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Damn Reincarnation – Capítulo 385

Viagem para Casa (4)

O constante som dos saltos altos aumentava. Gavid estava sentado em sua mesa, examinando documentos antes de soltar um suspiro profundo e ajustar os óculos.

— Realmente é bastante problemático se você continuar aparecendo tão de repente. — Ele disse.

Os dias de Gavid eram incessantemente ocupados, pois na vasta extensão do Império Helmuth, a maioria das decisões eventualmente exigia sua sanção.

Além disso, ele detinha o título de Chefe de Segurança da capital de Helmuth, Pandemonium, e comandante da Névoa Negra, a guarda do Rei Demônio, entre outros papéis eminentes. Era a ponto de seu papel como comandante da Névoa Negra ser o menos exigente entre os que ele ocupava.

Naquele momento, ele estava examinando relatórios obtidos de milhares de Peixes Aéreos pairando sobre Pandemonium. A capital, Pandemonium, ostentava a menor taxa de criminalidade em comparação com todas as outras cidades do continente. Podia parecer cômico que uma cidade governada por demônios atraísse a maioria dos turistas do continente e tivesse tanta paz, mas isso se devia principalmente aos incansáveis esforços de Gavid e dos incontáveis demônios que trabalhavam sob a bandeira de Babel.

No entanto, tarefas intermináveis se avultavam diante de Gavid.

Por natureza, os demônios exibiam seu poder e aniquilavam seus semelhantes para aumentar sua própria força. Essas tendências inerentes dos demônios foram contidas por inúmeras leis com o surgimento do Império Helmuth. No entanto, após a recente investida do Cajado de Encarceramento, muitos procedimentos complexos em torno da batalha hierárquica em Helmuth desapareceram.

Isso levou a duelos frequentes e à alteração de hierarquias a cada hora — o que, por sua vez — levou a um aumento exponencial na quantidade de trabalho para Gavid e os trabalhadores de Babel. Essas mudanças significativas, sem dúvida, levariam tempo para se estabilizar.

Claro, Noir Giabella era indiferente a tais mudanças. Suas visitas não anunciadas frequentemente paralisavam as operações de Babel, mas ela não sentia e não se responsabilizava por isso.

Se eles não pudessem trabalhar agora, não poderiam simplesmente compensar mais tarde? Os demônios que trabalhavam na Torre de Babel do Império Helmuth eram os melhores dos melhores. Eles recebiam salários astronômicos e tinham incríveis privilégios até sua eventual morte.

Os impostos anuais astronômicos extraídos de Noir Giabella se transformavam nos salários dos demônios que trabalhavam em Babel. Como tal, nunca tendo deixado de ocupar o primeiro lugar na Lista de Honra de Contribuintes de Helmuth, Noir considerava suas visitas abruptas como pequenos incômodos.

— A verdadeira inconveniência será a bomba fiscal que enfrentarei no próximo ano. — Noir riu enquanto afastava seus cabelos.

Suas palavras, embora ditas de brincadeira, tinham uma subcorrente de verdade. Em apenas dois dias, o ano chegaria ao fim. Neste ano, Noir experimentou um sucesso monumental, quase mítico, sem igual nos trezentos anos de reinado do Império Helmuth.

A Floresta das Sombras Negras que ela havia conquistado de Iris em uma batalha territorial foi desbravada para dar lugar à Cidade Giabella. O Parque Giabella ocupava grande parte dessa terra, e a receita que trouxe em menos de um mês desde a abertura facilmente ultrapassou a receita mensal do território original de Noir, Dreamea.

O sucesso deslumbrante da cidade encantou Noir, mas a tributação do Império Helmuth para os ganhadores de alto salário era impiedosa. O bem-estar paradisíaco fornecido por Helmuth para os migrantes humanos era possível apenas graças aos impostos exorbitantes pagos por pessoas como Noir.

— Por que você veio? Para negociar as taxas de impostos? — Gavid suspirou profundamente mais uma vez, olhando para cima de seus documentos.

