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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 164

Oráculo Gurgar (1)
— Phew, este lugar é mais alto do que imaginei. O que levaria alguém a construir um túmulo em um local tão inacessível, dificultando tanto a manutenção? Vocês estão bem? — perguntou Khubaru.

— Estamos bem, senhor.

— Isso não é nada, senhor.

— Sinto muito por fazê-los passar por esse incômodo. Mas são as últimas palavras do meu falecido professor, então espero que entendam.

— Oh, não precisa se desculpar, senhor! Não nos importamos com isso!

— É verdade! Além disso, Lorde Gurgar também se preocupava muito conosco. É uma honra pensar que estamos retribuindo essa dívida dessa maneira.

— Eu também penso assim, senhor.

— Haha… Obrigado por dizerem isso. Falo sério — disse Khubaru.

Khubaru assentiu com um sorriso gentil para os trabalhadores orcs. Seis orcs, incluindo ele, estavam subindo a pequena montanha fora da fortaleza para visitar o túmulo de seu falecido professor, Gurgar. Ele não precisaria de tantas pessoas com ele se fosse apenas uma visita, mas tinha outra tarefa. Ele precisava realizar o ‘ritual de veneração’, uma cerimônia tradicional para honrar os ancestrais nas tribos antigas. Contudo, ele não estava fazendo isso por vontade própria, já que nem sabia que esse ritual existia. Ainda assim, levou todos os itens necessários, uma mesa, alimentos e outros objetos, com a ajuda dos outros orcs… tudo por causa das últimas palavras de seu professor.

— Céus, por que ele teve que transformar suas últimas palavras em um enigma? — resmungou Khubaru enquanto ele e os trabalhadores subiam a montanha.

Logo chegaram ao topo, descansaram um pouco e começaram a preparar o ritual.

— Ah, não. O senhor deveria sentar e descansar!

— Nós cuidamos disso, Lorde Khubaru!

— Não posso deixar que façam tudo no ritual do meu próprio professor. Além disso, estou acostumado com esse tipo de trabalho por causa da minha longa vida nômade. Não se preocupem.

— Mas…

— Está tudo bem — disse Khubaru.

Khubaru começou a preparar o ritual, apesar das tentativas dos orcs de impedi-lo. Fazer algo a que não estava habituado era estranho e incômodo, mas ele não conseguia entender completamente o significado. Achava que não fazia sentido um ritual para os mortos.

“Além disso, não sei como esse ritual poderia ajudá-lo.”

Com o tempo, seus pensamentos mudaram. Ele percebeu que esses rituais eram para os vivos, não para os mortos.

— Eu deveria ter vindo antes… — disse Khubaru com arrependimento, enquanto os trabalhadores fingiam não ouvir. Com a ajuda deles, terminou os preparativos do ritual a tempo. Logo, o ritual para Gurgar começou.

Khubaru acendeu o incenso com o espírito do fogo, despejou o licor na tigela preparada três vezes, fez duas reverências sozinho e mais duas com os outros orcs. O restante do ritual ocorreu sem problemas, e Khubaru suspirou quando tudo terminou. Seus olhos estavam marejados.

— Bom trabalho, pessoal. Vamos nos sentar e comer — disse Khubaru.

— Sim.

— Sim, senhor.

Os seis orcs se sentaram diante da comida do ritual e pegaram os utensílios. Havia muitos tipos de comida, mas nenhuma era de alta qualidade. Esse era o gosto de Gurgar. Ele era o melhor vidente de Durcali, mas levava uma vida frugal.

— Por que ele não podia gostar de uma comida boa? Não tem quase nada para comer aqui — murmurou Khubaru.

— Hahaha!

Os trabalhadores riram da piada, mas o clima continuou pesado enquanto comiam. Havia algo mais ali: licor. Felizmente, Khubaru escolheu um bom. Seu professor era descuidado com tudo, exceto bebidas, como a maioria dos orcs.

