Desta vez ele não pediu a Xi que traduzisse, pois, queria colocar em prática o vocabulário que acabara de aprender, e ler um manual em oráculum era o exercício perfeito.
Assim, conseguiu confirmar novamente que sua inteligência definitivamente aumentou. Tudo o que fez foi ler um dicionário, mas não teve dificuldade em entender o conteúdo do livro virtual em termos de vocabulário ou sintaxe.
Talvez esquecesse alguns símbolos raramente usados ao longo do tempo, mas com suas estatísticas constantemente em crescimento, era improvável. Afinal, se ele não estivesse tentando memorizar, poderia reler a seção Inglês-Oráculum do dicionário em menos de uma hora.
Oráculum era uma linguagem complicada. Os símbolos para as diferentes sílabas e sons foram sobrepostos em uma sequência precisa para formar palavras, depois frases, e um único símbolo grande poderia conter muitas informações.
Se tivesse mantido sua antiga inteligência humana, teria gasto muitos minutos interpretando um único desses grandes símbolos, mesmo que soubesse o significado de cada um dos sub-símbolos que o compõem.
Além disso, ele não conhecia todos os símbolos. Muitos conceitos ou noções tinham um símbolo único e um som comparável ao kanji chinês ou japonês. Mas também havia símbolos que correspondiam a sons que as cordas vocais humanas não conseguiam pronunciar.
Essa linguagem tinha que ser capaz de representar todos os conceitos do Universo Espelhado. Se o nome de uma criatura, por exemplo, fosse dito usando outras formas de comunicação, como ondas eletromagnéticas, ultrassom, um cheiro complexo ou uma postura precisa, o oráculum tinha que ser capaz de traduzir esse nome.
Quando um nome ou sobrenome significasse alguma coisa, o símbolo padrão correspondente faria o truque. No entanto, se não significasse nada, o nome tinha que ser traduzido como era com outros símbolos dedicados.
É por isso que Jake estimou que levaria vários meses no mínimo para terminar a seção oráculum do dicionário. O número de símbolos e variáveis simplesmente aumentou exponencialmente.
Seu consolo era que pelo menos as cordas vocais permaneciam um órgão comum de comunicação no Universo Espelhado. Pelo menos o suficiente para se tornar a norma.
Voltando à sua leitura, ele terminou de ler o Capítulo 2 em apenas alguns minutos. Depois de lê-lo, ficou parado por um longo tempo com os olhos fechados para integrar o que acabara de aprender.
Criar um Núcleo de Éter não era tão difícil em teoria, mas era um processo demorado que levaria muito tempo e esforço. Também agora sabia como seu bracelete absorvia passivamente o Éter da atmosfera ao longo do tempo.
Este era um aspecto relativamente insignificante de seu bracelete no momento, já que a taxa de absorção de Éter era irrisória. Quando seu Oráculo ainda era zero, seu bracelete levou cerca de um mês para acumular 0,1 pontos de Éter.
A taxa de absorção dobrou com cada rank Oráculo e dependia da densidade de Éter da atmosfera. Com seu atual Rank, seu bracelete poderia coletar passivamente 6,4 pontos de Éter por mês. Em outras palavras, absolutamente nada.
Esses poucos pontos ainda podem fazer a diferença no longo prazo para quem não ousou se aventurar fora das Cidades Oráculo. Especialmente porque o rápido aumento da densidade de Éter em B842 só melhoraria o rendimento de sua pulseira.
Um Núcleo de Éter era exatamente o que o termo implicava: uma massa de Éter concentrada em um único ponto até se tornar sólida ou quase sólida.
Semelhante à interação entre massa e gravidade, o acúmulo de Éter no mesmo ponto acabaria por gerar um campo de gravidade que atrairia o Éter circundante para ele.
No papel, parecia tão simples quanto abrir um pote de geleia. Exceto que impedir que tal massa de Éter se disperse até que desmoronasse sobre si mesma e formasse o equivalente a um buraco negro de Éter exigia muito Éter e um suprimento constante.
Para iniciantes com estatísticas baixas como ele, não era possível usar esse processo. A versão alternativa para iniciantes era, portanto, controlar conscientemente essa massa de Éter para gerar uma rotação, que funcionaria como uma espécie de vórtice. Com velocidade suficiente, essa massa de Éter giraria rápido o suficiente para resistir às forças que tentavam expulsar o Éter de seu corpo.
Mas, novamente, havia outro problema. Aquele movimento giratório do Éter não viria do nada, mas da mente focada de Jake. Simplificando, como com suas estatísticas de Éter sobrecarregadas, se ele relaxasse sua concentração antes que o Núcleo de Éter fosse formado, o Éter se dispersaria e voltaria à estaca zero.
