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Release that Witch – Capítulo 833

Uma Conversa Inesperada

O coração de Olga apertou ao perceber o olhar inescrupuloso de Roland.

Ela sabia que tinha uma aparência diferente e estranha. Lá na Cidade da Areia de Ferro, ela ouvia muitas pessoas a chamarem baixinho de criatura quadrúpede, metade-mulher ou a Abandonada. Temendo que esses nomes fossem ferir a autoestima da terceira filha do Líder, ninguém nunca se atrevia a chamá-la desse jeito abertamente.

Mas ela não estava mais na Cidade da Areia de Ferro e não era mais uma princesa protegida pelo Clã Chama-Selvagem, então agora ela tinha que encarar essas ofensas de cabeça erguida.

— Suas orelhas… e seu rabo são reais? — O Grande Líder hesitou por um bom tempo, mas no final perguntou. — Você tem que usar poder mágico para manter essa forma, ou eles se tornaram parte do seu corpo?

Olga mordeu o lábio inferior. Em vez de responder a pergunta, ela puxou o cabelo para trás, revelando a parte lateral do rosto, onde sua orelha normal de humana havia desaparecido.

— Eu não consigo tê-las de volta, Vossa Majestade. Eu sei que minhas novas orelhas são bem estranhas, mas eu sou assim, e não há o que fazer. Eu não quero esconder minhas imperfeições… Mas se o senhor quiser, eu posso evitar locais públicos para não assustar as pessoas.

Apesar de Olga ter se aceitado há muito tempo, ela ainda nutria um pouco de preconceito para consigo mesma quando se tratava de suas características. Damas Divinas eram vistas como mulheres poderosas e lindas pelos Mojins; favorecidas por todos os clãs e admiradas por todos os jovens guerreiros. Mas ela, infelizmente, era uma exceção.

Ela passou a ser ignorada após o despertar. A legitimidade dela havia sido questionada pelos próprios companheiros de clã, e por essa razão o pai dela decidiu nomeá-la como herdeira. Olga passou os anos treinando bastante e fingindo que não ligava para os rumores cruéis que circulavam pela cidade, mas de vez em quando, era bem difícil se manter indiferente quando várias pessoas lhe apontavam o dedo pelas costas.

Ela já esperava que coisas assim acontecessem, mas já que havia escolhido esse caminho, ela certamente não iria ceder facilmente, independentemente das dificuldades que lhe aguardavam. O sonho que ela teve havia apontado para onde ela deveria ir. Com esses pensamentos, a Mulher-Loba levantou a cabeça, ereta, revelando um olhar de audácia.

O Grande Líder estalou os lábios e disse:

— Estranhas? Por que você diz isso?

Olga, que já estava preparada para receber vários insultos, ficou atônita por um segundo.

— Ahn? É porque elas… — Olga disse colocando a mão na orelha.

— …não se parecem com orelhas humanas, né? — Roland deu de ombros. — Essas orelhas não afetam sua audição ou mobilidade. Então como você pode chamá-las de imperfeições? Elas são apenas características únicas suas. Características muito interessantes, na verdade. Eu mesmo acho suas orelhas muito bonitas, você não acha?

— Ei, ei, Vossa Majestade, por favor, não passe dos limites. — Nesse momento, Olga ouviu a voz de uma mulher atrás do Grande Líder. A voz era muito baixa e suave, mas Olga ainda conseguiu ouvir.

Porém, nesse momento, ela estava tão surpresa com as palavras do Grande Líder que nem prestou muita atenção nisso.

Bonitas?

Olga nunca havia se associado com a palavra “bonita”. Por um segundo, ela não conseguiu elaborar uma resposta. As bochechas dela estavam extremamente coradas. A coragem dela já estava quase no fim.

Como uma mulher metade loba pode ser bonita?

— Enfim, eu não quero que você esconda seu rosto ou use capuz em público… Você pode fazer o que quiser. — Roland prosseguiu: — Talvez alguém aponte o dedo para você ou te encare no início, mas eles logo, logo vão se acostumar. Uma solução seria pedir para Soraya desenhar um livro ilustrado sobre você, ou você se juntar à Trupe Estrela-Flor[1] e participar de uma peça para se tornar uma ídolo. Essa seria a forma mais rápida do público te conhecer.

