???: “Ei, qual é a pior coisa que já te aconteceu como um mercador viajante?”
???: “E ai está. Mais uma pergunta que me incômoda…”
Em seu quarto, Otto encarava os documentos, quando Subaru lhe apresentou essa pergunta, fazendo com que ele franzisse a testa.
Rugas já estavam presentes entre suas sobrancelhas, mas graças à pergunta, elas evoluíram cem por cento.
Subaru: “Olha só, eu e Garfiel estávamos conversando um pouco sobre viagens solo. Acho que é um pouco diferente no seu caso, mas você foi um mercador viajante, então você tem familiaridade com esse tipo de coisa, certo?”
Otto: “Eu não diria que você está errado, mas ao menos eu tinha Frufoo comigo. Graças a minha Proteção Divina, sempre tive alguém com quem conversar, então não parecia que eu estava viajando sozinho.”
Enquanto falava, Otto esfregava seus olhos e colocava os documentos na mesa. Então, de frente para a mesa onde a montanha de papeis repousava, ele dirigiu seu olhar para os dois convidados que se sentavam no sofá, com a tábua Xatranje entre os dois ―― Subaru e Garfiel.
Nota: Xatranje é um jogo de tabuleiro que existiu na vida real por volta do século VII, que antecedeu o Xadrez que conhecemos. Aparição anterior no capítulo 3 do Arco 5.
Apesar de ser Subaru quem estava com a carta na manga neste jogo, cada movimento que ele fazia alternadamente assegurava ou colocava em perigo sua posição.
Otto: “…Garfiel, mova o mercador duas casas para frente. “
Subaru: “Ei! Otto, seu idiota! “
Garfiel: “Hm? Ooooh! Então é isso! Tu me salvou mesmo dessa vez, mano Otto!”
Com um rápido olhar, Otto discerniu o movimento mais vantajoso para ser feito, recebendo duas reações diferentes de Subaru e Garfiel respectivamente. Ignorando como Subaru sofra com a situação em que foi posto instantaneamente, “Ainda assim,” Otto murmurou,
Otto: “Garfiel, você tem interesse em viajar sozinho?”
Garfiel: “Se eu quero, cê diz? Claro que eu quero. Mas cê sabe, eu passei mó tempão preso lá no『Santuário』, então eu nunca viajei nem nada do tipo.”
Otto: “Ah, entendo. Você realmente tem interesse, não é? Bem, com essa sua autossuficiência e habilidades de auto-defesa altas como são, eu acho que você iria se sair bem. Diferente de você, Natsuki-san.”
Subaru: “Ei ei, não me subestima assim desse jeito. Meu mentor tem me elogiado bastante no meu progresso ultimamente, só pra você ficar sabendo.”
Otto: “Me parece que ele decidiu usar elogios para motivar você. É difícil ter certeza se um elogio ou um esporro funciona melhor com você, afinal de contas.”
Os comentários de Otto eram tão suaves para Garfiel, mas tão duros para Subaru.
Porém, considerando o quão rígido Garfiel era consigo mesmo, e o quão suscetível Subaru era a se deixar levar por algo, provavelmente era a melhor abordagem.
Mas apesar disso――,
Subaru: “De qualquer forma, qual foi o pior momento que você teve como um mercador viajante?”
Otto: “Por que você quer tanto saber isso?”
Garfiel: “O Capitão deve tá perguntando só de curiosidade, mas eu tô interessadaço aqui, Otto-nii. Tô ligado que cê é um cara forte, imagino que cê ia ficar bem, a não ser que você encontrasse um dragão grandão ou outra coisa parecida.”
Otto: “Garfiel, você não acha que as suas expectativas sobre mim são muito altas?!”
Realmente só uma emergência de tamanha grandiosidade para colocar Otto em uma situação desconfortável.
A grande confiança de Garfiel em Otto o levou a ter tal pensamento, que era, apesar de um pouco exagerado, nem um pouco diferente da avaliação da capacidade de Otto de lidar com crises.
Se alguém fosse perguntar aos membros da facção qual era a pessoa mais perigosa, não havia dúvidas que todos iriam responder o nome de Otto.
Subaru: “Bem, de qualquer forma, não consigo imaginar algo do tipo acontecendo…”
Otto: “O que é que você está resmungando aí? ……Eu estive em diversas situações perigosas ao longo da minha vida, é verdade, mas eu diria que a pior delas foi uma vez quando eu estava sendo mantido por um certo grupo perigoso.”
Garfiel: “O que cê quer dizer, grupo perigoso? Cê foi atacado por bandidos ou coisa do tipo?”
Otto: “――. Algo similar a isso. Eles me separaram de Frufoo e da minha charrete, e aí me prenderam, sem armas ou ferramentas em punho; e então, eu me preparei para morrer.”
Otto murmurou, um olhar distante em seus olhos. Enquanto escutavam, Subaru e Garfiel se viraram para encarar um ao outro.
O medo que ele havia vivenciado, certamente não era de pouca importância. As palavras de Otto carregavam um peso que não era típico dele.
Garfiel: “Um beco sem saída, hein. Acho que é assim deve ser mesmo, ‘ser esquecido no Platô Decou’, né não.”
Otto: “Era realmente assim. Não fosse por algumas pessoas generosas que me encontraram por acaso, eu teria perdido minha vida naquele dia. ――E isso, eu nunca vou esquecer.”
Subaru: “Entendi. Cada um tem sua própria história, afinal.”
Braços cruzados, Subaru acenou enquanto refletia sobre as adversidades de Otto.
Amarrado por bandidos, com seus pertences roubados, seu próprio direito de viver ou morrer completamente sujeito aos caprichos de terceiros: tais circunstâncias não eram algo que Subaru enfrentava comumente, ainda assim, não era algo que desconhecia.
Subaru: “Mesmo assim, é graças à ajuda deles que nosso Otto está aqui com a gente agora. Esses caras que encontraram você mereciam um obrigado, não acha?”
Otto: “――. Sim, você está certo.”
Subaru: “――? Porque essa resposta tão sem interesse? Cara, você tá me deixando nervoso.”