À medida que se aproximava do elevador, a aparência de Noir… não combinava com a imagem da mulher saudada por seu sucesso mítico como CEO em Helmuth. Ela usava uma saia perigosamente curta, um macacão justo que exibia suas curvas e óculos usados ​​apenas por razões estéticas.

Taptaptaptaptap

O som ecoante dos saltos continuou a ressoar. Era porque Noir estava dando passos no mesmo lugar.

— Por que você veio? — Gavid perguntou mais uma vez.

Ela não havia chegado para negociar seus impostos. Gavid desejava dispensá-la imediatamente, mas não podia afastá-la tão friamente depois de ouvir o termo bomba fiscal.

Sua visitante era a maior pagadora de impostos de Helmuth, aquele que influenciava as finanças do reino. Gavid teve que reduzir ligeiramente a fúria e a irritação em sua voz levando isso em consideração.

— Acima.

Whoosh.

Num instante, Noir, que estava caminhando à distância, estava diante de Gavid. Ela acomodou sua forma generosa em uma mesa cheia de pergaminhos e se inclinou em sua direção antes de separar seus lábios carnudos.

— Posso subir? — Ela perguntou.

— Você perdeu a cabeça? — Gavid respondeu.

Enquanto um aroma intoxicante o envolvia, as emoções de Gavid permaneciam inalteradas. Em vez disso, ele olhou para os pergaminhos nos quais Noir tinha se sentado descuidadamente antes de cuspir:

— Não importa sua posição como duquesa ou a maior pagadora de impostos de Helmuth, você não tem direito ou meios de convocar o Rei Demônio da Encarceramento.

— Por que agir tão friamente? Somos amigos há séculos, não somos? — Noir respondeu.

— Desde quando somos amigos? — Gavid retrucou com desdém.

— Talvez desde há trezentos anos? Ou talvez desde um mês atrás, quando a morte daquele idiota, Raizakia, foi confirmada? — Noir continuou com um sorriso, mas a expressão de Gavid ficou gelada.

— Idiota, não é? Você não está errada. — Gavid concordou.

Mesmo sendo um duque, o Dragão Demoníaco Raizakia nunca apareceu por séculos. Mesmo quando sua fortaleza, o Castelo do Dragão Demoníaco, foi derrubada, ele nunca fez uma aparição pública.

Não apenas Helmuth, mas todo o continente se perguntava sobre o paradeiro do Dragão Demoníaco. Então, um mês atrás, notícias sobre Raizakia se espalharam pelo mundo.

Eugene Lionheart.

A audaciosa criança… dizia-se que havia matado Raizakia. Raizakia havia permanecido em reclusão por séculos perto da Floresta Samar, e Eugene o havia procurado e o matado.

E não parou por aí. Eugene desfilou o cadáver de Raizakia como um troféu após trazê-lo de volta para sua família. Além disso, ele planejava usar o corpo do Dragão Demoníaco para fortalecer o poder de sua família.

— Sempre se exibiu como o melhor e o pior, mas ser assassinado por um humano no final… — Gavid murmurou.

Gavid tinha suas suspeitas, mas não podia ter certeza. Não importa o quão tolo Raizakia pudesse ser, era inimaginável que um Dragão Demoníaco Ancião fosse assassinado por um mero humano, muito menos por uma legião inteira.

No entanto, Raizakia foi de fato assassinado por Eugene Lionheart.

— Ele é impressionante. — Comentou Gavid.

Gavid tinha sua hipótese sobre a morte de Raizakia. A reclusão do dragão, durando séculos, implicava que ele tinha razões para se esconder. Raizakia estava obsessivamente fixado em Sienna Merdein, e ambos se esconderam ao mesmo tempo. Mas enquanto Sienna retornou, Raizakia não…

Raizakia deve ter estado em um estado enfraquecido depois de sofrer um ferimento mortal.

Eugene Lionheart e Sienna Merdein — juntos, eles assassinaram Raizakia.

— Sem dúvida, Eugene Lionheart é mais forte do que Vermouth era naquela idade. — Gavid continuou a expressar seus pensamentos.

Mesmo levando esses fatores em consideração, ainda era impossível negar a força de Eugene Lionheart.

