavam fechados enquanto recitava suas orações.

— Candidata a Santa. — Sergio a chamou com sua voz, mas Kristina não respondeu.

Ela não estava dormindo. A consciência de Kristina ainda estava acordada, mas seu corpo não podia se mover de acordo com sua vontade. Como seus olhos estavam fechados, ela não conseguia ver nada. Alguns de seus sentidos foram suprimidos, mas outros sentidos estavam dezenas de vezes mais sensíveis do que o normal.

— Você precisa ter paciência. — Sergio a aconselhou.

Durante o ritual anterior, Kristina sentou-se nesta fonte e se cortou com uma faca ao longo de vários dias. Mesmo enquanto a luz curava uma ferida após a outra, até o final do ritual, Kristina foi forçada a se cortar e derramar seu sangue repetidamente. Kristina que possuía uma sensibilidade em relação à dor, que havia sido aguçada dezenas de vezes mais do que o normal, sofreu dor suficiente para que fosse um alívio simplesmente enlouquecer ou morrer, mas esta fonte era capaz de impedir que a mente de um suplicante enlouquecesse. Em vez disso, despertava a consciência de Kristina a tal ponto que ela poderia continuar abrindo essas feridas em seu corpo.

Para o ritual realizado desta vez, foi apenas no primeiro dia que Kristina teve que cortar seu próprio corpo. A partir do segundo dia, foi Sergio quem esculpiu esses estigmas nela.

Assim, não havia como ela se adaptar à dor. A dor também era mais aguda do que antes. Kristina nunca sabia exatamente onde Sergio começaria a esculpir, mas não podia se permitir ter medo dele. A luz era quente e reconfortante. Ela repetiu esse pensamento para si mesma enquanto continuava a recitar suas orações dentro de sua mente.

“Ó onisciente e onipotente Deus da Luz, por favor, cuide da minha alma. Ilumine minha alma com sua luz e limpe meu sangue. Por favor, queime minhas paixões com sua luz e deixe sua luz no lugar.”

A lâmina tocava sua pele. Naquele exato momento, uma estranha antecipação era transmitida a Kristina, mas ela não tremia.

“Permita-me esquecer esta dor e desespero para que eu leve a salvação ao seu rebanho. Ajude-os a encontrar descanso em sua luz e permita que renasçam como luz. Que você envie sua luz onde quer que eu esteja e onde quer que eu ande. Como sua apóstola, sou uma lâmpada que iluminará a escuridão e, como sua tocha, use este corpo como fonte de combustível para iluminar o mundo.”

A lâmina perfurou a pele de Kristina. A dor, tão agonizante que sua mente parecia prestes a entrar em colapso, começou a se espalhar por todo o corpo. No entanto, os olhos bem fechados dela não tremeram e nem soltou um gemido.

“Para que a tua luz ilumine as trevas do mundo, tem piedade de nós. Por favor, ouça esta oração. Permita que sua luz brilhante e sagrada, a centelha que primeiro iluminou este mundo, habite dentro de mim, sua serva.”

Nada podia ser visto dentro de seus olhos bem fechados.

Onde quer que ela olhasse estava cheio de escuridão.


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Fã da Mer
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Fã da Mer
2 meses atrás

Nunca pensei que ficaria tenso assim por uma novel.

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