Subaru fez uma cara feia para reação inesperada de Otto. Apesar da resposta de Subaru, Otto se manteve estranhamente calmo e composto, sua postura como a de uma divindade.
Enquanto Subaru sentia calafrios correrem por sua espinha, Garfiel fechou seu punho com força com um “Mas espera,”
Garfiel: “Agora eu sei tudo que cê passou, Otto-nii. Mas fica tranquilo. É melhor cê ficar ligado que eu não vô deixar tu passar por isso de novo, sacou?”
Otto: “Oh, verdade? Bem, eu sei que posso contar com você, Garfiel. Natsuki-san, por outro lado…”
Subaru: “Não dá pra você me comparar com Garfiel em termos de força! Você vai me fazer sentir como se todo o trabalho duro que eu tive não valesse de nada!”
Subaru moveu sua mão vazia como se brandisse um chicote com ela. Com um gesto próprio, Garfiel fingiu esmagá-lo com suas presas, fazendo que seu oponente percebesse sua fraqueza.
“Ugh……!” Subaru resmungou enquanto a vitória de Garfiel o fazia demonstrar abertamente sua alegria; enquanto assistia os dois, um “Ha” escapou da boca de Otto,
Otto: “Garfiel, mova o mercador diagonalmente para a direita. Vamos mostrar para ele do que nós, mercadores, somos feitos.”
Subaru: “Argh! D-droga, Otto, seu idiota!”
Garfiel: “Hm? Ooooh! Olha, é um xeque-mate! Capitão, tu é muito fracote!!”
Subaru: “Você não conseguiu isso sozinho!!”
Ao redor da tábua Xatranje, Subaru reclamou com seu exército encurralado. Do momento em que a aliança entre Garfiel e Otto foi formada, havia apenas uma coisa que ele teria chance de fazer ―― fugir enquanto ele chorava como o mau perdedor que ele era.
――Um prisioneiro de guerra.
Assim que ele ouviu aquelas palavras, o que passava pela mente de Subaru era a conversa de noites como aquela. Ele teve suas armas e ferramentas tiradas de si, assim como sua liberdade, capturado por alguém que ele não conhecia. Era bem similar ao que Otto havia dito, era uma situação natural de se entregar para a “morte”.
Subaru: “…”
O local em que Subaru estava sendo mantido parecia muito com os acampamentos construídos para a guerra que ele havia visto em coisas como a novela Taiga.
Ele podia ver várias tendas alinhadas, com sequências de armaduras e armas em espera para serem equipadas. Homens com atmosfera pesada passavam, e parecia que suas forças continham ambos humanos e demi-humanos.
Subaru estava sentado em chão firme, com nada além de uma cortina velha fixada no lugar para proteger contra o vendo. Suas mãos estavam atadas atrás das costas, e seus pés também estavam presas, tornando-o incapaz de se mover.
No entanto, para Subaru, o que importava mais era…
Subaru: “Rem… Deveria ter uma garota comigo. O que aconteceu com ela?”
???: “Oh, então a gente te diz que você é nosso prisioneiro de guerra, e a primeira coisa que vêm na sua cabeça são garotas? Posso dizer então que isso significa que essas garotas são importantes para você?”
O homem que estava agachado antes ― Possivelmente, o jovem que havia parado o homem violento que havia colocado seu sapato na boca do Subaru ― fechou um de seus olhos em resposta a sua pergunta.
O jovem tinha cabelo laranja claro, e parecia ser um pouco mais velho que Subaru. Ele estava sorrindo bem amigavelmente, mas isso não o tranquilizava, dada a situação atual.
Ele não estava vestido com armadura completa, mas sim vestimentas leves como sua armadura, provavelmente ele era um dos guerreiros do acampamento também. ――Um guerreiro, não um cavaleiro.
Subaru: “――――”
Ele conseguiu passar de alguma forma, cerca de um ano neste mundo, e diversas vezes foi abençoado com oportunidades de perceber a diferença entre guerreiros e cavaleiros. Claro que eles tinham diferenças em suas posições ou influência, mas haviam diferenças visíveis entre eles, as quais não eram apenas as práticas.
Cavaleiros eram chamativos, enquanto guerreiros eram grosseiros ― Não no mal sentido da coisa. Eles apenas diferiam no que se era requerido.
É claro, cavaleiros tinham habilidades em abundância, no entanto eles precisavam serem capazes de dar segurança ao coração das pessoas. Neste ponto, era necessário que eles fossem nobres de aparência. Pessoas como Julius ou Reinhard eram provas disso.
Por outro lado, o que era necessário de um guerreiro era apenas a força para lutar.
Desta forma, os homens reunidos neste acampamento eram guerreiros, o jovem na sua frente não era exceção.
Subaru: “…Vou perguntar para você de novo. Onde está a garota que estava comigo?”
Jovem de Cabelo Laranja: “Tão teimoso. Mas, não é como se eu odiasse isso… Ela está segura. Ambas cheias de brio e vigor. Um pouco de mais, se me perguntar.”
Subaru: “…! É sério!?”
Subaru se agarrou a resposta do jovem, enquanto ele lhe dava um sorriso exaurido.
Ele se aproximou para que pudesse ouvir a resposta que queria, porém o jovem o empurrou pela testa, deixando escapar um “Calma aí”, prevenindo-o de se aproximar.
Jovem de Cabelo Laranja: “Ambas suas mãos e pés estão amarrados. Você não vai acabar caindo e mordendo sua língua se se mexer tanto assim? Ah, não me olhe assim. Elas estão bem, não é mentira.”
Subaru: “Ambas uma ova; para de me dar meias-respostas. Eu fico feliz enquanto a garota de cabelo azul estiver segura.”
Jovem de Cabelo Laranja: “Essa resposta é bem cruel, você não acha não!?”
Sem exagero, esses eram seus sentimentos verdadeiros, porém provavelmente não haveria motivo de falar isso para o jovem.
