O propósito de sua visita não se encerrou apenas com a inserção da adaga no coração de Ortus.
Embora Ortus já estivesse pensando em afastar esses visitantes rudes e insultantes, ele nunca disse nada em voz alta.
Silenciosamente, começou a arrumar seu quarto, separando os restos das tábuas do chão que foram profundamente arranhadas durante seu breve conflito e também levantou a mesa que havia sido virada. Por meio dessas ações, Ortus estava deixando claro seu descontentamento.
— Permita-me ajudar. — Ofereceu Eugene, dando um passo à frente.
Ortus levantou a mão para parar Eugene e disse:
— Não, está tudo bem, Sir Eugene. Como você é um convidado, apenas sente-se aí quieto.
Embora as emoções em sua voz estivessem contidas, ao olhar para cima, os olhos de Ortus pareciam opacos e afundados, mostrando que ele ainda não havia superado suas emoções feridas.
“Na verdade, é natural”, pensou Eugene.
Eles vieram procurá-lo por iniciativa própria, o atingiram várias vezes, o derrubaram no chão, o mantiveram subjugado e até inseriram uma adaga mágica em seu coração. Tendo sido recentemente submetido a tal tratamento, seria realmente possível para Ortus superar sua raiva no curto período de tempo desde então? Se alguém assim realmente existisse, então Anise e Kristina deveriam simplesmente entregar seu título de Santa para essa pessoa.
— A propósito, Lorde Ortus. — Carmen, que estava parada por perto, falou de repente. Olhando para os papéis espalhados em um canto do quarto, ela continuou: — Quando entramos, você estava extremamente concentrado em anotar algo… então, o que diabos você estava escrevendo?
Ortus começou.
— Hã?
— Estou falando daqueles papéis ali. — Carmen apontou para eles.
Isso não era apenas uma pergunta ociosa por parte de Carmen. Quando abriram a porta e entraram no quarto, Ortus realmente estava escrevendo algo em um pedaço de papel. Em seguida, quando Ortus olhou para cima para confirmar suas identidades, ele cobriu reflexivamente os papéis com a mão, tentando esconder seu conteúdo.
Carmen pensou que talvez ele estivesse escrevendo uma mensagem para Iris naquela hora. Embora não devesse haver mais dúvidas sobre Ortus agora que a adaga mágica foi inserida, Carmen ainda não queria deixar o menor vestígio de dúvida em sua mente.
— Isso não tem nada a ver com Iris. — Insistiu Ortus. — Neste momento, não deveria ser necessário que eu diga isso, certo?
Carmen deu de ombros.
— Hmm, se tivesse algo a ver com ela, seu coração já teria sido despedaçado. No entanto, ainda quero verificar o conteúdo.
— Desgraça! — Ortus rugiu alto com o rosto corado. — É um diário! Meu diário! Droga! Ainda preciso da sua permissão mesmo quando estou escrevendo meu diário na privacidade do meu próprio quarto?!
Carmen tentou acalmá-lo.
— Não… por favor, não se exalte demais, Lorde Ortus. Eu só pensei que poderia ser evidência de algum outro tipo de corrupção de sua parte—
— Corrupção! — Ortus explodiu. — Você está me acusando de corrupção?! Olhe aqui, Carmen Lionheart. Posso respeitá-la como guerreira, mas não sou um vassalo do clã Lionheart! Isso significa que você não tem o direito de me julgar!
Os gritos de Ortus estavam cheios de sinceridade, mas Carmen ainda parecia suspeita. Suspirando de frustração, Ortus pegou os papéis espalhados pelo canto do quarto. Em seguida, ele mostrou o conteúdo dos papéis para todos verem.
— Você realmente achou que eu estaria registrando atos de corrupção? Ou talvez acreditasse que eu vazaria informações sobre as forças na expedição de subjugação para o inimigo? Quão pouco, exatamente, você pensa de mim? — Ortus gemeu dolorosamente.
Ele tinha razão em se sentir injustiçado. O conteúdo escrito nos papéis realmente era do seu diário.
O que estava escrito lá não era algo vergonhoso que não pudesse ser mostrado a mais ninguém. Eram apenas coisas como como estava o clima naquele dia ou o que ele tinha feito. Ele também havia escrito sobre seu nervosismo e empolgação em relação à batalha iminente com Iris, uma elfa negra que vivia há centenas de anos e ostentava os impressionantes apelidos de Imperatriz Pirata e Princesa Rakshasa.
