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Damn Reincarnation – Capítulo 258

A Duquesa Dragão (4)

O Coração de Dragão de Akasha emitia um fio mágico transparente que se entrelaçava com o fio mágico do Coração de Dragão de Ramira, que estava embutido em sua testa.

Eugene fechou os olhos, concentrando toda a atenção na tarefa em questão. As condições necessárias foram atendidas, então ele sabia sem dúvida que poderia encontrar Raizakia. O Dragão Negro estava em algum lugar entre as dimensões, e agora com o sangue de Ramira, Eugene poderia rastreá-lo. Ariartel havia assegurado a Eugene esse fato e explicado que os laços de sangue eram os mais fortes e primordiais de todos os contratos entre os seres.

Além disso, um fragmento do Coração de Dragão de Raizakia estava alojado na testa de Ramira, garantindo que Eugene não pudesse falhar em sua busca para localizá-lo nessas circunstâncias.

Fwoosh!

Enquanto Eugene fechava os olhos, a escuridão que consumia sua visão cintilou momentaneamente. No entanto, permaneceu calmo e controlado, pois não era estranho à arte do feitiço Dracônico. Ele era bem versado nas complexidades do processo de rastreamento e sabia exatamente como funcionava.

“Não…”

No entanto, ele não pôde deixar de notar que algo estava errado desta vez. Havia um forte contraste entre sua experiência atual e seus encontros anteriores com o feitiço Dracônico. No passado, ele experimentou o feitiço Dracônico de Akasha usando objetos inanimados, como Wynnyd, o colar e a Espada do Luar.

Desta vez, ele empregou o feitiço Dracônico em um ser vivo, Ramira, e o Coração de Dragão em sua testa. Essa diferença fundamental significava que o resultado atual do feitiço Dracônico era muito diferente de suas tentativas anteriores.

A sala era vasta, mas desolada, mais como um palácio isolado do que qualquer outra coisa. Continha tudo o que alguém poderia precisar, mas não havia calor para ser encontrado. As conversas eram poucas e espaçadas e, quando ocorriam, limitavam-se aos tópicos das refeições do dia e do dia seguinte.

Havia algo que ela precisava? Havia algo que ela desejava? Independentemente do que desse como resposta, sempre teria negado o que realmente desejava. Emoções que não pertenciam a Eugene lentamente começaram a irromper do fundo de seu coração.

Eugene pressionou e sondou ainda mais. O feitiço Dracônico de Akasha respondeu ao seu desejo, e ele viajou cada vez mais fundo nas memórias de Ramira. As emoções que preenchiam os arredores foram lentamente desaparecendo e, com o tempo, outra memória se materializou diante dos olhos de Eugene.

O homem diante de Ramira usava um antigo manto ornamentado que sugeria uma era passada. Sua mão se estendeu para ela com os dedos estendidos. A pele do homem era lisa e seu longo cabelo preto lustroso. Seus olhos vermelhos brilhantes eram perturbadores e um sorriso distorcido brincava em seus lábios.

Ela observou enquanto uma pequena joia vermelha pairava no ar, suspensa por uma força invisível na ponta dos dedos do homem. Sua aura mágica parecia pulsar e dançar, lançando um brilho sobrenatural na sala.

— Você existe para mim. — Uma voz, fria e misteriosa, ressoou dentro da mente de Eugene.

Era a voz de Raizakia, o Dragão Negro. Ele havia assumido a forma humana de que tanto gostava durante a vida passada de Eugene. Eugene observou enquanto Raizakia avançava e cravava a pequena joia vermelha na testa da recém-nascida.

“Mais.” Eugene pressionou mais uma vez.

O que ele procurava não eram as memórias e a origem de Ramira. Ele queria encontrar o Coração de Dragão e Raizakia através da linhagem que Ramira possuía. Enquanto Eugene se concentrava em seu objetivo, as cenas em sua mente começaram a desmoronar e desintegrar.

A magia de rastreamento era otimizada para ser usada dessa maneira e alcançava um espaço além do espaço — o reino das dimensões. O reino das dimensões era incompreensivelmente vasto, muito além do reconhecimento de meros mortais. No entanto, o sangue de Raizakia e o Coração de Dragão abriram o caminho. Eles eram como faróis, conduzindo Eugene pelos corredores labirínticos da dimensão e em direção ao seu mestre supremo.

