Switch Mode
Participe do nosso grupo no Telegram https://t.me/+hWBjSu3JuOE2NDQx

The Beginning After The End – História Secundária – Capítulo 8

Pobre e Mais Pobre

JASMINE FLAMESWORTH

Puxei a porta da pousada e empurrei a elfa na minha frente, esperando que a visão dela pudesse afastar qualquer reclamação de Dalmore.

O estalajadeiro semicerrou os olhos para nós, então seu rosto franziu profundamente e ele revirou os olhos. “Não, Jasmine, nós já…” A voz do barman atarracado foi sumindo enquanto ele encarava a elfa faminta. “Não me diga que você sequestrou uma criança!”

Eu não pude evitar meu bufar de desgosto quando a garota olhou para mim alarmada.

“Seu velho idiota, Dalmore. Ela estava perdida e sozinha na floresta.” Quando ele apenas continuou olhando, eu estalei meus dedos. “Ela precisa de comida e algo para beber.”

Dalmore se encolheu como se eu tivesse ameaçado bater nele, então desapareceu na pequena cozinha atrás do bar. Os outros dois clientes na pousada nos observaram com curiosidade, mas eles rapidamente se viraram quando eu os encarei.

Balançando a cabeça, levei a garota para a mesa mais próxima e gesticulei para que ela se sentasse, então me sentei em frente a ela.

Nossa caminhada de volta da Clareira das Bestas tinha sido rápida e silenciosa por necessidade, pois eu estava fraca, sem condições de proteger uma criança das bestas de mana se atraíssemos a atenção para nós mesmas.

Os remédios da garota me impediram de sangrar até a morte ou entrar em falência múltipla dos órgãos por causa do veneno, mas uma vez que eu me recuperei o suficiente para voltar a ficar de pé, eu colhi as mandíbulas do devastador, uma boa quantidade de veneno, dois coletes de seu exoqueleto que ficavam em suas costas e seu núcleo, que era tudo que eu poderia colocar em meu anel dimensional.

Eu esperava que o devastador pudesse ser comestível, mas as paredes grossas da carne macia sob a carapaça foram devastadas e eu estava preocupada que a carne fosse venenosa, então nós a deixamos para as outras bestas de mana devorarem.

A fadiga irritante se instalou em todos os músculos do meu corpo, tudo que eu queria era uma bebida forte, um banho quente e vários dias de descanso bem merecido.

“Jasmine?”

Percebendo que estava olhando para a mesa por pelo menos alguns minutos, olhei para cima e encontrei aqueles olhos verdes claros. “Hm?”

“É… tem algum outro elfo aqui?” Sua voz era apenas um sussurro e carregava uma ansiedade intensa. Eu neguei com a cabeça. O lábio inferior da elfa tremeu.

Dalmore apareceu da cozinha com uma tigela grande e fumegante e uma caneca. Ele os colocou cuidadosamente na mesa, então se sentou, com seu olhar de preocupado focado na garota.

Ela olhou para mim em busca de confirmação antes de tomar um gole cuidadoso da tigela. Uma pequena carranca cruzou seu rosto sujo, mas ela continuou comendo.

“Então.” Dalmore começou, me olhando com o canto do olho “O que aconteceu? Quem é você?”

“Meu nome é Camellia Lehtinen.” Respondeu a garota enquanto comia. “Obrigada pela comida, senhor.”

O rosto cansado de Dalmore se iluminou. “Senhor? Por favor, me chame de Dal.

A garota apenas sorriu e continuou bebendo seu caldo. Quando ela tomou um gole da caneca, seus olhos se arregalaram. “Leite com mel!” Ela deu outro grande gole e sorriu para Dalmore. “Obrigada, sen— Dal. É a minha bebida favorita. Minha mãe costumava…”

O brilho momentâneo desapareceu da expressão da garota, e ela pousou a caneca.

Dalmore deu um sorriso triste. “Vá em frente então, pequena. Nos conte sobre. Isso ajuda.”

Ela enxugou as lágrimas. “E-Eu sou de uma pequena vila, perto de onde… eles atacaram pela primeira vez. Meu pai e meus irmãos ficaram para lutar, com um grupo liderado pela princesa Tessia, mamãe e eu… fomos com os outros, evacuando mais ao norte, em direção a Zestier.

Mas nós fomos atacados por soldados que conseguiram cercar o grupo da princesa e mamãe e eu nos separamos dos outros. Corremos muito e h-horas mais tarde mamãe percebeu que tinha mudado e nos levado de volta para o sul.

Tentamos encontrar nossa aldeia, mas eles encontraram a gente primeiro. Eles nos perseguiram. Mamãe me disse para continuar correndo, e então e-ela…”

Quanto tempo se passou desde aquele ataque a Elenoir? Essa garotinha magra como um graveto ficou lá fora, sobrevivendo sozinha, esse tempo todo?