Ele conquistou Raizakia menos de um ano após a Marcha dos Cavaleiros. Isso significava que, em menos de um ano, Eugene Lionheart conseguiu superar Raizakia.

— É por isso. — Disse Noir.

Com um sorriso fraco, Noir desceu da mesa. A razão de sua visita hoje era confrontar o Rei Demônio da Encarceramento. Simplesmente não conseguia entender suas ações. Eram desconcertantes. O que ele sabia? O que desejava? Por que ele interveio no campo de batalha para salvar Hamel?

“Estou curiosa”, Noir disse a si mesma.

Não era apenas o Rei Demônio do Encarceramento.

“Meu Hamel”, Noir pensou na única pessoa que poderia despertar sua curiosidade.

A luz sinistra emitida pela Espada do Luar e a luz que apareceu quando a Rainha Demônio da Fúria foi morta — eram distintas. Na visão de Noir, tais poderes nunca poderiam coexistir dentro de um único humano.

“Você é excepcional. Especial”, Noir percebeu.

Mesmo Vermouth não possuía tal poder. Foi por isso que o Rei Demônio da Encarceramento salvou Hamel? Mas por quê…? O Herói não era sempre um adversário para um Rei Demônio?

— Francamente, Duque Lindman, eu… estou atraída por Eugene Lionheart. — Noir disse, soando coquete.

Embora afirmasse honestidade, Noir não tinha intenção de revelar seus verdadeiros sentimentos. Não tinha intenção de deixá-lo saber que Eugene poderia ser a reencarnação de Hamel ou que Iris, tendo se tornado a Rainha Demônio da Fúria, havia perecido nas mãos de Eugene no dia anterior no Mar do Sul.

“Ele virá a saber eventualmente. É apenas uma questão de tempo antes que tudo seja conhecido”, Noir justificou suas ações mentalmente.

Em particular, a derrota da Rainha Demônio da Fúria seria conhecida pelo mundo em um mês no máximo. A verdadeira identidade de Eugene, também… seria revelada quando Gavid e Eugene eventualmente cruzassem espadas com sinceridade.

— O Rei Demônio do Encarceramento espera ansiosamente que Eugene Lionheart… o Herói, suba Babel. Você, sua Lâmina, pode ter a intenção de atacá-lo no momento em que ele tentar. — Continuou Noir.

— De fato. — Foi a resposta de Gavid.

— Mas o que devo fazer? Como eu disse, estou encantada por Eugene Lionheart. É puramente egoísta, mas eu gostaria que ele não morresse. — Disse Noir. Ajustando os óculos em seu nariz, Noir fixou o olhar em Gavid. — O que devo fazer? Eu tenho várias ideias. Devo corrompê-lo? Transformá-lo em um escravo do prazer, tão dependente de mim que ele não possa viver sem? E se eu fizer com que ele se agarre e dependa apenas de mim?

— … — Gavid apenas olhou para Noir enquanto ela enumerava diferentes ideias para brincar com Eugene.

— Corromper um nobre e forte Herói parece delicioso, mas matá-lo enquanto ele permanece puro e forte também é tentador. — Noir continuou a contemplar.

— Então, você não pretende que Eugene Lionheart suba Babel. — Observou Gavid.

— Antes de subir a Babel, ele pode vir me procurar, não acha? — Disse Noir, sorrindo. — Para me matar, quero dizer. Por que eu deveria me esquivar ou oferecer silenciosamente minha cabeça se ele fizer isso? Se Eugene vier me matar, vou responder ao seu desejo de matar com um coração feliz. Isso é aceitável?

— Não entendo sua pergunta. — Disse Gavid, estreitando levemente os olhos. — O Rei Demônio do Encarceramento foi claro em suas palavras para Eugene Lionheart.

—Suba Babel e aponte sua lâmina para mim.

—Aguardarei o dia em que você subirá Babel.

— Existo como a Lâmina de Sua Majestade, o Rei Demônio do Encarceramento. Enquanto ele disse que esperaria pelo Herói em Babel, como sua Lâmina, eu também devo esperar pelo Herói em Babel. Mas esse é o meu problema. Duque Noir Giabella, isso não é da sua preocupação. — Explicou Gavid.

