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Release that Witch – Capítulo 687

O Segredo da Relíquia

A Relíquia era um pedaço transparente de cristal carmesim. Similar aos núcleos mágicos das ruínas subterrâneas, a Relíquia também tinha uma forma afuselada, mas era muito menor, do tamanho de uma criança.

No entanto, quando Elena entrou na salinha, percebeu que a Relíquia não tinha a forma afuselada, e sim a forma de um quarto de esfera[1].

A Relíquia flutuava sozinha no ar, assim como o Instrumento da Retaliação Divina, o que provava que ela não era comum.

É esse o objeto que determina o destino da humanidade? — Elena se perguntou.

Ela ficou cheia de dúvidas e, ao mesmo tempo, sentiu um pouco de raiva das divindades.

De acordo com Pasha, ninguém sabia como essa Relíquia havia aparecido no mundo, mas no momento em que apareceu, vinculou-se ao destino de todos os seres humanos. Se a humanidade perdesse essa Relíquia, todas as pessoas, incluindo as bruxas e as pessoas comuns, morreriam num instante. Para proteger a Relíquia, incontáveis pessoas haviam travado batalhas sangrentas contra os demônios e morrido no campo de batalha. Ao ver o sofrimento da humanidade, as divindades, contudo, nunca deram nenhum tipo de conselho para as pessoas. Elas só continuavam a assistir silenciosamente o que acontecia, esperando pelo vencedor final.

Ela sentia nojo desse jogo.

Neste momento, Zoe a perguntou:

— Você está pronta? Ainda se lembra do que Pasha disse? “Controlar nossas mentes e nunca tentar se conectar com as divindades quando movermos a Relíquia”.

Elena respondeu com um aceno de cabeça:

— Não se preocupe. Eu lembro. Vou contar até três e então movemos juntas.

— Certo.

— Um, dois, três. — Elas levantaram a Relíquia enquanto saiam do local. Embora a Relíquia flutuasse, ela não era tão leve quanto uma pena. Mesmo tendo o corpo de um Guerreiro da Punição Divina, Elena ainda sentiu um peso enorme em seu braço quando levantou o objeto. Era cansativo.

Se Pasha não tivesse avisado sobre isso antes, Elena teria pensado que seus sentidos, há muito tempo perdidos, haviam retornado de uma hora para outra.

Essa “sensação de cansaço” era mental.

A Relíquia estava tentando se conectar com elas.

Elena balançou a cabeça, tentando afastar esses pensamentos, mas de repente lembrou que ela não devia esvaziar a mente. Diante disso, ela chegou à conclusão que deveria pensar em algo durante o processo.

No que eu devo pensar? Homens? Comida gostosa? Ou uma cama macia?

Uma voz de repente soou em sua mente: — O que você quer é “sentir as coisas”, como conforto, felicidade, dor, frio, calor, e mais. Eu posso dá-los a você. Só relaxe e olhe para mim…

— Olhar pra onde? Não, não! — Os olhos de Elena se arregalaram de surpresa. — Quem está falando? É a Relíquia?

Ela olhou para Zoe e notou que os olhos de sua amiga estavam embaçados e sem vida, como se ela não tivesse mais alma.

Droga, o que está acontecendo?! Pasha não nos disse que algo assim aconteceria! — Elena pensou, nervosa.

A voz na cabeça dela voltou a falar:

Não se preocupe. Ela apenas seguiu o coração dela e se juntou a mim.

— Deixe ela sair!

Não posso. Você tem que tirá-la pessoalmente… — A voz na cabeça dela começou a mudar, de uma voz rouca para uma voz feminina e delicada. Por um instante, ela não conseguiu determinar se estava falando com a Relíquia ou com ela mesma.

— Tirá-la pessoalmente?

Neste momento, o aviso de Pasha passou pela sua cabeça.

“Nunca tente se conectar com as divindades.”

Mas ela não podia ficar parada quando Zoe precisava de sua ajuda. Um receptáculo sem alma morreria rapidamente. Diante disso, ela decidiu salvar Zoe.

Eu só preciso olhar para a Relíquia? — Ela se perguntou.

Ela respirou profundamente e, em seguida, olhou para o cristal carmesim.

A visão dela embaçou e tudo ficou escuro. Quando ela começou a ver as coisas novamente, encontrou-se num mundo totalmente diferente.

