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Paragon of Destruction – Capítulo 157

Escondendo as evidências

Snow Cloud suspirou enquanto olhava para os cadáveres. “Eles são membros da facção da Lua Minguante, provavelmente foram enviados para vigiar a área ao redor do acampamento do Sol Nascente. O fato de que eles tenham nos visto e me reconhecido foi apenas má sorte.”

Arran a olhou com um olhar questionador. “Como você sabe que não foram enviados atrás de você?”

“Porque a Lua Minguante não cometeria uma tolice tão grande de mandar fracos como esses atrás de mim”, respondeu ela. Em seguida, apontou para o corpo carbonizado do jovem e continuou: “Esse era Saman Tir, um membro da geração mais jovem da família Tir. Seu pai jamais o enviaria pessoalmente para me desafiar – não sem cinco vezes mais reforços, pelo menos”.

“Um dos primos de Amaya?” perguntou Arran. Ele lembrou que a família Tir era a principal influência da facção da Lua Minguante por trás, sendo que Amaya era um dos descendentes da família.

“Um primo distante”, confirmou Amaya. “Eu imagino que a família Tir não vai gostar disso, e o pai dele menos ainda.”

Arran franziu a testa, incomodado com o fato de estar criando mais um grupo de inimigos poderosos. “Então por que matamos ele?”

“Eles nos levariam para o acampamento da Lua Minguante”, respondeu Snow Cloud. “Se qualquer um de lá estiver envolvido no envenenamento do vovô, ou se suspeitar que eu tenha escolhido a facção do Sol Nascente, eles nos matariam.”

“Mas e quanto a isso?” Arran apontou para os corpos espalhados pela grama. “Se eles descobrirem, eles não virão atrás de nós?”

Snow Cloud sacudiu a cabeça, não demonstrando sinais de preocupação. “Vai levar semanas só para descobrirem que os quatro estão mortos e, assim que descobrirem, vão presumir que a facção do Sol Nascente é a responsável.”

“Tudo bem”, disse Arran, um pouco aliviado. “Então vamos levar os seus pertences, queimar os corpos e partir.”

Quando começaram a recolher os pertences dos noviços, após alguns minutos, Snow Cloud xingou alto. Assim que Arran olhou para ela, reparou que sua expressão ficou ansiosa.

“Temos um problema”, disse ela, mostrando uma coisa que parecia ser um amuleto dourado. “Saman carregava um Amuleto do Sentido da Vida.”

“O que ele faz, exatamente?” perguntou Arran. Com um sentimento de presságio pesando sobre ele, acrescentou: “E em que tipo de problema estamos metidos?”

Snow Cloud hesitou em responder, franzindo as sobrancelhas enquanto pensava. “Esse amuleto forma um par”, disse ela finalmente. “No momento que ele foi morto, aquele que possui seu gêmeo passou a saber sobre ele. E essa pessoa seria seu pai, Ardesh Tir – um dos Anciões do Sexto Vale.”

Por um instante, Arran cerrou os olhos, reclamando baixinho. “Suponho que as coisas piorem?”, ele disse finalmente, suprimindo um suspiro.

Snow Cloud concordou lentamente com a cabeça. “O proprietário do outro amuleto consegue sentir onde está. Em uma grande distância, ele dará apenas uma direção aproximada, mas quanto menor a distância, mais preciso ele se torna.”

“Há uma maneira de bloqueá-lo?”

“Colocá-lo em uma bolsa no vazio vai bloqueá-lo”, disse Snow Cloud. “Mas ele já tem a direção.”

Imediatamente, Arran pegou o amuleto nas mãos da Snow Cloud e o jogou em uma bolsa vazia do homem de queixo quadrado. Rapidamente, adicionou os outros sacos vazios também e, sem qualquer hesitação, começou a enfiar os cadáveres neles.

“Não vamos queimá-los?” Snow Cloud ergueu uma sobrancelha ao ver o que Arran estava fazendo.

“Quanto menos evidências deixarmos, melhor.” Arran franziu a testa. “Quanto tempo vai levar para o Ancião chegar aqui do acampamento da Lua Minguante?”

“Uma semana, no máximo”, disse Snow Cloud. “Ele vai viajar muito mais rápido do que nós.”

“Sem problemas.” Arran mostrou um olhar decisivo. “Se ele tiver apenas a direção aproximada, será praticamente impossível encontrar o local exato. Mesmo que encontre, já estaremos longe.”

“E quanto a isso?” Snow Cloud mirou a bolsa vazia nas mãos de Arran. “Vamos deixá-la aqui?”

“Não”, disse Arran, balançando a cabeça. “Estamos indo para o Império Eidaran, certo? Então vamos deixar lá, em um lugar onde ele não seja encontrado nos próximos séculos.”

“Mas se levarmos isso conosco…” Snow Cloud deu uma olhada desconfortável para a bolsa vazia que continha o terrível perigo.