“Mais.” A testa de Eugene estava salpicada de gotas frias de suor.

Se tudo corresse conforme o planejado, localizar Raizakia desencadearia a abertura de um portal dimensional que o levaria direto ao Dragão Negro. Depois de passar pelo portal, Eugene teria a oportunidade de derrotar Raizakia e libertar Sienna de seu estado selado na Árvore do Mundo. Ele se preparou para os desafios que viriam.

A lacuna entre as dimensões parecia um céu noturno de alturas totalmente imensuráveis. Eugene sentiu como se estivesse olhando para uma noite sem fim. A escuridão que encontrou era diferente de tudo que havia experimentado antes. Ela subia e corria ao redor dele, misturando-se com formas estranhas que eram indistinguíveis de estrelas e nuvens.

À medida que a consciência de Eugene se aprofundava no desconhecido, ele avistou algo colossal. Suas sobrancelhas franzidas com os olhos ainda fechados.

A imensa entidade parecia estar enrolada em uma bola apertada, com sua cauda serpentina enrolada firmemente em torno de sua forma. As enormes asas da criatura envolviam seu corpo, quase como um escudo protegendo-o do mundo exterior.

Bem na frente de Eugene estava o próprio Dragão Negro, Raizakia. Suas escamas outrora majestosas agora estavam marcadas por cortes profundos e lágrimas, como se tivessem sido fustigadas por uma forte tempestade. A carne de suas asas também estava esfarrapada e rasgada, revelando músculos e ossos crus.

“Encontrei.”

Eugene sentiu um arrepio percorrer suas costas e um profundo sentimento de alegria floresceu em seu coração. Ele reflexivamente estendeu a mão para Raizakia.

Woooooo!

Embora o Dragão Negro estivesse dormindo com os olhos fechados, a poderosa barreira envolvendo sua figura afastou a interferência de Eugene e do feitiço Dracônico.

“É impossível forçar meu caminho.”

A mente de Eugene disparou enquanto tentava pensar em um novo plano. Se esforçou até o limite, sentindo como se seu cérebro fosse superaquecer. No entanto, continuou a ressoar com Akasha, sem vontade de desistir. A facilidade com que encontrou Raizakia o surpreendeu, mas agora precisava pensar em outra maneira de atingir seu objetivo.

Eugene conseguiu encontrar Raizakia e também fez contato com a barreira que cercava o Dragão Negro. Então, concentrou sua mente e mergulhou mais fundo na natureza da barreira que cercava Raizakia.

Apesar do Dragão Negro não ser um Rei Demônio, a barreira parecia ser impenetrável. Mesmo assim, Eugene se recusou a desistir tão facilmente. Enquanto ressoava com Akasha, Eugene procurou desvendar a magia dos dragões e ver através da barreira. Era uma tarefa difícil, mas não impossível. Ele tinha que encontrar uma maneira de romper a barreira se quisesse ter alguma esperança de derrotar Raizakia e salvar Sienna.

Uma vez que a compreensão de Eugene se aprofundou e ele ganhou uma visão sobre a natureza da barreira, a paisagem ao seu redor começou a mudar. Ele não estava mais flutuando na lacuna entre as dimensões, e a figura adormecida de Raizakia desapareceu na distância. Era uma pena que ele não pudesse mostrar o dedo do meio ao dragão pessoalmente.

Em apenas um momento, a consciência de Eugene deixou totalmente a brecha entre as dimensões e agora estava olhando para algum lugar do continente. Reconheceu facilmente a paisagem pelas características peculiares do local. Além disso, havia apenas um lugar como aquele no continente. Era a Floresta Samar.

Eugene olhou para a Floresta Samar do alto do céu como uma consciência. A barreira de Raizakia foi esculpida em toda a floresta ou, mais precisamente, na própria terra. Vendo isso, Eugene entendeu o que havia acontecido. Sienna tentou expulsar Raizakia para outra dimensão usando um feitiço que era impossível para ela conjurar mesmo em perfeitas condições, mas a árvore do mundo e os elfos emprestaram a ela seu poder, transformando uma impossibilidade em realidade.

