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Damn Reincarnation – Capítulo 94

Samar (4)

Os elfos tinham pés rápidos. Especialmente na floresta, onde correm tão rápido que parece que estão recebendo assistência mágica.

No entanto, elfos ou não, não havia como ainda correrem tão rápido com apenas uma perna. Um elfo assim podia correr tão rápido que era difícil acreditar que possuía uma perna só, mas era impossível para eles ultrapassar os habilidosos traficantes de escravos que estavam atrás deles.

Seu coração parecia que estava prestes a explodir, sua perna protética desleixada já havia começado a quebrar e sua cabeça parecia estar girando.

A elfa teve um pressentimento de que não demoraria muito para que desmoronasse. Mas absolutamente não podia se permitir fazer isso. Depois de finalmente chegar a Samar, temeu que, uma vez desmaiada, abrisse os olhos novamente sem saber onde estava.

— Haiyah!

Os gritos agudos de seus perseguidores estavam se aproximando. Esse som era o grito de caça das tribos nativas da floresta tropical. Os guerreiros tribais gritavam alegremente enquanto perseguiam a elfa em fuga montados em suas montarias, os gigantes Lobos Vakhan.

Se quisessem, poderiam ter pego sua presa imediatamente. Ao não fazer isso, estavam tentando evitar que ela caísse em desespero.

Elfos eram presas muito procuradas. Em vez de capturar esses elfos e usá-los como escravos da tribo, os traficantes de escravos nativos preferem vendê-los aos comerciantes estrangeiros de escravos que vinham até Samar apenas para comprá-los.

Desse modo, não podiam se permitir ferir gravemente suas presas. Como o valor da elfa já havia caído pelo fato de ter uma perna só, se também deixassem uma cicatriz em seu corpo, a queda no preço seria mais do que poderiam aceitar.

A elfa, que estava correndo mancando, parou com um suspiro agudo. 

— Haah…!

Por estar correndo sem parar, não prestou atenção aos sons ao seu redor. Não, mais do que isso, sua razão havia sido obscurecida pelos gritos aterrorizantes dos nativos.

Isso foi o que a levou a quase correr para a beira de um penhasco. Com olhos trêmulos, olhou para baixo. A base do penhasco, uma grande distância abaixo, era coberta por um rio corrente.

Ela precisava encontrar um caminho diferente. Mancando, a elfa fez menção de se retirar. Mas então, uma longa lança caiu no chão perto dela.

— Kyaaaah! — A elfa soltou um grito enquanto seus ombros tremiam de medo.

Os guerreiros tribais estavam bloqueando o caminho da elfa de volta do penhasco. Os lobos Vakhan carregando os guerreiros estavam soltando sons de rosnados enquanto expunham suas presas afiadas.

Os nativos horrivelmente mascarados riram enquanto apontavam para a elfa. O significado por trás de seus gestos era que a elfa deveria simplesmente desistir da resistência e silenciosamente se permitir ser capturada.

A elfa mordeu seus lábios trêmulos. Não havia como se comunicar com esses bárbaros. Depois que se encontraram pela primeira vez, a elfa tentou implorar por misericórdia várias vezes, mas os nativos só falavam entre si em um idioma que só eles sabiam o significado.

A elfa deu um passo para trás hesitante. Alguns dos nativos que desceram das costas de seus lobos Vakhan se aproximaram dela. Eles abaixaram as lanças e abriram bem os braços, como se para mostrar que não pretendiam feri-la.

Mas por trás de suas máscaras redondas com órbitas que pareciam ter sido rasgadas com uma faca, a elfa viu a ganância e a luxúria brilhando em seus olhos. Seus olhares levaram o corpo dela a fazer um movimento arriscado.

Engolindo um grito instintivo, se jogou do penhasco.


Tomp-tomp!

Depois de arregaçar as bainhas das calças, Kristina estava pisando na roupa. Antes de se tornar uma candidata a santa, ela havia sido uma órfã abandonada em um mosteiro. Graças a isso, estava acostumada a tarefas como lavar roupa.

