Shadow Slave – Capítulo  370

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Levou a Sunny o resto da noite para compilar todas as informações que ele havia coletado sobre a Costa Esquecida em um relatório conciso e abrangente. Sabendo o quão apaixonado o Professor Julius era por pesquisar o Reino dos Sonhos, Sunny tentou não deixar passar nenhum detalhe importante.

Ele descreveu a geografia e o ambiente da região da melhor maneira possível, incluindo todos os marcos notáveis que ele visitou ou ouviu falar, bem como a natureza peculiar do mar escuro e do Labirinto. Ele também descreveu a maioria das Criaturas do Pesadelo que ele viu, conheceu ou enfrentou, escrevendo tudo o que sabia sobre seus poderes, comportamento e fraquezas, baseando-se em sua própria experiência sempre que possível.

Quando possível, ele incluiu as informações recebidas diretamente do Feitiço, com descrições das Memórias e Ecos que ele conhecia. É claro que ele forneceu esses textos tanto na língua humana quanto na linguagem rúnica.

Por fim, ele escreveu os resultados de sua exploração e estudos sobre a história da Costa Esquecida, descrevendo em detalhes todas as gravuras, mosaicos e murais que ele havia visto. Ele também adicionou suas teorias sobre o que havia acontecido com a antiga civilização, bem como suas observações sobre como as antigas pessoas da Costa Esquecida viviam antes da queda.

…É claro, havia coisas que ele havia mantido para si mesmo.

Sunny omitiu qualquer coisa relacionada ao ninho do Pássaro Ladrão Vil, o Tecelão e à câmara subterrânea sob a catedral em ruínas. Ele não mencionou a Santa de Pedra, primeiramente porque queria manter sua existência em segredo e, em segundo lugar, porque ela estava conectada ao Desconhecido. Ele também evitou mencionar sua batalha contra os golems de coral e o banimento do mar amaldiçoado, bem como o destino eventual do Terror Carmesim e a destruição tanto do sol artificial quanto do próprio Pináculo.

Pelo que todos sabiam, Sunny tinha saído pela Porta junto com o resto dos Sonhadores. Ninguém havia prestado atenção em seu paradeiro nos últimos minutos, e ele queria que continuasse assim. Bem… ninguém, exceto Effie e Cassie, mas ele tinha certeza de que elas seriam discretas sobre certas coisas.

E mesmo que eles falhassem em manter seus lábios selados, Sunny tinha maneiras de explicar suas ações sem revelar a verdade.

Terminando o relatório, Sunny se apoiou cansado na cadeira e olhou para a tela. Lá, um longo título era mostrado:

“Relatório de Exploração da Costa Esquecida, por: Sunless Desperto”

“Acho que está bom o suficiente”, pensou ele.

Sunny não tinha ideia de como escrever um artigo acadêmico… ou um relatório de campo apropriado, por sinal. Então, ele havia escrito e estruturado esse documento de uma maneira que teria sido mais útil para seu eu mais jovem há um ano, quando ele havia entrado na Costa Esquecida sem saber nada sobre ela.

Um manual como esse teria facilitado muitas coisas.

Com um suspiro, Sunny enviou o relatório para seu comunicador, desligou o terminal e se levantou.

Esticando o corpo cansado, ele balançou um pouco e bocejou. Já haviam se passado dois dias desde o seu retorno ao mundo real, então a fadiga estava lentamente se acumulando. Em breve, ele teria que começar a usar os estimulantes fornecidos por Mestre Jet… mas esse momento ainda não havia chegado.

Sunny se afastou da mesa, depois hesitou um pouco e voltou. Pegando vários livros da pilha organizada, ele os devolveu às prateleiras apropriadas.

Depois que cada livro voltou ao seu lugar pretendido, ele acenou com satisfação e finalmente saiu da biblioteca.

“Que lugar fascinante. Eu gosto de lá…”, pensou ele.

Olhando para trás para o prédio despretensioso, Sunny respirou o ar frio de inverno e lembrou da descrição da Máscara do Tecelão:

“Tecelão acreditava que o conhecimento era a origem do poder e, por isso, sempre se escondia por trás de inúmeras mentiras…”

O que o Demônio do Destino pensaria sobre este lugar? Afinal, era um palácio do conhecimento.

Sunny lembrou-se das páginas enganosas que apresentavam uma versão lavada e polida da história e sorriu.

‘Sim… mas também é um palácio de mentiras…’

Foi estranho voltar ao acampamento Adormecido. O prédio baixo e fortificado era muito parecido com o que ele se lembrava, apenas sobrecarregado por mais neve. Sunny não havia passado muito tempo aqui, mas aqueles dias antes do solstício de inverno foram alguns dos mais memoráveis de sua vida.

Tanta emoção, tanto medo…

Quem diria que ele não o veria novamente por mais de um ano?

Ao entrar no salão familiar, olhou ao redor, meio esperando ver uma multidão de Adormecidos nervosos. Mas, é claro, não havia ninguém por perto – todos já haviam partido para sua primeira incursão no Reino dos Sonhos, e era cedo demais para os Sonhadores do próximo ano chegarem.

Caminhando pelos corredores vazios, encontrou o caminho para os níveis mais baixos do acampamento e se aproximou da sala de aula de Sobrevivência na Natureza, que também servia como escritório do Professor Julius. Ao abrir a porta, viu a sala espaçosa e bem decorada onde havia passado a maior parte de sua curta estadia na Academia. De repente, Sunny foi tomado por uma onda de nostalgia.

‘…Você está louco? Você é jovem demais para sentir nostalgia pelos velhos tempos!’

Seu mentor não estava em seu lugar habitual, sentado atrás da ampla escrivaninha de madeira. Em vez disso, o velho estava em pé na frente de uma caixa de vidro, estudando o crânio de uma criatura feroz armazenado dentro e fazendo anotações.

Ele não havia mudado nada. O Professor Julius ainda era velho, com cabelos grisalhos desgrenhados, olhos distraídos e um par de sobrancelhas espessas que pareciam ter vida própria. Sua postura e expressão estavam cheias de melancolia tranquila.

…No entanto, assim que ouviu alguém entrar na sala de aula, seu rosto mudou, tornando-se animado e curioso mais uma vez.

Virando-se, o velho homem olhou para o visitante com confusão. Então, seu rosto de repente se iluminou com um sorriso brilhante e contagiante.

“Sunny, meu garoto!”