No entanto, a expulsão não saiu conforme o planejado. Em vez de ser transportado para uma dimensão diferente, Raizakia caiu em uma brecha entre os mundos. O estado crítico de Sienna desempenhou um papel no feitiço fracassado, mas a forte resistência de Raizakia também contribuiu para o fracasso.

O que protegia Raizakia era um feitiço poderoso que prendia seu ser à terra da Floresta Samar, impedindo-o de ser banido para outra dimensão. Ele teve que sacrificar sua dignidade como dragão e existir como um fantasma preso à terra, mas ao fazer isso, conseguiu salvar sua vida. Foi assim que conseguiu sobreviver por tanto tempo.

“É a magia que tem mantido ele vivo e bem por duzentos anos,” Eugene supôs.

A magia que protegia Raizakia era uma força abrangente que saturava o Dragão Negro. Entre os dragões, que foram anunciados como os pioneiros da magia, Raizakia era o mais formidável. Como resultado, adulterar a magia que o mantinha ancorado na terra era uma tarefa intransponível para Eugene. Para alterar ou anular o feitiço, Eugene precisaria demolir a Floresta Samar e destruir o solo abaixo dela. Não poderia haver nem mesmo um grão de terra restante.

No entanto, ainda era possível para ele abrir um portal dimensional na Floresta Samar usando Ramira e o Coração de Dragão como chave. Se Eugene pudesse fazer isso, poderia tentar novamente seu plano inicial. Ele mataria Raizakia na brecha entre as dimensões. Parecia mais realista fazer algo sobre Raizakia do que tentar destruir completamente um pedaço de terra que era ainda maior que o império. Em primeiro lugar, destruir a floresta significava destruir o território dos elfos, onde Sienna foi selada. Então, não adiantava nem tentar.

Eugene xingou baixinho, murmurando.

— Maldito lagarto desgraçado. — Enquanto guardava sua espada e Akasha. Embora não fosse tão ruim quanto quando ele usou o feitiço na Espada do Luar, ainda sentia uma dor de cabeça por observar um lugar distante. Enquanto baixava o olhar, pressionou os dedos contra a têmpora na tentativa de aliviar a dor.

Eugene verificou Ramira, que ainda estava inconsciente. Ele a cutucou com o pé só para ter certeza de que não estava fingindo, mas não houve resposta. Então suspirou aliviado, pois preferia assim. Eugene ergueu Ramira e a jogou sobre o ombro, planejando levá-la com ele. Embora não tenha conseguido matar Raizakia imediatamente, se sentiu um pouco satisfeito por ter conseguido dar uma olhada nele, bem como bolar um plano para atingir seu objetivo. Em primeiro lugar, Eugene não esperava matar Raizakia durante seu tempo no Castelo do Dragão Demoníaco.

Além disso, Eugene colocou as mãos na chave. Ramira, a Duquesa Dragão. Teria sido difícil escapar se houvesse um distúrbio no Castelo, mas, felizmente, ainda estava quieto.

“Isso significa que eu só preciso levar essa garota comigo agora.”

Eugene se aproximou do portal de teletransporte com um sorriso. O portal ainda estava operacional. Tudo o que precisava fazer era voltar para a vila mineradora e então sair de Karabloom de alguma forma…

— Mas que diabos?

Eugene subiu no portal de teletransporte com Ramira por cima do ombro, mas a conexão foi imediatamente cortada. Ele verificou o status do portal de teletransporte com Akasha e, quando percebeu o motivo da desconexão, uma carranca apareceu em seu rosto.

— Porra.

Eugene desceu do portal e gentilmente colocou Ramira no chão. Tentou acordá-la dando alguns tapas leves em sua bochecha, mas ela permaneceu indiferente.

— Sir Eugene, tente dar um tapinha na testa dela. — Sugeriu Mer enquanto enfiava a cabeça para fora de seu manto.

Os olhos grandes de Mer brilharam com curiosidade e diversão enquanto sorria travessamente. Pensando que era uma boa ideia, Eugene acenou com a cabeça antes de colocar em prática.

Tuck!

Eugene estalou o dedo contra a testa de Ramira. O Coração de Dragão do tamanho de um polegar tremeu com o choque, e o corpo flácido de Ramira de repente convulsionou.