— Parece que está se divertindo. — Comentou Kristina amargamente enquanto se virava para encarar Eugene com os olhos semicerrados.

Embora estivesse acostumada com aquilo, não significava que gostava.

— Não é como se eu estivesse apenas brincando. — Eugene se defendeu.

Eugene havia montado uma vara de pescar e estava sentado à beira do rio. Mas depois de ter feito tudo isso, ele nem se concentrou em pescar. Em vez disso, até trouxe uma cadeira para se sentar confortavelmente e ficou absorto em um livro de magia.

— Ao ler este livro de magia, aprendo mais magia e, ao aprender mais magia, fico mais forte. — Insistiu Eugene. — À medida que fico mais forte, os riscos que enfrentaremos ao longo de nossa jornada são reduzidos. Se isso acontecer, então—

— Você está muito prolixo hoje. — Kristina o interrompeu.

— É porque eu já tive que dizer isso várias vezes, mas você vive me questionando. Se não queria sofrer assim, então não deveria ter me seguido. — Eugene disse com um encolher de ombros desdenhoso enquanto virava a página. — Não é como se eu estivesse brincando. E não é como se eu estivesse sobrecarregando você também. Não está familiarizada com o termo ‘alocação de funções’?

— Você tem razão, eu disse algo sem sentido. Então, por favor, concentre-se apenas em sua leitura. — Kristina disse exasperada.

Eugene continuou apesar de seus protestos. 

— Não é como se eu estivesse fazendo você fazer tarefas como essa o tempo todo também. Eu cuido da caça e da luta, e também enxugo a roupa. Tudo que você precisa fazer é lavar a roupa e cozinhar, certo? Mesmo assim, sua comida não tem um gosto tão bom, então sou eu quem geralmente cuido disso.

— Você não ia estudar? — Kristina o lembrou.

— Agora que toquei no assunto, devo dizer que há muitos problemas em como você cozinha. — Eugene continuou seu sermão: — Já não lhe disse tantas vezes que prefiro sabores mais fortes? E a carne não deve ser cozida demais, apenas a ponto de pingar um pouco de sangue.

— Estou fazendo isso por preocupação com seu corpo, Sir Eugene. — Kristina se defendeu.

— Suspeito que você esteja apenas cozinhando de acordo com seus próprios gostos. — Acusou Eugene. — Estou no auge da saúde, então não vou pegar nada comendo um bife vermelho ensopado que foi sufocado em especiarias.

Kristina parou de protestar e apenas manteve os lábios fechados.

Já faz mais de um mês desde que entraram nesta floresta. Muita coisa aconteceu ao longo do caminho, e Kristina tinha uma boa noção de quão intratável era a personalidade de Eugene. Especialmente quando se tratava de argumentos, já que Kristina nunca foi capaz de derrotar Eugene em um debate direto. Kristina sempre pensou que, como sacerdotisa, deveria manter um coração compassivo, mas depois de conversar com Eugene, ela sentiu o desejo de esquecer seu sacerdócio e apenas dar um soco na nuca dele.

— Por acaso esse livro tem algum feitiço relacionado a lavar roupas escrito nele? — Kristina perguntou esperançosa.

— A sua magia sagrada tem algum feitiço para isso? — Eugene devolveu a pergunta.

— Por que a magia sagrada teria feitiços para lavar roupa? — Kristina protestou.

— Então por que eu deveria aprender algum feitiço em relação a isso? — Eugene apontou. — Quantas vezes vou acabar tendo que lavar minha própria roupa?

Na verdade, isso era uma mentira. Entre os vários feitiços que Eugene aprendeu em Aroth, havia também alguns feitiços para lavar roupa. Ele tinha acabado de começar a fazer Kristina lavar a roupa como uma brincadeira para aliviar seu tédio. No entanto, se confessasse agora e dissesse a ela que realmente sabia como usar magia para lavar roupa, ele temia que pudesse acabar levando um soco no meio da cara de Kristina.

