Usando seus talentos alá Magneto, Jake assumiu o controle do aço liquefeito abaixo dele e seu corpo de repente começou a afundar como se tivesse acabado de cair em um lago. Vhoskaud, que não esperava que Jake manejasse suas máquinas dessa maneira, foi pego de surpresa e não teve tempo de reorganizar suas defesas.
BAM!
Jake pousou pesadamente em seu escudo intangível, mas devido às suas propriedades ele passou pelo androide, reaparecendo do outro lado para o maior alívio do robô. No entanto, embora ele não tenha atacado, firmou sua posição a poucos metros do campo de força esférico, tornando-se o companheiro de quarto indesejado do androide.
“Cai fora!” Vhoskaud falou de dentro de sua bolha.
“Não.” Jake o silenciou com um sorriso desdenhoso. “Eu me sinto ótimo e meus pais sempre me disseram que um anfitrião deve sempre honrar seu convidado.”
“Eu não te convidei!”
“Oh?! A propósito, obrigado por me convidar aqui.” Jake continuou a falar besteiras, ignorando suas lamúrias. “Eu pensei que todos os robôs necromantes eram bandidos, mas você é muito legal. Nunca devo julgar um livro pela capa.”
Se o androide tivesse um corpo feito de carne e osso, sua pressão sanguínea certamente teria subido tanto que seu coração poderia ter explodido. No final, tudo o que ele pôde fazer foi apertar os nós dos dedos para descarregar sua raiva reprimida.
Agora que Jake estava dentro de sua formação de máquinas, Vhoskaud tinha muitas maneiras de enfrentá-lo. Caso se decidisse, estava 40% confiante de que poderia acertá-lo.
Se ao menos aquela Tempestade de Mana não restringisse seus movimentos. Ele temia que, se atacasse Jake, ficaria furioso e recorreria a um ataque suicida.
A Provação estava praticamente terminada. Ele só tinha que sobreviver mais alguns segundos e não valia a pena correr tantos riscos sacrificando sua preciosa munição por uma vitória de curta duração.
“Espero não encontrá-lo em minha próxima Provação…” O androide suspirou ao aceitar a dura realidade.
Jake também não tinha intenção de incomodá-lo e os dois Jogadores, um humano e o outro androide, esperaram em silêncio que a notificação do fim da Provação fosse emitida. Um segundo, dois segundos, três segundos se passaram…
Os gritos da Ruby Digestora e de suas vítimas foram ficando cada vez mais escassos, até que pararam completamente. Será que todo mundo estava morto menos eles? Esse final de Provação foi muito mais anticlimático do que ele imaginara.
Sete ou oito segundos depois, mesmo sem usar seu senso mental, Jake sabia que algo estava errado quando viu Vhoskaud se levantar severamente, seu rosto robótico estampado com uma expressão que parecia muito com o medo humano.
“O que está acontecendo?” Jake perguntou com uma carranca profunda.
Vhoskaud não estava com disposição para respondê-lo, mas lembrando-se de que eles estavam nisso juntos, ele disse sombriamente: “Não serei capaz de sobreviver mais do que alguns segundos nesta Tempestade de Mana. Estou sacrificando 10 vezes mais máquinas por segundo do que quando a Tempestade de Mana chegou, e os feitiços nela estão começando a ficar mais complexos.”
Isso não era mentira. Jake podia sentir mentalmente como estranhos raios de Mana multicoloridos corriam pela rede de máquinas ao seu redor, causando reações com efeitos aleatórios.
A certa altura, o metal que compunha o exército de androides e máquinas de repente se transformou em água, depois em cobras de areia antes de explodir em uma nuvem de borboletas brilhantes.
Mais adiante, as máquinas abandonaram sua formação compacta para matar umas às outras enquanto o metal nelas vaporizava, gerando uma chuva de ácido. Perto dali, os robôs desabaram sobre si mesmos como se tivessem entrado em um rolo compressor invisível antes de se estilhaçarem em partículas que cheiravam a feno recém-cortado.
Esse era o maior perigo da Tempestade de Mana: a imprevisibilidade dos feitiços que ela abrigava. A razão pela qual, apesar de sua resistência, Jake nunca ousou tocá-la diretamente.
Se ele soubesse com o que estava lidando, poderia produzir contra-medidas, mas neste caso o problema era que ele não tinha como prever que tipo de feitiço iria atingi-lo.
“Se você acha que eles estão mortos, por que a Provação ainda não acabou?” Jake perguntou solenemente enquanto percebia a gravidade de sua situação.
Vhoskaud zombou do tom cortês de seu inimigo, mas também não estava com humor para zombar dele. Seu chip eletrônico e o cérebro de Jake começaram a ponderar possíveis explicações por acordo tácito, e ambos chegaram à mesma conclusão um décimo de segundo depois.
