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The Divine Hunter – Capítulo 32

Talento distorcido

 Quando Roy voltou ao moinho de água nessa noite, colocou o espeto de carne quente à porta do armazém e bateu na porta antes de voltar para a sala de estar. Ele mencionou a Vivien ao Hank e Mana, e o casal tinham a mesma consideração de Tross. Ele tentou perguntar porque é que a sua filha não foi enviada para a Casa de Cardell para receber uma educação.

 Toya era uma garota jovem, e o fato dela ser diferente tornou-a uma minoria. A casa de Cardell poderia tê-la acolhido, então Roy não entendeu por que não foi enviada para lá. O casal disse a ele que não podiam pagar as taxas, e não pensavam nela como uma grande aprendiz.

 Ah, então eles realmente são esses tipos de lixo. Roy não falou mais sobre o assunto e terminou o seu jantar às pressas. Quando voltou para o seu quarto, viu um convidado raro à sua espera.

 A lâmpada de óleo na parede iluminou a sua pequena figura. Ela estava de pé na porta, com as costas voltadas para ele, os ombros desiguais. Ela estava limpando cuidadosamente um punhado de mirtilos antes de os colocar no barril exterior. A garota suspirou de alívio quando acabou, e virou-se para voltar ao armazém. Mas então ela viu o Roy.

 Toya ficou surpresa, seu sorriso feliz congelado. Ela olhou nervosa, e tremeu – mas não fugiu.

 “Não se preocupe, Toya. Não quero te fazer mal”. Roy tentou fazer o seu melhor sorriso, e ficou a três metros de distância em vez de ir até ela. “Só quero dizer obrigado pelas frutas, elas são deliciosas”.

 “Você…” Toya ficou em silêncio por alguns momentos, depois respirou fundo, se arrumando. “V-Você não tem medo de mim?” ela gaguejou. A voz dela era doce e infantil, mas também nervosa.

 “Por que pergunta?” Roy olhou fixamente em seus olhos. “Não acho que seja diferente de qualquer outra garota”.

 Toya esqueceu de respirar por um momento, e o seu coração saltou em uma batida. Ninguém nunca tinha lhe dito isso. Nem mesmo o pai dela, ela ansiava que alguém dissesse que era só uma garota em vez de uma aberração, e as lágrimas brotaram quando o seu desejo foi finalmente realizado.

 Roy continuou. “Aqueles canalhas mal-educados não fazem nada além de espalhar maldades e miséria, enquanto você está cuidado do gado, das aves, do jardim e dos campos. Você é autossuficiente Toya, você é uma garota incrível”. Roy sorriu quase com entusiasmo demais. “Acho que uma introdução adequada é necessária. Eu sou Roy, e tenho mais ou menos a mesma idade que você, o meu pai é um camponês na Baixa Posada, e só há pouco tempo vim para Aldersberg. Toya, como você retribuiu os meus presentes com os seus própios presentes nos últimos dias, isso significa que agora somos amigos”.

 “Amigos?” Toya pensava que nunca iria conseguir amigos, ela costumava ter amigos quando era mais nova, mas assim que as suas costas começaram a deformar, os seus amigos começaram a evitar como se fosse uma praga. Ela nem conseguia lembrar dos seus rostos, tudo que ela conseguia lembrar era como todos a olhavam enquanto a amaldiçoavam.

 Ela nem sonhava em ter amigos. Toya começou a se afastar, parecendo que estava perdida. Mas depois ela começou a se aliviar e a abaixar a guarda.

 “Por que não encontramos outro lugar para conversar? Não se preocupe, é apenas uma conversa normal – algo parecido com o que teríamos em um almoço”.

 Roy olhou à sua volta. A lua brilhava na terra vazia em que ele praticava todas as noites. Ondas se espalharam pelo lago enquanto a brisa da noite soprava sobre ele e a luz prateada da lua envolvendo-o.

 

 Roy deu um suspiro de alívio quando viu a garota sentada à sua esquerda. Ele pensou que ela tinha fugido. Nunca tinha entrado em contato com uma garota tão sensível como ela, e estava preocupado que pudesse atingir um ponto fraco. Esse é um passo na direção certa.

 Toya obviamente não estava acostumada com essa situação. Ela estava olhando para baixo, seus dedos entrelaçados. Ela não olhou para o garoto ao seu lado, nem olhou para o seu reflexo no lago, preocupada que pudesse ver um monstro olhando de volta para ela.

