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Paragon of Destruction – Capítulo 176

Luta contra o Dragão (3)

Arran se sentou tranquilamente na beira do penhasco, observando o vale a milhares de metros abaixo dele.

Já se passou quase uma hora e, mesmo que o dragão não tenha se acalmado, ele começou a mostrar sinais de cansaço. Ao mesmo tempo em que ainda se debatia violentamente deixando enormes rachaduras no chão rochoso do vale, os seus movimentos se tornavam cada vez mais lentos e parecia que a energia se esgotava a cada minuto que passava.

Arran esperou pacientemente. Quanto mais energia o dragão gastasse em sua fúria, melhor.

Finalmente, bem mais de uma hora depois de Arran ter alcançado o topo do penhasco, a criatura gigante pareceu ter chegado ao seu limite. Ele soltou um último rugido cruel e depois se deitou lentamente. Possivelmente a fera percebeu que não tinha chance de pegar seus inimigos em seu atual estado de cegueira.

Assim que o dragão se deitou, Arran se levantou. Então, enviou um fluxo fino, mas brilhante, de Essência de Fogo para o ar – um sinal para Snow Cloud.

Esse breve período de silêncio no vale terminou quase que imediatamente.

Segundos depois que Arran enviou o sinal, começaram a soar batidas fracas vindas de baixo, quando a Snow Cloud iniciou uma série de ataques na base do penhasco.

Esses ataques não eram fortes o suficiente para sacudir o penhasco, muito menos danificá-lo, mas foram altos o suficiente para fazer o dragão levantar a cabeça instantaneamente. Um instante depois, ele se ergueu e começou a se aproximar do barulho. A esta altura, seus movimentos já estavam cansados e letárgicos, o que foi observado por Arran com certa satisfação – pois quanto mais fraca fosse a fera, mais fácil seria feri-la.

Assim que o dragão chegou ao pé do penhasco, Arran recuou alguns passos e desembainhou sua espada de metal.

Em três semanas de espera por Snow Cloud e Crassus, ele já tinha cavado rachaduras e fissuras profundas na borda do penhasco, evitando que a borda inteira desmoronasse.

Neste momento, ao golpear a pedra com toda a sua força, as rachaduras se abriram instantaneamente fazendo com que se ouvisse um estrondo nas profundezas da rocha. Ele golpeou várias vezes mais e, conforme o fazia, o barulho aumentava rapidamente.

Quando ele sentiu um leve movimento sob seus pés, ele imediatamente recuou cem passos, e não demorou muito – em um instante, a borda inteira do penhasco começou a se desfazer, e centenas de toneladas de rocha caíram nas profundezas abaixo.

Mesmo que tenha sido exatamente o que Arran planejou e esperou que acontecesse, ele ficou muito admirado com a visão do colapso. Caso houvesse uma cidade na base do penhasco, ele estava certo de que ela seria completamente destruída.

No entanto, o seu alvo era um dragão e não uma cidade e, por maior que fosse a admiração, agora ele se preocupava em saber se o colapso devastador teria causado danos suficientes à imensa criatura.

Ele rapidamente desceu pela lateral do penhasco para ver que dano o ataque devastador havia causado, torcendo ansiosamente para que o dragão não conseguisse se esquivar das muitas toneladas de pedra lançadas sobre ele.

Ao chegar à base do penhasco, ele viu que Snow Cloud já se aproximava dele e, pela expressão animada dela, imediatamente percebeu que o ataque havia sido bem-sucedido.

“Conseguimos!”, disse ela com uma voz animada. “Metade do penhasco caiu bem em cima dele!”

“Vamos dar uma olhada”, respondeu Arran, com um sorriso ansioso no rosto.

Os dois não perderam tempo e se dirigiram ao imenso campo de rochas e escombros que ficava na base do penhasco e, mesmo ao se aproximarem, Arran podia ver que o dragão estava gravemente ferido. A metade de seu corpo estava coberta de pedaços gigantes de entulho, uma das asas parecia estar quebrada e existiam várias feridas abertas no pescoço e na lateral.

Entretanto, mesmo com todos os ferimentos, era evidente que a fera ainda vivia e, quando se aproximaram dela, Arran percebeu que ela estava tentando se libertar das toneladas de rocha que a cobriam.

De imediato, pegou seu arco e disparou várias flechas contra cada um de seus olhos já arruinados. O dragão rugiu de dor, mas o som era muito mais fraco do que antes. Claramente, seus ferimentos eram graves.

Snow Cloud voltou para Arran com um olhar chocado. “Não podemos matá-lo ainda!”, disse ela, com a voz cheia de preocupação. “Ele tem que se recuperar do veneno primeiro!”

