Tudo finalmente fazia sentido!
Todas as coisas que Nick havia aprendido ao longo de sua vida finalmente faziam sentido!
A única coisa que ele precisava ouvir era que havia definitivamente um traidor entre os Escudos.
Sabendo quem era o traidor, Nick só precisava combinar algumas pistas, e tudo finalmente se encaixava.
Embora… talvez nem tudo…
“De onde veio o Sol?”
“Ele deve ter sido criado na era dos Antigos.”
“Infelizmente, não sei o suficiente sobre os Antigos para chegar a uma resposta. Embora possamos ver seu poder por todo o mundo ao observar as ruínas gigantescas de aço, quase não restou escrita ou informação.”
“Os Antigos parecem ter sido os que mais mudaram o planeta, mas também são os que menos conhecemos.”
“Só sabemos que os Antigos também eram os mais poderosos, de certa forma. Tinham o poder de destruir mundos inteiros.”
“Com base nos registros, tinham poder suficiente para destruir pedaços da Terra com mais de mil quilômetros de raio. A Terra pareceria como se alguém tivesse dado uma mordida gigante em uma fruta.”
“Esse tipo de poder é tão absurdo que nem mesmo os Eternos conseguem alcançar algo assim. Se a Guerra se tornasse um Eterno e lançasse um ataque, talvez conseguisse criar uma bola pura de fogo com até cem quilômetros de raio, mas isso ainda é bem menos do que os Antigos conseguiam realizar com sua tecnologia.”
“Para rivalizar com isso, a Guerra teria que atingir um hipotético décimo nível.”
“Como o Sol conseguiu sequer exterminar uma civilização dessas?”
“Os Antigos só precisariam disparar uma dessas armas contra o campo de força que envolve a Terra, e ele se desintegraria… muito provavelmente matando o Sol no processo.”
“É óbvio que o Sol matou os Antigos atacando diretamente seus corpos. Provavelmente liberou uma explosão intensa de radiação que transformou todos os humanos em cinzas.”
“No entanto, os Antigos deveriam ter visto o Sol se aproximando. Uma civilização com armamentos tão avançados deveria ter maquinário perceptivo igualmente impressionante.”
“Um campo de força tão imenso não poderia simplesmente surgir do nada.”
“Os Antigos deveriam ter meios de destruir o campo de força antes que ele envolvesse a Terra.”
“Não consigo encontrar uma resposta para isso.”
“Mesmo sabendo o que o Sol é agora, ainda não tenho todas as respostas.”
“Tem que haver algo mais por trás disso.”
Nick olhou para a Faca, que o observava com as sobrancelhas erguidas.
A Faca acabara de mencionar um traidor, e Nick havia ficado em silêncio por vários segundos.
— Isso é tão surpreendente assim? — perguntou a Faca.
Enquanto isso, o Técnico, que conhecia Nick há muito mais tempo, pôde perceber o que estava acontecendo.
Ele conseguia ver que Nick estava juntando várias pistas em sua cabeça.
“O quanto eles sabem?” pensou Nick enquanto olhava para os dois Escudos. “Eles devem saber mais coisas, mas não querem me contar.”
“As chances são altas de que já saibam tudo sobre o Sol, incluindo o que eu ainda não sei.”
Nick focou no Técnico.
Então, levantou o dedo indicador direito.
— Uma vez estive em uma ruína dos Antigos, e lá, vi isto — disse Nick, enquanto desenhava um círculo cercado por outro círculo. — Acho que agora entendo o que aquilo significa.
O Técnico não respondeu.
— O círculo interno é a Terra, e…
— Sim, sim — interrompeu o Técnico. — É o limite superior que os humanos não podem cruzar sem serem mortos pelo Sol.
O Técnico parecia normal, mas Nick pôde ver um aviso urgente em seus olhos.
Nick não deveria continuar falando sobre isso.
Ficou claro que o Técnico entendeu a mensagem.
Nick havia dito, em essência, que sabia o que o Sol era, mas o Técnico o impediu de dizer isso em voz alta.
Enquanto isso, a Faca se inclinou demais na cadeira e quase caiu para trás ao ouvir as palavras de Nick.
Ela só conseguia olhar para Nick com uma expressão surpresa.
— Caramba, eu sabia que você devia saber algumas coisas, mas o fato de você saber ISSO é insano — disse ela com um tom impressionado.
— Parece que fui um pouco descuidada — disse a Faca com uma risadinha envergonhada antes de olhar para o Técnico.
Depois, deu de ombros. — Oopsie.
O Técnico apenas suspirou.
— Você sabia que existe uma velocidade da informação? — perguntou o Técnico.
— Velocidade da informação? Não — respondeu Nick.