Poderia ter sido melhor se ele fosse como Carmen, e tivesse um ponto de vista bizarro e delirante que nunca deveria ser mostrado a ninguém… mas o conteúdo comum estava causando ainda mais embaraço a Ortus. As outras pessoas na sala que haviam sido subitamente expostas ao diário de Ortus também sentiram uma sensação semelhante de constrangimento.
— Parece… que cometi um grande erro. Minhas desculpas. — Carmen disse de forma constrangida com uma expressão envergonhada.
— Não precisa de desculpas. — Ortus sibilou entre os dentes.
Ele amassou as páginas que tinha segurado e as enfiou no bolso.
— Parece que ele finalmente chegou. — Ortus resmungou enquanto se virava para encarar a porta fechada.
Eles estavam esperando por Maise Briar, o Chefe dos Magos da Corte de Shimuin e o único mago oficialmente designado para a força de subjugação. Após receber um chamado de Ortus, ele acabara de chegar à porta.
Toc, toc.
Naturalmente, Maise não entrou sem bater na porta primeiro.
Lançando um olhar acusador para Eugene e os outros, Ortus chamou.
— Por favor, entre.
Maise abriu a porta e entrou na sala. Como a maioria dos outros Arquimagos, Maise também mantinha a aparência de um homem de meia-idade, que era muito mais jovem do que sua idade real, por meio de sua magia.
— Lorde Ortus, o que diabos o fez me chamar a esta hora tardia—
Mas Maise foi interrompido por Sienna antes que pudesse terminar de falar.
Depois de ser forçosamente sentado em um sofá, Maise passou a ouvir toda a história em um estado meio atordoado.
Quando terminaram de contar tudo a ele, a primeira coisa que Maise perguntou foi:
— Você é realmente a Sábia Senhorita Sienna? — Então, balançando a cabeça, respondeu à própria pergunta: — Não, minhas desculpas por fazer uma pergunta tão sem sentido. Esta mana intensa… sua habilidade de suprimir o uso da minha magia com um único aceno de sua mão, e a habilidade de interromper meu controle de mana… e seu belo cabelo roxo e seus olhos verde-claros… — Maise murmurou consigo mesmo enquanto olhava para Sienna com uma expressão fascinada nos olhos.
Eugene sentiu uma profunda insatisfação. Mesmo que aquele conhecido como o Rei Mercenário dos dias atuais não parecesse ter o menor respeito por seus superiores, por que os Arquimagos deste continente, que deveriam ser mais orgulhosos do que qualquer outra pessoa, eram tão consistentes em suas demonstrações de adoração sempre que viam Sienna?
— Por favor, coloque uma adaga no meu peito também. — Maise pediu.
As condições impostas a essa adaga seriam as mesmas da inserida no coração de Ortus. No entanto, ao contrário de Ortus, Maise não mostrou hesitação. Ele desabotoou ansiosamente sua camisa com as próprias mãos e a abriu para revelar seu peito.
Maise comemorou.
— E pensar que a Sábia Sienna, a quem sempre admirei… realmente lançaria um feitiço sobre mim! Poderei me gabar dessa honra pelo resto da minha vida.
Sienna o advertiu.
— Isso é tudo muito bom, mas se você quiser contar a todos sobre isso, terá que fazer isso depois que a adaga for retirada, entendeu?
— Sim, claro. — Maise hesitou um pouco. — Ah… Senhorita Sienna, por favor, ouça meu pedido. Depois que a expedição terminar e chegar a hora de remover a adaga, em vez de extrair, seria possível apenas apagar as condições e deixá-la lá?
As duas condições eram não divulgar suas informações a mais ninguém e não colaborar com Iris. Então, o que aconteceria se essas condições fossem apagadas e apenas a adaga permanecesse?
Nesse caso, Maise seria capaz de dizer algo assim pelo resto de sua vida: “Ei, adivinha só? Neste momento, incorporada em meu peito, está uma adaga mágica que foi pessoalmente criada pela Sábia Senhorita Sienna. O quê? Você está me chamando de mentiroso? Haha, por que você mesmo não dá uma olhada?”
Todos os outros magos no Palácio Real certamente ficariam com inveja se ele contasse a eles sobre isso.
— Está bem então. — Sienna respondeu com um sorriso brilhante.
Como um júnior que a admirava tinha pedido para guardar como lembrança, ela poderia permitir isso.
— Devo gravá-la com minhas iniciais também? — Sienna ofereceu.
