Nota do tradutor: Então, eu já expliquei antes porque traduzi “dream” de Dream Aether como “perfeito”, mas acabou que eu errei, o correto é mesmo a tradução mais comum “sonho”. Perdão por isso.
Dream Aether = Éter dos Sonhos
Aetherdream = Éter-Sonho
Depois de identificar sua nova Classe Espiritual, era hora de Jake mergulhar nas implicações que a acompanhavam. Várias habilidades de sua Classe Espiritual anterior Eterista Rúnico haviam desaparecido, e ele precisava determinar como a Pioneiro do Éter-Sonho afetaria sua habilidade de combate e personalidade.
‘Como você está se sentindo?’ Xi perguntou cautelosamente, cheia de preocupação.
Jake franziu a testa, mas depois de se concentrar em seus verdadeiros sentimentos e percepções por um momento, ele ainda se sentia o mesmo. Mesmo o Éter dos Sonhos que ele deveria ser capaz de perceber tendo a Lucidez do Éter-Sonho era indetectável.
A menos que Éter e Éter dos Sonhos fossem a mesma coisa? Certa vez, ele ouviu que o nome completo de Éter era na verdade Éter dos Sonhos. Se fosse esse o caso, então suas novas e anteriores Classe Espirituais tinham mais em comum do que se poderia pensar inicialmente.
No entanto, sua afinidade com Éter não foi a única habilidade que desapareceu.
‘Xi, mostre-me um código, um texto ou escritura na língua de uma civilização alienígena desconhecida que eu possa decifrar’, pediu Jake.
‘Imediatamente’, Xi concordou, projetando uma imagem mental de uma antiga placa de pedra coberta por misteriosos hieróglifos circulares de uma civilização desconhecida.
As pupilas de Jake dilataram, um brilho prateado iluminou seus olhos negros, mas uma fração de segundo depois, ele balançou a cabeça.
‘Eu posso decifrar este texto, mas é apenas por causa da minha alta inteligência’, Jake lamentou amargamente. ‘Não tem nada a ver com minha habilidade anterior de Decifrar/Codificar.’
‘Você pode não possuir mais essa habilidade quando se trata de idiomas comuns, mas sua nova Classe Espiritual tem habilidades ainda mais misteriosas’, Xi o consolou. ‘Tenho a sensação de que, se você realmente tentar, mesmo um idioma completamente desconhecido, sem nenhuma pista objetiva ou fraqueza, não resistirá a você por muito tempo.’
Enquanto falava, ela se referia especificamente à habilidade dele de dobrar a realidade à sua vontade, bem como de explorar as correntes do Éter dos Sonhos para ampliar suas habilidades físicas e mentais e ver através de quaisquer ilusões.
Com suas mentes conectadas, Jake não precisava ouvir seu raciocínio para entender o que ela queria dizer. Na verdade, tudo o que ele precisava fazer era testar suas novas habilidades.
As habilidades da Classe Espiritual estavam enraizadas em sua alma. Eram ainda mais instintivas do que a respiração, a vontade de comer ou beber. Apenas saber de sua existência foi o suficiente para Jake tentar usá-las com sucesso. Mesmo na ignorância, ele mais cedo ou mais tarde usaria acidentalmente seus novos poderes, como o primeiro choro de um bebê ao nascer.
Lucidez do Éter-Sonho tocou em sua afinidade com o Éter e um estado muito especial de lucidez que lhe permitiu ver o mundo como ele realmente era. Seguindo essa lógica simples, Jake simplesmente se concentrou no que viu à sua frente, presumindo que essa visão era incorreta, truncada ou totalmente falsa.
Assim que Jake decidiu ver além da superfície, cavar mais fundo e perceber a realidade subjacente, sua visão mudou sutilmente. À primeira vista, tudo parecia idêntico, mas pela sua percepção extra-sensorial, muitas coisas haviam mudado radicalmente a ponto de ele piscar várias vezes antes de se acostumar com essa nova realidade.
Para fazer uma analogia simples, ele se sentia como um inseto cego que acabava de recuperar a visão para descobrir que estava, de fato, enredado em uma gigantesca teia de aranha.
De fato, havia todos os tipos de correntes de éter e mana que a maioria dos Evoluídos podia perceber atualmente com a visão de éter de seu bracelete ou outras habilidades inatas, como sua anterior Visão Myrthariana.
No entanto, sob a influência de Lucidez do Éter-Sonho, era como se este véu superficial tivesse sido rasgado para revelar outro véu ainda mais deslumbrante logo abaixo dele. Esse véu era muito mais perturbador porque, nesse modo de visão, não havia mais apenas o Éter, ou melhor, o Éter dos Sonhos.
Se alguém lhe perguntasse uma hora antes se seu corpo era real ou uma ilusão, Jake certamente teria respondido que era real. Mas agora? Ele parecia nada mais do que uma massa muito densa de vapor.
Era o tipo de crise existencial difícil de explicar para um ser humano comum, mas se alguém tivesse que dar uma explicação, a melhor analogia seria entre matéria e energia. Em um nível microscópico, ambos eram a mesma coisa em uma forma diferente.
Mesmo sem ir tão longe, o mesmo tipo de semelhança existia na escala molecular. A proporção e o tipo de átomos em um porco eram aproximadamente os mesmos do corpo humano. O grafite e o diamante tinham exatamente a mesma composição atômica.