Além disso, o que Kristina estava lavando agora era seu próprio uniforme clerical. Eugene tinha muitas roupas em seu manto que poderia vestir, mas Kristina não compartilhava essa opção.

Kristina também tinha uma bolsa que continha alguns encantamentos espaciais, mas sua bolsa não tinha tanto espaço de armazenamento quanto o Manto das Trevas. Enquanto vagavam pela floresta, não conseguiam passar um dia sem sujar suas roupas de alguma forma, mas Kristina não suportava ter sujeira em seu uniforme clerical, que sempre deveria ser mantido escrupulosamente limpo.

—Você pode simplesmente usar outras roupas.

—Se uma sacerdotisa não usar suas roupas clericais, o que mais ela deve usar? Especialmente porque é pela vontade de Deus que eu o acompanhe, Sir Eugene, então não posso absolutamente tirar meu traje sacerdotal.

Não era como se ele não entendesse de onde ela vinha. Na vida anterior de Eugene, Anise também teimosamente insistia em usar seu uniforme clerical enquanto viajavam.

“Embora em Helmuth ela usasse o que quer que pegasse”, lembrou Eugene.

Em todo caso, isso significava que foi a própria Kristina quem decidiu que era uma boa ideia lavar a roupa descalça na água fria do rio. Então, Eugene não sentiu nenhuma culpa por não usar feitiços para lavar roupa e ajudá-la. Ele iria secar as roupas molhadas com a ajuda de um espírito do vento assim que Kristina terminasse de lavar, então já não estava fazendo o suficiente?

— Hmm… — Eugene de repente murmurou enquanto parava a leitura do texto mágico e levantava a cabeça.

Isso não era uma reação ao movimento da vara de pescar. Levantando-se da cadeira, Eugene espanou o fundilho da calça e virou-se para olhar rio acima.

— É um monstro? — Kristina perguntou, virando-se para olhar para Eugene enquanto fazia uma pausa no meio de torcer suas vestes secas.

Esta floresta estava infestada de monstros, mas eles também não podiam descartar a possibilidade de serem bandidos. Mas como estavam lavando roupa perto de um rio, era mais provável que tivessem conseguido provocar um dos monstros que viviam no rio para atacá-los.

— Não. — Respondeu Eugene enquanto pegava a vara de pescar. — É algo bem interessante.

Com um sorriso, Eugene lançou sua vara de pescar. Conforme a longa linha de pesca se desenrolou, ela foi coberta pela mana de Eugene. Eugene manipulou a linha de pesca usando sua vontade e pegou um objeto que veio flutuando rio acima.

— Uma elfa? — Kristina questionou com uma expressão alarmada.

Eugene puxou a elfa que havia capturado para a margem do rio. A floresta Samar sempre foi abafada, mas a água do rio era fria. Depois de olhar para o corpo pálido e exausto da elfa, Eugene estendeu a mão.

Embora o corpo dela estivesse frio como gelo, ainda respirava fracamente. Eugene primeiro convocou um espírito de vento para secar suas roupas molhadas, então criou uma chama usando magia.

— Kristina. — Chamou Eugene.

— Sim. — Kristina respondeu quando imediatamente parou o que estava fazendo e foi para o lado da elfa.

Uma luz forte brilhou em suas mãos e varreu o corpo dela. Com isso, a cor voltou à pele com rapidez suficiente para que a mudança pudesse ser vista a olho nu.

“Então é uma escrava,” Eugene confirmou.

Levantando a bainha de suas roupas, Eugene encontrou uma marca que havia sido feita perto do umbigo. Embora a escravidão já tivesse sido abolida em sua vida anterior, mesmo naquela época havia uma quantidade abundante de escravos ilegais.

— A perna… — Kristina murmurou preocupada.