Dalmore estava fazendo ruídos suaves, aparentemente fazendo o possível para se acalmar. “Tá tudo bem, pequena. Você está segura agora. Ela, a Jasmine, pode parecer ser grosseira e rude, mas ela vai cuidar bem de você.”

Eu lancei a ele um olhar assustado.

Eu? Cuidar de uma criança? Eu segurei um escárnio irônico.

Limpando minha garganta, eu disse. “Alguém precisa ajudá-la a encontrar alguém de sua própria espécie…”

“Isso é uma ótima ideia.” disse Dalmore animadamente. “Mas primeiro, por que não dar um banho quente, algumas roupas novas e uma cama para ela descansar, né?”

Acenei lentamente em concordância, até que a elfa disse: ”Eu não posso pag—”

O estalajadeiro cortou sua fala e disse por cima: “Por que você não arranja roupas novas para o nossa nova amiga aqui? Eu já aproveito e acendo uma fogueira embaixo da banheira.”

“Sim, tudo bem.” Eu murmurei, feliz por uma chance de ficar sozinha com meus pensamentos, mesmo que eu prefira estar deitada em uma cama quente.

A garota me olhou nervosa. “Talvez eu deva ir com você em vez disso?”

Eu balancei minha cabeça com firmeza. “Não, você fica aqui com Dal. Não se preocupe, ele é um bom homem e você estará segura aqui.” Eu lancei a ele um olhar que disse a ele que é melhor ele cumprir a minha palavra. “Não vou demorar muito.”

Ignorando o olhar da garota queimando minhas costas, eu rapidamente deixei a pousada e me dirigi para outra taverna perto. Antes de mais nada, precisava de uma bebida.

Que também estava silenciosa. Eu engoli duas canecas de cerveja antes de colocar uma mandíbula manchada de sangue de um metro e meio de comprimento no bar como pagamento, para desgosto do barman, e então voltei para o ar frio da noite, me sentindo um pouco melhor.

De lá, eu vaguei pela cidade, sem pressa. O mercado estava fechando. Os poucos mercadores e comerciantes que ficaram na Muralha tinham pouco para vender e não se preocuparam em abrir lojas, em vez disso trabalhavam e vendiam diretamente de suas casas.

Uma dessas mulheres, cujo marido era um soldado que ainda trabalhava aqui, era uma costureira. Eu sabia que ela ainda ajudava a consertar as roupas, então fui primeiro para a casa dela.

Eu nunca fui na casa dela antes, então demorei para vagar pela área residencial e bater na porta errada duas vezes para encontrar a casa.

A mulher que atendeu era jovem, mas a vida de esposa de um soldado a envelhecera prematuramente. Ela me olhou de cima a baixo e disse. “Desculpe, senhorita. Não posso fazer muito por isso. Seria melhor comprar roupas novas.”

Eu suprimi uma carranca e mexi na minha roupa e armadura ensanguentadas e arruinadas. “Estou procurando roupas para uma garota, mais ou menos dessa altura.” Levantei minha mão na altura do ombro. “E magra como um graveto.”

A mulher me lançou um olhar avaliador. “Você tem dinheiro? Ou permuta, talvez? Encontrar tecido decente para roupas novas não é fácil.”

Minha carranca escapou, apesar de meus melhores esforços. “Eu sou uma maga poderosa. Talvez haja algo que eu possa—”

Ela já estava balançando a cabeça e fechando a porta lentamente. “Não há necessidade de favores. Se você não tem nada para negociar, você não pode me incomodar. Agora, boa noite, senhorita.”

A porta se fechou na minha cara antes que eu pudesse responder. Pensei em chutá-la para baixo e dar à mulher miserável um tapa na cabeça, mas isso só me levaria de volta à prisão.

Em vez disso, dei um passo para trás e apenas fiquei lá por um minuto.

O coaxar de uma tremonha de lama se ergueu da Clareira das Bestas além da Muralha. O cheiro de carne sendo assada em uma fogueira espalhou-se pelas ruas de uma das casas próximas. Alguém estava bêbado cantando uma música lenta e triste que eu não conseguia ouvir direito.

Minha mente voltou à minha conversa com o capitão sênior. Mais especificamente, para o homem que ele conheceu um pouco antes de mim: o esmoler, Jeremiah Poor.

Eu nunca visitei o anão antes. Talvez fosse o lado Flamesworth em mim aparecendo, mas eu não conseguia suportar a ideia de fazer caridade. Mas isso não era para mim.

Isso deveria ter me deixado à vontade, mas não pude deixar de me perguntar o  porquê eu estava fazendo isso. A pequena elfa não significava nada para mim. Eu já quase morri para salvá-la. E isso não era o suficiente? Eu não tinha a intenção de me tornar sua guardiã quando a trouxe de volta para a Muralha.

