“Irmãozão, eu sabia que você era incrível, mas não sabia que era tão incrível,” William elogiou seu Irmão Mais Velho, o que fez o outro afagar sua cabeça com carinho.
“Pensei que você fosse manter um perfil baixo depois que chegasse à capital, mas parece que você não é alguém que aceita ser mandado,” Matthew respondeu com um sorriso.
“Haha, eu só queria manter a Mamãe Ella comigo o tempo todo. Não pensei direito e acabei me destacando por acidente.”
“Uh-huh, já enviei uma carta pro vovô contando que nós dois viramos Monitor-Chefe. Tenho certeza de que ele vai dar gargalhadas quando ler. Ele com certeza não vai ficar quieto sobre isso e vai sair se gabando pros amigos e conhecidos.”
“Eita.” William já podia imaginar a expressão convencida de seu avô enquanto contava aos amigos que seus dois netos eram os figurões da Academia Real de Hellan.
Est e Isaac apenas escutavam da lateral, mas ficaram surpresos ao descobrir que aquela pessoa era parente de William. Além disso, Matthew era um veterano e também Monitor-Chefe na Academia Real. Est fez uma nota mental para reunir informações sobre o “Irmão Mais Velho” de William assim que voltasse ao dormitório.
“Ah, Irmãzona Leah, você ficou ainda mais linda desde a última vez que te vi,” William elogiou sua Irmã Mais Velha. Em seguida, lançou um olhar significativo ao seu Irmão Mais Velho e deu um sorriso maroto. “Irmãozão, se você não ficar de olho nela, várias abelhas vão ser atraídas por ela.”
“Não se preocupe, mesmo que venham em enxames, eu só vou queimar todos até virar pó,” Matthew respondeu com confiança.
Nos anos em que os dois estudaram na academia, vários alunos, de diferentes séries, sempre confessavam seus sentimentos para Leah. Esse foi outro motivo pelo qual Matthew se esforçou tanto para se tornar Monitor-Chefe — para poder proteger sua noiva desses insetos incômodos.
Sim. Leah se tornou sua noiva depois que seu pai, Sebas, e o Vovô James ajudaram no processo de arranjar o casamento. Os dois iriam se casar ao final do Quarto Ano na Academia Real, assim que retornassem para Lont.
Se não fosse pelo fato de que os dois estavam realmente apaixonados, Sebas talvez tivesse convencido sua filha do contrário.
“Seu jeito com as palavras melhorou muito com os anos, Pequeno Will,” Leah brincou. “Tem muita gente no nosso Departamento que está interessada em você. Quer que eu seja casamenteira? Sua Irmãzona conhece muitas moças bonitas.”
“Você não pode!” Est não conseguiu evitar e protestou alto. Quando percebeu o que tinha feito, seu rosto imediatamente ficou vermelho de vergonha.
William ficou surpreso com a reação repentina de Est, mas apenas sorriu e piscou para sua Irmã Mais Velha Leah.
“Irmãzona, eu não estou com pressa de arrumar uma namorada agora,” William respondeu. “Eu vim pra Academia Real pra aprender coisas, não pra entrar num relacionamento amoroso com ninguém.”
“Oh?” Leah ergueu uma sobrancelha. “Bem, se mudar de ideia, você sabe onde me encontrar.”
“Irmãzona, se possível, me apresenta a elas numa outra hora.”
“Eu achei que você não veio pra formar relacionamentos amorosos com ninguém?”
“Formar um relacionamento amoroso e formar conexões são duas coisas diferentes,” argumentou William. “É melhor conhecer muita gente pra saber com quem falar caso precise pedir um favor.”
“Tudo bem.” Leah assentiu, compreendendo. “Vou te apresentar a elas quando você não estiver tão ocupado com suas obrigações.”
“Obrigado, Irmãzona, você é a melhor.” William a abraçou levemente, e ela retribuiu o gesto.
Kenneth voltou com alguns lanches e bebidas e os serviu na mesa. Após se tornar Monitor-Chefe do Primeiro Ano, William recebeu um quarto maior que condizia com sua posição. Naturalmente, pediu aos instrutores que deixassem Kenneth continuar sendo seu colega de quarto, então os dois ainda viviam juntos.
William e seus convidados comeram os lanches enquanto conversavam aleatoriamente. Meia hora depois, Matthew se levantou do assento e se despediu.
“Não podemos ficar aqui por muito tempo porque ainda tenho deveres me esperando lá na Divisão do Quarto Ano.” Matthew deu um tapinha no ombro de William. “Mas, se tiver dúvidas sobre como ser Monitor-Chefe, não hesite em me procurar. Vou avisar os guardas para deixarem você entrar nas dependências.”
“Obrigado, Irmãozão,” William respondeu. “Quando eu encontrar dificuldades, vou imediatamente procurar você e pedir ajuda.”
“… Só não vá causar encrenca.”
“Claro que não. Eu sou um bom menino.”
William e Matthew trocaram um olhar cúmplice antes de o segundo acenar com a cabeça e sair do quarto junto com Leah.