— Foi amputada há muito tempo. Ela mesmo deve ter cortado. — Eugene disse enquanto olhava para a perna esquerda da elfa.

A superfície do coto parecia ter sido esfolada, e o sangue continuava fluindo. Parecia que sua perna protética barata havia cavado em sua carne.

— Ela poderia ter escapado de um traficante de escravos? — Kristina especulou.

— Descobriremos assim que a acordarmos. — Respondeu Eugene.

Embora as circunstâncias da elfa fossem lamentáveis, seu encontro casual pode ter sido considerado um golpe de sorte para Eugene. Ele agarrou a elfa pelos ombros e a sacudiu levemente algumas vezes.

— Coff! — Antes mesmo de abrir os olhos, ela tossiu e vomitou um pouco de água.

Então, gemeu enquanto tentava torcer o corpo para se livrar do aperto de Eugene.

— Você não deveria se mexer tanto. — Eugene a advertiu.

Ele pode ter dado à elfa algum tratamento de emergência, mas mesmo sendo generoso, ela não poderia ser descrita como tendo boa saúde. Contusões cobriam todo o corpo e o número de fraturas… Esses ferimentos não pareciam ser de uma agressão. Eles provavelmente foram causados por cair na água de uma grande altura.

— Kyaaah! — A elfa gritou, quando percebeu em que tipo de situação estava.

— Eu provavelmente deveria ter começado dizendo para ela não gritar. — Eugene murmurou para si mesmo enquanto soltava o corpo dela.

A elfa, que estava alternando entre olhar para Eugene e Kristina desde o momento em que abriu os olhos, começou a rastejar para longe deles.

Então gaguejou. 

— V-V-Vocês dois, quem são vocês? Tribais?

— Mesmo que tenhamos feito tudo para salvá-la, parece que você não sente necessidade de se conter com sua grosseria. — Observou Eugene com ironia.

— D-Desculpe. Sinto muito. — A elfa se desculpou em pânico.

Embora Eugene estivesse apenas reclamando sem entusiasmo, a elfa imediatamente começou a implorar por perdão enquanto batia a cabeça no chão.

Depois de observar descaradamente essa visão, Kristina olhou para Eugene.

— Parece que seu rosto e comportamento a assustaram, Sir Eugene. — Provocou Kristina.

— O que tem meu rosto? — Eugene perguntou defensivamente. — Pode não ser tão bonito quanto o de um elfo, mas é o suficiente para que eu não sinta vergonha de levá-lo aonde quer que eu vá.

— Ahaha! — Kristina caiu na gargalhada.

Sem erguer a cabeça curvada, a elfa juntou as mãos e esfregou as palmas, enquanto dizia: 

— Sim, sim. O rosto do senhor é realmente impressionante. É tão incrível que nenhum elfo pode sequer pensar em se comparar a você. A senhora também é extremamente bonita.

— Senhora? — Eugene repetiu em confusão.

— D-Desculpe. S-Sinto muito. — A elfa se desculpou mais uma vez. — Eu quis dizer a Jovem Dama, a Jovem Dama é realmente linda.

— O que há de errado com ela? O cérebro também pode estar um pouco danificado. — Eugene murmurou para si mesmo enquanto franzia a testa.

Com isso, ela parou de esfregar as mãos e começou a bater a cabeça no chão enquanto dizia: 

— Sim, sim. Isso mesmo. Dano cerebral. M-Minha cabeça não está muito boa. Então, por favor, perdoe-me se estou sendo tola ou falha em obedecer a suas ordens…

— Tente acalmá-la um pouco. — Disse Eugene, imediatamente recuando para trás de Kristina.

Com isso, Kristina apenas apontou para a cesta cheia de roupa molhada com um sorriso, então se virou para a elfa e disse: 

— Ouvi dizer que sua raça é linda, e você parece ser a prova viva disso. Meu nome é Kristina. Sou uma sacerdotisa que serve ao Deus da Luz. O homem ali secando as roupas é meu servo e guarda-costas, então, por favor, não tenha muito medo dele.

