Jake (Líder): Preciso de sua ajuda. Estou perto de Laudarvik, na província de Icarden, Império Ret’Asi. Aqueles que puderem, por favor, juntem-se a mim.
Esse era o estilo de Jake. Conciso, direto ao ponto, mas não contundente. Se eles não quisessem vir, ele não iria usar isso contra eles, mas com suas estatísticas de Inteligência, nenhum dos Nerds Myrtharianos era tão ingênuo a ponto de pensar que ele não se lembraria dos nomes dos ausentes.
Se prosperassem, estagnassem ou fracassassem no futuro dependeria de sua resposta ao chamado.
No início, sua mensagem era como uma pedra caindo em um lago. Alguns dos membros não tão ocupados notaram, mas eram principalmente os jogadores normais, que estavam conversando sobre tudo e qualquer coisa.
Will ficou tão aborrecido com isso que há muito acrescentou outras salas de comunicação, incluindo uma para “Solicitações, Compartilhamento de Informações”, outra para discussões mundanas e outras salas semelhantes, dependendo do nível de autoridade e responsabilidade dos membros. O chat principal onde Jake havia deixado sua mensagem estava reservado para anúncios importantes dos oficiais e até eles se abstiveram de postar nele se não fosse absolutamente necessário.
Xort: Meu senhor, posso saber o motivo se não for impróprio?
O velho goblin e sua esposa Niss poderiam vir de um mundo primitivo, mas rapidamente se acostumaram com a tecnologia do Oráculo. Seus QIs eram uma merda, embora fossem bastante astutos para goblins ou não teriam vivido tanto tempo. No entanto, depois de três provações consecutivas, agora eram bastante inteligentes.
Fazer essa pergunta poderia parecer desrespeitoso, mas o velho goblin conhecia seus limites. Para melhor ajudar seu salvador, ele precisava conhecer suas circunstâncias.
A resposta de Jake veio rapidamente, e foi tão curta como sempre.
Jake: Há outra facção de jogadores, eu preciso lhes ensinar uma lição. É eu ou eles.
Fuuuu!
Os Jogadores que estavam monitorando silenciosamente a conversa sentiram seus cabelos em pé enquanto liam o texto, seu sangue fervia de excitação. Seu líder estava prometendo levá-los à guerra! Quão glorioso isso seria!
Nicolet: Estou dentro. Vamos matar todos eles!
O Jogador ainda guardava intenso ressentimento em relação às ações das facções de Bhuzkok e Shaktilar que os colocaram no inferno no passado. Ele se formou bem em suas três Provações com uma excelente classificação e agora era um guerreiro habilidoso. Seus amigos Diccon e Takoyaki adorariam estar lá, mas ele poderia deixá-los orgulhosos ajudando seu líder a ensinar uma lição a esses bastardos.
Ingranus, O Ousado: Conte comigo também. Minha lança e meus velhos ossos lutarão até a morte.
Como esperado de um ex-cavaleiro. Depois de três Provações, o velho lanceiro ficou visivelmente mais jovem, parecendo um homem de trinta anos no auge de sua vida. Entre os membros comuns dos Nerds Myrtharianos, ele era de longe o mais forte e sábio.
Após esses dois primeiros voluntários, cerca de uma dúzia de respostas se seguiram rapidamente com um bando de jogadores ansiosos para provar seu valor na batalha e obter as boas graças de seu líder. Isso não durou, porém, e logo a sala de bate-papo ficou em silêncio. A maioria dos Jogadores estava ocupada ou sem pressa para tomar sua decisão.
Depois de um tempo uma mensagem tímida apareceu no tópico.
Secyone: Eu gostaria de poder ir, mas não posso voar. Alguém pode vir buscar meus filhos e eu?
Peter Brady: Onde você está? Acabei de receber uma recompensa na minha cabeça pelo Rei de Dagot e tenho que fugir do reino de qualquer maneira. Se você me der sua localização, eu posso buscá-la.
A ex-advogada ruiva não estava familiarizada com esse personagem e, embora qualquer ajuda fosse bem-vinda, ela não pôde deixar de expressar suas reservas.
Secyone: Por mim tudo bem, mas o que você fez para ser perseguido por um reino inteiro?
Peter Brady: Não sei. Encontrei algum tipo de erva com uma flor roxa áspera parecida com uma estrela do mar em um parque e juro que, com uma cheirada, isso virou meu cérebro. A melhor merda que já testei. Juntei tudo o que pude. Como eu poderia ter adivinhado que este parque era na verdade os jardins do palácio e que esta grama era na verdade o Espírito Divino deste reino? Quando percebi que aqueles idiotas estavam adorando uma maldita flor, já era tarde demais…
… – *Silêncio constrangedor*
Lorde Fênix: Este Soberano concorda em oferecer sua ajuda a você. Com minha presença, você pode considerar seu problema resolvido.
… – *Silêncio constrangedor*
Jake quase engasgou com a mensagem condescendente do peru laranja. O verdadeiro choque foi que ele ainda não tinha acabado assado no prato de um nativo. Ainda assim, ele não podia humilhá-lo depois de ter oferecido ajuda tão generosamente. Talvez se arrependesse quando chegasse lá.
Jake: Claro… Mal posso esperar para ver com meus próprios olhos.
Depois disso, não houve resposta e Jake começou a se preparar para o confronto inevitável. Enquanto isso, no Império Ret’Asi e nas terras vizinhas, este anúncio causou um rebuliço no continente.