— Oh, meu Deus…! — Maise gritou enquanto lágrimas de alegria surgiam em seus olhos.
Eugene, que assistia a essa cena com uma expressão carrancuda, limpou a garganta propositadamente e disse:
— Ahem, mestra, como está tarde, por que não terminamos logo as coisas aqui para podermos ir embora.
Sienna riu.
— Fufufu, meu discípulo fofo está com ciúmes?
— Hmph… com ciúmes, até parece… — Resmungou Eugene de maneira azeda.
Rindo, Sienna inseriu a adaga no peito de Maise. A adaga entrou sem problemas e perfurou diretamente o coração de Maise.
Somente então a discussão deles começou de verdade.
— Você está dizendo que vai arrastar a frota inteira com sua magia? — Maise exclamou.
Sienna assentiu com a cabeça.
— Sim.
— Isso… é algo tão absurdo que até mesmo um Arquimago afirmaria que é impossível, é isso mesmo? — Maise disse, mesmo enquanto fazia os cálculos necessários em sua mente.
Ela realmente planejava acelerar cem navios usando magia, permitindo que eles ignorassem todas as condições climáticas e correntes marítimas? Maise também era um Arquimago que havia alcançado o Oitavo Círculo. Se ele realmente tivesse que fazer algo assim, ele seria capaz de fazê-lo. No entanto, não tinha a confiança de que seria capaz de fazê-lo por muito tempo. Se arriscasse a esgotar completamente todo a sua mana, talvez conseguisse manter isso por cerca de meio dia?
— Claro, é possível. — Sienna confirmou rapidamente.
Apenas trezentos anos atrás, a principal força motriz usada para impulsionar a maioria dos navios era a força humana. Enquanto os marinheiros remavam seus remos, os magos levantavam ventos e controlavam as correntes oceânicas.
No entanto, nos dias atuais, quase todas as embarcações modernas usavam motores mágicos, alimentados por mana armazenada antes de sua partida. A propulsão do navio também dependia parcialmente de pedras de mana melhoradas e recarregáveis.
— Eu também pensei em melhorar os motores mágicos, mas isso levaria muito tempo. Nesse caso, não tenho escolha a não ser usar métodos tão bárbaros e simples. — Sienna disse decisivamente.
Ela lançaria um feitiço de aceleração em toda a frota. O feitiço desviaria todas as correntes oceânicas próximas para ajudá-los e criaria ventos que empurrariam a frota por trás. Sienna pretendia usar todos os métodos possíveis para chegar mais rápido.
O Eternal Hole de Sienna ainda não estava tão estável como fora no passado. Então, se ela usasse magia poderosa nessa escala por um período prolongado, poderia causar mais danos ao seu Eternal Hole. Naturalmente, Sienna também estava ciente dessa possibilidade e tinha preparado um plano para essa eventualidade.
Ela usaria os Corações de Dragão.
Tanto Akasha quanto Nevasca carregavam um cada. A quantidade total de mana que poderia ser fornecida desses dois cetros mágicos era teoricamente infinita.
Se Sienna fornecesse o feitiço com mana dos cetros em vez da mana gerada por seu Eternal Hole, o consumo para ela deveria ser razoável. Além disso, ela também poderia receber ajuda de Eugene, Mer, Ramira e Maise.
Maise ofereceu sua ajuda com entusiasmo:
— Seria uma honra…!
Fazer parte da subjugação da Princesa Rakshasa Iris, isso por si só poderia ser considerado uma proeza lendária, mas se a Sábia Sienna e o Herói Eugene Lionheart também fizessem parte da expedição… Além disso, Maise teria a chance de cooperar com eles desde o início da expedição, tornando-se parte dos ventos que impulsionariam a expedição de subjugação para a frente.
Maise tremia de alegria, mas a expressão de Ortus tremia de um conjunto diferente de emoções.
Acariciando o queixo em pensamento silencioso por alguns momentos, Ortus disse de repente:
— Eu realmente não sei muito sobre magia, mas… o que você propôs fazer agora, Senhorita Sienna, é tão absurdo que até mesmo um Arquimago afirmaria que era impossível, é isso mesmo?
— Sim, é isso mesmo. — Sienna assentiu.
Ortus franziu a testa.
— Mas Senhorita Sienna, você e Sir Eugene também querem manter suas identidades ocultas até finalmente alcançarmos Iris. É isso mesmo?
— Isso mesmo. — Sienna repetiu.