De qualquer forma, ele acreditaria no que o jovem havia dito, pelo momento. A próxima questão era a posição de Subaru e Rem. Antes, ele havia dito que tomou Subaru como um prisioneiro de guerra…
Subaru: “Eu acho meio difícil aceitar ser um prisioneiro de guerra, mas vamos supor que eu aceitei… por que eu não estou com elas?”
Jovem de Cabelo Laranja: “Se você quer vê-las, eu vou deixar depois. Se você responder nossas perguntas sinceramente… Agora, aquelas meninas estão na cadeia.”
Subaru: “Cadeia!? Por que vocês fariam isso!?”
As duras condições associadas com o que passou na sua cabeça logo após ouvir a palavra cadeia. Porém, enquanto tentava obter mais detalhes sobre, seus três dedos quebrados na sua mão esquerda doeram.
“Gghha…!” Subaru viu estrelas em seus olhos, o fazendo cerrar os dentes. Atrás de si, o homem que usava um tapa-olho sobre um de seus olhos havia pisado em seus dedos machucados, através das mãos atadas.
O homem brutalmente pisoteou os dedos quebrados de Subaru, e disse,
Homem com Tapa-olho: “Se você tivesse prestado atenção antes, você é o cara que não tem noção de que é a porra de um prisioneiro. Você só tem que responder as perguntas que a gente faz, ou eu tô errado aqui? Hã?”
Jovem de Cabelo Laranja: “Jamal, deixa disso! Você vai fazer ele desmaiar de novo!”
Jamal: “Isso realmente enche a porra do meu saco que ele não entende a posição em que ele tá. Se o pescoço e tudo que tiver em cima tá normal, então ele pode falar. De qualquer jeito, se três estão quebrados, qual o mal que mais dois teria…”
Jovem de Cabelo Laranja: “…Jamal.”
O homem que havia dado um chute na mão de Subaru ― Jamal ― encarou ele com maldade enquanto afirmava isso. Mas do mesmo modo que fez, o jovem chamou seu nome em um tom de murmúrio.
Ouvir isso fez o fôlego de Jamal travar, e desta forma, ele relutantemente moveu seu pé com um “Está bom então.”
Subaru: “Ghh, ghkk…!”
Jamal: “Tsk. Você devia agradecer Todd. Me faz querer vomitar.”
Com o peso removido dos seus dedos quebrados, Subaru foi capaz de respirar de novo, para o que fez Jamal cuspir. E com isso dito e feito, Jamal virou as costas e saiu da tenta com um “huff”.
Quando o som de seus passos estavam longe, o jovem ― Todd ― coçou a cabeça.
Todd: “Ai ai. Desculpa por isso. Esse Jamal se irrita fácil. Afinal foi a unidade dele que encontrou vocês na margem do rio; mas…”
Subaru: “Mas…?”
Todd: “Bem, aparentemente a garota acompanhando vocês lutou bastante. O pessoal na unidade dele saíram bem quebrados, e ele, sendo o comandante, ficou de cara.”
Subaru: “Oh…”
Tendo agora uma ideia geral do que havia acontecido, Subaru também quis segurar sua cabeça irritado.
Isso provavelmente aconteceu depois de Subaru ter rastejado da margem do rio e perdido a consciência. Tendo acordado antes dele, Rem havia dado uma baita porrada em Jamal, assim como em seus homens, quando eles apareceram. Por isso que Jamal estava com um humor tão ruim.
Rem teria parecido com uma garota doce que não conseguiria mover suas pernas em um lance, então não havia razão para culpar Jamal e seus homens por deixarem ela dar o primeiro ataque. E mesmo que não houvesse razão…
Subaru: “Eu… odeio… aquele cara…”
Todd: “Haha, coincidência! Também não gosto muito dele. Dito isso, estamos fugindo do tópico. Como estão seus dedos?”
Subaru: “Estão quebrados… Mas a dor está melhor.”
Mesmo assim, a tatuagem da dor pulsante não sossegava. Ainda assim, Subaru firmemente cerrou os dentes e afastou a fraqueza de grunhir de dor pelo momento. Ele iria, com a permissão do tempo, enfrentar o débito da dor que estaria acumulada depois. No momento, ele tinha coisas à sua frente…
Subaru: “Todd, não é?”
Todd: “Oh? Então você estava atendo. É, o nome é Todd. E aqui vai uma pergunta do seu Todd-san. Eu disse isso antes, mas…”
Subaru: “Que eu devo responder honestamente, eu acho… O que você quer ouvir?”
No fim, ele não era nada mais do que o Natsuki Subaru de Outro Mundo.
Ele não tinha a menor ideia através de qual maneira ele atravessou de mundo, ou se ele conhecia alguma forma de usar algum “cheat”, que eram tão comuns com coisas de Isekai. Zero, nada, nadinha. Fez ele ficar triste, quando realmente parou pra pensar nisso.
Subaru: “O que eu, com esse tipo de jogo na mão, posso realmente responder para você?”
Todd: “Que tipo de postura obediente é essa? De qualquer jeito, é um tiro no escuro, mas tem apenas uma coisa que eu quero te perguntar. ――Você é um dos『Shudrak』?
Subaru: “…Shudrak?”
Foi isso que o jovem autoritário ― Todd ― perguntou, mas Subaru nunca havia escutado essa palavra antes.
De todo modo, assim que Todd ouviu Subaru responder através de uma pergunta, ele trouxe suas mãos à testa e disse:
Todd: “Vê, eu sabia. Pude perceber pela sua reação que você não tem nada com eles.”
Subaru: “Ei ei, espera aí. Ainda não respondi nada. Você não tá sendo muito apressado aqui não?…”
Todd: “Nem um pouco. Ninguém mentiria sobre quando alguém pergunta sobre seu próprio clã guerreiro. Mesmo aqueles que nunca haviam ouvido sobre eles antes. Então, desse jeito, mesmo que você nos diga que『Shudrakiano』, ninguém vai acreditar em você.”
Subaru: “…”
Apesar de suas palavras parecerem conclusivas, elas não soaram como um blefe.