— Kyaaaah! — Ramira gritou.

Eugene imediatamente reagiu agarrando seu pescoço e pressionando contra ele. Então posicionou os dedos para outro estalar e os colocou bem na frente dos olhos dela para que visse.

— Responda honestamente a todas as perguntas que estou prestes a fazer. — Disse Eugene.

— V-V-Você! Seu intruso! O que está fazendo para…?! — Gaguejou Ramira.

Tuck!

— Hyaaahhk!

Eugene certificou-se de não colocar muita força nos estalos, pois não poderia fazê-la desmaiar repetidamente. A nitidez de seu grito não era tão ruim quanto antes, já que estalou com menos força, mas seu corpo ainda convulsionava de dor.

— É impossível usar o portal de teletransporte com você? — Perguntou Eugene.

— O-O quê…? O que você está falando? — Ramira respondeu.

No entanto, não era a resposta que Eugene queria.

Tuck!

O silêncio substituiu o grito que irrompeu de Ramira antes, mas sua mandíbula permaneceu aberta, um sinal da intensa dor que sentia. Lágrimas escorriam por seu rosto e lentamente se acumulavam nos cantos de seus olhos.

— Há alguma outra maneira de você sair daqui? — Perguntou Eugene.

— N-Não… M-Me insulte… Mais…. Esta senhorita é filha do Dragão Negro…. O-O legítimo mestre… Do Castelo do Dragão Demoníaco…

Tuck!

Eugene estalou o dedo contra a testa de Ramira com um toque gentil, e as lágrimas começaram a fluir de seus olhos novamente. Apesar de seus esforços para segurá-las, as lágrimas derramaram uma após a outra, erodindo qualquer resquício de sua dignidade como um dragão. Eugene sempre foi um homem de aço, indiferente às lágrimas de seus oponentes. No entanto, vendo Ramira chorar tão amargamente, o coração dele não pôde deixar de amolecer um pouco. Não eram apenas as lágrimas que a faziam parecer vulnerável; seu tamanho pequeno e a maneira como ela se encolhia de dor não a faziam parecer diferente de Mer.

— Se recomponha, Sir Eugene. Essa garota de testa larga só parece jovem por fora. Ela viveu por mais de duzentos anos. — Mer lembrou a Eugene.

— É ainda mais difícil, porque ela é parecida com você. — Retorquiu Eugene.

— Ela não é como eu. — Disse Mer.

— Qual é a diferença? — Perguntou Eugene.

A pergunta de Eugene perfurou o silêncio pesado que pairava no ar. Seu olhar pousou em sua companheira desavergonhada, e Mer o encarou como se não quisesse ser derrotada. O desafio tácito entre eles era palpável. A expressão de Mer traiu sua relutância em perder, mas foi isso. Ela não podia negar o fato de que já existia há um tempo comparável.

A dificuldade de Eugene em relação à Ramira não era apenas devido à presença de Mer. Era também porque Ramira, ao contrário de seu pai Raizakia, não foi contaminada pela Energia Negra. Além disso, quando Eugene usou o feitiço Dracônico anteriormente, ele vislumbrou o passado dela. As cenas que testemunhou o lembraram de Moron, então não poderia simplesmente ignorá-las.

A expressão de Eugene era estoica enquanto olhava para Ramira com a mão pairando sobre sua testa. Apesar da empatia fugaz que sentiu, não tinha vontade de cuidar dela. Seus dedos se fecharam em um punho antes de relaxar lentamente, e ele os pressionou contra a pele dela. Veias inchadas em sua testa enquanto ele invocava seu poder em seu dedo médio, curvando-o para trás o máximo que podia.

— E-Esta senhorita não pode deixar o Castelo do Dragão Demoníaco. — Ramira proferiu com pressa. — A joia vermelha na minha testa e meu coração estão conectados ao núcleo do Castelo… Não seria exagero dizer que minha existência está mantendo o Castelo do Dragão Demoníaco, então esta senhorita não pode deixar este lugar.

A testa de Eugene franziu enquanto ponderava a situação diante dele. A enorme massa de terra permanecia suspensa no céu por todos os duzentos anos da ausência de Raizakia, mas isso era realmente tudo o que havia? A barreira do Castelo do Dragão Demoníaco, que poderia suportar todos os ataques externos, era mantida pelo mesmo período de tempo.

