Surem mergulhou em pensamentos. Por um lado, todas essas coisas confrontavam muitas de suas crenças, mas, por outro, faziam sentido.
Ainda assim, não era fácil mudar toda uma perspectiva de vida.
— Obrigado por seus ensinamentos, irmão sênior — disse Surem respeitosamente.
— Não se preocupe com isso — respondeu Gravis com um sorriso. — Na maior parte do tempo, só estou falando comigo mesmo. Há mais alguma coisa que eu deva saber sobre a Seita?
— Não há muito o que saber sobre a Seita — respondeu Surem. — Você pode viver onde quiser nas Terras Irrestritas e falar com quem desejar. No entanto, temos um centro para assuntos diversos.
Gravis sentiu seu Sentido Espiritual sendo puxado para outra montanha. Lá, ele viu alguns edifícios enormes feitos de pedra.
— Este é o centro — explicou Surem. — Se alguém dentro ou fora da Seita quiser contratar alguém daqui, pode deixar um aviso lá. Claro, cabe ao indivíduo decidir se quer aceitar ou não.
Gravis assentiu. — Isso é exatamente o que preciso agora — disse ele.
— Cultivo com Armas, certo? — perguntou Surem. — Você disse que queria aprender sobre isso.
Gravis confirmou com a cabeça.
— Na verdade, ainda estou em choque com tudo isso — comentou Surem. — Alguém com seu poder nem sequer conhece os fundamentos do Cultivo com Armas. É tão surreal.
— No entanto, você também explicou que viveu entre bestas por muito tempo, o que torna isso mais compreensível. Cultivo com Armas não existe entre as bestas, já que requer um Espírito e uma Aura de Vontade — continuou Surem.
— Esse é o principal motivo pelo qual não sei nada sobre Cultivo com Armas — explicou Gravis. — Lutei contra bestas por mais de mil anos e nem sequer vi um humano nesse período. Após cerca de 2.000 anos, voltei ao mundo humano, mas não lutei contra ninguém desde então. Apenas me concentrei em aprender mais Leis.
— Falando nisso — disse Surem. — Se não se importa que eu pergunte, quantos anos você tem?
— Cerca de 4.000 anos — respondeu Gravis.
— 4.000 anos!? — exclamou Surem em choque. — Desculpe, não quis desrespeitar, mas 4.000 anos é muito tempo para alcançar o nível de Imortal.
Gravis não se sentiu insultado e apenas deu uma risadinha. — O quê? Você acha que pode alcançar minha Força de Batalha em apenas mil anos? Na verdade, sou um Imortal há cerca de 2.700 anos.
— 2.700 anos e você não subiu de Reino? — perguntou Surem incrédulo. — Como você aguenta isso? Eu me sentiria sufocado na sua situação.
— Compreensível — respondeu Gravis. — Todos os outros já teriam alcançado o próximo Reino, mas eu não me comparo a ninguém. Minha Força de Batalha ainda não é poderosa o suficiente. Preciso de ainda mais.
— Ainda mais!? — gritou Surem. — Por quê!? Derrotar alguém de um ciclo inteiro acima do seu nível é algo que nem mesmo aparece nas lendas. Tenho certeza de que você tem a Força de Batalha mais poderosa para seu Reino em todo o mundo. Por que querer ainda mais?
— Desculpe, mas não posso te contar — disse Gravis. — Tenho meu objetivo, e quero alcançá-lo.
— Ah, entendi — respondeu Surem, um pouco decepcionado. — De qualquer forma, sobre o Cultivo com Armas, eu posso te ensinar.
Gravis coçou o queixo pensativamente. — Claro, por que não? O que você quer em troca? — perguntou ele.
— Ah, nada — respondeu Surem. — Você salvou minha vida, e eu ficaria feliz em ensiná-lo.
Gravis apenas sorriu. — Vamos ver isso mais tarde, mas tudo bem, ficarei feliz em aprender sobre Cultivo com Armas com você.
— Ótimo! — exclamou Surem com um sorriso. — Mas há outra coisa que precisamos conversar antes, se não se importa.
— Oh? — murmurou Gravis, levantando uma sobrancelha.
— Bem — disse Surem, desconfortável, enquanto coçava a nuca com constrangimento. — Meu pai disse que, depois de eu te mostrar a Seita, deveria perguntar se você estaria disposto a falar com os anciões.
— Por quê? — perguntou Gravis.