“Se alguém descobrir que está dentro dela, estamos ferrados”, concordou Arran. “Mas se outras pessoas estiverem revistando nossos sacos vazios, certamente já estaremos mortos. Neste momento, precisamos apagar todos os rastros da luta e sair o mais rápido possível.”

Ele sabia que não era uma opção deixar o saco vazio para trás. Caso o Ancião da Lua Minguante conseguisse encontrá-lo, o homem imediatamente saberia que seu filho não tinha sido morto pelos novatos do Sol Nascente, que certamente levariam todo o saque de volta para o castelo.

Era um risco levar a bolsa, só que Arran não via outra opção. Ele a descartaria no momento em que conseguisse achar um lugar onde ela não fosse facilmente encontrada, mas não antes disso.

Snow Cloud ficou em dúvida, mas após ser convencida por Arran, ela finalmente concordou, ainda que relutante.

Antes de partirem, passaram a maior parte do tempo limpando a cena da luta, tendo o cuidado de remover todos os vestígios que sugerissem que havia ocorrido uma batalha. Assim que terminaram, o lugar parecia como se nunca tivessem passado por ali.

Certamente, um Ancião poderia encontrar algo que eles haviam deixado passar, a não ser que procurasse com cuidado. Como o Ancião que teve seu filho morto só tinha uma direção aproximada para seguir, ele teria que procurar por dezenas, ou até centenas de quilômetros.

Encontrando ou não a cena da batalha, ele levaria semanas procurando. E até lá, Arran esperava, que ele e Snow Cloud estejam a mais de mil quilômetros de distância.

Finalmente, partiram o mais rápido que podiam, enquanto escondiam seus rastros, ansiosos para estarem longe do campo de batalha – com o Ancião vindo em sua direção.

Durante as semanas que se seguiram, viajaram sempre que podiam, não tendo tempo para dormir e, depois disso, somente quando estavam exaustos.

Arran não teve tanta dificuldade quanto Snow Cloud. Ainda que ela seja a maga mais forte, o corpo de Arran é muito mais forte do que o dela e, apesar da falta de sono ainda o deixava exausto, a viagem em si foi fácil, mesmo que passassem a maior parte dos dias e das noites correndo.

Contudo, mesmo que o corpo de Arran tenha se mantido bem, o verdadeiro fardo era mental. A cada passo que dava, parecia que o saco vazio com os cadáveres sobrecarregava seus ombros. Qualquer som que ouvisse o deixava assustado, e não havia um único momento em que ele baixasse a guarda.

Caso o Ancião encontrasse uma maneira de rastreá-los, todos os momentos poderiam ser os últimos, e ele não podia fazer nada a respeito. Pelo menos, ainda não.

Passado quase um mês de viagem miserável, passaram a se deparar com as ruínas abandonadas de cidades e vilarejos. No começo, as ruínas eram raras, mas conforme prosseguiam, as construções quebradas se tornavam cada vez mais comuns.

No entanto, por mais que vissem muitos prédios, a área estava completamente sem habitantes e, durante centenas de quilômetros de viagem, não encontraram uma única pessoa.

Arran soube que isso foi o que restou do Império Eidaran – um cenário sem fim de destroços e ruínas, onde a população foi completamente varrida por tudo o que causou o colapso do império.

Em outro tempo, essa visão o teria perturbado. No entanto, sua mente agora estava concentrada somente no mago poderoso que podia estar seguindo-os. E mais uma vez, ele teve um forte impulso para se livrar do saco vazio com os corpos e o amuleto o mais rápido possível.

Por várias semanas, eles viajaram pelas antigas fronteiras do Império Eidaran, atravessando cidades abandonadas e cada vez maiores, com muitas estradas e fazendas desertas que mostravam que a região já havia sido densamente povoada.

Finalmente, eles chegaram a uma cidade. A vista da cidade deixou Arran sem palavras – ela era muito maior em comparação a todas as outras que ele já havia visto antes e, mesmo no estado em que se encontrava, o deixou admirado.

No entanto, mesmo com toda a sua glória, a quilômetros de distância, Arran conseguia ver que a cidade já estava completamente em ruínas, com grandes partes transformadas em escombros, as muralhas da cidade, antes grandiosas, agora praticamente em colapso, e nenhum sinal das pessoas que a habitavam.

“Vamos dar uma olhada”, disse Snow Cloud. Por sua voz, Arran podia dizer que ela tinha o mesmo sentimento de admiração que ele.

“Tudo bem”, disse ele calmamente, ainda olhando para a cidade. Ao olhar, não pôde deixar de sentir pavor diante da ideia de uma cidade tão majestosa caindo. Seja lá o que tenha acontecido aqui, certamente foi uma catástrofe que ultrapassou qualquer coisa que ele pudesse imaginar.

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