O que diabos ela quis dizer com servo? Enquanto Eugene resmungava para si mesmo, invocou um espírito de vento. O espírito começou a secar as roupas molhadas.

Kristina continuou a acalmar a elfa. 

— Não temos nenhuma intenção de intimidá-la ou prejudicá-la. Em vez disso, gostaríamos de protegê-la de qualquer infortúnio em que possa estar.

A elfa hesitou. 

— É-É sério…?

— Sim, claro que é sério. Afinal, é natural que o dever de uma sacerdotisa seja ajudar e resgatar os que estão em apuros. E se houvesse um Herói neste mundo, ele certamente não hesitaria em fazer o que é justo e correto. — Quando Kristina disse isso, deu uma olhada em Eugene.

Ela propositalmente levantou a voz para que ele pudesse ouvi-la. Eugene apenas bufou enquanto dobrava casualmente as roupas secas.

— M-Meu nome é… Narissa. — A elfa finalmente se apresentou.

Então, ela começou a contar-lhes uma história tão trágica que levaria às lágrimas a qualquer ouvinte.

Simplificando, Narissa era uma escrava fugitiva. Seu proprietário, um rico comerciante do Império Kiehl, comprou Narissa no mercado negro dez anos atrás.

— E quantos anos você tem agora? — Kristina perguntou gentilmente.

Narissa respondeu: — Tenho cento e trinta…

— Se convertermos isso em anos humanos, isso significa que você tem apenas treze anos. — Murmurou Eugene.

— Anos humanos? O que você quer dizer com isso? — Kristina perguntou enquanto se virava para Eugene com uma expressão perplexa.

Eugene explicou: 

— O tempo de vida de um elfo se estende aproximadamente por mil anos. Humanos normais podem viver até cem anos se conseguirem viver uma vida longa sem nenhuma doença, então se você converter a expectativa de vida de um elfo em humana, cada cem anos para eles conta como dez anos para nós.

— Que besteira é essa… — Kristina balançou a cabeça enquanto murmurava isso.

A lógica por trás de sua afirmação parecia tão absurda que nem era engraçada, mas Narissa apenas bateu palmas em concordância com um sorriso servil enquanto dizia: 

— S-Sim. Na idade dos elfos, posso ter cento e trinta anos, mas na idade humana, tenho apenas treze…

Eugene continuou seu interrogatório. 

— Então onde fica sua cidade natal? Você nasceu em Samar?

— Minha cidade natal é no Monte Odon do Império Kiehl. — Narissa admitiu.

— Há elfos morando lá também? — Eugene perguntou surpreso.

— Não… Não mais. — Depois de dizer isso, a cabeça de Narissa afundou, incapaz de encontrar mais palavras.

Eugene e Kristina poderiam descobrir o que havia acontecido sem nem mesmo perguntar. Era raro um elfo viver escondido nas profundezas das montanhas, mas não era raro um elfo que vivia escondido ser capturado e escravizado por um traficante de escravos.

Kristina suspirou. 

— Haaah… Que lamentável…

Depois de muito tempo, Kristina finalmente mostrou a aparência de uma verdadeira santa. Ela abriu os braços e abraçou Narissa, acariciando suas costas trêmulas.

— Deve ter sido tão doloroso para você. — Kristina murmurou com simpatia. — Você teve que cortar seu próprio tornozelo só para escapar, e então veio até esta floresta…

Eugene passou por Kristina enquanto ela continuava a confortar Narissa. Ainda acariciando as costas de Narissa, ela olhou para Eugene, mas não disse nada. Apenas acenou com a cabeça para ele, fazendo com que Eugene sorrisse.

Elfos eram uma raça forte.

Ao contrário dos humanos, eles possuíam afinidade com todos os espíritos e podiam sentir a mana mesmo sem nenhum treinamento específico. Seus músculos também eram muito mais flexíveis e duráveis do que os dos humanos.