Até Subaru não podia recusar; a maneira que Todd havia colocar, cheio de convicção, era persuasivo. Mas neste caso…
Subaru: “Quem são esses『Shudrakiano』?”
Todd: “São as pessoas que a gente tá procurando. Estão em algum lugar naquela floresta gigante… Na floresta Buddheim.”
Todd respondeu a pergunta de Subaru e apontou para atrás dele. Porém, as mãos e pés de Subaru estavam amarrados, então ele não conseguia olhar para trás com facilidade. Todd então colocou sua mão sobre o ombro de Subaru com um “Não tem jeito”, e virou ele.
Subaru: “…A Floresta Buddheim.”
Todd: “Daqui para frente, é só floresta. Vai levar muitos anos, ou sei lá, para procurar tudo bem.”
Apesar de Todd falar essas palavras sem energia alguma, o que ele dizia era compreensível.
Era uma floresta bem vasta.
O verde continuava até o fim do horizonte, à esquerda e à direita, como visto pelo acampamento onde Subaru estava sendo mantido. Se sua profundidade era essa, então metáforas de lado, poderia bem ser do mesmo nível da Amazônia.
E eles tinham que encontrar esses『Shudrakianos』ou sei lá o que eles o chamou, em uma floresta tão vasta.
Subaru: “…Isso não vai ser praticamente impossível? No mínimo.”
Todd: “Você também acha? Bem, não eu realmente joguei a toalha aqui. Se me demorar anos pra voltar pra casa, minha noiva vai acabar me abandonando, sabe.”
Os arrependimentos de um soldado que havia sido levado para longe do seu amor e enviado para os campos de batalha.
As palavras de Todd fizeram Subaru sentir algo similar a isso, evocando um pouco de empatia por ele. Porém, essa empatia não durou muito também, já que ele, no momento, estava separado da pessoa quem ele gostava. E além disso, o problema em que ele estava agora era mais importante.
Subaru: “Ei, Todd-san. Na sua visão, eu acho que respondi com honestidade. Então, eu realmente gostaria que você mantivesse sua promessa também.”
Todd: “Você tá me pedindo para ver uma mulher, mesmo sabendo que tem uma pessoa que está abominando o fato dele não poder ver sua noiva? Que baita coração de pedra você tem.”
Subaru: “Sem chance que eu tô ouvindo isso do companheiro de uma cara que pisa nos dedos quebrados de um cara machucado.”
Todd: “Haha, é verdade.”
Apesar da resposta de Subaru ser bem audaciosa, Todd caiu na gargalhada ao invés de ficar com raiva. Ele então se agachou ao seu lado e afrouxou as cordas que haviam sido apertadas, prendendo os pés de Subaru, o suficiente para que pudesse andar.
Todd: “Você deve ser capaz de caminhar com passos curtos agora. Vou levar você para cadeia.”
Todd trouxe suas mãos por baixo das áxilas de Subaru e o levantou de uma vez. Assim que ele levantou, suas pernas podiam se mover livremente, pelo menos a metade de sua passada normal.
Ele podia andar assim. Graças a deus por pernas curtinhas. Se suas pernas tivessem sido longas como as de um modelo, então ele ficaria fora de equilíbrio bem fácil.
Subaru: “Então, por favor me guie para lá.”
Todd: “Que descarado de sua parte… Você deve ser um nobre, certo?”
(N/E: Pode ser uma leve referência ao arco 1 por confundirem ele com um nobre pelas roupas, mãos e etc (rs))
Com um sorriso irônico no rosto, Todd deu um tapinha nas costas de Subaru assim que ele começou a caminhar, dando passos curtos.
Ele sentiu o olhar inquisitivo dos homens ao seu redor, olhando para Subaru caminhando passo a passo, sendo levado para fora da tenda que abrigava os prisioneiros de guerra. Ele pode ver que alguns deles estavam olhando como se escondessem uma risada, mas Subaru não se importava nem um pouco. Ou melhor, por outro lado, era ele quem observava.
Era justo como ele imaginava. Ele podia ver um acampamento preparado para guerra.
Eles haviam coberto os perímetros do acampamento com cercas de madeira improvisada e outras coisas. Parecia ter cerca de cem homens por aqui.
De toda forma, procurar toda a floresta com cem homens era praticamente impossível. Subaru podia entender o porquê de Todd estar reclamando.
Dito isso, Subaru havia expressado suas gentilezas para ambos Todd, que estava nesse estado, e sua noiva. No entanto, de frente para ele estava…
Todd: “Oh, falando em nobres, eu acabei de lembrar… Onde você pegou aquela faca, quando a gente terminou de vasculhar suas coisas?”
Subaru: “…”
O cenho de Subaru foi franzido por um momento quando ele ouviu a pergunta repentina de Todd; então ele instantaneamente relembrou da faca em questão.
Ele havia recebido a faca do mascarado da floresta. Ela realmente havia ajudado ele a passar por muitos dos obstáculos da floresta, assim como as armadilhas que Rem havia colocado. ――Era tarde agora, mas talvez aquele homem mascarado havia sido um dos『Shudrakianos』que eles estivessem buscando.
Se fosse isso, então contar sobre ele seria o mesmo que trair o seu benfeitor.
Todd: “O que foi?”
Subaru: “Não, nada…”
Apesar de Todd suspeitar dos eu silêncio, Subaru também estava preso entre a cruz e a espada, internamente.
Dado que ele havia sido tomado como prisioneiro de guerra, Todd estava tratando-o de uma maneira relativamente razoável. Mas não se confunda, ele ainda era um prisioneiro de guerra. Ele era alguém que Subaru consideraria difícil de descrever como amigável.
Por outro lado, era bem possível que ele nunca mais iria ver o homem mascarado de novo. Porém, não apenas ele havia dado um conselho efetivo na questão de buscar por Rem, ele também havia dado a faca. Ele era alguém alto no nível de benfeitoria.
Significando…
Todd: “Ei, o que foi? “
Subaru: “――. Aquela faca é algo da minha família. Uma herança de família.”
Todd: “É mesmo? Ei ei, então você deve ser alguém importante, né?”