Tudo isso era possível devido à existência de Ramira, a filhote. Portanto, ela simplesmente não podia deixar o Castelo.

Embora Ramira ainda não estivesse totalmente madura, a joia vermelha embutida em sua testa ainda era um fragmento do Coração de Dragão de Raizakia. Esta pequena, mas poderosa joia agia como o coração do Castelo, mantendo a magia da enorme fortaleza viva e funcionando.

Guuh

Os lábios rachados de Ramira tremeram quando lançou um olhar para Eugene, que ainda estava pensando profundamente com as sobrancelhas franzidas. Quantas vezes ele bateu na testa dela? O medo revirou seu estômago enquanto tentava se lembrar. A dor era tão insuportável que Ramira se esforçou para lembrar exatamente quantas vezes suportou o tormento.

Era compreensível. Depois de nascer neste mundo, ninguém jamais tratou Ramira assim. Hoje, ela experimentou dor física, em vez de dor no coração, pela primeira vez.

“Ele é mesmo humano?”

Enquanto Ramira olhava nos olhos de Eugene, podia sentir raiva e irritação emanando deles. Isso era o suficiente para fazê-la recuar ainda mais. Então sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Apesar do fato dele não ter feito nada além de revelar suas emoções através de seu olhar, Ramira ficou impressionada com sua intensidade…

— Você. Por que está aqui? — Eugene de repente lançou-lhe uma pergunta.

Ramira dobrou os dedos dos pés surpresa ao ouvir a pergunta repentina.

— O-O que disse? — Ela perguntou.

Eugene repetiu a pergunta:

— Por que você está aqui?

Apesar de ter usado o feitiço Dracônico de Akasha para ver as memórias de Ramira, as imagens não eram claras. Não era porque Eugene não se importava com os detalhes, mas porque aquele feitiço Dracônico não era para ler as memórias de outras pessoas.

No entanto, ainda conseguiu ter um vislumbre da vida que Ramira levou no Castelo do Dragão Demoníaco. Ramira era filha de Raizakia — o filhote do Dragão Negro — e a Duquesa Dragão. Apesar de sua linhagem nobre, a existência de Ramira era envolta em segredo e desconhecida do público. Apenas existências no nível dos outros três Duques de Helmuth estavam cientes de Ramira.

Era inevitável. Os vassalos do Castelo do Dragão Demoníaco nunca revelaram a existência de Ramira para o mundo exterior e, durante a ausência de Raizakia, ela foi confinada ao palácio mais profundo da fortaleza. O jardim e o palácio eram o mundo inteiro de Ramira. Quando Eugene usou o feitiço, sentiu toda a extensão de sua solidão e tristeza.

Mesmo assim, Eugene olhou para Ramira com olhos apáticos.  Ela se contorceu e mexeu os dedos em resposta.

— E-Esta senhorita… Não sabe do que você está falando. Sou a legítima mestra do Castelo do Dragão Demoníaco… Este castelo é meu por direito, então posso ir aonde eu quiser. Não diga que há algo de errado comigo estando aqui! — Ramira mais uma vez tentou reconquistar sua dignidade e orgulho como dragão.

No entanto, quando Eugene aproximou o dedo de sua testa, Ramira se encolheu reflexivamente, enquanto balançava a cabeça.

— Pare com essa besteira e me responda honestamente. Duquesa Dragão Ramira, eu sei que você viveu sua vida confinada no palácio isolado do Castelo do Dragão Demoníaco. — Disse Eugene.

— O-O quê…? Como você sabe…? Uh… Uhahaha! Você está tentando zombar de mim e me desacreditar com uma mentira. Ninguém sabe da minha existência, exceto os Quatro Generais Divinos, que são os mais leais e favorecidos pelo Dragão Negro! — Gritou Ramira.

— Bem, eu sei disso, sua pirralha. Se não quer morrer, apenas responda à minha pergunta. — Disse Eugene, optando por mostrar sua intenção assassina em vez de dar outro golpe nela.

