The Oracle Paths – Capítulo 51

Eles se revezavam para entrar, matando um animal de cada vez. No início, o processo foi longo e tedioso, envolvendo longas pausas para dar a Will e especialmente Amy um tempo para se recuperar de suas emoções.

Mas com o tempo, o massacre tornou-se mais rápido. Eventualmente, Will recuperou sua paz de espírito inicial, enquanto Amy parou de chorar após matar uma das galinhas. O ato a deixou pálida e perdida por um momento, mas agora era capaz de se recuperar.

Logo não havia mais galinhas ou galos, e eles foram para as gaiolas dos coelhos e a provação começou novamente.

Os coelhos, ao contrário das galinhas, eram adoráveis ​​e tirar a vida deles custou a Amy ainda mais. A sessão de soluços recomeçou quando ela teve que torcer o pescoço de um coelho recém-nascido, e desta vez precisou da ajuda de Will para consolá-la. 

Esses animais deram pouco Éter individualmente, mas com seu grande número, se tornou significativo no longo prazo. Como sempre, Jake simplesmente os armazenou, enquanto Will e Amy os absorveram diretamente.

Poucos coelhos tentaram escapar. Jake suspeitava que seus dispositivos Oráculo sabiam que não sobreviveriam e, em vez disso, os incitou a morrer. Se fosse esse o caso, isso colocaria em questão a confiabilidade do Oráculo, e era melhor não pensar nisso demais.

Se havia alguém feliz nesta situação, era o Crunch. O gato preto claramente não estava sofrendo do mesmo dilema moral de Amy. Os poucos coelhos que tentavam escapar tornaram-se seus brinquedos, depois seu lanche.

Em seguida, eles passaram para os patos, os gansos e, em seguida, os perus. Quando não havia mais animais pequenos, cuidaram dos animais maiores, cujos pescoços não podiam mais torcer apenas com as mãos ou, pelo menos, não com facilidade.

Eles então começaram a cortar suas gargantas ou, no caso de Jake, decapitá-los para garantir sua morte imediata. Ter uma arma de choque teria tornado as coisas mais fáceis, mas aquilo era uma fazenda, não um matadouro.

Os currais de ovelhas e cabras transformaram-se em banho de sangue em poucas horas, tanto que o cheiro que saturava o ar assustou o gado no último curral, o maior de todos. Mas, paradoxalmente, mais uma vez, poucos tentaram escapar.

Curiosamente, a essa altura, era de se imaginar que o trio ficaria totalmente enojado ou mesmo traumatizado pelos horrores que acabavam de cometer. Entretanto, este não era o caso. Pelo menos não para Jake.

Jake não estava se sentindo cansado e enojado de si mesmo enquanto realizava esses atos, na verdade, estava de muito de bom humor. Agora podia sentir a influência do Éter do Digestor sobre si. Se uma fração da alma e das memórias do Digestor o afetaram dessa forma, isso lhe deu uma boa ideia do que estava acontecendo na cabeça de um desses monstros.

Os Digestores eram, sem dúvida, os inimigos de todas as formas de vida. Talvez até fossem canibais.

Will e Amy em algum ponto também mudaram completamente. O nojo foi desaparecendo gradualmente, dando lugar à indiferença, depois a um certo tipo de entusiasmo.

Não porque eles tivessem tendências psicóticas, mas porque seu Armazenamento de Éter estava gradualmente enchendo e isso significava uma chance muito maior de sobrevivência.

Especialmente para Amy, ela estava exibindo um comportamento incomum. No meio de uma matança, ela de repente tirou o suéter e a camiseta, continuando a sessão de abate com seu sutiã para o maior deleite de Jake e Will.

Ela balançou seu sabre mais rápido e mais forte do que nunca, e parecia em êxtase, suas pupilas dilataram, como se estivesse sob o efeito de uma combinação de esteróides + anfetaminas + LSD.

Também havia uma espécie de aura ao redor dela, difícil de identificar, mas se Jake tivesse que dar uma cor, seria vermelha, salpicada com índigo.

Naquele exato momento, Jake finalmente entendeu o que Aslael quis dizer com que seu Código Etérico foi modificado quando foram assimilados no planeta B842. Quanto mais fracos eram, mais seus códigos Etéricos seriam modificados para equilibrar suas chances.

Infelizmente, eles não tinham controle sobre essas mudanças e eram, pelo menos em seu nível, irreversíveis. Amy parecia ser dotada de algum tipo de habilidade Berserk.

Talvez sua vitória sobre um Digestor no dia anterior não fosse apenas um acaso. Provavelmente seu colapso emocional tenha ativado esse novo talento.

Jake ainda não havia sentido a menor diferença e se sentia melhor do que nunca. Isso porque, pelos padrões do Oráculo, ele estava no topo da raça humana, e a única mudança nesse caso foi a remoção de defeitos genéticos e físicos.

Ele realmente não teve tempo de se examinar de todos os ângulos, mas as poucas manchas ou cicatrizes de que conseguia se lembrar realmente se cicatrizaram.

“Amy, pare por um segundo, como você está se sentindo?”

Amy, com o rosto vermelho e em êxtase, ignorou sua pergunta, continuando a absorver Éter movimentando freneticamente seu sabre. Ele teve que gritar para tirá-la de seu transe e, quando gritou, ela bloqueou os ouvidos logo em seguida com uma careta de dor.

“Raagh! Não grite tão alto. Eu não sou surda!”, ela gritou com seu rosto tremendo de raiva.

