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The Runesmith – Capítulo 549

Cavaleiro único

Robert estava de pé sobre seu oponente caído, o peito subindo e descendo enquanto lutava para estabilizar sua respiração. A armadura do cavaleiro dourado tremeluzia fracamente, seu brilho antes radiante agora opaco. Estava acabado. O desafiante final havia cedido.

Por um momento, Robert simplesmente ficou ali, tentando processar o que tinha acabado de acontecer. Então, o mundo ao redor dele começou a mudar. A arena tremeu, as paredes ondularam como água, e o cavaleiro dourado desapareceu em vaga-lumes brilhantes de luz. O peso opressivo do julgamento se dissipou, deixando apenas uma vasta sala do trono diante dele.

“Parabéns, Campeão. Agora você é digno de se juntar a mim na mesa. Venha.”

Robert ainda estava surpreso com a mudança repentina de tom. Apenas alguns momentos atrás, estava lutando contra homens de armadura como se sua vida dependesse disso, e agora ele estava de volta onde tudo começou, a sala do trono do lorde. O homem de armadura apontou para uma porta que estava fechada antes, mas agora estava aberta. Sem dizer uma palavra, passou por ela, claramente esperando que Robert o seguisse.

‘Acabou mesmo?’

O lorde se foi, e ele hesitou. As memórias de seus fracassos passados ​​estavam fragmentadas, mas as mortes que havia sofrido afetaram sua psique. Temia que outro oponente secreto se revelasse assim que passasse pela porta. No entanto, teve que reunir coragem e seguir em frente. Suas armas se foram, e estava vestido com roupas casuais. Este era provavelmente o fim do julgamento.

Robert respirou fundo e passou pela porta. Ao cruzar a soleira, sentiu uma sensação estranha, como se estivesse se livrando do peso do próprio julgamento. O ar estava mais leve ali, a pressão sempre presente do combate desapareceu. A câmara em que entrou era vasta, seu teto se estendia alto acima, alinhado com runas brilhantes que pulsavam em um padrão rítmico. No centro da sala havia uma mesa circular maciça, e em sua cabeceira estava sentada a figura blindada, o homem que as pessoas chamavam de senhor ou lorde das runas.

‘Esses são… os oponentes que enfrentei?’

O Senhor das Runas não estava sozinho. Ao redor da mesa redonda estavam sentados muitos cavaleiros, os mesmos homens que ele havia enfrentado na batalha durante o julgamento. Havia o cavaleiro vestindo preto que enfrentou na primeira parte da justa, o prateado e até mesmo o dourado que havia derrotado alguns momentos atrás. Eles estavam todos vestindo suas armaduras e sentados ali com alguns outros. Então, bem na frente, havia uma cadeira, aparentemente a que agora pertencia a ele.

‘É assim que termina? Eu só preciso sentar?’

Robert deu passos lentos e medidos em direção ao assento vazio, seu coração batendo forte apesar da atmosfera calma. Os cavaleiros ao redor da mesa o observavam em silêncio, suas expressões escondidas pelos capacetes. Era como se estivessem julgando-o não apenas por seu desempenho no julgamento, mas pela escolha que estava prestes a fazer.

“Sente-se, meu campeão, meu arqui-cavaleiro.”

O Senhor das Runas ordenou. Robert hesitou por apenas mais um momento antes de se abaixar na cadeira. No instante em que o fez, um pulso de energia surgiu através de seu corpo. Sua visão ficou turva, e todo o seu ser parecia estar sendo reescrito. Por um breve momento, pensou que estava prestes a ser jogado em outra batalha, mas, em vez disso, o conhecimento inundou sua mente. Estruturas rúnicas complexas, técnicas de batalha, a própria base do poder que ele tinha acabado de ganhar.

Engasgou, agarrando os braços enquanto um brilho azul o cercava. Os cavaleiros ao redor da mesa permaneceram em silêncio, observando enquanto seu corpo absorvia o conhecimento. Sua visão nadava com padrões e símbolos, sua Percepção de Mana Rúnica surgindo a novas alturas. Ele podia ver o fluxo de energia ao redor das runas na câmara como se o próprio tecido do mundo tivesse sido exposto diante de seus olhos.