No entanto, Noir apenas sorriu em resposta.

Gavid podia dizer essas coisas em sua ignorância, mas Noir não buscava as palavras de Gavid. Pelo contrário, ela desejava discernir as verdadeiras intenções do Rei Demônio do Encarceramento. Certamente, o Rei Demônio do Encarceramento buscava algo de Eugene. Para que esses desejos fossem realizados, Eugene, ou Hamel, tinha que subir Babel.

Mas e se Noir impedisse essa subida? O que o Rei Demônio do Encarceramento faria?

Ela não estava buscando permissão dele.

— O Duque Lindman não sabe de nada? — Noir perguntou. Ela levantou lentamente a cabeça para o céu.

Momentos antes, ela estava no nonagésimo andar de Babel, no escritório de Gavid Lindman. No entanto, de alguma forma, sem nem perceber, ela havia subido além do nonagésimo andar.

Um trono, envolto por correntes, pairava diante dela.

— Comparado a você. — Respondeu o Rei Demônio do Encarceramento.

Conforme as expectativas de Noir, a expressão do Rei Demônio não revelava nenhum indício de emoção.

— É desconfortável que eu saiba tanto? — Noir brincou com um sorriso.

Mas o Rei Demônio apenas encarou fundo nos olhos de Noir antes de finalmente balançar a cabeça.

— Você não sabe de nada. — Ele respondeu.

— Oh? É mesmo? — Noir retrucou.

Noir sabia que Eugene era a reencarnação de Hamel, aquele que derrubou o Castelo do Dragão Demoníaco, que matou a Rainha Demônio da Fúria, e do poder divino que o permitiu realizar tal feito. Ela sabia da luz que brilhou quando a Espada do Luar enlouqueceu, a luz que era estranhamente semelhante ao poder da Destruição.

— Certamente. — Ela continuou.

Ela sabia da escuridão nos olhos de Ciel Lionheart.

Aqueles olhos carregavam o poder de duas autoridades. Ela sabia de Vermouth do Desespero, que uma vez empunhou a arma dos Reis Demônios e a linhagem potente transmitida ao longo de trezentos anos, a essência do clã Lionheart.

Noir tinha testemunhado tudo. Mas a certeza lhe escapava. Apenas dois seres poderiam realmente conhecer essas verdades.

“Vermouth do Desespero e o Rei Demônio do Encarceramento”, Noir repetiu esses nomes em seu coração.

E o último estava diante dela.

— Para ouvir a verdade, que preço devo pagar? — Noir perguntou, ajoelhando-se diante do Rei Demônio.

As correntes conectadas ao Rei Demônio do Encarceramento rangeram. Descansando o queixo na mão, o Rei Demônio ofereceu um leve sorriso.

— Liberdade. — Foi sua resposta.

— Liberdade…? — Noir ecoou.

— Assim como a palavra sugere. Se você deseja ouvir a verdade, deve oferecer sua liberdade em troca. — Explicou o Rei Demônio do Encarceramento.

— Por quê…? Eu acredito que já dediquei minha liberdade e lealdade a você. Será que ainda tenho mais liberdade para dar? — Questionou Noir.

— Sua presença aqui, suas tentativas de discernir minhas intenções — tudo é possível porque você é livre. — Contra-argumentou o Rei Demônio do Encarceramento.

De fato, ninguém sabia disso melhor do que Noir.

Após o fim da guerra, Noir expandiu sua influência fervorosamente. Ela corrompeu os heróis da guerra e apoderou-se de seus poderes. Ela restringiu e tentou os demônios que emergiram das profundezas. Ela despachou os Demônios da Noite além da fronteira de Helmuth para coletar vastas quantidades de energia vital.

Ainda assim, com todos os seus esforços tenazes e implacáveis para crescer em poder, o Rei Demônio do Encarceramento nunca confrontou Noir. A menos que suas substanciais taxas anuais pudessem ser consideradas uma restrição…?

Noir olhou brevemente para o Rei Demônio do Encarceramento, então assentiu levemente.

— Se eu estiver livre agora… seria permitido para mim tocar em Hamel? — Ela perguntou.

