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Release that Witch – Capítulo 832

Um Encontro com o Rei

Quando o apito soou, o “Roland Nº 01” atracou na doca. Olga notou que todas as pessoas na doca pararam e levantaram a mão direita, saudando o navio imponente de aço que havia acabado de atracar. Provavelmente eles haviam feito isso porque o navio levava o nome do rei.

Os soldados do Primeiro Exército no navio responderam ao público com a mesma saudação. Era uma saudação estranha, em que eles colocavam a mão direita ao lado da cabeça.

No entanto, diferente das saudações que Olga já viu, essa saudação de agora não diferenciava quem era superior ou inferior. Era o mesmo tipo de saudação para todos. Essa igualdade confundiu Olga. Ela não entendia por que eles tinham que se cumprimentar de forma tão cerimoniosa quando todos eram iguais em status. Na opinião dela, o foco das formalidades era prestar respeito e submissão ao superior, independentemente se fosse se ajoelhando, adorando ou colocando a mão no coração e se curvando.

Além disso, ela também notou que até mesmo as crianças que brincavam pela doca saudavam da mesma forma, com o tronco erguido e mão na cabeça. Durante o processo, ninguém parecia relutante ou inferior. Na verdade, os olhos deles estavam repletos de alegria e vitalidade. Essa saudação parecia ter construído uma conexão entre eles; algo que as palavras não conseguiam expressar.

Cinzas quebrou o silêncio.

— Essa é uma saudação militar. Eu não sei por que inventaram isso no início. Eu pensava que era um capricho imposto por Sua Majestade, Roland Wimbledon, para seus súditos. Depois eu descobri que estava enganada.

Olga ergueu uma sobrancelha, surpresa.

— Isso não tem nada a ver com o “Roland Nº 01”?

— Não. Eles vão saudar toda vez que um navio do Primeiro Exército atracar na doca, pois o retorno do navio significa que seus familiares voltaram sãos e salvos da expedição.

— Mas eles não parecem… familiares. — A Princesa Olga destacou, hesitante. Se fossem, as saudações deveriam conter mais emoção. Além disso, praticamente todos os soldados a bordo eram homens, mas havia poucas mulheres na doca. Será que todos tinham irmãos?

Andrea deu de ombros, dizendo:

— Todos os membros do Primeiro Exército são da Cidade de Primavera Eterna, o que significa que a maioria dos moradores de lá tem um membro da família que se alistou no exército. Também há vários deles de bairros próximos. O Primeiro Exército é totalmente diferente dos mercenários, que vagam por aí em busca de emprego, e eles também não trabalham da mesma forma que uma milícia. Eles sentem orgulho no que fazem. As pessoas daqui celebram não só o retorno seguro de seus familiares, como também o dos outros. Eu acredito que Sua Majestade chama isso de “a importância da unificação do exército”.

Então é um exército… construído pelos súditos? — Olga se perguntou em silêncio.

A Mulher-Loba seguiu as bruxas rumo ao interior da Cidade de Primavera Eterna, ainda perdida em pensamentos.

A primeira coisa que impressionou ela foi o quão limpa e organizada era a cidade. Tirando os pedestres, as casas e ruas da cidade eram alinhadas e possuíam o mesmo tamanho, incluindo as árvores pela calçada. Essa organização compacta fez Olga se sentir um pouco sufocada. Embora a cidade parecesse magnífica à primeira vista, ela não se sentia tão confortável como na Cidade da Areia de Ferro.

Ademais, para a sua grande decepção, havia pouca neve na Cidade de Primavera Eterna. Até mesmo as ruas sólidas da cidade estavam secas. A única neve que ela conseguia ver era a que se aglomerava acima das folhas das árvores na calçada, e nos telhados.

O plano dela de ver uma cidade coberta por neve foi por água abaixo.

Claro, várias coisas ainda chamaram sua atenção.

Olga ficou fascinada pelas placas de madeira penduradas na frente de algumas casas pelas ruas, onde várias palavras, desenhos e logotipos estavam estampados, tais como Couros do Velho Caçador, Casa da Palha, Casa dos Tesouros da Encosta Norte, etc., embora alguma das placas estivessem em branco.

Além disso, ela ficou surpresa ao descobrir que havia uma plaquinha em cada esquina, mostrando claramente a localização dos pontos da cidade, assim como o nome de cada rua.

Por exemplo, a rua em que ela estava agora se chamava Avenida do Resplendor.

A Mulher-Loba chegou à conclusão de que essas plaquinhas eram muito úteis para os recém-chegados da Cidade de Primavera Eterna. Essas plaquinhas de rua lhe ensinavam a estrutura básica da cidade e lhe diziam onde comprar e onde encontrar uma pousada, economizando tempo ou o problema de ter que pedir informação aos Ratos.