Então, tão rapidamente quanto veio, a sensação desapareceu. Robert exalou bruscamente, seu corpo encharcado de suor, enquanto tudo ficava escuro e o cenário mudava novamente. Seus ouvidos começaram a zumbir e se viu incapaz de se mover, mas de repente, ouviu uma voz chamá-lo. Era uma voz suave e familiar, uma que cortava a escuridão como uma luz guia.

“Robert… Robert, acorde!”

Sua visão retornou lentamente, os contornos borrados de uma sala se formando diante dele. O brilho fraco de lâmpadas infundidas com runas tremeluzia acima, e o rosto preocupado de Lucille pairava sobre ele. Seu irmão estava de lado, braços cruzados, como se já soubesse que não havia mais necessidade de lançar o feitiço de recuperação de memória nele. Seu corpo parecia lento, como se tivesse sido submerso em água e só agora estivesse subindo à superfície.

“Aguente firme.”

“Huh?”

Roland falou e, num instante, entendeu o que ele queria dizer. Havia passado no teste e retornado ao mundo real. Seu teste de ascensão estava completo e agora era hora de receber suas recompensas.

Uma sensação de formigamento se espalhou por seu corpo antes de se transformar em dor lancinante, como se estivesse pegando fogo. A agonia era imensa, como se mil agulhas perfurassem seus músculos de uma vez e o despedaçassem. Os detentores de classe nível 3 eram conhecidos por passar por uma transformação e, dependendo da raridade de suas classes, a dor poderia ser ampliada.

Mensagens do sistema piscavam para a esquerda e para a direita, notificando-o de que estranhos passivos estavam alterando seu corpo por dentro. A dor era imensa, mas depois de alguns momentos, começou a diminuir, substituída por uma sensação quente e reconfortante. Sua visão ainda estava embaçada, mas conseguia ver seu irmão estendendo uma mão coberta por uma manopla sobre ele, usando um feitiço rúnico para aliviar a dor. Graças à sua habilidade recém-adquirida, conseguia ver claramente as runas em ação. A complexidade das runas comparadas àquelas no teste de ascensão estava em um nível totalmente novo.

“Isso deve ajudar e, uma vez que o sistema nervoso for fortalecido, você deve estar livre.”

Mesmo com a ajuda do feitiço, o processo era bem desconfortável. No entanto, assim como seu irmão havia proclamado, assim que a próxima mensagem do sistema apareceu, começou a melhorar, e até conseguiu mover seu corpo.

“Ainda dói? Talvez você devesse deitar.”

Lucille perguntou a ele, com preocupação estampada em sua expressão.

“Não, eu… estou bem agora…”

Robert exalou enquanto os últimos resquícios de dor desapareciam de seu corpo, deixando para trás uma força recém-descoberta que nunca havia experimentado antes. Cada fibra de seu ser pulsava com vitalidade, seus sentidos mais aguçados, seus músculos mais densos, seus ossos pareciam inquebráveis. Ele cerrou os punhos, observando as veias em suas mãos brilharem fracamente com energia residual. A transformação estava completa, e ele não era mais apenas um cavaleiro, mas algo além, algo mais. Lucille se ajoelhou ao lado dele, suas mãos ainda segurando seus ombros.

“Robert, você tem certeza que está bem?”

Ele assentiu lentamente, ainda se adaptando à sensação avassaladora que o percorria.

“Eu… eu acho que sim. Na verdade… eu me sinto ótimo!”

Sua voz saiu mais firme do que esperava, cheia de um poder que não estava lá antes. O corpo que uma vez conheceu foi transformado em algo mais, e tinha algo a ver com a estranha nova classe que recebeu – Arqui-Cavaleiro Rúnico, algo que ele nunca tinha ouvido falar antes.

Lucille sorriu para ele e estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar da cadeira. Robert sorriu de volta e estendeu a mão ansiosamente, mas antes que suas mãos pudessem se tocar, sentiu seu pulso sendo agarrado por seu irmão.

“Não é uma boa ideia. Você provavelmente não está acostumado com sua nova força. Se não tomar cuidado, pode esmagar a mão de Lucille.”

Robert congelou no meio do movimento, encarando Roland em choque. O peso das palavras de seu irmão se instalou em sua mente, e lentamente retirou sua mão. A última coisa que queria era machucar a mulher que amava. Lucille ainda era uma detentora de classe nível 2, enquanto ele havia ultrapassado esse nível, mas não tinha certeza se Roland estava exagerando. Sentiu que poderia controlar sua força se se concentrasse.