 “Relaxa, Toya”. Já viu um truque de mágica antes?”

 “Não, o que é um truque de mágica?”, perguntou ela cuidadosamente.

 “É um truque, você sabe como truques funcionam, né? Eu posso te mostrar um, olhe com atenção”. Toya ficou surpreendida por Roy estar sendo tão imperioso, e ela olhou para ele de forma reflexiva. “Não pisque agora”. Roy estendeu a mão direita, mostrou a ela a palma da mão, depois a parte de trás. E então girou o pulso uma, duas e três vezes…

 Toya contou silenciosamente, e depois seu queixo caiu ligeiramente, os seus olhos se alargaram em choque quando uma bela carta apareceu do nada na palma da mão de Roy. O cartão apresentava uma ruiva com um vestido vermelho. Ela irradiava a beleza de uma chama ardente, um ar de mistério à sua volta.

 Roy voltou a rodar o pulso, e algumas rodadas depois, a carta desapareceu no ar.

 “C-Como você fez isso, Roy?” A atenção de Toya foi capturada. Era um truque básico, mas ela nunca tinha saído de Aldersberg desde o dia em que nasceu, e muito menos visto um truque. “Onde você escondeu a carta?”

 “Um mágico nunca revela seu segredo. Adivinhe”, disse Roy. Toya segurou o seu queixo, deixando seu cabelo cair enquanto mergulhava nos seus pensamentos, esquecendo sua apreensão e medo.

 E então Roy sentou-se a trinta centímetros dela, interrompendo os seus pensamentos. Toya congelou, suor frio escorrendo por um rosto que tinha toda a cor sugada. O seu coração bateu forte em seu peito, mas não por desconfiança, pelo contrário, foi por medo e ansiedade. Os seus longos anos de abuso fizeram ela ter medo daqueles que se aproximavam dela. Ela achava que eles estavam lá para torturar, amaldiçoar ou abusar dela.

 “Desculpa por te assustar”. Roy lhe deu um olhar de desculpas e mostrou as palmas da mão antes de recuar até Toya recuperar um pouco de compostura. “Estava apenas tentando tirar a carta”. Ele apontou para o avental branco dela. “Acredite ou não, Toya, essa carta está dentro do seu bolso agora mesmo”.

 Toya procurou no seu bolso com hesitação, depois retirou uma carta – a mesma que Roy tinha mostrado à ela. Era uma pena que ela era analfabeta. Ela não sabia o nome da dama no cartão, mas caiu em transe, olhando para a mulher bela e sexy, uma pitada de inveja brilhava em seus olhos.

 “Interessante, não acha?” perguntou Roy. “Pode ficar com a carta”.

 “Por quê?” Toya ficou perplexa. Ela já estava surpresa por Roy lhe dar ervas e comida. “Não posso aceitar isso, deve ter sido muito caro”.

 “É apenas uma carta normal de Gwent”, respondeu Roy honestamente. “A maioria dos estalajadeiros vendem elas. Você pode me dar algumas frutas amanhã se achar que isso é um presente muito caro”.

 Toya segurou a carta, parecendo relutante. Algum tempo depois ela disse: “Tudo bem então”. Ela guardou a carta no seu bolso com cuidado. “Quem é a dama?”

 “Sabrina Glevissig”. Uma feiticeira em Ard Carraigh, a capital de Kaedwen”.

 “Uma feiticeira?”

 “Vai entender isso com o tempo, acredite em mim. Vamos falar de outra coisa”. Roy sentou-se ao seu lado, e dessa vez, Toya não começou a convulsionar. Ela balançou as pernas como Roy estava fazendo, talvez para se aliviar.

 Dois jovens passageiros embarcaram a 

 “O que você faz em volta do moinho?”

 “Tenho que alimentar os porcos, limpar o lugar, e colher os campos. E isso além do que você já tinha mencionado antes”.

 N/T: Ela tá falando sobre o Roy ter dito que ela cuidava do gado, das aves, do jardim e dos campos.

 Roy suspirou. “Tão jovem, e carregando tantos fardos”. A maioria das garotas da sua idade seriam casadas ou ajudariam as suas famílias, mas nenhuma ajudava de forma tão dura quando ela. “Tem algum passatempo? Pintar, cantar, dançar ou jogar Gwent?”

