O Juiz Heiner voava pelo céu, carregando um grande cubo preto.
Depois de um tempo, pousou diante de um prédio gigantesco.
A sede da Égide.
O maior edifício do mundo.
Embora, fosse importante mencionar que era o maior edifício intacto do mundo.
Com base nas muitas ruínas espalhadas ao redor do prédio, já houveram centenas de construções ainda maiores do que esta.
Comparado aos dias de glória dos Antigos, a sede da Égide mal contava como uma casa comum.
Os Antigos haviam alcançado feitos incompreensíveis.
Por exemplo, no grande espaço de água entre o Longo Continente e o Grande Triângulo, havia uma ruína de proporções inimagináveis.
Uma cadeia montanhosa de metal.
Barras de aço com centenas de metros de largura e vários quilômetros de comprimento.
Todas haviam desabado umas sobre as outras, formando uma enorme cadeia montanhosa de metal no meio do oceano.
Com base na composição e na fabricação dessas barras de aço gigantescas, aquilo devia ter sido, um dia, uma longa estrutura com mais de 150 quilômetros de comprimento.
Um edifício com cerca de um quilômetro de largura e 150 quilômetros de comprimento.
Por que alguém construiria algo tão alto?
Algumas pessoas acreditavam que devia ser algum tipo de túnel ou elevador sofisticado, mas essas mesmas pessoas não conseguiam responder para onde esse túnel ou elevador deveria levar.
Ainda assim, independentemente do propósito, estava claro que a tecnologia atual não podia sequer se comparar às conquistas tecnológicas dos Antigos.
Quando o Juiz Heiner pousou no grande terraço a meio caminho da sede da Égide, lançou um olhar para os dois Heróis que estavam à sua frente.
— Bem-vindo de volta, Juiz Heiner — disseram com respeito.
O Juiz Heiner assentiu com indiferença antes de passar por eles.
A porta da sede se abriu, e uma luz alaranjada saiu do corredor.
As paredes e o teto ainda eram brancos, mas a luz era bem diferente do que fora vinte anos atrás.
No passado, a luz ali dentro era clara e cheia de vida.
Agora, a luz parecia a luz do Sol.
Alaranjada.
Opaca.
Neutra.
As coisas haviam mudado.
O Juiz Heiner continuou carregando o enorme cubo metálico pelo corredor.
Eventualmente, chegou aos poços de Extratores e foi para o lado.
Havia dois poços de Extratores que eram bem mais largos que os demais.
Naturalmente, esses eram usados para transporte de carga dentro do prédio.
O Juiz Heiner desceu até o nível mais inferior do poço de Extratores e saiu.
Após caminhar por um corredor largo e longo, parou diante de um grande portão.
Sua Barreira foi ativada por um momento e, alguns segundos depois, quatro pessoas saíram por uma porta lateral.
— Saudações, Juiz — disseram com educação. — Conforme o protocolo padrão, precisamos saber o que está transportando.
— Um Fanático Avançado. ID: 005117986 — respondeu o Juiz Heiner.
Um dos três Oficiais de Justiça digitou um pouco em um console antes de assentir. — Obrigado. Por favor, assine com o código da sua Barreira.
A Barreira de Heiner foi ativada por um momento.
— Obrigado, Juiz — disse o Oficial de Justiça.
Os quatro digitaram em seus próprios consoles antes de se entreolharem e assentirem.
DING!
Finalmente, o grande portão se abriu, e o Juiz Heiner passou por ele.
A segurança era extremamente rígida nesse local, já que a área de pesquisa e desenvolvimento ficava atrás do portão.
Qualquer coisa extraordinária que desejasse entrar na área precisava ser verificada com rigor.
Após atravessar um corredor curto, o Juiz Heiner parou de se mover.
BANG!
O chão e o teto começaram a tremer após um estrondo alto e começaram a se mover.
Era um elevador, mas não um elevador qualquer.
Provavelmente era o elevador mais pesado e seguro do mundo inteiro.
Normalmente, elevadores eram pequenas câmaras sólidas que se moviam por um poço longo e quase vazio.
Este era o oposto.
Era um espaço aberto em um ponto de uma roda gigante e maciça.
A roda era feita dos materiais mais resistentes e tinha um diâmetro de quase dois quilômetros.
Pesava milhões de toneladas.
Sempre que o elevador era usado, essa roda gigantesca girava lentamente.
Usar esse elevador custava mais de cem gramas de Zephyx por vez.
O elevador se moveu lentamente e, cerca de cinco minutos depois, parou.
Uma porta apareceu na parte de trás do elevador, e o Juiz Heiner passou por ela.
O corredor ainda era iluminado pela luz do Sol, mas parecia bem mais escuro.
O Juiz Heiner chegou ao fim do corredor após meio minuto de caminhada e parou diante de uma porta grande e suja.
Então, apertou um pequeno botão ao lado da porta e esperou.
Silêncio.
Finalmente, quase um minuto depois, os grandes portões se abriram, revelando um homem mais velho, de cabelos brancos, usando o uniforme de um Agente.
— Boa noite, Juiz — disse o homem com um sorriso educado.
No entanto, em comparação com os Oficiais de Justiça, ele não parecia excessivamente respeitoso.
Era apenas educado e amigável.
— Boa noite — respondeu o Juiz Heiner, enquanto colocava o cubo ao seu lado.
Apesar de estar falando com alguém de posto inferior, o Juiz Heiner também foi bastante cortês.
Embora a pessoa à sua frente tivesse apenas o posto de Agente, não se tratava de um Agente comum.
Era um pesquisador.
Alguém que trabalhava diretamente sob as ordens do Técnico para impulsionar o avanço da tecnologia da humanidade.