A Percepção e Inteligência Extrassensorial precisava atingir um mínimo de 100 pontos porque era o mínimo exigido para esse feito, controlar o máximo de Éter possível. Controlar o Éter dentro de um raio de 10 metros foi o mínimo que possibilitou a tentativa de criar o Núcleo de Éter.
Por fim, havia um problema final. Se Jake quisesse conter o Éter núcleo dentro de seu corpo, precisaria escolher uma parte de seu corpo que pudesse sacrificar.
Porque se seu corpo fosse capaz de suportar altas concentrações de Éter quando ele o mudasse de um membro para o outro para uma melhor luta, a densidade de Éter no núcleo estaria muito além do que seu corpo poderia suportar.
Basicamente, a área do corpo que abrigava o núcleo de éter geralmente era apenas um buraco! Sem carne, ossos ou órgãos. Apenas um vazio.
Por isso mesmo, era muito arriscado escolher um lugar importante como o coração ou o cérebro para abrigar o Núcleo de Éter. Por outro lado, tinha que ser relativamente centrado para permitir o fácil acesso.
Jake se lembrou de todos as novels de cultivo que protagonista sempre colocava seu centro de Qi abaixo e atrás de seu umbigo, no nível do Dantian, e ele percebeu que não era tão absurdo. Havia muitos lugares no corpo contendo apenas tecido conjuntivo ou mucoso, bastava escolher um.
Também foi possível usar este método para temperar a parte do corpo em questão. Um metal como o mithril, por exemplo, que é encontrado nos contos fantasiosos, poderia existir no Universo Espelhado com outro nome, mas com propriedades semelhantes.
Bastou que o minério em questão estivesse banhado em um ambiente extremamente rico em Éter por muito tempo. Após um certo limiar de tempo e densidade, mudanças ocorreriam na própria matéria, que não tinha outra escolha a não ser se adaptar ou desaparecer.
Jake já havia feito este teste e concentrar toda a sua Força num único dedo era o limite que ele não podia exceder tanto por razões de controle, mas também porque rapidamente se tornou doloroso de manter.
Isso faria com que a Força do Éter de seu dedo subisse para mais de 10.000 pontos e quando suas estatísticas estivessem sobrecarregadas, ele não conseguia mover todo o seu Éter, mas apenas um pouco menos da metade. A tentativa de injetar mais Éter em seu dedo, sem dúvida, o teria ferido.
Uma vez estabelecido, no entanto, o núcleo de éter teve uma infinidade de usos. Impediu que o excesso de Éter escapasse, poderia fornecer energia para as várias Habilidades e Feitiços, e poderia até nutrir o corpo do hospedeiro, torná-lo mais forte e resiliente a longo prazo. A alma e o espírito também se beneficiavam da proximidade de um Núcleo de Éter.
Como um buraco negro, o Éter e a energia contida no próprio Núcleo não poderiam ser usados, pois isso diminuiria a massa do Éter do Núcleo e, portanto, sua capacidade de atrair o Éter.
A própria mente era feita de Éter, tocar mentalmente ou fisicamente um Núcleo era uma das maneiras mais admiráveis de cometer suicídio.
No entanto, como acontece com um buraco negro, o disco de acreção que se forma ao redor dele emitiria um brilho de Éter que poderia ser explorado pelo dono do núcleo. Esta saída de Éter foi o processo usado pela pulseira para funcionar e acumular Éter ao longo do tempo.
Claro, o núcleo contido pelo bracelete não era necessariamente de alto nível, mas foi criado pelo onipotente Sistema Oráculo. O Núcleo de Éter em questão era literalmente um ponto de energia menor que uma partícula de matéria e era absolutamente impossível para Jake detectá-lo com sua percepção extra-sensorial atual.
Também era bom saber que um núcleo de éter poderia ser codificado para servir a uma determinada função ou ser gerado usando apenas um certo tipo de Éter. Era a fonte original de mana para Enya e Esya.
A única diferença era que este Núcleo foi formado a partir de partículas de Éter elementares já transformadas e que este processo era semi-instintivo e automático entre esta raça. Não sendo mais alimentados, seus núcleos de mana enfraqueceram pouco a pouco durante suas poucas batalhas em B842 até que finalmente desapareceram.
Em uma situação de vida ou morte, era possível queimar o núcleo de éter, ou até mesmo explodi-lo para usar o Éter armazenado dentro, mas era uma escolha que poucos Evoluídos e Jogadores estavam dispostos a fazer. Porque era preciso muito Éter para ficar mais forte e sacrificar seu núcleo era como sacrificar anos de trabalho duro em uma fração de segundo.