Durante suas conversas com os comerciantes do deserto, Olga soube que era muito difícil uma estrangeira se adequar a uma cidade completamente nova, já que tudo era um mistério. Expor a identidade de estrangeira aqui a colocaria imediatamente numa situação desvantajosa.

Mas essas plaquinhas de rua, embora simples, eram uma mão na roda para os visitantes. Ela até mesmo se sentiu acolhida com a presença dessas plaquinhas, como se a cidade a estivesse recebendo de portas abertas.

Provavelmente, esse era o motivo pelo qual a cidade parecia tão vigorosa e próspera para todos.

Olga, no entanto, não teve muito tempo para apreciar essa cidade estrangeira.

Porque Cinzas logo a levou para o castelo do Lorde. Após esperar no salão por um tempo, um guarda trouxe uma mensagem do Rei de Castelo Cinza:

— Por favor, siga-me. Sua Majestade deseja te ver.

Por alguma razão, Olga de repente ficou um pouco nervosa.

Ela respirou profundamente em segredo e seguiu o guarda até o segundo andar, entrando numa sala espaçosa e iluminada.

Atrás da mesa de mogno, próximo à janela francesa, um homem ridiculamente jovem estava sentado. Ele vestia roupas simples, mãos nuas, e seus cabelos acinzentados cascateavam pelos ombros. Ele também não usava nenhum diamante ou anel em seus dedos. A única coisa que ele fazia era mexer na pena de escrever, observando-a com grande interesse.

Esse é o Grande Líder que virou o Extremo Sul de pernas pro ar?

Por um momento, Olga não conseguiu assimilá-lo com a pessoa que ela havia imaginado.

Ela imaginava que um homem tão sábio assim teria pelo menos quarenta anos de idade. A testa dele deveria estar toda enrugada; sua barba deveria atingir o peito; e ele deveria possuir um olhar profundo, digno de um homem experiente.

Nesse momento, Olga percebeu que ela havia perguntado sobre tudo da Cidade de Primavera Eterna, incluindo os poderosos guerreiros, mas havia se esquecido de perguntar como era o Rei de Castelo Cinza, a pessoa mais importante do reino.

Após um momento de hesitação, a Princesa Olga decidiu saudar Roland de acordo com os costumes Mojins.

Mexendo as orelhinhas de loba, Olga se ajoelhou e curvou-se com a cabeça quase tocando o chão. Ela sabia que esse cabelo acinzentado era uma característica típica de quem possuía a descendência dos Wimbledon.

— Você é a Dama Divina do Clã Chama-Selvagem, né? — O rei não deixou ela ficar lá prostrada por muito tempo. Assim que a cabeça dela estava prestes a tocar no chão, ele quebrou o silêncio. — Por favor, levante-se, Holo[1]. Bem-vinda à Cidade de Primavera Eterna. Eu sou Roland Wimbledon, o Rei de Castelo Cinza e também seu líder.

Olga franziu levemente as sobrancelhas quando ouviu a palavra “Holo”. Esse não era o nome dela. Poderia o rei ter se confundido?

Porém, ela logo se levantou de forma tranquila, como se nunca tivesse ouvido as palavras de Roland.

— Meu nome é Olga Chama-Selvagem. Quanto ao título de Dama Divina… Acredito que seja mais apropriado me chamar de bruxa aqui. Além disso, meu pai, Guelz Chama-Selvagem, mandou saudações para o senhor em nome do clã, esperando que sua soberania seja tão duradoura quanto os oásis.

Desta vez, contudo, ela não ouviu uma resposta imediata do rei.

Achando estranho, a Mulher-Loba levantou a cabeça lentamente e percebeu que os olhos do rei estavam fixados em suas orelhinhas de loba.


[1] – Holo é uma loba e uma espécie de divindade das colheitas e dos campos, nascida em um lugar ao norte conhecido como Yoitsu, repleto de florestas. Após decidir sair das florestas em uma jornada, ela fez uma promessa com um aldeão da aldeia de Pasloe, no qual ela garantiria que a cidade tivesse boas colheitas de trigo, ano após ano. Holo cumpre com a sua promessa, e permanece nessa aldeia por muitos anos. No entanto, com o passar do tempo, os habitantes de Pasloe começaram lentamente a abandonar Holo, considerando-a desnecessária, e a ressentir-se das ocasionais más colheitas que Holo os proporcionavam. Essas informações eu tive que pesquisar no chinês. Qualidade só aqui, meu amigo. Esse anime é bonzinho. Se quiserem assistir, recomendo. O nome é Spice & Wolf.


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Mercador de Spoilers
Visitante
Mercador de Spoilers
5 meses atrás

Facilmente o melhor tradutor que já vi

ciro brugnaro junior
Visitante
ciro brugnaro junior
2 anos atrás

Parabéns pela dedicação com a tradução/versão. As notas de rodapé com as observações são fantásticas. Parabéns mesmo.

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