Os caçadores estavam sempre bem informados sobre as raças que caçavam e só iam caçar depois de fazer preparativos completos.

O mesmo acontecia com os nativos que viviam na floresta. Eles nasciam como caçadores e eram criados como caçadores. Um ser humano comum poderia não ter sobrevivido pulando de um penhasco alto e caindo no rio abaixo. De tal altura, pousar na água não era diferente de pousar na rocha.

Se fosse um humano, teria morrido, mas um elfo não.

Não era apenas porque seus corpos eram mais fortes. Ter afinidade com os espíritos significava literalmente ser amado por esses espíritos. A principal razão pela qual os elfos podiam correr tão rápido era que os espíritos dispersos pelo vento os empurravam por trás. Isso também se aplicava a esse tipo de queda; o vento e a água do rio teriam protegido o corpo da elfa.

Sabendo disso, os traficantes de escravos não pararam de persegui-la.

— Então vocês são da Tribo Garung. — Eugene cumprimentou os caçadores de onde estava sentado, em uma grande pedra.

Faz um mês desde que entraram pela primeira vez na floresta tropical. Não estavam apenas vagando durante todo esse tempo. Também encontraram alguns mercadores que estavam atravessando a floresta e até alguns nativos que pertenciam a diferentes tribos.

Não foram encontros muito agradáveis. Os mercadores zombaram do disfarce de Kristina como missionária, e os nativos tentaram escravizar os dois estrangeiros que viajavam sozinhos sem escolta.

Todos eles imediatamente pagaram o preço por agir como idiotas. Por meio desse processo, Eugene ouviu falar das várias tribos que viviam nessa floresta.

Quanto mais fundo você entrava na floresta, mais selvagens e ferozes os nativos se tornavam, especialmente em seu ostracismo de forasteiros. Os Garung eram um exemplo de uma dessas tribos. Eles capturavam todos os estrangeiros e os tornavam escravos de sua tribo.

Se o estrangeiro que capturassem fosse um comerciante rico ou um nobre que viesse para um passeio luxuoso, tinham a chance de serem devolvidos assim que a tribo recebesse um resgate grande o suficiente. Mas mesmo assim, isso acontecia apenas se os capturados tivessem sorte. Se não tivessem sorte, seriam simplesmente mortos e comidos. Algumas das tribos nativas praticavam o canibalismo, e os Garung eram uma dessas tribos.

— Forasteiro. — Falou um dos nativos montado nas costas de seus grandes lobos.

Ele puxou a máscara do rosto, deixando óbvio que estava olhando para Eugene. O rosto do nativo estava coberto de cicatrizes e tatuagens.

— O que. Você. Fazendo. Aqui? — O nativo exigiu.

Ao contrário de sua aparência cruel, parecia que ele falava a linguagem comum, mas enunciava as palavras lentamente e de maneira um pouco arrastada.

— O que parece que estou fazendo? — Eugene respondeu. — Estou apenas sentado aqui e descansando.

O nativo continuou seu breve questionamento. — Um nobre? De onde?

— Quem quer saber? — Eugene devolveu a pergunta descaradamente.

— Esse cheiro. — Disse o nativo franzindo a testa enquanto farejava o ar.

Eugene riu e pegou uma ponta de seu manto para examiná-lo.

— Isso realmente exala tal cheiro? Não há razão para isso. — Argumentou Eugene. — Eu lavo meu corpo todos os dias.

— Cheira a elfo. — Rosnou o nativo.

— Eu pareço um elfo? — Eugene perguntou zombeteiramente.

— Forasteiro. — Disse o nativo enquanto tirava a máscara de onde estava. — A presa de Garung. Você roubou?

— Que espécie de presa vem com dono? É quem o pega primeiro que se torna seu dono. — Eugene disse com um encolher de ombros enquanto deixava cair a ponta de seu manto.

Os lobos gigantes investiram contra ele.


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