— Imagine que existam duas partículas intrinsecamente conectadas. Quando uma é criada, a outra também é. Quando uma é destruída, a outra também é destruída.
— Agora, se você colocá-las a um segundo-luz de distância uma da outra e destruir uma, quando a outra será destruída? — perguntou o Técnico.
Nick ergueu uma sobrancelha. — Com base nas regras da sua hipótese, seriam destruídas ao mesmo tempo.
— Essa não é uma hipótese sem base na física e lógica reais — disse o Técnico. — Esse é um experimento real que pode ser repetido quantas vezes quiser.
O Técnico levantou um dedo.
— Um segundo — disse ele. — Leva exatamente um segundo para que a outra partícula seja destruída.
Nick olhou para o Técnico com ceticismo. — E como isso faz sentido? Você disse que elas seriam destruídas ao mesmo tempo.
— Sim, mas a informação da destruição não pode se mover mais rápido do que a velocidade da luz — disse o Técnico. — Consegue entender onde quero chegar?
Nick não tinha certeza, então balançou a cabeça.
— Se existe uma velocidade da informação, então a informação é algo real. Informação não é só um conceito ilusório que inventamos. Informação é uma coisa física de verdade.
— Então, se informação é algo real, ela pode ser medida. Não é tão absurdo imaginar que um tipo específico de informação possa acionar um tipo específico de alarme, certo?
— Pense na Enfermeira Alice.
Nick pensou nisso.
Nick tinha quase certeza de que a Enfermeira Alice não era imune à sua habilidade, o que significava que ele a sentiria se ela focasse nele.
Mas, como sua habilidade estava basicamente sempre ativa, isso queria dizer que a Enfermeira Alice não o estava percebendo.
E, ainda assim, se Nick, ou um humano perto dele, dissesse a Sentença, ele tinha certeza de que a Enfermeira Alice notaria.
“É como uma teia de aranha,” Nick percebeu. “A rede está em toda parte, mas a aranha só a sente conscientemente quando alguma presa se debate nela.”
“A Enfermeira Alice tem algum tipo de habilidade que permite escanear o mundo em busca de um gatilho específico, que é a Sentença.”
Nesse momento, Nick estreitou os olhos.
“Então, por que o Sol não poderia fazer o mesmo?”
“Se algo específico for dito sobre o Sol, isso pode ser o gatilho, e nesse caso, ele mataria todos os envolvidos.”
Naquele instante, Nick pensou no Nulo.
“O mesmo com o Nulo.”
“O Nulo provavelmente consegue sentir qualquer um que saiba algo sobre ele.”
Nick se lembrou de que o Nulo o havia deixado viver naquela ocasião.
“Isso significa que o Nulo provavelmente não é inteligente.”
“O Nulo é, na verdade, um Espectro de Força que age por instinto?”
— Está entendendo o que estou tentando dizer? — perguntou o Técnico, tirando Nick de seus pensamentos.
Nick voltou a olhar para o Técnico e assentiu. — É por isso que vocês são tão secretos em relação a isso.
O Técnico assentiu. — Decidi que vale o risco te contar sobre essa questão da informação agora, já que o risco de você mencionar certas coisas pode causar muito mais estrago.
O Técnico suspirou. — Só espero que isso não seja o bastante para acionar o Pesquisador Invejoso ainda.
Os olhos de Nick se arregalaram.
Isso também explicava por que eles não queriam contar a ele o motivo de não quererem contar a ele!
“Parece que essa coisa da velocidade da informação ainda não é conhecimento público. Qualquer pessoa adicional que saiba sobre isso pode acabar acionando o Pesquisador Invejoso.”
“No entanto, acho que o Técnico se esqueceu de algo.”
— Espera aí — disse a Faca, com uma sobrancelha erguida. — Você está preocupado com o Pesquisador Invejoso? Por quê?
O Técnico ergueu uma sobrancelha. — Como assim, por quê? Eu não quero que ele morra por causa do Pesquisador Invejoso.
A Faca ficou ainda mais confusa. — Mas que porra você tá falando? — perguntou, exasperada.
Então, apontou para Nick com irritação.
— Ele é um maldito Espectro, idiota! Como é que ele vai acionar o Pesquisador Invejoso?! — perguntou com irritação.
— Ele… — disse o Técnico, antes de parar.
Então, piscou algumas vezes.
— Huh — murmurou. — Olha só. Eu tinha esquecido completamente disso.
Às vezes, era difícil perceber as coisas mais óbvias quando alguém estava apenas repetindo os mesmos padrões, fazendo a mesma coisa repetidas vezes.
A Faca apenas revirou os olhos.
Nick olhou para o Técnico com uma sobrancelha erguida.
— É, foi mal. Meu erro — disse o Técnico, coçando a nuca de forma constrangida.