Ramira começou a soluçar enquanto respondia:

— E-E-Eu saí do palácio p-pelo bem do futuro do Castelo do Dragão Demoníaco. O-Os Quatro Generais Divinos disseram que eu precisava me tornar a nova mestra do C-Castelo do Dragão Demoníaco… É-É por isso… Foi assim que aconteceu. Eu sucedi o D-Dragão Negro e-e… Tornei-me a nova m-mestra do Castelo do Dragão Demoníaco, e-e… E…

— Eu perguntei como você saiu. — Repetiu Eugene.

— Os Quatro Generais Divinos abriram a porta. E-Esta senhorita nunca tinha podido sair antes, mas… Eles me disseram que era hora de eu dar um passo à frente… — Respondeu Ramira.

Ao ouvir isso, Eugene soltou um bufo de escárnio. Embora não estivesse particularmente familiarizado com os Quatro Generais Divinos, podia discernir por suas ações que não eram os seguidores mais leais do Dragão Negro. Embora, era possível que tivessem sido mais dedicados no passado. A passagem de duzentos anos deve tê-los mudado.

“Foi provavelmente graças a eles terem feito vista grossa que alguns dos bens dos anões puderam ser roubados. Eles sempre poderiam colocar a culpa no inspetor mais tarde, se fossem pegos”, pensou Eugene.

Além disso, era desagradavelmente óbvio porque escolheram libertar Ramira depois de trancá-la por duzentos anos. Mais cedo ou mais tarde, o Conde Karad declararia guerra contra o Castelo, mas os Quatro Generais Divinos não iriam querer uma guerra. Portanto, gostariam de revelar a ausência de Raizakia apresentando Ramira. Depois, poderiam fazer com que ela reconhecesse a derrota para evitar qualquer dano.

“Se o conde Karad pedisse a cabeça do Lorde, poderiam simplesmente dar a cabeça de Ramira, já que ela é tecnicamente o Lorde interino.”

Eugene também poderia adivinhar porque ela estava neste lugar também.

— Você não reconhece quem eu sou? Bem, com razão! No entanto, saiba que todos no Castelo do Dragão Demoníaco conhecerão meu nome hoje! Eu sou a legítima mestra do Castelo do Dragão Demoníaco e a única carne e sangue do Dragão Negro!

Ramira havia gritado tais palavras desde o início, porque não precisava mais esconder sua existência. Não, ao contrário, os Quatro Generais Divinos queriam que ela exibisse sua existência ao máximo.

— H-Humano intruso, por quanto tempo pretende me manter cativa? S-Se deixar esta senhorita ir e então se ajoelhar e implorar por perdão… Lhe mostrarei o perdão como um Lorde misericordioso… — Murmurou Ramira.

Os Quatro Generais Divinos haviam habilmente manipulado a situação, usando a ingenuidade da jovem a seu favor. Eles a pressionaram para punir um inspetor corrupto, e involuntariamente caiu nas mãos deles. Agora, estava ali, proclamando-se como a nova mestra do Castelo do Dragão Demoníaco. Foi uma jogada tola e que não ficaria impune. Eugene balançou a cabeça em descrença, maravilhado com a audácia desses supostos leais.

— C-Certo. Então, o que você acha disso? Intruso, tanto quanto eu posso dizer, suas habilidades são excelentes — talvez nem mesmo em comparação com os Quatro Generais Divinos. Então, terei misericórdia de você e o acolherei. Posso até fazer de você minha guarda pessoal, para que me proteja ao meu lado. Posso cuidar de você… — Ramira continuou apressadamente.

— Coitadinha. — Eugene balançou a cabeça enquanto estalava a língua.

Ele estava dizendo isso intencionalmente, mas também era um tanto sincero.

— C-C-Coitadinha? Intruso! C-Como você, um humano, pode dizer isso para mim, um dragão?! Você acabou de ter pena de mim? Esta senhorita não suporta este insulto! — Rugiu Ramira. No entanto, ao contrário de seu grito alto, ela ainda estava sendo subjugada por Eugene. — Intruso! Eu não sou uma pobre coitada! Retire o que disse agora e…

— O que quer dizer com isso? — Perguntou Eugene.

— Não sou digna de pena! — Gritou Ramira.

— Você vai morrer em alguns dias. — Disse Eugene enquanto estalava a língua mais uma vez.

Os olhos de Ramira se arregalaram de choque quando olhou para Eugene.


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