Subaru: “Hein?”
Ele decidiu proteger seu benfeitor, depois de passar um tempo pensando.
Todd elevou um pouco a voz em surpresa pela resposta, com Subaru tendo mentido com esses pensamentos em mente. Subaru não soube porque, mas de todo modo, Todd continuou, dizendo: “Mas…”
Todd: “Afinal, sua faca tem nosso emblema nacional, o Lobo Espada. Pelo que eu ouvi, essas coisas eram dadas pessoalmente do Imperador para seus servos. Significando, que você deve ser de uma família de honra também?”
Subaru: “…Espera só um segundo.”
A voz de Todd ficou excitada. Enquanto isso, a respiração de Subaru travou após ele ouvir o que tinha sido dito.
A história por trás da faca que ele tinha ganhado era legal e tal. Ele deixaria de lado a questão por ora, mesmo parecendo ter uma história importante o suficiente para ser investigada.
——O Lobo Espada, e o Imperador.
Subaru: “————”
Subaru parou seus pensamentos, seus lábios ainda colados enquanto ele olhava ao seu redor novamente.
Ele pode ver muitas tendas, fogueiras, homens rindo e a grande floresta… E uma bandeira azul tremulando ao vento, bem ao lado de uma tenda larga.
――Pintado bem no centro da bandeira azul, estava um lobo negro perfurado por espadas.
Cerca de um ano havia se passado para Subaru também, desde que ele chegou neste mundo.
As oportunidades as quais ele havia sido apresentado por ser o único cavaleiro de Emilia estavam aumentando, então ele estava estudando muitas coisas que se passavam como senso comum neste mundo, tais como nunca mais sentar cruzando as pernas igual a uma pessoa “estrangeira” para sempre.
O fruto de seus estudos batiam com esta bandeira de um lobo perfurado por espadas―― o “Lobo Espada”.
Isto é…
Subaru: “…O Sacro Império de Vollachia.”
O emblema nacional do Império que fazia fronteira com o sul do Reino Dracônico de Lugnica.
Foi agora que Subaru percebeu que eles haviam cruzado a fronteira entre Reino e Império, sendo lançados em um país estrangeiro.
――O Sacro Império de Vollachia.
Esse era o nome do território―― Não, o nome da nação onde Subaru estava sendo mantido prisioneiro.
A impressão que Subaru tinha de Vollachia era, a partir do resultado dos seus estudos, algo como: “É assim em jogos e coisas do tipo, impérios tendem a ser covis do mal.”
Assim como o reino de Lugnica, o Império Vollachia foi uma das quatro nações que conservaram o equilíbrio de poder no mundo.
Foi o que possuiu a maior quantidade de terra, mantendo seu domínio sobre o sul do mapa mundial.
Vollachia foi abençoada com solos ricos comparados a Gusteko ao norte e Kararagi no oeste, assim como terras férteis e clima quente. Aparentemente, um sistema de “Sobrevivência do mais Apto” havia tomado forma lá, como se fosse uma questão de curso.
Muitas tribos e raças estavam misturadas, com os fortes ganhando tudo e os fracos compartilhando o que tinham, os últimos oprimidos pelos primeiros.
Tamanha brutalidade passava impune no Império Vollachia―― Em outras palavras, esta era uma terra com pessoas que tinham a pior compatibilidade para Natsuki Subaru.
Subaru: “…O Império Volaquiano Sagrado.”
Essas palavras escaparam dele sem nem perceber o momento que ele havia repousado seus olhos sob a bandeira tremulando ao lado da tenda. Ao ouvir o murmuro de um Subaru chocado, Todd arqueou suas sobrancelhas um pouco, e então,
Todd: “…Vida longa à Vollachia!”
Subaru: “Uow!?”
Uma voz do nada cresceu de trás dele, assustando Subaru. Ele arqueou as costas surpreso, fazendo Todd rir com a sua reação.
Todd: “Hahaha. O que foi isso. Foi você quem falou primeiro.”
Subaru: “Vida longa à Vollachia?”
Todd: “Vida longa à Vollachia.”
Apesar dessas terem sido acusações que ele não notou, ele meio que entendeu elas.
Qualquer momento que você disser o Sacro Império de Vollachia, alto, eles respondem com: “Vida longa à Vollachia.” Era isso que eles estavam acostumado, uma parte do seu credo nacional.
E então, havia mais uma coisa que Subaru agora sabia.
Subaru: “…Eu não posso revelar tão facilmente que eu sou um Lugnicano.”
Esse realmente foi um golpe duro para ele.
A posição de Subaru agora era como o único cavaleiro de Emilia, ela sendo uma das candidatas da Seleção Real, que estava acontecendo no Reino de Lugnica. Subaru havia sido oficialmente nomeado sob a proteção de Roswaal, e de tal forma, por um tempo limitado, fez parte da nobreza de Lugnica.
Independente disso, não havia uma pessoa sequer no Reino de Lugnica que não sabia sobre a Seleção Real.
Então, se ele revelasse a posição dele, com certeza ele estaria apto a pedir um favor. ――Ao menos, ele imaginaria que teria falado sobre isso a Todd assim que a segurança de Rem estivesse confirmada, dado que o que ele falasse fosse recebido bem por ele.
Mas, era uma questão totalmente diferente agora sabendo que eles estão atualmente no Império Vollachia.
Subaru: “…”
Tendo lido os livros de história deste mundo, Subaru sabia muito bem sobre as péssimas relações entre o Reino de Lugnica e o Império Vollachia.
Mais de quatrocentos anos atrás, ambas nações haviam travado muitas grandes guerras por territórios. Desde quando o Reino de Lugnica fez um pacto com o『Dragão Divino』quatrocentos anos atrás, as duas nações se distanciaram de maiores conflitos.
Porém, algumas batalhas esporádicas, de escala menor, haviam acontecido desde então, e até mesmo agora, não haviam dúvidas que as duas nações estavam em um estado de guerra fria. Ele havia escutado antes do começo da Seleção Real ser anunciada, arranjos foram feitos para que o Império não tirasse vantagem e começasse uma guerra contra eles.