Aquele não era alguém que era enviado em diferentes missões.
Não, esses pesquisadores basicamente viviam nos laboratórios subterrâneos e passavam toda a existência pesquisando coisas.
Eles eram, essencialmente, o cérebro que permitia aos músculos da humanidade funcionarem.
Pesquisadores tinham muitos privilégios especiais, e mexer com um deles era uma das coisas mais estúpidas que um humano podia fazer.
— Eu trouxe o Espectro 005117986 — disse o Juiz Heiner.
A Barreira do pesquisador foi ativada por um momento, e o Juiz Heiner pôde ver uma enorme quantidade de janelas surgindo na Barreira.
Ele podia perceber que aquela Barreira era, no mínimo, dez vezes mais cara que a sua.
— Tudo parece estar em ordem — disse o pesquisador com um sorriso.
Em seguida, a Barreira de Heiner foi ativada e mostrou uma mensagem informando que ele havia recebido um cupom para retirar uma Jaula de Espectro móvel do depósito de equipamentos.
Obviamente, os pesquisadores iriam ficar com o cubo grande.
Eles não deixariam um Espectro andar livremente na área de pesquisa e desenvolvimento.
— Obrigado — disse o pesquisador, erguendo o cubo.
O Juiz Heiner assentiu e caminhou até outra porta menor que levava ao corredor normal fora da área de pesquisa e desenvolvimento.
Eles não moveriam a roda gigantesca novamente só por causa dele.
Enquanto isso, o pesquisador levou o grande cubo preto para dentro da área de pesquisa e desenvolvimento, à medida que o portão se fechava.
A área estava cheia de máquinas complexas e gigantescas, e havia mais de vinte pessoas realizando experimentos com coisas diversas.
Aquele era apenas o depósito e a entrada da área de pesquisa, onde se testavam máquinas grandes, mas móveis.
Esse salão tinha cerca de 100 metros de largura, mas representava apenas cerca de 10% do departamento de pesquisa.
O pesquisador atravessou o grande salão e entrou em um corredor.
Após caminhar mais alguns segundos, parou diante de um enorme portão.
Sua Barreira foi ativada, e incontáveis janelas apareceram e desapareceram.
DING!
A Barreira da porta foi desativada, e ela se abriu lentamente.
Atrás da porta havia um escritório desorganizado.
Papéis, máquinas e objetos diversos estavam espalhados aleatoriamente pelo cômodo, sem qualquer lógica ou organização.
— Ah, George — disse um homem, erguendo a cabeça de trás de uma máquina grande. — Esse é o número 005117986?
— Sim — respondeu George, colocando o grande cubo no chão.
— Perfeito — disse o homem com um sorriso animado. — Estava esperando por isso!
Naturalmente, aquele homem era o Técnico.
George assentiu e caminhou até a porta novamente para sair.
— Espere um segundo — disse o Técnico.
— Sim? — perguntou George, parando e se virando.
— Sua especialidade é Espectologia, certo? — perguntou o Técnico.
— Sim — respondeu George.
— Quer ver o que tem dentro? — perguntou o Técnico com um sorriso.
George ficou bastante interessado.
Afinal, aquilo era algo que até o Técnico estava interessado.
— Se me for permitido — respondeu George.
O Técnico assentiu. — Sua tese sobre o Teorema Abrangente da Geração de Zephyx por Espectros já é basicamente aceita como verdadeira no departamento e, embora você seja relativamente novo, acho que pode trazer novas perspectivas.
— Quer ser meu assistente neste projeto? — perguntou o Técnico.
Os olhos de George se arregalaram em surpresa.
Um assistente em um dos projetos do Técnico?!
Aquilo era insano!
Então, um sorriso genuíno surgiu no rosto de George. — Com prazer!
O Técnico sorriu novamente.
No momento seguinte, um contrato longo apareceu na Barreira de George.
George leu o contrato e respirou fundo.
Era bastante restritivo.
No entanto, isso era esperado.
As coisas que eles estavam pesquisando eram altamente secretas.
Se algo vazasse, pessoas morreriam pelas mãos do Pesquisador Invejoso.
George assinou.
— 005117986 é um Espectro que se alimenta puramente de sofrimento. Não importa como esse sofrimento é infligido — disse o Técnico.
George já estava interessado.
— Ele se alimenta de sofrimento puro? — perguntou.
O Técnico assentiu. — Isso mesmo. Enquanto alguém estiver sofrendo, ele se fortalece.
Nesse momento, George franziu o cenho.
Depois, permaneceu em silêncio por um tempo.
— Parece que minha tese não estava completamente correta — disse.
— Ah? Como assim? — perguntou o Técnico, embora soubesse muito bem do que George estava falando.
— Minha teoria era que todo Espectro causava sofrimento de uma forma individual. Com base nos meus cálculos e na forma como o Zephyx funciona, não parece possível que um Espectro natural consiga gerar Zephyx diretamente pelo modelo-base. É como o número zero. Ele tecnicamente existe, mas ao mesmo tempo, não — disse George.
O sorriso do Técnico se alargou.
— E você está certo — disse. — Você falou ‘natural’.
— Este não é um Espectro natural.
Agora, George ficou surpreso de novo.
— Este não é um Espectro natural? — perguntou.
— Eu vou te mostrar — disse o Técnico.
Então, o Técnico abriu o cubo.
A porta do cubo se abriu, e Nick saiu.
No entanto, assim que Nick saiu, ele imediatamente olhou para George.
Naturalmente, George também olhou para Nick, e os dois ficaram com expressões surpresas no rosto.
O Técnico olhou para os dois e notou as expressões.
— O quê? Vocês dois se conhecem? — perguntou.
— Nick? — perguntou George.
— Ghosty? — Nick respondeu.