— Não sei — respondeu Surem, dando de ombros. — Então, você quer ou não? É sua decisão.
Gravis coçou o queixo novamente. — Ah, por que não? Ele é meu Mestre da Seita agora. Se ele tivesse me ordenado, eu me sentiria inclinado a recusar, mas, como ele me deu a escolha, aceito.
— Ótimo! — disse Surem com um sorriso. — Esta é minha casa — continuou ele, apontando para uma casa de madeira com um jardim considerável. — Quando terminar, pode me encontrar aqui. Podemos começar suas lições a qualquer momento.
Gravis assentiu. — Certo. Até mais, Surem.
— Até mais, irmão sênior — respondeu Surem.
Então, Gravis voou lentamente para o centro da Seita. Ele não quis se teletransportar, pois queria absorver melhor a sensação geral do lugar. Era simplesmente incrível observar as pessoas conversando entre si. Até mesmo Imortais falavam com mortais de vez em quando.
Gravis também sentiu um perfume doce no ar. Esse aroma estava presente em toda a Seita devido aos diferentes jardins dos Cultivadores. Muitos cultivadores que viviam livremente gostavam de cuidar de plantas e observá-las crescer. Era um hobby para eles. Além disso, vender plantas caras também podia trazer muito dinheiro sem a necessidade de matar ninguém.
— Ei, você! — alguém gritou, e um Imortal apareceu na frente de Gravis. — É novo por aqui? — perguntou.
O homem tinha cabelo castanho e uma aparência rude, que sugeria que ele era um ferreiro.
— Sou — respondeu Gravis. — Acabei de me juntar.
— Ótimo! — disse o homem com um sorriso maroto.
Então, ele assumiu uma postura de combate e cerrou os punhos.
— Infelizmente, você deu azar! — disse ele, dando socos rápidos no ar. — Você encontrou o poderoso dono destas terras, Jacinto Pinto! Hoje, você…
— Pfffft! — Gravis não conseguiu se conter e caiu na risada. — Jacinto Pinto? — perguntou ele.
Jacinto Pinto parecia acostumado com aquilo e franziu a testa. — Sim, pode rir. Eu não escolhi esse nome! Meu pai veio de uma terra distante, e eles têm nomes estranhos por lá. Aparentemente, Pinto é uma palavra antiga para dragão onde eles vivem, mas minha mãe é daqui e queria me dar um nome normal. Foi assim que acabei com esse nome.
Gravis ainda ria. — Droga, Jacinto Pinto — exclamou ele.
— De qualquer forma — continuou Jacinto Pinto. — Você pagará pelo crime de me desrespeitar!
— Por quê? — perguntou Gravis, ainda sorrindo. — Vai me bater?
— Exatamente! — disse Jacinto Pinto. — Pessoas que não sabem respeitar seus superiores serão castigadas! Depois, tomarei parte do seu dinheiro! Mas você também pode simplesmente pagar diretamente para evitar a surra.
— Espera aí — disse Gravis. — Então você, Jacinto Pinto, vai me bater a menos que eu dê meu dinheiro do lanche?
— Bem, eu não chamaria de dinheiro do lan…
— AHAHAHAHA! — Gravis explodiu em gargalhadas novamente. — Cara, você é um espetáculo. Aqui! — gritou ele, jogando uma Pedra Imortal para Jacinto Pinto. — Considere isso como pagamento por me entreter.
Jacinto Pinto olhou para a Pedra Imortal em choque. — Uma Pedra Imortal!? — exclamou ele. — Você não precisa pagar tanto, sabe. Eu me sentiria mal em aceitar algo assim.
Gravis não ligou e simplesmente passou por Jacinto Pinto. — Não se preocupe. Sua performance valeu o preço.
Jacinto Pinto não sabia como reagir. — Ehm, obrigado, irmão júnior? — disse ele, incerto.
— Sem problemas, cara — respondeu Gravis, continuando a voar em direção ao centro da Seita.
Originalmente, Gravis queria dar um soco no homem e encerrar o assunto, mas, depois que Jacinto Pinto revelou sua arma secreta, seu nome, Gravis ficou impotente. Como poderia bater no pobre Jacinto Pinto? O cara já sofria o suficiente.
A terceira pessoa que Gravis conheceu na Seita Irrestrita já o havia feito rir.
Quanto mais Gravis ficava ali, mais ele gostava da Seita Irrestrita.
Kkkkkkk