— Hm… nesse caso… como exatamente devemos explicar o que vai acontecer? — Ortus perguntou de forma queixosa.
Ortus não pôde deixar de imaginar a dor de cabeça que isso poderia causar. Como comandante, algo como o cronograma da expedição estava bem dentro de sua autoridade, mas como ele deveria explicar tal evento impossível para as muitas pessoas que faziam parte da expedição?
— Você pode simplesmente dizer que é por causa de um Coração de Dragão. — Eugene disse com uma expressão calma. — Senhor Ortus, atualmente, você tem um fragmento de um Coração de Dragão incorporado ao seu Exid, e até onde eu sei, a família real possui mais dois desses Exids.
Estes eram os tesouros nacionais de Shimuin, três Exids que haviam sido criados usando um Coração de Dragão. Um deles era atualmente usado por Ortus, enquanto os outros dois geralmente eram armazenados no tesouro real.
— Se a família real realmente estiver empenhada em subjugar Iris, então os dois Exids restantes, que foram valorizados como tesouros nacionais, também deveriam ter sido confiados ao Lorde Ortus… embora possam ter sido entregues a outra pessoa. Não é o caso? Para a Princesa Scalia, talvez. — Eugene supôs.
— Isso… é de fato uma possibilidade. — Ortus admitiu. — Sir Eugene, como você disse, Sua Majestade o Rei emprestou um Exid para a Princesa Scalia durante esta expedição. E também… estou guardando o Exid restante por enquanto.
— Guardando? — Eugene ecoou curiosamente.
— Ainda não decidi a quem confiar. Pensei em dar ao meu filho… Dior, mas sinto que isso pode parecer muito nepotista. Então, tenho tentado decidir a quem entre os elites participantes da expedição devo entregá-lo. — Confessou Ortus.
Eugene naturalmente pensou que Ortus estaria guardando o Exid para seu filho, então achou essa admissão surpreendente.
Eugene limpou a garganta.
— Ahem… e que tal o Lorde Ivic? Me disseram que suas habilidades são excepcionais.
Eugene fez essa sugestão com uma leve intenção de sondagem, mas Ortus respondeu imediatamente com uma recusa direta.
— Ele é um mercenário. Não é alguém em quem se possa confiar.
Eugene mudou de rumo facilmente.
— Se esse for o caso, então o que acha da Senhora Carmen?
Eugene pode ter sido o primeiro a sugerir Ivic, mas não tinha motivo para defendê-lo. Carmen, que estava mordendo seu charuto com uma expressão relaxada, abriu os olhos em surpresa com a nomeação súbita.
— Eu? — Carmen perguntou surpresa.
Eugene assentiu.
— Sim. Se é a Senhora Carmen, então você pode ter certeza de sua habilidade, e ela também é alguém em quem você pode confiar, não é?
Carmen perguntou.
— Com isso, você quer dizer que também confia em mim, Eugene?
Eugene ficou surpreso.
— Hã…? Por que perguntar algo tão óbvio…? Você achou que eu não confiava em você, Senhora Carmen?
— Eu também confio em você. — Carmen disse com um sorriso brilhante ao largar seu charuto.
Bem… e daí? Eugene piscou confuso antes de simplesmente abaixar a cabeça em aceitação.
— Se for a Lorde Carmen… então eu realmente deveria poder confiar nela. — Ortus eventualmente disse depois de pensar seriamente.
Seu filho, Dior, ainda estava carente de habilidade, e Ivic, um mercenário, também não podia ser confiado. Para ser honesto, mesmo deixando de lado a questão da confiança, Ortus simplesmente não estava disposto a emprestar o Exid para Ivic.
No entanto, se fosse Carmen Lionheart, então ele poderia confiar nela.
Era possível que ela tentasse fugir com ele depois de colocar as mãos? Em primeiro lugar, como um tesouro nacional, o Exid havia sido completamente incrustado com magia antifurto, e enquanto outras pessoas poderiam não ter tanta certeza, não havia necessidade de se preocupar com Carmen.
— Nesse caso… vamos simplesmente emprestá-lo para a Senhora Carmen… — Ortus pausou. — Mas não, estávamos discutindo outra coisa agora, não é?