Assim que eles saíram, Est finalmente conseguiu soltar um suspiro de alívio. Ele era bastante sensível quanto a pessoas observando-o de perto. Por causa disso, não conseguiu contar a William o verdadeiro motivo de sua visita.
Agora que a “terceira e quarta rodas” tinham ido embora, Est finalmente decidiu ir direto ao ponto.
“William, eu vim aqui te pedir um favor,” Est declarou.
“É sobre o Ian?” William bufou. “Tá bom. Vou deixar ele entrar, mas só quando estiver com você. Não quero que ele venha visitar a Divisão Marcial só pra me incomodar.”
“Obrigado.” Est riu. “Mas esse não é o verdadeiro motivo da minha visita.”
“Não é?”
“Não. Eu vim aqui propor uma colaboração.”
“Uma colaboração?” William inclinou a cabeça, confuso. “O que você tem em mente?”
“É o seguinte,” Est começou sua explicação.
Est contou a William que haveria avaliações mensais e trimestrais para cada Monitor-Chefe e que eles seriam obrigados a visitar uma masmorra ou um domínio uma vez por mês. Para as masmorras, ter um grupo de cinco a seis pessoas era o ideal.
Est pediu para William fazer parte permanente de sua equipe e que não se juntasse aos outros grupos que mais tarde o procurariam com propostas.
William entendeu o essencial da proposta de Est e prontamente concordou. Ele já havia lutado lado a lado com Est e os gêmeos no passado. Em sua avaliação, os três eram indivíduos muito capazes, e formar um grupo com eles traria muitos benefícios.
Ele então olhou para o garoto de aparência delicada que estava sentado ao seu lado e pediu sua opinião.
“E você, Kenneth?” William perguntou. “Quer se juntar ao nosso time também?”
“Posso?” Kenneth respondeu. Para ele, contanto que estivesse junto com William para observá-lo, não se importava de acompanhá-los nas explorações de masmorras e domínios.
“Claro que pode.” William bateu no próprio peito. “Com isso, já somos cinco. Mas… estou meio desanimado.”
“Desanimado?” Est perguntou. “Por quê?”
William suspirou. “Um grupo formado só por garotos. Vamos formar uma boy band? Que tal chamarmos uma garota pro grupo pra termos uma musa?”
Embora as três crianças não entendessem o termo “boy band”, perceberam que o que William disse fazia sentido. Est e Isaac ficaram com sentimentos mistos sobre essa declaração.
Eles queriam dizer algo, mas no fim, apenas suspiraram internamente.
“Que tal convidar a Priscilla pra se juntar a nós?” Kenneth sugeriu. “Com as habilidades dela, a força do nosso grupo vai melhorar bastante.”
“Priscilla…” William cruzou os braços enquanto considerava a proposta de seu colega de quarto. Em termos de habilidade de combate, Priscilla era uma boa escolha. No entanto, William não tinha certeza se adicioná-la ao grupo seria uma boa ideia.
“Deixa eu pensar um pouco,” William disse após refletir. Em seguida, olhou para sua confiável Mamãe Ella.
“Meeeeeeeh.”
“Ela é boa, mas não é leal?”
“Meeeeeh.”
“E quanto ao caráter dela?”
“Meeeeeh.”
“Mais ou menos?”
“Meeeeeeeeh.”
“Entendi. Vamos observar ela por enquanto.”
Ella assentiu com a cabeça. Segundo sua visão, Priscilla era uma pessoa neutra. Poderia tanto se tornar uma boa amiga quanto uma inimiga. Embora não tenha dito diretamente que Priscilla se tornaria inimiga de seu bebê, havia uma chance de cinquenta por cento de isso acontecer.
Ella não arriscaria permitir que Priscilla entrasse no grupo sem antes observar cuidadosamente seu comportamento. Somente quando tivesse certeza de que ela não representava ameaça alguma ao seu bebê, então — e somente então — daria a William o sinal verde para aceitá-la no grupo.
Ao ver a resposta positiva de William ao convite, Est sentiu que a vitória estava garantida. Com um Pastor tão poderoso ao seu lado, conseguir uma nota de aprovação já estava praticamente certo.
“A primeira exploração de masmorra vai acontecer no fim do mês,” Est informou. “Como somos apenas do Primeiro Ano, só temos três masmorras disponíveis. A Fortaleza dos Orcs, o Bastião dos Cães e a Cripta dos Goblins. Eu vou vir te procurar assim que conseguir mais informações sobre as masmorras. Até lá, vamos mantendo contato.”
William não ouviu tudo o que Est disse. Sua mente congelou assim que escutou o nome da masmorra “Cripta dos Goblins”.
Ella, que estava deitada ao lado de William, arregalou os olhos. Em seguida, olhou para seu bebê e viu que William também a encarava. Ambos estavam pensando na mesma coisa, principalmente porque já haviam entrado na Cripta dos Goblins através do Anel da Conquista.
‘Isso precisa ser investigado mais a fundo,’ William pensou enquanto inconscientemente acariciava o anel em seu dedo. ‘Será que essa Cripta dos Goblins é a mesma Cripta dos Goblins que venho visitando nos últimos treze anos da minha vida?’