Olga ficou confusa com a quantidade de palavras desconhecidas, como “livro ilustrado”, “Trupe Estrela-Flor” e “ídolo”. Ela ficou parada ali, sem saber o que fazer e sem falar nenhuma palavra. Felizmente, Roland se recompôs e voltou ao assunto original.

— Certo, Cinzas me disse que você veio aqui para lutar contra os demônios, né?

Aliviada, a Mulher-Loba respondeu:

— E também para treinar, Vossa Majestade. Eu soube que tem uma bruxa chamada Nana na Cidade de Primavera Eterna que pode curar feridas e lesões sofridas em batalhas. Isso é muito importante para um guerreiro ou guerreira. O senhor já deve saber que é um sonho para todo guerreiro lutar e obter experiência sem temer ser lesionado em batalhas. Claro, eu não apenas lutarei contra os seus inimigos, como também pagarei todas as despesas médicas.

Roland assentiu com a cabeça.

— Entendi. Se você estiver disposta a se juntar à União das Bruxas, terá uma grande chance de lutar contra…

— Eu quero trabalhar sozinha, Vossa Majestade. — Olga o interrompeu. — Como uma mercenária, eu não quero ser distraída por nada a não ser lutar.

Ela sabia que isso era apenas uma desculpa. A verdadeira razão por trás dessa mentira era que ela queria ter uma melhor compreensão desse reino nortenho antes de jurar lealdade ao Grande Líder. Olga ainda não havia se esquecido de que ela era uma Mojin. Se Roland não conseguisse manter a promessa que fizera na Terra do Fogo, os Mojins certamente cortariam todo o tipo de relação com o Reino de Castelo Cinza. Se as coisas chegassem a esse ponto, o Rei de Castelo Cinza se tornaria um inimigo. Portanto, ela não poderia tomar uma decisão assim, de supetão, sem pensar muito no assunto.

— Sério? — Roland ficou pensativo por um bom tempo e depois deu de ombros, parecendo um pouco triste. — Então eu não posso te dar o que você quer.

— Por quê? — Olga ficou surpresa. Ela imaginava que uma mercenária com excelentes habilidades de combate seria popular em qualquer lugar, sem falar que ela queria fornecer o serviço de graça e custear todas as despesas médicas. Nenhuma pessoa sensata recusaria tamanha oferta. Por que ele a recusou?

— Porque estamos prestes a enfrentar uma guerra de grande escala, e não pequenos confrontos entre clãs.

Olga sentiu todo o seu sangue subir para a cabeça. O insulto de Roland basicamente fez piada de todos os esforços históricos dos Mojins. Quando ela estava prestes a revidar o insulto, Roland de repente mudou de assunto, dizendo:

— Você já lutou contra Cinzas, né? O que você acha dela?

Suprimindo a raiva, a Mulher-Loba respondeu de forma indignada:

— Muito poderosa. Ela seria uma guerreira de primeira classe no Extremo Sul.

Roland disse lentamente:

— Esse é o poder de uma Extraordinária. Também existem as Transcendentes, que são bem mais poderosas que as Extraordinárias. As Transcendentes ultrapassam os limites físicos do corpo humano e possuem um poder imensurável. Em outras palavras, nada pode impedi-las de ficarem mais fortes.

— Trans… Transcendentes? — As palavras de Roland capturaram completamente a atenção de Olga. Ela se perguntava o quão poderosa uma guerreira teria que ser para suprimir Cinzas completamente.

— No entanto, mesmo com três Transcendentes, dezenas de Extraordinárias e milhares de bruxas combatentes, nós falhamos em derrotar os demônios, e o grande Império das Bruxas caiu num piscar de olhos. Agora chegou a nossa vez. — Cada palavra do Grande Líder parecia atingir diretamente o coração de Olga. — O motivo por eu ter recusado a sua oferta é muito simples. Isso aqui não é um duelo, e sim uma guerra fatal entre duas civilizações. Independentemente do quão forte você seja, trabalhar individualmente não funciona… E mais importante que isso, eu não quero que você morra em vão.


[1] – Esse grupo é primeiramente mencionado lá no Capítulo 476.


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