— Ele. — O Rei Demônio do Encarceramento começou, fazendo uma pausa com uma risada astuta. — Ele se refere a si mesmo como Eugene Lionheart.

— Que esplêndido. — Noir riu. — Mas para mim, o nome ‘Hamel’ carrega laços mais profundos. E não é mais especial para mim chamá-lo de ‘Hamel’? Todos os outros o chamarão de Eugene.

— É sua escolha como você o chama. — Respondeu o Rei Demônio do Encarceramento.

— Certo, liberdade. Então… posso fazer o que quiser? — Noir questionou novamente, querendo uma resposta clara do Rei Demônio do Encarceramento. O Rei Demônio do Encarceramento tinha desejos em relação a Hamel, desejos que só poderiam ser realizados se Hamel subisse a Torre de Babel.

— Se desejar. — Disse o Rei Demônio do Encarceramento sem alterar a emoção.

Seu sorriso permanecia, mas para Noir, essa alegria parecia mais inesperada. A habitual sensação de tédio que Noir sentia dele era fraca.

— Antecipo sua ascensão a Babel. — O Rei Demônio do Encarceramento continuou. — Mas, apenas porque ele desafia Babel, não significa que eu não apresentarei nenhuma prova a ele… o Herói. Se ele deseja subir, eu, como sempre, testarei o Herói em minha capacidade de Rei Demônio.

— …… — Noir não interrompeu a explicação do Rei Demônio.

— Você, também, fará parte deste teste, Rainha dos Demônios da Noite, Duquesa Noir Giabella. Não apenas você. Como fez séculos atrás, este edifício voltará ao seu antigo estado de castelo do Rei Demônio, e esta cidade voltará a ser o domínio do Rei Demônio. — Declarou o Rei Demônio do Encarceramento.

— Que magnífico. — Noir comentou com sinceridade. — Continuar a guerra de trezentos anos atrás não é apenas meu desejo, mas o desejo de todos os demônios que viveram desde essa era. Rei Demônio do Encarceramento, você pode ter concedido paz ao mundo, mas nós, os demônios… não desejamos tais concessões. Por que deveríamos ceder à paz?

— Porque uma promessa foi feita. — Respondeu o Rei Demônio do Encarceramento.

— Aquela promessa… muitos demônios não puderam aceitá-la. Bem, tudo bem, não vamos nos deter em assuntos de trezentos anos atrás. Se eu ousar interpretar seus desejos, Rei Demônio do Encarceramento, você busca o Herói que superou provações? — Perguntou Noir.

— Sem fazer isso, ele não é digno de me desafiar. — Respondeu o Rei Demônio.

— Se ele não for digno, então ele é desnecessário. Então… o que acontece então? Esperamos até que um novo Herói digno surja? — Questionou Noir.

— Você quer a resposta? — O Rei Demônio retrucou.

— Não, Rei Demônio do Encarceramento. Eu não quero abrir mão da minha liberdade. — Com um sorriso brilhante, Noir se levantou. — Rei Demônio do Encarceramento. — Ela começou. — Quando Hamel desafiar Babel, você disse que o testaria e que eu seria incluída nesse teste. Estarei livre nesse momento?

— Os demônios encontram prazer na batalha e anseiam por guerras. — Respondeu o Rei Demônio do Encarceramento, o eco de sua voz enchendo o vasto salão. — Não é o mesmo para você?

— Eu desejo a minha própria guerra. — Noir Giabella declarou com um sorriso travesso. — Não para testar Hamel para você, mas para lutar contra ele impulsionada pela minha própria ambição e vontade. Anseio que Hamel venha até mim com a pura intenção de me derrubar.

— Então, eu lhe concederei a resposta que procura. — Os olhos do Rei Demônio estreitaram. — Noir Giabella, não imporei sanções se você buscar o fim de Eugene. Se você marchar para matar Eugene ou se ele vier para te derrubar, eu não intervirei.

— Ahahaha. — Um riso genuíno escapou de Noir com essa resposta. Era, afinal, a resposta que ela esperava sinceramente.