O que seria dele se contasse que ele era parte da nobreza Lugnicana, ali mesmo dentro do Império Vollachia.
Talvez fosse possível se fosse um nobre Imperial com algum senso comum, mas o local em que ele estava era um acampamento às margens de um campo de batalha. ——Tirando Todd, será que ele poderia realmente esperar ser tratado como um convidado de uma nação por muitos desse pessoal impulsivo, como Jamal?
Subaru: “Definitivamente não.”
Significando que, Subaru não poderia divulgar sua posição sem tomar cuidado.
Agora que as coisas estavam assim, o fato é que ele estava aqui com Rem, que havia esquecido até a posição de Subaru, era uma benção em segredo―― De fato, uma pequena benção no meio de um mar de infortúnios.
Todd: “Ei, sério, qual é o problema? Suas pernas são inúteis igual aos seus dedos?”
Subaru: “Não, não é isso. É só que quando eu ouvi você fala “Vida longa à Vollachia”, eu não consegui conter minha adoração crescer de dentro do meu peito…”
Todd: “Oh, entendi. Não tem como. É apenas natural que você ficasse desse jeito conhecendo o Império, já que você tem conexão com a nobreza Imperial. Fui eu quem faltou com a consideração.”
Subaru: “Haha, bem, hahaha.”
Ele teria coçado a cabeça se pudesse, mas ele apenas poderia soltar uma risada forçada para a resposta de Todd.
Esse era o “Império” de fato, mesmo que sua visão de mundo tenha vindo apenas da literatura.
O mantra do Império permeava por todos, até mesmo os soldados mais rasos como Todd. Percebendo que estava à mostra o comportamento do homem agora, Subaru cerrou os dentes.
Seu trunfo, digo, revelar sua presença social e voltar o Domínio Mathers, poderia ser seguramente assumido que havia sido bloqueado.
Ou talvez um cidadão sensato do Império respeitaria sua posição, mas…
Subaru: “…As chances estão contra mim um tanto demais, se eu fosse apostar em qualquer uma dessas escolhas.”
Todd: “O que você tá resmungando aí? Olha, sua tão aguardada reunião.”
Subaru: “…ah”
Subaru, que estava se balançando, foi empurrado pelas costas, antes de receber um tapinha nos ombros.
Ele levantou a cabeça logo depois de Todd falar isso pra ele. E quando o fez, ele havia sido trazido para algumas celas de ferro, situadas na borda do acampamento. Em uma dessas celas, todas alinhadas e arrumadas, uma garota sentava cabisbaixa…
Subaru: “Rem!”
Rem: “――hk, é você. “
Tendo achado a forma da garota que estava procurando, Subaru voou para cela. Rem o percebeu e franziu o cenho, todo isso enquanto o encarava com hostilidade.
Ainda assim, ele não se importava. Contanto que, antes de tudo, ele pudesse checar que ela estava bem…
Subaru: “Oh, ainda bem. Eles disseram algo para você? Você tá com do… Hbwaah”
Todd: “Opa, opa, parece que isso vai doer.”
Já que Subaru estava se balançando muito rápido, seus pés se emaranharam, fazendo-o cair para frente. Ele não podia usar suas mãos para se apoiar, claro, então ele caiu de cara com a cela de ferro.
E assim mesmo, Subaru deixou escapar um gemido, “kuh!”, quando ele caiu para trás.
Rem: “Esp… O que é isso agora do nada!?”
Subaru: “Ah nada, desculpa… Eu… Eu não queria te assustar…”
Rem: “Como se eu fosse me assustar! Pare de me subestimar por favor… Seu nariz e seus dentes e sei lá estão bem?”
Subaru: “Há!? Você tá preocupada comigo?”
Rem: “Quê? Não? “
Subaru foi capaz de erguer seu corpo, similar a uma largada, e fungou. A resposta que ele teve de Rem foi glacial.
De todo mudo, enquanto era observado por aqueles olhos azuis-claros, Subaru deixou escapar um suspiro de tranquilidade. Porém, isso fez com que a face de Rem tencionasse ainda mais, ainda dentro de sua cela.
Todd: “Muito bem, eu já peguei no ar que esse é um encontro bem emocional, mas vocês dois não estão bem na mesma página, não? Deixa eu ver, então, hm, você deve ser a Rem, não é?”
Rem: “――. Quem sabe.”
Todd: “Ei ei, que saco. Tipo, tem que ter um limite pra o quão teimosa você pode ser.”
Todd se meteu no encontro inesperado de Subaru e Rem, portando um olhar cansado no rosto.
Rem infantilmente virou o rosto, porém, parecia que sua atitude fria não era limitada apenas para Subaru. Também parecia estar consistentemente apontada para o acampamento ― contra todas as pessoas do Império, Todd incluso.
Apesar de todas coisas ditas, pode-se dizer que era típico de Rem o temperamento de mandona em casa, e tímida nas ruas.
Subaru: “Se você vai ficar batendo de frente com quem aparecer, eles vão te colocar um apelido tipo “Cachorra Maluca.”
Rem: “E agora ele tem a absoluta audácia de me chamar de cachorra. Você não apenas fede, mas também é bem rude, não é? “
Subaru: “O que você quer dizer, eu feder é ser rude? Tipo, tô em falta no departamento de higiene? Mesmo assim, limpeza não é algo que entendo plenamente.”
Tinha um ditado que era algo assim: Quando você odeia alguém, você odeia tudo relacionado a pessoa. A forma de interagir de Rem com Subaru batia certeiro com isso.
O fato que ele havia caído em um local como esse, ao mesmo tempo incapaz de se desfazer dessa primeira impressão que ele dava, era um saco.
Subaru: “De qualquer forma, ela é de fato chamada Rem. Obrigado por me ajudar… Apesar de, dito isso, é difícil para mim expressar minha gratidão vendo como ela está na cela.”
Todd: “Eu não te falei? O pessoal da unidade do Jamal foram surrados. Se eu não fizesse isso ao menos, então aí eu perderia respeito. De toda forma, não é como se nós fossemos machucá-la.”