 “Eu não sei como jogar Gwent, então cantar, talvez? Mas eu realmente não faço. Mana sempre me repreende, diz que eu cantando sou tão ruim quanto os galos que cacarejam todas as manhãs, todos riem de mim também”.

 “Não dê ouvido a eles, a sua voz é perfeita para cantar”, disse Roy, elogiando do fundo do seu coração. “Poderia ter cantado em teatros se fosse a qualquer outra cidade. Já está bem tarde, mas se tivermos tempo, posso ter a honra de ouvi-la cantar?”

 

 Eles falaram sobre as suas vidas. Roy falava e perguntava, enquanto Toya escutava calmamente, intervindo às vezes. As suas respostas eram curtas e lentas, mas Roy conseguiu coletar informações úteis.

 Ela não tinha nascido corcunda. Os sintomas tinham começado há oito anos, e tinham piorado. A sua mãe tinha morrido há cinco anos porque ela se preocupou demais com Toya, e depois a sua madrasta – a gorda e severa Mana – chegou. Desde então, a vida de Toya não passou de um trabalho sem fim, e o seu próprio pai começou a ficar distante.

 

 Roy podia sentir o medo e a impotência nas suas respostas, enquanto Toya notou que os olhos de Roy eram desprovidos de desapontamento e desdém do seu pai, bem como do ódio da sua madrasta. Eles também não tinham nem um pouco das discriminações que as crianças e os residentes tinham contra ela, em vez disso, estavam cheios de paciência e compreensão. Ela sentiu algo que não sentia há muito tempo – respeito.

 Foi a primeira vez que Toya teve o desejo de contar tudo a alguém desde o falecimento da sua mãe, mas essa noite não era a noite certa para isso. A lua subiu mais alto, e tinha passado uma hora desde que haviam começado a conversar.

 “Você quer mesmo… Quer mesmo ser meu amigo, Roy?” Ela limpou o seu vestido e ficou em pé, a lua brilhante iluminando as suas costas corcundas e os seus ombros desiguais.

 “Você entendeu uma coisa errado”. Roy sorriu. “Nós já somos amigos”.

 “Posso falar com você amanhã também?”

 “Claro que sim, desde que eu volte aqui, você é bem vinda para falar”.

 Toya suspirou com alívio e voltou a mancar para o armazém decadente. Roy viu-a partir.

    • Toya
    • Gênero: Feminino
    • Idade: Treze anos e dez meses
    • Estado: Civil
    • HP:30 ↓ (Corrupção de Mana)
    • Mana:120 ↑ (Corrupção de mana)
    • Força:3
    • Destreza:4
    • Constituição:3 ↓ (Corrupção de mana)
    • Percepção:6
    • Vontade:6
    • Carisma:4
    • Espírito:12 ↑ (Corrupção de mana)

 Habilidade:

    • Fonte (Passiva): Despertou o poder de sentir a energia do caos. Agora é um humano sensível a magia. Amado pelos elementos da terra, fogo, água e ar. Absorve a mana automaticamente a todo momento. Pode controlar a mana e liberar feitiços após receber a formação profissional e sistemática, realizando proezas que a maioria das pessoas não conseguiria”.

 N/T: As suas estatísticas são afetadas pela corrupção de mana, por isso as setas. A corrupção de mana aumenta a mana e espírito, mas diminui o seu HP e constituição.

 

 Roy se lembrou do que Letho lhe disse durante a aula de meditação. Se um humano sensível à magia despertasse – mas não fosse enviado para uma escola de feiticeiros para se submeter a treino e domar a energia elementar dentro deles – eles ficariam loucos com a mana desenfreada. Pior, poderiam ser transformados num monstro deformado por causa da mana incontrolável.

 Obviamente, Toya, filha de Hank foi uma das azaradas. Foi-lhe dado o dom da magia, mas não sabia como controlá-la. O seu corpo deformado foi, sem dúvida, o efeito da mana incontrolável que tinha dentro dela. Ela morreria muito mais cedo do que a maioria se não fosse tratada.

 Roy tinha a ajudado por simpatia no início, mas agora, ele começou a elaborar um plano depois de ter descoberto o que a Toya era. Ele podia não ter um feiticeiro a sua disposição, mas não significava que não pudesse ser amigo de uma futura feiticeira. Era uma espécie de investimento para ele. Não se pode ser um bruxo sem alguns amigos que lançam feitiços.


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