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Paragon of Destruction – Capítulo 149

A Véspera da Batalha

“Acredito que estamos bem perto”, disse Stone Heart, observando os seis homens mortos no chão à frente deles.

A maior parte das duas semanas que passaram foi em busca do exército e, mesmo tendo encontrado vários grupos de reconhecimento, não havia muito sinal da força principal.

A região apresentava colinas e florestas densas, e o terreno dificultava muito mais a localização do exército do que eles haviam previsto. Em um ambiente como esse, poderiam ter passado facilmente a uma distância de um quilômetro de seus inimigos sem perceber.

Inicialmente, pensaram que poderiam simplesmente capturar alguns batedores e extrair informações deles, o que não foi possível, já que os batedores lutavam com fervor religioso, preferindo a morte à captura. Quando finalmente capturaram um deles vivo, o homem mordeu sua língua bem antes que pudessem fazê-lo falar.

Depois disso, deixaram até de tentar capturar seus inimigos vivos.

Ainda assim, ainda que os batedores encontrados não falassem, eles sabiam de que estavam se aproximando. Nos últimos dois dias, eles haviam encontrado três grupos de batedores além dos rastros de outros.

Arran passou algum tempo procurando os pertences dos batedores mortos e logo abriu um sorriso em seu rosto.

“Nós os pegamos”, disse ele.

Stone Heart lhe lançou um olhar intrigado. “Por que você diz isso?”

Arran ergueu triunfantemente um pedaço de pão fresco.

Imediatamente, os olhos de Stone Heart ficaram arregalados de emoção. “Então eles estão a menos de um dia de distância! Nós os temos!”

Arran acenou com a cabeça com satisfação para o novato alto. Até agora, todos os batedores que haviam matado levavam apenas suprimentos velhos. Pelo fato de terem mantimentos novos, isso significava que eles haviam acabado de sair do acampamento – provavelmente mais cedo naquela manhã.

“Então, o que faremos agora?” perguntou Stone Heart. “Tentamos seguir os rastros deles de volta ao acampamento?”

“Isso não vai funcionar. Nenhum de nós é bom em rastreamento”, disse Arran, balançando a cabeça. “Dê-me um momento.”

Ele avistou o que parecia ser a árvore mais alta perto deles e subiu nela, a subida não representou um grande desafio para seu corpo naturalmente forte e hábil.

Próximo ao topo da árvore, ele conseguia ver a maior parte da área e logo avistou o que precisava: uma colina alta à distância.

Ele desceu novamente e se virou para Stone Heart. “Siga-me. Tenho um jeito de encontrá-los.”

Na floresta densa, demoraram bem mais de uma hora para chegar à colina, e mais uma hora para chegar ao seu pico. Arran não se importava – ele já sabia que seu inimigo não poderia mais escapar deles.

“E agora?” Stone Heart questionou quando finalmente estavam no topo da colina, camuflados entre os arbustos em seu pico.

Ainda que pudessem ver quilômetros ao redor de sua posição, só era possível ver a espessa copa da floresta ao redor. Não existia qualquer sinal do exército.

“Agora é só esperar”, respondeu Arran. “Eles vão montar um acampamento quando começar a anoitecer e, quando o fizerem, conseguiremos ver a fumaça de suas fogueiras.”

Ele tinha uma confiança razoável de que o plano funcionaria. Uma tropa de milhares de pessoas se movia lentamente e, pelo que ele tinha visto de seus inimigos até agora, acreditava que eles não tinham a disciplina necessária para esconder seus fogos.

O tempo foi de muitas horas e, quando a noite começou a cair, Arran já estava se preocupando. Mesmo com sua previsão, não havia sinal de fumaça em nenhum lugar à distância, mas não demoraria muito para que anoitecesse e o céu ficasse escuro demais.

“Ali!” disse Stone Heart, justamente quando Arran estava pensando que havia cometido um erro. “Veja!”

Arran seguiu o conselho do novato e, com algum esforço, pôde identificar uma fina nuvem de fumaça a cerca de 16 quilômetros da posição deles. Ainda que ele não pudesse ter certeza de que a fumaça vinha do exército, logo apareceu outra pequena nuvem de fumaça, e depois outra.

Eles haviam encontrado o exército.

Stone Heart olhou levemente para Arran. “Acha que devemos dar uma olhada?”

Arran acenou com a cabeça. “Precisamos explorar o terreno e verificar o número deles antes de agirmos. Só existe uma maneira de fazer isso.”

Os dois partiram imediatamente, aproveitando a luz que restou para se aproximar dos inimigos o mais rápido que puderam. Empolgados por terem encontrado seus inimigos, progrediram rapidamente e atravessaram a maior parte do trajeto em menos de uma hora.

Ao se aproximarem do acampamento, foram obrigados a se mover com mais cautela. Haviam guardas nos arredores do acampamento, mas nenhum deles possuía habilidade para se esconder. Ainda assim, a escuridão os ocultava e a Visão das Sombras de Arran revelava os guardas que estavam por perto, de modo que eles conseguiram passar despercebidos.

Finalmente, alcançaram um local em uma encosta coberta de floresta densa de onde se podia ver o acampamento dos inimigos, a apenas alguns metros de distância.

Embora Arran já soubesse que seus inimigos eram milhares, agora que ele podia vê-los de fato, ainda se sentia em choque. O acampamento era repleto de pequenas fogueiras, cada uma cercada por uma dúzia de soldados, e muitos outros soldados andando entre elas.