Apesar de tudo, afastei-me da casa da costureira e dirigi-me para a Muralha. Eu sabia que o esmoler tinha um escritório ali em algum lugar. Não demorei para encontrar, pois o primeiro guarda que encontrei me abordou e exigiu saber o que eu estava fazendo subindo as escadas para o interior da própria Muralha.

O jovem, pouco mais que um menino, conduziu-me pessoalmente ao escritório de Jeremiah Poor, olhando-me com desconfiança durante todo o caminho.

Encontramos Jeremiah ainda trabalhando arduamente, revisando listas de itens escritos em longos rolos de pergaminho. Ele ergueu os olhos imediatamente quando entramos e sorriu gentilmente. “Ah, Wendel. E a jovem senhorita Flamesworth, também.” O anão levantou-se de um salto e fez uma pequena reverência. “No que eu posso ajudá-los?”

“Eu encontrei esta bisbilhoteira.” O jovem guarda, Wendel, grunhiu, sacudindo a cabeça em minha direção. “Dizendo que estava procurando por você.”

Eu dei ao guarda um aceno de desprezo antes de me concentrar em Jeremiah. “Eu preciso de algumas roupas.”

Ele olhou para a minha roupa e armadura arruinadas. “Dá pra ver.”

“Para uma menina, dessa altura, ela é magra como uma vareta.”

O esmoler franziu a testa e olhou para sua lista. “Existem muitas roupas de criança deixadas pelas pessoas que evacuaram, mas você se importa se eu perguntar por que você precisa dessas coisas?”

Eu me irritei com a desconfiança flagrante, mas não podia realmente culpá-lo por sua suspeita. “Eu encontrei uma refugiado élfica na Clareira das Bestas.”

O anão passou a mão pela barba rala, franzindo a testa de preocupação, mas foi Wendel quem falou. “E você informou ao capitão sênior Albanth sobre isso? Pode haver outros, nós devemos—”

“Não há nenhum outro, mas Albanth deveria ser informado. “Eu disse olhando fixamente para ele. “Por que você não corre e cuida disso, Wendel? Avise o capitão sênior que trouxe outra boca para ele alimentar e que alguém precisa cuidar dela. Ela está na Pousada Underwall.”

O jovem soldado olhou de mim para o esmoler. Parecia que ele estava pensando muito. Finalmente, ele acenou com a cabeça bruscamente, acenou para Jeremiah e marchou rapidamente para longe.

Eu balancei minha cabeça e o esmoler riu.

“Ele é um bom rapaz. É um dos sete irmãos que serviram na Muralha.” Jeremiah fez uma pausa e acrescentou. “E o único a sobreviver ao ataque da horda de bestas”.

A dor do meu ferimento e o cansaço dolorido até os ossos começaram a me afetar. Encontrei o olhar do anão e encolhi os ombros. “Muitas pessoas boas morreram. Agora, você tem alguma roupa para a menina ou não?”


Considere fazer uma Doação e contribua para que o site permaneça ativo, acesse a Página de Doação.

Comentários

4.7 16 votos
Avalie!
Se Inscrever
Notificar de
guest
7 Comentários
Mais recente
Mais Antigo Mais votado
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários
Kallimar EmptyD
Membro
Kallimar Empty
5 meses atrás

Cada cap ressalta a dor da guerra e as perdas que ela trás, muito bom. Kkkkkk ficou meio estranho esse muito bom.
F para mãe, pai e irmãos da Camélia e F pelos irmãos do Wendel, msm ganhando a guerra, o estrago já foi feito 🙁

RENAN
Visitante
RENAN
5 meses atrás

Realmente longo, mas interessante.

ShinigamiGOD🔥D
Membro
ShinigamiGOD🔥
10 meses atrás

Eu tô gostando dessas histórias paralelas a principal…da primeira vez não tive a oportunidade de ler isso…mas tô ansioso demais pra voltar pro Arthur…af
E a Jasmine tá acabada, mentalmente principalmente kkk ou sempre foi assim e nunca percebi…kkk ou o sangue dela tá mostrando as verdadeiras cores dela tmb kkkkk e mais motivo pra ela não ter deixado a muralha ainda rsrs espero que ela recupere a confiança e bons sentidos cuidando dessa elfa…🛐

Arthur LeywinD
Membro
Arthur Leywin
10 meses atrás

Estou só, mas o livro é fantástico

Última edição 10 meses atrás por Arthur Leywin
Jeremias
Visitante
Jeremias
10 meses atrás
Resposta para  Arthur Leywin

Você não está só

RhythmD
Membro
Rhythm
7 meses atrás
Resposta para  Jeremias

Estamos contigo, bro

Nitilyng
Visitante
Nitilyng
6 meses atrás
Resposta para  Arthur Leywin

Nunca se sinta sozinho companheiro essa vai ser uma longa jornada

Opções

Não funciona com o modo escuro
Resetar