A reação dela foi tão desproporcional que ele pôde determinar os efeitos dessa estranha habilidade com ainda mais clareza. O Éter Vermelho e Índigo que compunha sua aura, indica que sua Força e Percepção foram ampliadas, e isso é mostrado claramente.

O impacto em sua força era óbvio, mas o impacto em sua percepção levou a algumas complicações nas quais ele não havia pensado.

O Éter de Percepção ou Éter Índigo foram os mais caras de se produzir, exigindo 32 pontos de Éter puro para um único ponto de Éter de Percepção. À primeira vista, isso só dizia respeito à amplificação dos sentidos. Infelizmente, as emoções também deviam ser consideradas sensações. Dor também, talvez.

A consequência era tornar uma pessoa despreparada e repentinamente hipersensível. Sua mente estava sobrecarregada com informações e era incapaz de manter o controle.

“Tudo o que você precisa fazer é ouvir” Jake respondeu em um tom severo. “Agora me diga o que você vê, o que ouve e o que sente.”

O tom de Jake não permitia qualquer tipo de desafio. Lembrando que ele era um matador profissional de monstros alienígenas translúcidos, Amy conseguiu se recompor e começou a descrever o que estava sentindo.

“É, é mágico”, ela murmurou, tentando se concentrar. “Eu sempre tive uma ótima visão, tive um 12/10 nos meus testes de acuidade visual, para dizer o mínimo… Mas agora… É como assistir a um filme em preto e branco e de repente mudar para cores.”

“Tudo parece mais real. As cores são mais ricas, sinto que vejo uma infinidade de nuances que não percebia antes. Vejo detalhes à distância, que seriam borrados ou invisíveis, e talvez até novas cores, que não consigo descrever. Na verdade, não sabia que existiam.”

“Por favor, continue. O que você ouve?” Jake a encorajou.

“Eu ouço muito melhor. Tenho problemas para distinguir e separar os sons que ouço, tanto que tenho problemas para focar minha atenção em qualquer coisa.”

“Mas o pior é, eu acho, a mistura de todos os meus sentidos amplificados. A fricção, as mudanças de temperatura, o contato do vento, o cheiro de grama, sangue e até minhas emoções. Sinto-me nervosa e a mistura de todas essas sensações têm um efeito psicodélico em minha mente, a ponto de me sentir como se estivesse em uma nuvem. Ao mesmo tempo, fico apavorada porque não tenho controle sobre tudo isso.”

Jake digeriu calmamente as revelações da jovem, fazendo muitas inferências a partir de suas palavras.

Jake conseguiu concluir definitivamente que o Éter realmente se comportava como um amplificador e, portanto, o resultado dependia dos fundamentos da pessoa sendo amplificada. Infinito multiplicado por zero, ainda era zero.

Em outras palavras, de acordo com essa lógica, uma pessoa cega não poderia esperar recuperar sua visão aumentando consideravelmente seu Éter de Percepção. Infelizmente, também significava que as pessoas não eram iguais ou equivalentes em Éter, o que complicaria seriamente sua avaliação dos perigos futuros.

Will, por exemplo, tinha mau senso e até usava óculos. Se ele tivesse a mesma habilidade de Amy, só teria uma visão normal, na melhor das hipóteses. Will até admitiu ter pouco ou nenhum olfato. O cheiro metálico do sangue ao redor deles também não o incomodou muito.

Amy, por outro lado, estava em perfeitas condições e muito mais sensível. O resultado havia ultrapassado as capacidades imediatas de análise de seu cérebro e certamente exigiria um tempo de adaptação mais ou menos consequente.

Era até provável que uma quantidade excessiva de Éter de Percepção pudesse superaquecer e, em seguida, causar um curto-circuito em seu cérebro e levá-la à loucura se abusassem. Isso explicava por que o Éter de Inteligência era mais barato. Ao desenvolver o cérebro precocemente, era possível resistir melhor aos efeitos do aumento dos sentidos.

Ou o Oráculo abaixou voluntariamente o custo para evitar que a maioria deles não se tornasse senil devido a algum investimento errado em Éter, ou o Éter de Percepção teve efeitos que se ramificaram muito além do que eles haviam observado.

Jake imediatamente tomou as medidas necessárias para lidar com essas descobertas.

“Me escute, Amy. Faça uma pausa e tente se acalmar. Agora olhe em seu Status se você tem uma nova habilidade que não tinha antes.”

“Mmm, nada no meu Status Corporal.” Ela respondeu franzindo a testa.

“Verifique seu status Éter, então.” Jake a aconselhou exasperado.

“Oh, realmente há uma nova linha. O nome da habilidade é Berserk“, ela exclamou, com alegria em seu rosto.

Nome muito original, bem, eles já viram melhores. Mas pelo menos combinava com a situação.

“Ok, agora tente ver se você pode controlá-la.”

Amy começou a olhar para o chão, girando os polegares em constrangimento.

“Eu não posso… É ativado sempre que estou sob a influência de uma forte emoção. Você apenas tem que esperar…”

“Pfft”, Will começou a rir, vendo sua reação fofa. Era como uma criança dizendo que não gostava de bolo de chocolate, mas sua boca ainda estava manchada com o bolo de chocolate misteriosamente ausente da mesa.

Amy, ainda sob o efeito de sua habilidade, começou a rir descontroladamente, rolando pelo chão ensanguentado, enquanto Jake, tão taciturno e socialmente desajeitado como sempre, só podia orar para que um benfeitor Digestor viesse e o tirasse dessa bagunça.