Subaru: “…Posso confiar em você?”
Todd: “Temos a presença da Nobreza Imperial aqui afinal. Nem Jamal pode reclamar sobre isso.”
Todd mexeu no peito e tirou a faca enquanto falava isso. Os olhos de Subaru se arregalaram quando Todd tirou a faca da bainha e cortou as cordas das suas mãos e pés.
Sentindo-se livre das amarras, Subaru exalou um “Oh.”
Subaru: “Vai apenas me deixar ir?”
Todd: “Eu queria dizer ‘É, e leva sua garota pra onde quiser’ … Mas não posso. “
Subaru: “――――”
Todd: “Não me olha assim. Não é como se eu estivesse fazendo uma desfeita com você. Como você percebeu, estamos nos preparando para lutar com os Shudrakianos na floresta. Mas, não somos só nós que fomos enviados. Se você andar para qualquer lugar, então vão ser capturados pelo pessoal de outro acampamento”
Em outras palavras, existem diversos acampamentos espalhados pelo território, esperando para invadir a floresta.
Se Subaru e seu grupo vagassem sem cuidado em outro acampamento, eles possivelmente seriam capturados e questionados, da mesma forma que aconteceu aqui.
Mas pior que isso――,
Subaru: “Com tantos Jamals nesses acampamentos, eu talvez até seja forçado a comer outra bota.”
Todd: “Eu não quero me gabar, mas no Exército Imperial você não vai achar muitos como eu. Eu realmente detesto violência, então se houver uma chance para diálogo, eu sempre vou preferir isso primeiro, sabe.”
Rem: “Então, você quer dizer que a maioria deles vai ser abusivo que nem aquele senhor rude, é o que você está dizendo?”
Todd: “Bem, ele realmente ofendeu você, então ele meio que merece, eu acho.”
Um ódio intenso pode ser ouvido na voz de Rem enquanto ela falava firmemente.
Ela não conseguia gostar de Subaru também, mas seu primeiro encontro com Jamal simplesmente havia sido horrível. Julgando pelo fato que Todd, apesar de saber da situação, não estava do lado de Jamal também, pode se inferir que nem seus aliados defenderiam suas ações.
Subaru: “Todd-san, eu entendo que você esteja preocupado com a nossa segurança. Mas o que a gente deve fazer? Assim como você, eu não quero ficar aqui até que terminem de invadir a floresta.”
Todd: “Eu sei, ainda mais a gente vai tomar bronca se mantivermos forasteiros no nosso acampamento por muito tempo. Mas não importa o que a gente faça, um comboio de suprimento vai sair para uma cidade próxima daqui a alguns dias. Se vocês saírem junto com eles, provavelmente podem ir sem causar nenhuma confusão desnecessária.”
Subaru: “Entendi, um comboio de suprimento…”
Não havia dúvidas, você precisa de bastante comida e água para alimentar essas pessoas. Não havia como que eles pudessem providenciar isso usando a terra ao seu redor, e então as unidades que trazem os suprimentos eram tão importantes quanto as tropas enviadas para o combate.
Por isso Todd havia recomendado para eles irem com as pessoas que tinham a tarefa de providenciar essas coisas para os acampamentos.
Subaru: “Então, tudo bem se a gente depender de vocês mais um pouco…?”
Todd: “Creio que sim. A batalha não deve progredir nem tão cedo… Só garantam que não vão ficar perto daquele maldito Jamal. A não ser que você queira ser forçado a comer outra bota.”
Subaru: “É, concordo com você… Rem, tudo bem pra você?”
Rem: “…”
Rem não respondeu, sua face ainda virada.
De todo modo, ela não rejeitou, então ela provavelmente não tinha objeções. Ele apenas tomariam aquilo como um ato fofo de rebeldia dela.
Todd: “Vocês dois tem uma relação estranha. Que tipo de pessoas vocês são? “
Subaru: “Uhm, você pode pensar na gente como viajantes ou andarilhos. Rem é a minha garota querida, e a outra garota era alguém que não conhecemos.”
Rem: “Você ainda está falando essas coisas…”
Ao ouvir a pergunta de Todd, a desconfiança de Rem cresceu. Subaru também pensou que ele havia estragado tudo, mas por outro lado, ele absolutamente não queria reconhecer Rui como um de seus companheiros.
Honestamente, ele preferia que o império a levassem deles.
Subaru: “O que me lembra, ela não foi jogada numa cela com Rem. Pra onde ela foi?”
Rem: “――. Ela foi levada para ser tratada. Parece que ela cortou a testa em algum lugar quando nós jogamos no rio.”
Subaru: “Tratada… tratada?”
Subaru reagiu em choque quando ouviu a resposta de Rem, que desviou o olhar. Então sua expressão ficou séria, e ele saltou para a cela.
Subaru: “Você disse tratada!?”
Rem: “O-o quê? Sim, eu disse. Ou você está me dizendo que você não quer que a garota que você detesta receba tratamento pelos seus ferimentos?”
Subaru: “Você não tá errada aí também, mas a questão não é essa. Ei, Todd-san! Onde a maldita Rui está sendo tratada? Qual tenda!?”
Subaru se virou, fazendo com que Todd reagisse com um surpreso “Hã?” em resposta a atitude ameaçadora. No entanto, ele não entendeu a gravidade da situação nem um pouco. Subaru apertou ele pelos ombros e perguntou novamente: “Onde ela está?”
Todd: “Se ela está recebendo tratamento, ela vai estar na tenda com a bandeira vermelha. Mas o que aconteceu com você de repente?”
Subaru: “Como se nada, todos vão morrer!”
Subaru empurrou Todd, os olhos dele totalmente arregalados, enquanto Subaru corria apressadamente para a tenda com a bandeira vermelha. Rem e Todd inconscientemente trocaram olhares um com o outro ao ver o vigor que movimentava Subaru.
Todd: “Mas o …? Bem, que seja, eu vou atrás dele, mas…”
Rem: “Por favor vá. Ele provavelmente vai fazer algo sem pensar a não ser que você impeça ele.”