Noir Giabella não desejava interferência do Rei Demônio. Quer ela destruísse Hamel ou quer ela fosse quebrada por ele, quando as duas existências colidissem, ela queria ser a única possuidora de Hamel naquele momento.

“Naquele momento, Hamel será somente meu”, Noir pensou com deleite.

Mesmo os aliados de Hamel, como Sienna Merdein e Kristina Rogeris, não seriam capazes de perturbar esse encontro destinado.

Não importa quão feroz fosse o ataque deles, o olhar de Noir permaneceria fixo em Hamel, e sem dúvida, seu foco estaria totalmente nela. A paixão desse momento prometia ser a maior êxtase que ela já sentira em sua longa e movimentada vida.

— Recebi a resposta que procurava. — Noir declarou graciosamente. Ela deu uma leve reverência antes de se virar para sair.

— Por que você não ascendeu ao título de Rainha Demônio você mesma? — A voz do Rei Demônio do Encarceramento ecoou enquanto ela dava alguns passos. — Noir Giabella, com seu poder e fervor, você poderia reivindicar o título neste exato momento.

Com um riso provocador, ela virou-se para encarar o Rei Demônio.

— Pensar que você me consideraria tão digna. Mas como posso me tornar uma Rainha Demônio quando nem mesmo sei o caminho?

— Para ser chamada de Rainha Demônio, é preciso se tornar merecedora desse título. — Respondeu imediatamente o Rei Demônio do Encarceramento. — Você já dominou inúmeros humanos, os zombou e menosprezou, e acumulou poder digno de uma Rainha Demônio. No momento em que as pessoas de sua cidade começarem a se referir a você não como a ‘Rainha dos Demônios da Noite’, mas como ‘Rainha Demônio’, você poderia reivindicar o título instantaneamente.

— Eu já imaginava. — Noir reconheceu. Ela sabia que seus poderes já haviam ultrapassado os do Rei Demônio da Carnificina, Crueldade e Fúria de trezentos anos atrás.

No entanto, Noir ainda era apenas uma demônio comum. Em primeiro lugar, ela nunca se viu como uma Rainha Demônio, nem nunca aspirou a ser uma.

Especialmente agora, ela não tinha reconhecimento de si mesma como tal. No momento em que ela reconhecesse totalmente seu poder, todos os seres enfeitiçados por ela a saudariam como a Rainha Demônio, e ela deixaria de ser a ‘Rainha dos Demônios da Noite’ para ser coroada ‘Rainha Demônio’.

— Ser uma Rainha Demônio me faria menos única. — Noir refletiu, rindo suavemente enquanto balançava a cabeça. — O título possui uma banalidade agora. Já três, não, quatro Reis Demônios encontraram seu fim pelas mãos de Hamel. Mesmo que eu me tornasse uma, eu nunca poderia ser o Rei Demônio que Hamel despreza e quer morto acima de todos.

Apenas os Reis Demônios da Encarceramento e Destruição permaneciam.

— Mas, se eu continuar sendo a Rainha dos Demônios da Noite, posso ser a Noite Demoníaca mais única de Hamel. — Ela argumentou. — Eu poderia me tornar o demônio que ele acha mais especial, aquele que ele odeia mais e deseja matar acima de todos os outros. Para mim, isso tem muito mais atratividade e significado do que o título de Rainha Demônio.

Havia outras razões pelas quais ela relutava mesmo antes de tomar consciência da reencarnação de Hamel.

Ela acreditava que, se se tornasse uma Rainha Demônio, teria que enfrentar o Rei Demônio do Encarceramento. Para Noir, que estava ciente do poder do Rei Demônio do Encarceramento, a ideia de enfrentá-lo como igual não tinha charme.

Mas ao descobrir sobre o renascimento de Hamel, suas razões mudaram. Noir agora não tinha absolutamente nenhum desejo de ser uma Rainha Demônio. Ela queria permanecer uma demônio e a Rainha dos Demônios da Noite. Ela ansiava ser um objeto único de ódio de Hamel e desejo de destruição.

— Você é sempre a mesma. — Uma voz comentou.

Depois que Noir Giabella desapareceu da câmara, o Rei Demônio do Encarceramento riu e assentiu.


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