Era um salão incrivelmente alto e espaçoso. A redoma no teto mostrava o cenário de um céu estrelado com uma Lua Sangrenta. Ela conseguia ver o poder mágico fluindo da superfície da Lua Sangrenta como lava borbulhante. E ao redor dela, havia quatro quadros gigantes.

O salão, a Lua Sangrenta e os quadros gigantes a preencheram de um sentimento indescritível. Pasha já havia contado a ela sobre este mundo. Esta era a primeira vez que ela presenciava algo tão incrível.

— Zoe! Onde está você? — Ela gritou.

Mas ninguém respondeu.

Os quadros eram as únicas coisas que havia no salão.

Ela primeiramente se acalmou e, logo em seguida, olhou para os quadros.

Assim que Elena olhou para os quadros, ela sentiu suas costas se encherem de suor, já que ela descobriu que as pinturas nos quadros também estavam olhando para ela.

No primeiro quadro, ela viu um demônio se levantar do trono. Ele usava uma armadura bela, e as pupilas dele irradiavam um brilho vermelho e assustador. Ele começou a se aproximar dela passo a passo.

No segundo quadro, ela viu um olho gigante, no qual havia três pupilas que formavam um triângulo no globo ocular. De repente, o olho gigante virou em sua direção; as pupilas pareciam bocas gigantes que poderiam devorar pessoas.

Com medo, ela recuou um pouco, mas ainda tentou se encorajar em silêncio: — Não entre em pânico. São só pinturas que se movem.

De repente, seis ou sete tentáculos pretos, que tinham mãos pequenas na ponta, saíram dos dois quadros, tentando capturá-la.

Assustada demais para reagir, ela acabou sendo capturada pelos tentáculos.

Os dois grupos de tentáculos tentavam ao máximo levá-la para seu respectivo quadro, disputando umas com as outras, como se ela fosse um troféu raro. Sendo puxada pelos dois lados, ela sentiu como se estivesse sendo rasgada. A dor insuportável fez ela gritar.

Espere… eu sinto dor?

Neste momento, ela ficou chocada ao também descobrir que sua aparência havia voltado a ser de bruxa.

Então a última coisa que eu vou sentir antes de morrer é a dor de ser rasgada? Está tudo bem… Pelo menos eu não vou morrer numa casca vazia, num corpo de um Guerreiro da Punição Divina. — A consciência dela lentamente enfraqueceu enquanto a dor aumentava.

Antes de desmaiar, ela notou algo estranho em outro quadro.

Ela viu o receptáculo dela sendo arrastado por Zoe em direção ao alçapão.

Ela se perguntou: — O que está acontecendo? Ela não foi absorvida pela Relíquia?

Neste momento, o salão inteiro desmoronou. A Lua Sangrenta, os quadros, os tentáculos, a dor, tudo desapareceu de repente. Ela piscou os olhos e descobriu que estava na biblioteca novamente.

— Isso foi… um sonho? — Ela murmurou.

Zoe rangeu os dentes e disse:

— Que sonho?! Você realmente me desapontou! Você não se lembra do que Pasha disse?! Nunca tente se conectar com as divindades! Eu te avisei!

— Mas eu vi seu receptáculo sem alma…

Zoe a interrompeu impacientemente:

— E eu vi você sendo engolida pela Relíquia! Isso não passa de uma ilusão criada pelas divindades! Se eu não tivesse te separado da Relíquia, você teria ficado presa lá dentro pra sempre!

Ao se lembrar dos poderosos tentáculos, do demônio e do olho gigante nos quadros, Elena achou difícil acreditar que aquilo tudo fosse apenas uma ilusão. Pasha com certeza nunca havia entrado na Relíquia antes, então era normal que ela não soubesse o que havia dentro.

Aquilo não pareceu uma ilusão. Eles olharam pra mim assim que olhei pra eles…

Betty interrompeu:

— Com licença, não quero me intrometer, mas o que devemos fazer agora?

Zoe olhou para Elena e disse:

— Traga outra pessoa pra me ajudar a carregar a Relíquia. A Sala de Oração foi arrombada. Temos que colocar a Relíquia numa Caixa da Retaliação Divina o mais rápido possível, caso contrário, as bestas demoníacas nos seguirão até as cavernas subterrâneas.


[1] – Um quarto de esfera é a metade da metade de uma esfera.


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