Arran balançou a cabeça. “Não tem chance de matá-lo agora”, ele respondeu. “O que precisamos fazer é aumentar os ferimentos, para que leve mais tempo para se recuperar.”

Ele tinha certeza absoluta disso. Ele descobriu há muito tempo que os efeitos da Essência Natural são semelhantes aos da Magia de Sangue e, com tanta Essência Natural quanto o corpo do dragão continha, ele tinha certeza de que a criatura conseguiria se recuperar de qualquer ferimento que não o matasse completamente.

Sua preocupação não era que eles pudessem matar o dragão acidentalmente, mas sim que não conseguissem mantê-lo paralisado por tempo suficiente para matá-lo de fome. Quando os efeitos do veneno passassem, era de se esperar que ele se recuperasse em uma velocidade assustadora, e o único modo de derrotá-lo era feri-lo quando ainda estivesse vulnerável.

No entanto, Snow Cloud não se mostrou convencida. “Tem certeza?”, perguntou ela, duvidando ao olhar para a fera ferida.

“Tenho”, respondeu Arran. “Por mais ruim que isso pareça, precisamos fazer com que fique muito pior para termos uma chance de derrotar essa coisa.”

“Você quer dizer…” Os olhos de Snow Cloud se arregalaram.

Arran assentiu com a cabeça. “Ataque com tudo o que você tem, agora mesmo.”

Sem esperar pela resposta de Snow Cloud. Ele imediatamente começou a reunir Essência e, então, lançou a Lâmina de Vento o mais forte possível em uma das feridas abertas no lado do dragão.

Novamente, a criatura rugiu de dor e fúria, e Arran não hesitou em lançar outro ataque, e mesmo com esse ataque, ele lançou outro. Neste momento, a criatura se encontrava em seu estado mais vulnerável, e era uma oportunidade que eles não podiam desperdiçar.

Um instante depois do ataque de Arran, Snow Cloud se juntou a ele. A princípio, os seus ataques foram relutantes, mas quando viu que os ataques não tinham efeito sobre o dragão ferido, rapidamente parou de se conter.

Na maior parte do tempo, os dois atacaram com todas as suas forças, atacando o dragão gigante com uma enxurrada de magia, com cada ataque direcionado às feridas graves que já cobriam seu corpo.

Ainda assim, a criatura conseguiu, de alguma forma, tirar seu enorme corpo de debaixo dos escombros, se afastando do penhasco enquanto rugia e gritava de angústia. Apesar de seu corpo despedaçado não estar nem perto de ser rápido o bastante para representar uma ameaça para Arran e Snow Cloud, ainda assim eles se viram recuando constantemente, mantendo uma boa distância de cem passos entre eles e o dragão.

Quando estavam a cerca de quatrocentos passos do penhasco, o dragão desistiu do plano de perseguir os atacantes. Em vez disso, se deitou e cobriu o corpo ferido com as asas quebradas o melhor que pôde.

No entanto, mesmo com os ataques implacáveis de Arran e Snow Cloud, as feridas da criatura só estavam piorando. Ainda que sua pele fosse quase impermeável à magia, sua carne era quase tão forte e, não importava o quanto eles se esforçassem, os ataques deles não causavam danos ao dragão.

Depois de uma hora, Arran e Snow Cloud ficaram praticamente sem Essência. A essa altura, os ataques deles haviam diminuído significativamente, sendo que eles precisavam ficar se recuperando durante vários minutos após cada ataque que lançavam.

O dragão, por sua vez, deixou de responder aos ataques constantes. De vez em quando, ele soltava rugidos profundos de dor, mas, fora isso, era como se eles estivessem atacando uma colina gigante – só que a fera era muito mais difícil de danificar do que rocha ou aço.

“São criaturas resistentes”, disse Crassus. O homem observava silenciosamente o ataque, com um leve sorriso nos lábios enquanto observava.

“Parece que sim”, respondeu Arran com um aceno curto de cabeça. Depois, ele se voltou para Snow Cloud. “Descanse um pouco, e eu continuarei atacando.” Ele franziu a testa brevemente, depois acrescentou: “E se puder, prepare um pouco de veneno também – de todos os tipos que puder”.

Parecia que ela estava prestes a dizer algo, mas então acenou com a cabeça para ele. “Eu assumo o comando depois que tiver algumas horas de sono”, disse ela, com a exaustão clara em seu rosto.

Quando ela se dirigiu para a borda do vale, Arran puxou seu arco mais uma vez. Essa luta estava longe de terminar e, se quisessem prevalecer, precisam passar as próximas semanas se revezando para atacar o dragão, sem permitir que ele descansasse nem por um momento.

Em seguida, ele respirou fundo e atirou uma flecha profundamente em uma das feridas abertas da fera colossal. A noite seria longa, ele sabia.

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