“Mas isso não significa que este licor seja caro…”

Khubaru olhou para o copo de licor e depois balançou a cabeça. Por mais que encarasse, não via seu professor ali, apenas seu reflexo abatido. Ele sorriu amargamente, esvaziou o copo, suspirou e olhou para o lado. Então, ficou chocado. Gurgar, parecendo vinte anos mais jovem do que Khubaru se lembrava, estava ali sorrindo para ele.

— O q-quê?! — gritou Khubaru.

— Haha, não fique tão assustado, meu garoto. Vai acabar como eu.

— Que diabos é isso…?!

Khubaru não foi o único a reagir assim. Os outros cinco orcs estavam igualmente chocados ao olhar para Gurgar. Ou, melhor, algo que parecia Gurgar. Ele parecia translúcido, como se não existisse neste mundo, o que fez todos pensarem em uma coisa.

“Um espírito?” pensou Khubaru.

— Sim, sou um espírito. É bom estar de volta ao mundo mortal por um tempo. Meu garoto, me sirva um pouco de licor.

— Ah…

Khubaru rapidamente serviu licor em um copo com um olhar atônito, e Gurgar bebeu. Muitos objetos atravessavam Gurgar como se ele quisesse provar que era um espírito, mas ele pegou o copo. Depois de esvaziá-lo, perguntou ao aprendiz.

— Você trouxe mais, certo?

— Tenho pelo menos mais dez garrafas…

— Isso não é suficiente.

— N-Nós conseguiremos mais, senhor!

Os trabalhadores se levantaram apressadamente, e Gurgar disse com uma risada.

— Sim, e enquanto estiverem lá… tragam aqueles amigos humanos com vocês.


Airen e seus amigos subiram rapidamente a montanha junto com Gunt. Airen quase quis correr, tão curioso estava. Felizmente, a montanha não era tão alta, e logo chegaram ao túmulo de Gurgar.

E testemunharam o professor e o aprendiz desfrutando de licor.

— Ah, vocês chegaram! Hmm? Tem mais gente aqui do que pedimos — disse Khubaru.

— Parece que sim. Gunt, por que está aqui? — perguntou Gurgar.

Gunt não sabia o que dizer a Khubaru e Gurgar, que falavam com ele de forma tão casual. Gurgar não estava vivo, mas também era difícil dizer que estava morto. Era compreensível por que o mensageiro não conseguia explicar bem. Gunt ficou sério. Não estava feliz com o retorno de Khubaru, e agora o professor dele estava ‘ressuscitado’? Isso lhe causava uma dor de cabeça. Foi então que Gurgar riu, como se tivesse lido a mente de Gunt.

— Ei, Gunt.

— Sim… Lorde Gurgar.

— Não ficarei aqui por muito tempo. Mesmo que quisesse, não posso.

— Vou apenas conversar com meu garoto aqui, beber um pouco de licor, agradecer às pessoas que lhe deram coragem para voltar e fazer algumas adivinhações para eles, como forma de retribuir a dívida… E quando terminar, voltarei, então não fique com essa cara de poucos amigos.

— E o mesmo vale para todos vocês. Faz tempo que os vejo. Por que essas caras tão sérias?

Os olhos de Gurgar se voltaram para trás de Gunt e Airen. O Mestre Halifa, a figura política mais poderosa de Durcali, subia a montanha. E ele não estava sozinho. No outro lado do caminho, apareciam o Grande Elementalista Gorha e seus homens, que apoiaram Khubaru dezessete anos atrás. Ele não era tão poderoso quanto Halifa, mas ainda tinha uma grande influência. A presença de todas essas pessoas tornava o ambiente tenso.