Mas havia uma diferença entre entender e “vivenciar”. Jake já havia passado para o outro lado.
Por mais chocante que tenha sido essa visão, a surpresa não parou por aí. Nesse estado de lucidez quase clarividente, Jake podia discernir muitas outras coisas. Por exemplo, cada movimento, cada pensamento que ele tinha causava ondulações no tecido de Éter que compunha todas as coisas.
Bilhões de runas e símbolos do Éter surgiriam e desapareceriam continuamente, fluindo nessas correntes para quem sabe onde. Mais chocante ainda, havia muitos níveis de emaranhamento.
Até agora, Jake sempre acreditou que o Eterista Supremo seria aquele que poderia perceber e desenhar as menores runas de Éter, o enigmático Grau 15 ou além do Código Etérico que nem mesmo os Antigos Designers conseguiam entender. Agora, ele percebeu que além do infinitamente pequeno, outro universo estava escondido no infinitamente grande.
Ao seu redor, ele podia ver runas dentro de runas, um Código Etérico dentro de outro. Este ciclo infinito se repetia indefinidamente, e as mudanças em uma única microruna causavam distúrbios em toda a cadeia de macrorunas e símbolos em que ela estava inserida.
Jake tentou rastrear esses emaranhados de Runas de Éter, mas acabou desistindo, percebendo que a Cidade Celestial estava envolta por um Símbolo de Éter gigante e extremamente complexo, ele próprio apenas uma pequena fração de uma Runa de Éter milhares de vezes maior, que ele não poderia nem mesmo definir seus limites.
Naquele momento, ele teve uma epifania e finalmente entendeu porque o Pioneiro do Éter-Sonho era uma Classe Espiritual feita para ele. Pioneiro do Éter-Sonho foi precisamente a incrível capacidade de perscrutar as infinitas complexidades do mundo ao seu redor.
Se ele levasse o raciocínio ao extremo, talvez o Universo Espelhado fosse apenas o produto de uma vasta runa, uma mera massa de Éter dos Sonhos que acreditava ser diferente do resto. Uma vez que cada movimento e pensamento se manifestava nas Runas de Éter e nos Símbolos de Éter, desencadeando um enorme efeito borboleta que se espalhava por todo o Éter dos Sonhos, Jake já podia concluir que, de certa forma, todos eles eram feitos de dados.
O Éter-Sonho. Este foi o termo usado para descrever a realidade mais profunda em que eles existiam sem perceber. Com sua imaginação fértil, inúmeras teorias malucas, se não totalmente um pesadelo, começaram a brotar em sua mente, e ele teve que respirar fundo para acalmar seu cérebro efervescente.
Se ele não tomasse cuidado, Jake poderia realmente enlouquecer. De repente, sentindo-se mentalmente exausto, ele desligou o modo Lucidez do Éter-Sonho. Recuperar a visão normal trouxe-lhe uma imensa sensação de alívio, a ponto de quase duvidar do que acabara de vivenciar.
O que era real, o que era falso? Essas duas realidades pareciam igualmente tangíveis, mas Jake agora sabia que o que ele estava vendo era apenas uma fachada muito superficial.
Ainda assim… Durante aqueles breves segundos em que Jake foi capaz de experimentar o Éter-Sonho, ou pelo menos o que ele acreditava ser o Éter-Sonho, seus sentidos aguçados notaram algo.
Mesmo que sua inteligência e percepção estivessem longe de serem suficientes para distinguir com precisão todas essas Runas de Éter dos Sonhos de tamanhos diferentes, ele era sensível o suficiente para perceber a maioria dos distúrbios de microcorrentes e, até certo ponto, resolvê-los.
Seu Dispositivo Oráculo e sua alma, por exemplo, estavam conectados por dois filamentos invisíveis diferentes a algo distante dele, e todos os Jogadores presentes na Academia Divina também estavam conectados a essa mesma coisa.
Por instinto, Jake os identificou imediatamente como o Sistema Oráculo e o método usado pelo Oráculo para trazê-los de volta ao Cubo Vermelho quando foram mortos ou desqualificados durante a Provação. Se a existência deles pudesse ser reduzida a uma massa de Éter dos Sonhos e Runas, isso poderia explicar muito.
Da mesma forma, Jake percebeu naquele momento como o Sistema Oráculo poderia transmitir dados de um extremo ao outro do universo em tempo real sem sofrer qualquer latência. Como ele, o Oráculo usou o Éter-Sonho, esta rede infinitamente complexa de Éter conectando todas as coisas e da qual todas as coisas faziam parte.
Naquele momento, Jake foi repentinamente inspirado e voltou ao modo Lucidez do Éter-Sonho. Vendo-se como uma simples massa de Éter dos Sonhos, ele dispersou seus dados em uma das correntes próximas e desejou reaparecer longe daqui.
Com um mero piscar de olhos, seu corpo se solidificou em algum lugar do cosmos. Usando sua pulseira para determinar sua localização, Jake se viu perdido em meio a um cinturão de asteroides a cerca de 18 bilhões de quilômetros da Cidade Celestial.
Voltando ao modo Lucidez do Éter-Sonho, ele se concentrou em seu destino desejado. Com um estalar de dedos, Jake estava de volta em seu prédio.
Ele havia acabado de completar sua primeira viagem pelo Éter-Sonho.