Todd: “Mas, porque é você quem tem que me falar isso…”
Todd coçou a cabeça e correu atrás de Subaru, enquanto ele já estava à frente.
E, assim que ela não podia mais ver Subaru,
Rem: “Tipo, o que é isso? Esse cara tá fazendo o que quer comigo todo esse tempo.”
Rem murmurou para si mesma.
Subaru: “…”
E por outro lado, tendo ouvido o que Todd disse antes, Subaru estava olhando, procurando pela tenda vermelha. Ouvir que Rui estava recebendo tratamento; a pior possibilidade passou pela mente de Subaru.
Isso é, a possibilidade de que Rui, quem parecia ter perdido a mente de alguma forma, voltaria ao normal com o tratamento e se restabeleceria como um dos『Arcebispos da Gula』.
Neste caso, ambos Subaru, e é claro a amnésica Rem, não seriam capazes de bater de frente com ela. Mesmo que Todd, Jamal e as pessoas do Império neste acampamento se juntassem, provavelmente haveriam muitas e muitas perdas.
Ele não iria deixar isso acontecer. Impaciência preenchia a mente de Subaru, como se dissesse, isso nunca pode acontecer.
Então, ele se virou em direção a tenda vermelha que havia capturado seu olhar e rapidamente correu para ela…
Subaru: “Desculpa! Tem uma criança vil de cabelo dourado aqui――”
???: “Auuuaa!!”
Uma bala amarela saiu de dentro da tenda com uma velocidade terrível no momento que ele tentou abrir a aba da tenda.
Com mira certeira, acertou em cheio abaixo do seu nariz ― bem contra o centro do seu corpo, causando ambas a sua consciência e o topo do seu corpo sacudir instavelmente. E assim mesmo, ele caiu de bunda.
Como resultado, ele acabou colocando sua mão esquerda no chão em um movimento instantâneo. ――Sua mão esquerda, onde três dos seus dedos estavam quebrados.
Subaru: “GYHAAAAAAAAA!!”
Rui: “Ahh! Ahh! Uaaah!”
A consciência de Subaru piscava da dor aguda. Presente estava um demônio, feliz e serelepe enquanto montava em Subaru, que se revirava em agonia. ――Rui.
Ela ainda continuava a mesma do tempo em que ela havia acordado Subaru naquela planície gramosa. Havia um sorriso em seus rosto, um sorriso que parecia exatamente com a manifestação do mal inocente, enquanto ela se agarrava em seu peito.
Ele realmente queria afastá-la, mas a sua consciência, flamejando de dor, não o deixou fazer isso.
Subaru: “Gh, khh, a-ahh…!”
Todd: “Opa aí, você usou a mão esquerda? Vixe, isso aí, bem, dureza… Mas pelo que eu vejo, a garota parece estar de volta ao usual dela. Tipo, o ferimento na sua testa também foi tratado.”
Todd alcançou Subaru, que estava revirando em agonia, e gentilmente levantou uma Rui feliz do seu peito. Rui batia suas mãos e pernas enquanto deixava escapar um “Auuh”, no entanto, Todd não deu atenção.
Justo como Todd havia dito, havia um curativo amarrado na cabeça de Rui. Parecia que eles tinham feito algum tratamento para o seu corte na testa. Sem magia, apenas com técnicas simples de primeiro socorros.
Subaru: “Kh, ah… É-é mesmo? Então era isso que vocês quis dizer com tratar sua cabeça…”
Ele estava tão certo que eles iam curar seu ferimento com magia, que ele ficou em pânico. No entanto, com o método que usaram, não havia como a cura tratar aspectos que ele não desejasse ser tratado.
Parece que os medos de Subaru acabaram sendo desnecessários, por ora.
Todd: “Você trata essa garota que é tão conectada com você como alguém que você não conhece, no entanto a garota que considera tão preciosa trata você tão friamente… Eu realmente não entendo, mas parece uma bagunça.”
Subaru: “…Não dá pra negar. Dificilmente tem alguém que se mete em mais bagunça do que eu.”
Se houvesse um limite para o quanto de dificuldades uma pessoa passa na vida, então isso era só uma quantidade de dificuldades de uma vida chegando nele? Ou a contagem era resetada com cada『Retorno Através da Morte』? Será que algum período em que ele conseguiria se manter em paz chegaria?
Só de pensar já era horrível. E apesar de assustador…
Subaru: “Por ora eu estou vivo. Isso é o que importa.”
Todd: “Certamente parece que você definiu seus objetivos abaixo… Então, o que você vai fazer? Podemos mandar vocês acompanhando o pessoal do comboio de suprimento em alguns dias?”
Subaru: “Oh, é, sim por favor. Minhas desculpas, por estar em seu cuidado.”
Todd: “Mhm? Não tem problema, já que eu não vou deixar vocês sair de graça.”
Subaru, que se sentava com as pernas cruzadas, levantou seu rosto para as palavras de Todd: “Hein?” Seguido disso, Todd trouxe Rui para o chão enquanto ela balançava seus braços e pernas, e colocou uma de suas mãos no quadril.
Depois disso, ele apontou para o acampamento Imperial que se afastava atrás dele,
Todd: “Esse é um baita acampamento. Não importa quantas mãos tenham a disposição, nunca é o suficiente. Tem muito trabalho, então eu vou usar você pra ajudar com algumas coisas.”
Subaru: “…Aquele que não trabalha, não come, é isso que você quer dizer?”
Subaru quietamente murmurou essas palavras, fazendo Todd repeti-las assim que as ouviu.
Todd: “Aquele que não trabalha… Sim, com certeza. Exatamente. Você certamente conhece boas palavras.”
Todd acenou com a cabeça, e ao seu lado, Rui também acenava, como se copiando ele.
Subaru estalou seus ossos do pescoço enquanto olhava para os dois de baixo.
Subaru: “…Eu acho, que isso é bem melhor do que ser tido ‘Não faça nada’, ou ser forçado a comer um sapato, hein.”