“Bom dia, Professor.”
“Bom dia.”
“Bom dia, Professor!”
“Bom dia pra vocês também.”
Um jovem bonito, que parecia estar na casa dos vinte anos, cumprimentou as duas alunas que o encaravam com expressões coradas.
“Hoje é o primeiro dia de aula,” disse o professor charmoso com um sorriso. “Se não se apressarem, vocês duas vão se atrasar. Esse não é um bom hábito para garotas bonitas e talentosas como vocês.”
Embora tenha dito isso de forma séria, o sorriso em seu rosto fez o coração das duas garotas bater descontroladamente dentro do peito.
Ao ver a reação delas, o professor suspirou e tirou quatro balas do bolso. “Não tem jeito. Peguem isso e sigam em frente.”
As duas garotas riram baixinho e aceitaram o presente do professor. Em seguida, seguiram seu caminho, lançando olhares furtivos na direção dele.
“O Professor Carter é um sonho. Será que ele tem namorada?”
“Ele não tem namorada. Já perguntei por aí, essa informação está confirmada.”
“Bonito, talentoso, e o professor mais jovem da Academia Real,” suspirou a garota bonita de cabelo castanho na altura dos ombros. “Há boatos de que o próprio rei está planejando promovê-lo a um alto cargo oficial.”
“Na verdade, esse boato é verdadeiro,” respondeu a melhor amiga dela, olhando ao redor. “De acordo com uma fonte confiável, o Professor Carter só precisa completar um ano de ensino na Academia Real antes de ser nomeado assistente do Primeiro-Ministro.”
“Sério? Se for verdade, é melhor eu me esforçar pra valer e chamar a atenção dele.”
“Boa sorte, mas… nós duas vamos ser rivais. Vai com calma comigo, tá?”
“Por que a gente não divide ele entre nós duas?” propôs a garota de cabelo castanho. “Assim, ele não poderá trair nenhuma de nós, mesmo que outras garotas tentem conquistá-lo.”
“Boa ideia,” respondeu a amiga. “Ai meu Deus! Essa bala é deliciosa. Será que dá pra descobrir como ela foi feita?”
“Verdade,” concordou a garota de cabelo castanho. “Provavelmente é uma bala bem cara que nem é vendida na capital. Talvez a gente consiga mais depois da aula. O que acha?”
“Gosto da ideia!”
“Lembra que você não pode sair na frente.”
“Fechado!”
Carter estava a caminho do refeitório quando uma centelha de poder percorreu seu corpo. Um sorriso surgiu em seu rosto, pois isso significava que as duas garotas haviam comido as balas que ele lhes deu.
Agora, a magia de sugestão que ele havia infundido nelas já tinha plantado uma semente no subconsciente das meninas. À medida que comiam mais balas, iriam gradualmente cair em suas mãos e se tornariam escravas dispostas a ajudá-lo a capturar as garotas mais belas e talentosas da Academia Real de Hellan.
Além das duas garotas de antes, ele já havia entregue suas balas para mais quatro. Ele não estava com pressa para corromper todas elas, já que o ano letivo estava apenas começando. Planejava fazer isso com calma, “treinando” cada uma. Queria moldar seus corpos e mentes para se tornarem as escravas perfeitas que ele usaria para virar a Academia Real de cabeça para baixo.
William e Kenneth haviam chegado ao refeitório depois de tomarem banho no dormitório. Os outros alunos que tinham seguido William no treinamento estavam, surpreendentemente, sentados na mesma mesa que eles.
Priscilla estava sentada à frente de William e Kenneth, comendo seu sanduíche em paz. Como era a Vice-Monitora dos alunos do Primeiro Ano, era natural que fosse vista junto com William.
No entanto, o pastor não entendia por que, além dela, Spencer, Drake e o garoto chamado Conrad — junto com seus capangas — também estavam sentados à mesma mesa. Assim como Priscilla, Spencer e Drake estavam à frente de William, enquanto Conrad se sentava ao seu lado.
William não disse nada, pois embora fosse estranho, todos estavam no mesmo ano. Já que não podia reservar a mesa inteira só pra si, ter rostos familiares ao redor era o melhor que podia fazer.
“Monitor-Chefe. Você disse que dentro de um mês vai escolher o novo grupo de oficiais, certo?” perguntou Drake.
“Sim,” respondeu William com um sorriso. “Está interessado?”
“Muito interessado.”
“Então vai ter que dar o seu melhor. Só vou escolher pessoas capazes,” declarou William. “No entanto, do jeito que você está agora, não se qualificaria pra nenhuma posição que tenho em mente.”
“Por quê?” Drake perguntou. “Tenho confiança na minha força.”
Os outros alunos que estavam no refeitório pararam para prestar atenção na conversa. Antes, o salão estava barulhento, mas agora, só se ouvia o som dos talheres sendo usados.
“Força sozinha não vence batalhas,” William respondeu. “Eu já falei isso no meu discurso quando me tornei Monitor-Chefe. Além disso, batalhas individuais vão ser raras daqui pra frente. Se quiser um cargo, precisa aprender a cooperar em batalhas em grupo.”