*****
Em um mar calmo que se estendia até onde a vista alcançava ao sul de Quanoth, um enorme galeão de três mastros enfrentava as ondas, suas velas vermelhas e bandeira de caveira e ossos cruzados lançavam medo nos corações de pescadores, mercadores e criaturas oceânicas do outro lado da região. Enormes remos balançavam poderosamente para frente e para trás em uníssono, impulsionando a fortaleza flutuante em um ritmo alucinante, apesar da falta de vento.
No navio, a atmosfera era bem diferente.
A bordo, centenas de piratas reconvertidos estavam ocupados com seus deveres, uma expressão servil e submissa pousava em seus rostos o tempo todo. Na parte de trás do navio, uma jovem borbulhante com cabelo rosa amarrado em um rabo de cavalo e ostentando um bronzeado saudável, estava lançando ordens enquanto segurava o leme. Ela havia trocado sua bonita armadura por uma camisa branca com mangas arregaçadas e calças de couro e botas.
Sua aparência poderia virar a cabeça de qualquer homem e estimular os instintos pervertidos do mais melindroso dos eunucos, mas nenhum daqueles notórios ex-piratas com antecedentes criminais ousaria fantasiar sobre seu decote vertiginoso. O último que tentou fazer isso acabou virando cocô de peixe anos atrás…
Esta temida e arrojada capitã pirata era Enya.
Naquele momento, a porta da cabine inferior no convés se abriu e outra mulher parecida com ela, mas com um corte de cabelo um pouco mais curto, saiu com uma expressão superexcitada no rosto. Sem dúvida, só poderia ser Esya.
Com um salto mortal, ela pousou no cais ao lado de sua irmã e gritou:
“Jake deixou uma mensagem! Ele precisa de nós!”
A capitã do navio soltou momentaneamente o leme para consultar o bate-papo de sua facção e depois de terminar de ler uma risadinha escapou de sua boca, então falou:
“Foi um prazer tê-los sob meu comando, mas, infelizmente, temos que nos separar. Se quiserem continuar lutando ao meu lado, vão para Laudarkvik. Se não… desejo-lhe tudo de bom e espero que não façam mais coisas estúpidas.”
Com essas palavras, Esya e Enya se despiram descaradamente na frente da multidão de piratas excitados para vestir suas armaduras, então, liberando uma explosão de chamas escarlates… decolaram nos céus. Transformaram-se em um rastro de luz avermelhada em direção a Laudarkvik.
Ainda aturdidos vários minutos após sua partida, esses piratas abandonados rapidamente voltaram ao que eram. Um pirata ainda era um pirata.
“Estamos livres!”
“Precisamos de um novo capitão!”
“Só pode ser eu, Bolat!”
“Você? Peeh! E por que não sua irmã? Pelo menos ela não teria muita competição desde que ela chupou toda a equipe, bwahaha!”
BAM!
“Eu vou te matar!”
Uma briga acirrada logo começou, repintando o convés do navio com sangue, mas já não era mais preocupação das duas irmãs. Não foi muito depois que a batalha acabou que os sobreviventes perceberam que todo o tesouro que haviam acumulado nos últimos três meses havia desaparecido do porão.
*****
Império de Ret’Asi, Castelo de Gondonete.
Um longo cerco acabara de terminar. Na muralha sul, uma bela mulher em armadura de bronze com pele morena e longos cabelos dourados e íris admirava seu novo exército. Várias centenas de cavaleiros endurecidos pela batalha em armaduras brilhantes estavam destemidamente ao lado de vários milhares de homens lagartos com um par de asas membranosas em suas costas: Dragonids.
Lúcia, convocada aqui com a identidade de uma Capitã Cavaleira, havia derrotado a invasão e conquistado o controle da fortaleza após a morte de seu general. Neste ponto, ela também recebeu a notificação da mensagem de Jake. Depois de lê-la, sua expressão mudou e um brilho feroz cintilou em seus olhos.
“Meus amigos… outra guerra me espera. Foi uma honra lutar ao lado de vocês.”
Ela se curvou para eles, então saiu com os olhos vermelhos, deixando os dois exércitos reconciliados atordoados. Todos aqueles rostos familiares, aqueles irmãos de armas com quem lutou, provavelmente nunca os veria novamente.
Enquanto descia, ouviu uma comoção ensurdecedora e a terra tremeu levemente sob seus pés. Virando-se, ela viu várias centenas de cavaleiros montados em seus nobres corcéis e vários milhares de Dragonids com expressões resolutas. Ela começou a rir, uma lágrima feliz rolou pelo seu rosto.
Jake não ficaria desapontado com seu desempenho.
*****
Em uma selva desolada, um dragão oriental negro com quase meio quilômetro de comprimento jazia dilacerado em uma montanha meio destruída. Sua respiração era rasa, e seus enormes olhos amarelos com pupilas fendidas olhavam impotentes para um jovem pálido de cabelos pretos com uma lâmina escura na mão.
“Você vai se submeter?” Sigmar perguntou gentilmente enquanto apontava sua espada para a criatura.
O duelo de olhares durou um instante, mas eventualmente o dragão invencível se rendeu. O ex Grande Mestre de Fluido acabara de assinar um contrato de mascote com a criatura quando recebeu uma notificação. Lendo a mensagem, ele murmurou pensativo,
“Estou nessa facção há um tempo e não contribuí muito. Bem, devo muito a ele. Vamos ver como ele está depois de todo esse tempo…”
Um homem e um dragão voaram juntos, deixando o deserto sem lei e sem regras, indo para uma civilização moribunda.