De repente, Arran passou a duvidar da sua capacidade para enfrentá-los. Mesmo que a sua razão lhe dissesse que os números não fariam diferença, os seus olhos tinham dificuldade em acreditar nisso.

“Há muitos deles”, sussurrou Stone Heart, repetindo os pensamentos de Arran.

“Você já encontrou o líder deles?” Arran perguntou em voz baixa, reprimindo qualquer ansiedade que sentia.

“Não”, respondeu Stone Heart. “Mas olhe, parece que algo estar acontecendo no centro do acampamento.”

Com um olhar, Arran viu que Stone Heart estava certo. No centro do acampamento, sobre um pequeno monte de terra, havia um grupo de soldados empilhando madeira no que parecia ser uma pira.

“Vamos esperar e ver o que acontece”, disse Arran.

Eles aguardaram pacientemente, vendo a maioria dos soldados comendo enquanto os outros continuavam a construir a pira. Depois de terminarem, atearam fogo e, em instantes, o fogo se alastrou por toda a pilha de madeira, queimando dezenas de metros em direção ao céu.

Poucos momentos depois, os soldados deixaram suas fogueiras, aglomerando-se em um grande círculo ao redor do fogo. Era evidente que algo estava prestes a acontecer, embora Arran não tivesse ideia do quê.

Depois de alguns minutos, um homem alto e careca, com pele branca como papel, atravessou a multidão de soldados, que se abriu à medida que ele passava. Finalmente, ele parou bem em frente à fogueira e se virou para encarar os outros.

“É ele!” Stone Heart sibilou. “O mago!”

Arran concordou com a cabeça, e já havia imaginado que esse seria o líder do exército – o chamado “Senhor dos Ossos”.

O homem careca abriu bem os braços e depois falou.

“O Deus do Sangue nos abençoou com força!”

Sua voz profundamente grave soou pelo acampamento como um trovão, e Arran soube que ele deve estar usando algum tipo de magia para amplificá-la.

“O Deus do Sangue tem nos abençoado, mas desperdiçamos sua bênção!”, continuou o mago. “Esta noite, ofereceremos sacrifícios como penitência para pedir que ele conceda sua bênção!”

Arran teve um sentimento de aflição, sabendo o que estava prestes a acontecer.

“Tragam os sacrifícios!”

Surgiu um grupo de soldados, carregando uma dúzia de prisioneiros amarrados e com os olhos vendados. Imediatamente, as mãos de Arran atingiram o ombro de Stone Heart, não permitindo que o novato agisse naquele momento.

“Não podemos deixar que eles façam isso!” disse Stone Heart, cuja voz estava mais alta do que deveria. “Eles vão queimá-los!”

“Não podemos atacar agora”, respondeu Arran. “Se atacarmos, seremos mortos. Agora venha comigo.”

Se atacassem o exército de frente, os soldados dominariam Stone Heart, e o mago estaria livre para atacar Arran. Para vencer, era preciso separar o mago de seus soldados para que Stone Heart ocupasse o líder enquanto Arran massacrava os homens.

Stone Heart permitiu que Arran o guiasse para longe, mesmo que com relutância. À medida que avançavam pela floresta, os gritos soavam ao longe, fazendo com que soubessem que os sacrifícios dos inimigos haviam começado.

Ao se afastarem do acampamento, cerca de 800 metros, Arran parou e se virou para encarar Stone Heart.

“Ouça”, disse ele assim que retirou a armadura de suas bolsas vazias. “Só teremos uma chance, e precisamos agir rapidamente.”

“O que vamos fazer?” Stone Heart perguntou, com uma expressão friamente assassina em seu rosto.

“Pegue isso”, disse Arran, entregando a Stone Heart seu Manto do Crepúsculo. “Há uma colina a cerca de um quilômetro atrás. Preciso que se esconda lá em cima. O mago inimigo vai até lá assim que a batalha começar e, quando isso acontecer, eu quero que você queime o rosto dele. Não se revela até que ele se envolva, não importa o que aconteça”.

Stone Heart franziu a testa. “Como você sabe que ele estará lá?”

“Deixe isso comigo.” Arran não se deu ao trabalho de explicar. Simplesmente não havia tempo livre para detalhar o plano se formando em sua mente.

“Tudo bem”, disse Stone Heart depois de uma breve pausa. Em seguida, olhou para a pilha de armaduras em que Arran havia tirado a bolsa. “O que há com a armadura?”

Arran já esperava essa pergunta. Em geral, os magos evitavam a armadura, dando preferência à velocidade e à mobilidade que seriam mais úteis contra outros magos. No entanto, esta não era uma batalha normal e, caso tudo corresse bem, Arran não estaria enfrentando magos.

“Estou lutando contra um exército”, respondeu Arran. “Eu não quero que um idiota sortudo dispare uma flecha em minha garganta durante a execução daqueles bastardos.”

Era a verdade, mas não era toda a verdade. Sua armadura o ajudava a se proteger, ao mesmo tempo que ocultava sua identidade. Apesar das palavras de Snow Cloud, Arran temia que uma das outras facções pudesse estar envolvida.

“Agora se apresse”, disse ele. “Eu quero atacar quando eles estiverem todos reunidos.”

Stone Heart lhe deu um aceno de cabeça. “Boa sorte”, disse ele, e então partiu rapidamente, com sua imagem alta desaparecendo nas sombras da floresta.

Assim que Arran começou a vestir sua armadura, ele foi tomado por uma determinação fria. Seja qual for o Deus do Sangue que os inimigos queriam agradar, esta noite, nenhum deus poderia salvá-los.

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