— Isso já não é desculpa suficiente? — Eugene argumentou. — Podemos afirmar que Maise, um Arquimago e Comandante dos Magos da Corte Real, usou o poder do Coração de Dragão de seus dois Exids para fortalecer seus feitiços. Os únicos outros magos participando desta expedição são os magos de batalha pertencentes aos Mercenários Slad, e até onde eu sei, o mago mais habilidoso entre eles está apenas no Sexto Círculo. Se estão apenas nesse nível, não devem ter motivo para suspeitar da nossa afirmação.
— Embora minha inocência tenha sido comprovada, ainda sinto a necessidade de ser cauteloso. E se alguém nesta expedição realmente estiver conspirando com Iris? E se tiverem algum meio de comunicar os movimentos de nossa expedição de subjugação para Iris? — Ortus perguntou com uma expressão séria.
O que Iris faria se soubesse que a velocidade da expedição de subjugação tinha aumentado repentinamente e que magia desconhecida estava envolvida no processo? Por enquanto, ainda podiam espalhar a desculpa que Eugene havia preparado, mas não havia a possibilidade de que um traidor em potencial ainda sentisse suspeita e enviasse essas informações para Iris?
— Preparamos algo para isso. — Sienna disse com um sorriso brilhante. — Ao envolver toda a frota em minha magia, poderei ficar de olho em tudo o que acontece na frota. Em outras palavras, se eles tentarem se comunicar com Iris, primeiro precisarão de alguma forma evitar os meus olhos. E não há como isso ser possível, não é mesmo?
Entre todos os feitiços que Sienna havia desenvolvido independentemente, havia também um feitiço que permitia a ela buscar as memórias deixadas em vestígios de mana.
Embora uma limitação do feitiço fosse que era impossível ler as memórias de artefatos que passaram de uma certa idade, como o Anel de Agaroth, a razão pela qual Sienna havia desenvolvido tal feitiço não era para ler as memórias deixadas dentro de um item.
Sua intenção era ler as memórias dos feitiços em si.
Num campo de batalha cheio de todo tipo de ataques, havia muitos feitiços que podiam ser lançados secretamente. Isso incluía várias maldições. O feitiço de Sienna era destinado a ler os vestígios de memória deixados na mana infundida nesses feitiços, permitindo que ela rastreasse e matasse os magos negros escondidos no campo de batalha.
E se alguém dentro da frota tentasse usar magia para se comunicar com o mundo exterior? Sua tentativa seria imediatamente interceptada por Sienna. A partir daí, as coisas seriam simples. Sienna poderia rastrear o feitiço para encontrar o espião escondido e, em seguida — eles poderiam matar o espião se necessário ou apenas bloquear quaisquer mensagens adicionais do espião se quisessem manter o espião vivo.
“O poder de Iris pode ser ridiculamente conveniente, mas ainda não pode ser usado para coisas assim”, Eugene pensou agradecido.
Iris realmente poderia criar um pequeno portal das trevas que poderia ser escondido no bolso de seu subordinado e mantê-lo por vários meses, permitindo que ela se comunicasse com seu subordinado enviando cartas através do portal? Não importa o quanto as habilidades de Iris possam ter evoluído nos últimos trezentos anos, algo assim era impossível.
Depois de tudo que precisava ser discutido ter sido levantado, Eugene se levantou junto com Sienna e Carmen.
Antes de sair, Eugene deu um último pedido de desculpas.
— Por favor, nos perdoe por procurá-lo tão cedo pela manhã.
Ortus murmurou sarcasticamente.
— Você realmente pede desculpas rapidamente… mas para onde exatamente estão voltando?
— Para onde mais iríamos voltar? Estamos indo de volta para nosso navio. — Eugene respondeu casualmente.
Ortus franzia a testa.
— Seu navio…? O dos Lionheart?
— Isso mesmo. — Eugene respondeu casualmente.
No entanto, Ortus não pôde deixar de pensar nas implicações da resposta de Eugene.
O navio… o navio dos Lionheart….
Além de Ciel, Carmen e Dezra, as únicas outras pessoas que acompanhavam essas três eram…
— Meu Deus! — Os olhos de Ortus se arregalaram em choque quando percebeu que havia tocado na verdade.
Aqueles três serviçais. Aquelas três mulheres.
— Eugene! Você estava escondido como uma daquelas serviçais?! — Ortus acusou.
Eugene ficou sem palavras.
Ortus exclamou.
— Meu Deus, oh meu Deus! Você, um Herói como você, o Eugene Lionheart, se vestiu de mulher para secretamente embarcar em um navio?!
— Cale a boca. — Eugene rosnou, seu rosto se contorcendo em um sorriso demoníaco.