Matthew já havia dado a William algumas orientações sobre como ser um bom Monitor-Chefe. Como alguém que ocupou esse cargo por quatro anos consecutivos, Matthew sabia muito bem o quão difícil era manter essa posição.
Por isso, ele não escondeu nada e disse a William exatamente o que precisava fazer para ter sucesso.
“Você está falando das Batalhas Interdivisões?” perguntou Spencer.
“Sim e não,” respondeu William enquanto tomava seu suco de frutas. “Além da batalha contra as outras divisões, também somos obrigados a completar missões da academia. Embora seja possível fazer essas missões sozinho, será mais rápido se você fizer com um grupo. Pense nisso como uma forma de treinamento.”
“Mas formar equipes é coisa de gente fraca…,” murmurou Drake. “Quero ser como o Santo da Espada, que protege as fronteiras do Reino de Hellan. Só com ele, os exércitos dos outros quatro reinos não se atrevem a invadir nosso território. Eu quero ter esse tipo de poder.”
William deu um tapinha no ombro de Drake e desejou boa sorte.
Ele não era contra a ideia de trilhar o caminho solitário até o Topo do Reino Mortal. Na verdade, esse era o caminho que William havia decidido seguir inicialmente, quando nasceu nesse mundo.
No entanto, ele não estava destinado a trilhar esse caminho solitário. Nessa vida, ele tinha sua Mamãe Ella e outras treze cabras dispostas a lutar ao seu lado. Com uma família tão amorosa o apoiando, como ele poderia abandoná-los e seguir sozinho?
“Monitor-Chefe, você quer formar uma equipe conosco para a próxima Exploração da Masmorra?” perguntou Conrad.
“Ah, sobre isso, quero que você, a Priscilla, o Spencer e o Drake formem suas próprias equipes,” respondeu William. “Estou procurando generais qualificados que me ajudem a comandar toda a nossa Divisão durante as batalhas que enfrentaremos no futuro.”
Os alunos que ouviram as palavras de William assentiram em compreensão. As explorações de Domínios e Masmorras eram uma parte fundamental do ensino da academia. Além de missões que exigiam que os estudantes viajassem para fora da academia, as explorações ajudavam a aprimorar suas habilidades de combate.
“Podemos recrutar alunos de outras divisões?” perguntou Priscilla após terminar seu sanduíche. “Ou devemos nos restringir apenas aos alunos da Divisão da Classe Marcial?”
“Fiquem à vontade para recrutar alunos das outras divisões,” respondeu William. “O ideal é formar uma equipe permanente com pessoas em quem vocês confiem. Embora todas as divisões sejam nossas rivais, isso não significa que sejam nossos inimigos.”
Todos os alunos eram obrigados a realizar missões duas vezes por mês. Ao fazer isso, podiam ganhar “Pontos da Academia” que podiam ser trocados por itens especiais na Loja de Trocas da Academia.
Quando os alunos acumulassem Pontos suficientes, poderiam comprar armas raras, pergaminhos de habilidades, armaduras encantadas e outros itens que ajudariam a fortalecer seus corpos e elevar seus rankings.
Os melhores alunos de cada série receberiam uma recompensa especial dos instrutores a cada trimestre.
“E você, Monitor-Chefe?” perguntou Drake. “Com quem vai se juntar durante as explorações das masmorras?”
William terminou de mastigar uma maçã antes de responder à pergunta de Drake. Não tinha intenção de esconder seu relacionamento com Est e os outros, então achou melhor ser honesto para evitar mal-entendidos futuros.
“O Monitor-Chefe da Divisão de Magia implorou para que eu formasse um grupo com eles,” disse William de maneira arrogante. “Como sou uma pessoa refinada, elegante e carismática, foi difícil recusar o pedido.”
Os estudantes no refeitório fingiram que não ouviram a parte em que o Monitor-Chefe se descrevia como refinado, elegante e carismático. Eles se concentraram mais na parte em que o Monitor-Chefe da Divisão de Magia “implorou” para formar um grupo com William.
“Um grupo permanente?” perguntou Priscilla. “Quantos membros vocês têm?”
“Cinco.” William abriu os dedos da mão esquerda. “Kenneth também faz parte do meu grupo.”
Os alunos no refeitório lançaram olhares furtivos e cheios de inveja para Kenneth. Ser adicionado pessoalmente ao grupo do Monitor-Chefe significava que William já o havia acolhido sob sua proteção.
Muitos estudantes desejavam estar no lugar de Kenneth, mas logo afastaram essa ideia. Queriam ser como William. Se um pastor, que passava os dias cuidando de ovelhas e cabras, conseguiu se tornar Monitor-Chefe, então eles também poderiam se tornar oficiais com seus próprios esforços.
Após seu discurso, William havia se tornado, sem saber, o ídolo dos plebeus na Academia Real. Eles o admiravam porque ele era como eles. Uma pessoa comum que subiu na hierarquia graças ao seu esforço.
William estava se sentindo orgulhoso porque todos ouviam suas palavras com seriedade. Isso nunca havia acontecido antes, e geralmente era ele quem precisava ouvir os outros com atenção.
O pastor aproveitou esse momento de felicidade, sem saber que estava prestes a ser pego pela tempestade que se formava dentro da Academia Real.