“Todos são impressionantes…”

Airen ficou nervoso ao observar os orcs. Halifa era conhecido como o guerreiro ao lado de Karakhum e tinha uma aura poderosa. Seu corpo robusto, que parecia impenetrável, deixava Airen apreensivo. Gorha também era impressionante. Elementalistas não eram tão respeitados no mundo humano, mas Airen sentia que Gorha era mais forte que a maioria dos mestres espadachins.

“Eu não esperava ver o professor de Khubaru em uma situação dessas…”

Na verdade, Airen nunca pensou que encontraria o professor de Khubaru. Mesmo sabendo que o orc era o melhor vidente com grandes poderes, jamais imaginou que acabaria diante de um orc morto dessa maneira. Por outro lado, ele pensou que, se Gurgar possuía poderes tão misteriosos, talvez pudesse interpretar o sonho de Airen. Talvez o vidente pudesse lhe contar algo sobre o homem no sonho e suas intenções.

Mas isso era apenas a esperança de Airen, e nada estava garantido. O mais importante naquele momento era descobrir como pedir ajuda a Gurgar em uma situação tão tensa. Esse problema, no entanto, foi resolvido com facilidade. Gurgar se levantou, moveu-se para o centro, olhou para cada orc e murmurou em direção ao céu.

— Vivi numa prisão minha vida inteira.

— Quando jovem, fui limitado pelos padrões das pessoas. Depois, pelas leis tribais, quando fiquei mais velho. Achei que me tornar um vidente me libertaria, mas não foi o que aconteceu. A política me prendeu, e eu perdi meu único aprendiz, que passou a viver uma vida solitária. Então eu morri.

Era apenas um desabafo. Um espírito se manifestar para reclamar da vida era algo inusitado de se ver, mas era exatamente o que estava acontecendo. Gurgar dizia o que tinha em mente durante toda a sua vida, e as expressões severas de Halifa e Gorha suavizaram um pouco. Eles não conseguiam mais encará-lo diretamente e pareciam tristes, enquanto Gurgar os observava por um longo tempo. Então, o orc pediu que se retirassem.

— Espero que todos os visitantes indesejados nos deixem agora.

— Sei que é contra as leis de Durcali realizar adivinhações para aqueles que não são parte de nós. Mas eu sou um homem morto. Não me prendam mais às leis dos mortais.

— Garanto que o que acontecer hoje não trará danos à nossa tribo. Na verdade, trará grande fortuna a Durcali e a todo o mundo orc. Então, deixem de lado suas preocupações e me deem uma folga agora.

Gurgar acenou com a mão de forma displicente, e uma pequena tenda apareceu. Ele entrou nela enquanto falava.

— Jovem.

— Sim, senhor…? — Brett respondeu.

— Sim, homem de cabelos azuis. Entre.

Havia algo estranho nas palavras de Gurgar, uma força que fez Brett segui-lo para dentro da tenda. Era apenas uma tenda fina, mas nada podia ser sentido de fora, como se o mundo tivesse sido cortado ali dentro. Halifa suspirou.

— Estamos indo embora.

— Nós… também devemos partir.

Gorha fez o mesmo. As duas facções deixaram o local como se tivessem combinado. Assim, Khubaru, Brett, Judith e Illia também se afastaram.

— Fico imaginando sobre o que estão conversando lá dentro.

— Sim.

Os três jovens olhavam curiosos para a tenda enquanto Khubaru sorria para eles.


Enquanto isso, Gurgar falava com um olhar sério para Brett.

— Vou lhe dizer algo muito importante.

— O que seria, senhor…?

Brett perguntou com uma expressão nervosa. Normalmente, ele não confiava em adivinhações, mas sua opinião havia mudado. Isso era compreensível, já que ele não era tão inflexível a ponto de desprezar um vidente misterioso que havia retornado dos mortos.

Eu tinha essa teimosia quando era mais jovem…

Mas não agora. Ele aguardava o que Gurgar tinha a dizer.

— É sobre o seu relacionamento amoroso.

Brett pensou por um momento e assentiu.

— Isso realmente é muito importante, senhor.

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