“Existem 10.000 edifícios nesta cidade. Um para cada um dos vencedores.” Jake lembrou, seu rosto se iluminando.
“A Tempestade de Mana não desaparecerá enquanto este planeta existir.” Vhoskaud ecoou calmamente. “Nesse caso, o papel desses prédios é nos proteger durante a destruição de Quanoth. Se encontrarmos o prédio certo para nós, poderemos entrar.”
Um brilho de presunção e regozijo brilhou nos olhos do androide e dando a Jake um bufo desdenhoso, ele desapareceu, teletransportado para longe. Quando ele saiu, a montanha de maquinário descartado desabou, engolida em menos de um terço de segundo pela Tempestade de Mana.
“Tche, ele poderia pelo menos ter me levado de volta ao meu prédio.” Jake estalou com a língua quando se teletransportou por sua vez para o local de seu suposto edifício que ele havia memorizado ao chegar à superfície.
Não foi difícil porque podia sentir um chamando em sua mente, como se eles estivessem destinados. Mesmo que não pudesse ver nada na Tempestade de Mana, ele seria capaz de encontrá-lo como se tivesse sua própria bússola.
Ele já havia ativado seu Purgatório, mas quando viu os 7B de pontos de Éter desaparecerem assim que o ativou, não pôde deixar de insultar Aurae com todos os nomes em que pôde pensar. Este Antigo Designer realmente não tinha boas maneiras.
O prédio que apareceu na frente dele era um bloco retangular de metal preto com veias de lava e relâmpagos negros que não existiam antes. O terreno ao redor era mais baixo que o resto, como se um campo gravitacional o estivesse apertando. Sem dúvida, era seu prédio.
O único problema era que ainda não havia porta.
“O que devo fazer? Ter fé e mergulhar de cabeça?” Jake estremeceu ao bater nas paredes procurando um mecanismo sem sucesso.
Perdendo a paciência e recusando-se a desperdiçar mais Éter com o risco de danificar seu Purgatório, Jake enfiou a cabeça na parede, rezando para que simplesmente se abrisse.
Seus instintos estavam certos! Sem precisar dizer “Abra de Sésamo”, ele atravessou a parede como se ela não existisse. Era tão simples quanto isso.
Nesse exato momento, ele recebeu uma notificação de boas-vindas do Sistema Oráculo:
Missão Principal (concluída): Encontre uma maneira de embarcar na Cidade Celestial. Se você falhar, será deixado para sofrer o Expurgo com o resto dos condenados. Avaliação: Perfeito
“Só isso? Eu cumpri meu principal objetivo de Provação assim?” Jake deixou escapar, achando o fim desta missão muito fácil.
Então refletiu um pouco mais seriamente sobre o que acabara de passar e percebeu que esse fim de Provação era de fato tudo menos fácil. Ele havia chegado perto da morte muitas vezes e o menor erro teria sido fatal. Na verdade, ele foi poupado uma vez pelo Nulificador.
Além disso, a maioria de seus subordinados não conseguiu… Pensando neles, seu rosto se quebrou ao perceber algo.
Se houver um prédio para cada vencedor, o que acontecerá com os jogadores em minha Fortaleza Portátil?
Xi respondeu apressadamente em sua cabeça com um tom especulativo,
Não tenho como confirmar minhas palavras, mas conhecendo Aurae e os métodos do Oráculo, estou disposta a apostar uma tonelada de liga líquida que eles serão desqualificados e sua missão principal será considerada um fracasso, mesmo que sobrevivam graças a você.
“Porra.” Jake deu uma palmada no rosto.
Ele mal conseguiu chegar à segurança e já tinha que deixar o prédio.
“Xi, por favor, mostre-me o mapa da Cidade Celestial que capturei anteriormente com meu Scanner Oráculo.” Ele exigiu com uma voz cansada.
Jake inspecionou a aparência de cada um dos dez mil edifícios e, com a ajuda de Xi, identificou aqueles que poderiam corresponder aos de seus amigos.
Atualmente, ele tinha Lúcia, Enya, Aisling e sua mãe, Carmin, Wyatt e vários outros Nerds Myrtharianos e Vampiros do Puro Sangue escondidos em sua Fortaleza Portátil. A condição deles era preocupante, mas se ele ainda pudesse sentir suas flutuações espirituais, isso significava que ainda havia esperança.
Justamente quando ele pensou que tinha acabado, ele sentiu movimento no cabelo carmesim de Aisling, ou melhor, o que restava dele. Tendo esmagado seu crânio, seu rosto adormecido não tinha nada do glamour esperado de uma Succubus.
Dois pares de asas azul-claras translúcidas surgiram da massa de cabelo, seguidos por uma adorável cabecinha familiar.
