Shadow Slave – Capítulo  286

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Algum tempo depois, os seis deixaram a ruína isolada e seguiram em direção ao Castelo Luminoso. A Cidade Sombria estava silenciosa e sombria, suas ruas desprovidas de vida e movimento. Até as Criaturas do Pesadelo pareciam permanecer escondidas em seus covis naquele dia, como se sentissem a tensão que pairava no ar como um prenúncio de uma mudança desastrosa.

Uma estrela solitária estava prestes a se acender no céu acima da cidade amaldiçoada.

Nephis foi a primeira a caminhar sob o arco de mármore e pisar na estrada que levava ao assentamento externo. Seu rosto estava calmo e imóvel, qualquer sinal de emoção escondido atrás de sua máscara habitual de indiferença. Era como se ela estivesse retornando triunfante para casa, e não marchando para a própria execução.

Havia um olhar levemente distante em seus olhos.

Sunny abandonou sua posição habitual no final do grupo e agora caminhava lado a lado com ela. Talvez fosse apenas um capricho, mas ele não queria seguir seus passos como sempre fizera antes, desde o primeiro dia em que se conheceram.

Enquanto subiam a colina alta, Estrela da Mudança perguntou de repente:

“Sunny, você se lembra bem do seu Primeiro Pesadelo?”

A voz dela soava relaxada e despreocupada.

Ele lançou um olhar de lado para ela e hesitou por alguns momentos. Então, ele respondeu em um tom uniforme:

“Como se fosse ontem.”

Ela sorriu levemente.

“Foi difícil?”

Aos poucos, um sorriso apareceu no rosto dele.

“Difícil? Não, não difícil. Impossível. Foi uma provação horrenda, desprezível e torturante. Realmente coisa de pesadelo. Chamar isso de difícil seria uma injustiça.”

Com um encolher de ombros indiferente, Sunny afastou as memórias da montanha negra e perguntou:

“…E o seu?”

Nephis desviou o olhar, lembrando-se. Depois de um tempo, ela disse:

“O meu não foi tão ruim, na verdade.”

Ele a encarou incrédulo.

“O quê, você só teve que matar umas míseras mil Titãs Profanos com suas próprias mãos ou algo assim? Conhecendo você, “não tão ruim” significa que não foi nada menos que um verdadeiro show de horror.”

Ela balançou a cabeça lentamente.

“…Não. Eu falo sério. Não precisei lutar contra ninguém, na verdade. Até o final.”

Sunny piscou.

“Espere, sério?”

Um sorriso estranhamente triste apareceu em seus lábios.

“No meu Primeiro Pesadelo, eu era filha de um faroleiro. Minha família vivia em uma bela torre à beira de um mar lindo. Todas as manhãs, o sol quente nascia além do horizonte, banhando a vastidão infinita das ondas azuis em uma luz maravilhosa. Os ventos eram suaves e o mundo era gentil. Éramos eu, meus pais e meus irmãos mais novos. Vivíamos juntos em harmonia, humildemente, mas sem faltar nada.”

Ele franziu a testa.

“E depois? Uma serpente marinha destruiu o farol? Algum horror podre surgiu das profundezas?”

Os olhos da Estrela da Mudança ficaram distantes. Alguns momentos se passaram antes que ela falasse novamente:

“Não. Nada aconteceu. Acho que esse era o ponto, na verdade. Meu Pesadelo… na realidade era um paraíso. Era tudo que eu sonhava quando era criança. Apenas muito mais maravilhoso e humano do que eu jamais poderia imaginar.”

Sunny olhou para ela em total choque. Enquanto observava, o vestígio de tristeza desapareceu do rosto de Neph, substituído por uma expressão sutilmente dura.

“Mas foi isso que tornou tão difícil superá-lo. Impossível, até. Como você disse. Porque tudo que eu tinha que fazer para conquistar o Pesadelo… era me afastar e deixar tudo para trás. Sabendo que eu poderia simplesmente ficar lá, naquele paraíso. Para sempre.”

Ele hesitou por um tempo e depois perguntou cautelosamente:

“Então, o que você fez?”

Um suspiro pesado escapou dos lábios de Neph. Seus olhos escureceram.

“…Procurei uma saída do Pesadelo por muito tempo. Mas, por mais que procurasse, não havia nenhuma. Dia após dia, noite após noite… conforme o tempo passava, ficava cada vez mais difícil me forçar a continuar procurando. Acostumei-me àquela felicidade, àquela vida quente e bela. E, eventualmente, chegou um dia em que pensei que, talvez, eu deveria parar. Talvez eu possa simplesmente ficar.”

Ela inclinou a cabeça levemente e disse, sua voz fascinante alcançando as partes mais profundas e sombrias do coração dele:

“…Foi o dia em que subi ao topo do farol. Sabe, Sunny. Você precisa se queimar… para arrancar as bênçãos do fogo. Era o que minha avó costumava dizer. Então foi isso que eu fiz. Molhei-me com óleo e ateiei fogo em mim mesma.”

As chamas brancas de repente lambiam suas mãos, e ela as encarou, seu rosto lentamente ficando pálido, seus olhos refletindo a terrível agonia que sentia. Enquanto sua pele de marfim fervia, escurecia e depois se curava para ficar impecável novamente, ela disse simplesmente:

“…E eu queimei.”

De repente, as chamas desapareceram, e ela fechou a mão em punho. Sua voz ficou um pouco tensa.

“E depois de muito, muito tempo, quando tudo acabou… encontrei-me numa caverna escura, aconchegada num casulo viscoso de seda negra. Ao meu redor, milhares e milhares de pessoas dormiam em casulos semelhantes com os olhos abertos, com sorrisos felizes em seus rostos vazios. E acima de nós… estava uma criatura tão repugnante e abominável que não consigo me forçar a descrevê-la até hoje. Alimentava-se dos nossos sonhos.”

Ela ficou em silêncio por um momento e depois acrescentou:

“Aquela criatura estava convulsionando de dor, como se também compartilhasse da agonia que eu sentia. De alguma forma, consegui me libertar do casulo. E matei-a antes que ela recuperasse completamente os sentidos.”

Ela olhou para ele e sorriu. No entanto, não havia calor nesse sorriso.

“…Foi assim que conquistei meu Primeiro Pesadelo.”

Sunny olhou em seus olhos por um longo tempo, em silêncio. Então, ele lentamente desviou o olhar.

“…Como eu disse, coisa de pesadelos. Acho que chamamos assim por um motivo.”

Estrela da Mudança riu.

“Acho que sim. Mas, na verdade, lutar contra aquele Terror não foi a parte mais difícil. Acordar presa em um casulo repugnante não foi a parte mais difícil. Mesmo… mesmo queimar viva não foi a parte mais difícil.”

Ela ficou em silêncio por alguns momentos e depois disse, olhando para a estrada branca sob seus pés.

“A parte mais difícil foi subir os degraus até o topo do farol. Não por causa do que me esperava no futuro, mas por causa do que eu estava deixando no passado.”

…Logo, as formas familiares do assentamento externo apareceram à vista deles.

Eles finalmente retornaram ao Castelo Luminoso.