“Não acredita em mim? Que tal tentarmos isso, então?”

Percebendo a hesitação de Robert, Roland pegou uma caneca solitária de uma das mesas próximas. Roland estendeu a caneca para Robert, um leve sorriso brincando em seus lábios. A xícara era modesta, de cerâmica simples, mas Robert conhecia seu irmão bem o suficiente para entender que isso era um teste. Um teste simples, mas necessário.

“Pegue.”

Roland disse, sua voz calma, mas firme.

“Segure como você faria normalmente.”

Robert hesitou por um momento antes de estender a mão. Seus dedos envolveram a alça da caneca com facilidade praticada, mas no momento em que tentou levantá-la, um estalo ecoou pela sala. A alça quebrou em sua mão, e a caneca caiu no chão, quebrando-se em pedaços e derramando um pouco de chá no chão. Lucille engasgou, recuando em surpresa. Roland, no entanto, apenas riu, balançando a cabeça enquanto cruzava os braços.

“Eu te disse. Você é mais forte do que pensa. Seu corpo mudou, mas sua mente ainda não se adaptou. Vai levar tempo até que consiga se mover como antes.”

Robert flexionou os dedos, olhando para os cacos de cerâmica no chão. Ele nem tinha exercido muita força, mas o cabo tinha se desintegrado em sua pegada. A percepção se instalou de que seu corpo não era mais o mesmo, e teria que reaprender a controlá-lo. Lucille se ajoelhou para limpar os pedaços quebrados e perguntou.

“Quanto tempo levará para ele se ajustar?”

“Depende.”

Roland respondeu com um encolher de ombros.

“Podem ser dias, podem ser semanas. O importante é que ele comece a treinar seu controle fino agora. Caso contrário, vai começar a quebrar mais do que apenas canecas. É por isso que aconselho vocês dois a não fazerem nenhuma… atividade física noturna juntos.”

Robert deu um passo para trás em choque com a casualidade com que Roland disse isso. O rosto de Lucille ficou vermelho como um tomate no momento em que ela percebeu o que ele estava insinuando.

“Roland! V-você…”

“O quê?”

Roland deu de ombros novamente como se não se importasse com esse fato. Robert tentou esconder seu constrangimento se virando e olhando para a tela do sistema onde estava a lista de novas habilidades e passivas. Tinha acabado de atingir um avanço e ainda não tinha certeza se a classe que obteve realmente valia a pena.

Os olhos de Robert se arregalaram enquanto ele observava seus bônus de classe, mas o que realmente chamou sua atenção foi o traço Arqui-Cavaleiro. Seu multiplicador de estatísticas excedia em muito o multiplicador padrão de 3x que a maioria das classes de nível 3 tinha. Pelo que ele sabia, um Campeão da Espada normalmente tinha um multiplicador de 3,2x, o que já era considerado alto, e havia rumores de que uma classe de Guerreiro de Aura tinha cerca de 3,5x. Isso significava que, em termos de estatísticas brutas, ele agora superava até mesmo guerreiros que empunhavam Aura, algo que antes pensava não ser nada mais do que um sonho.

“O que mais há?”

Logo, ele estava analisando as habilidades que havia recebido e rapidamente encontrou a primeira, aquela que lhe permitiu passar no teste depois de aprendê-la.

Essa habilidade foi a primeira da lista, e era bem autoexplicativa. No entanto, não foi a única habilidade que recebeu, pois havia mais.

Essa habilidade era mais intrigante. Parecia conceder a ele uma sensação de poder. No entanto, era um voto de Cavaleiro, que normalmente precisava ser vinculado a algo: seu senhor, talvez uma pessoa que estimasse, ou alguma outra convicção. Parecia ter restrições únicas, e parecia improvável que pudesse usá-lo livremente em todos os momentos.

‘Convicções…’

As próximas duas habilidades eram passivas rúnicas básicas que lhe permitiriam empunhar armas e armaduras rúnicas mais facilmente do que outras. Ele só precisava que seu irmão projetasse uma nova armadura junto com uma espada para realmente desbloquear seu potencial. Talvez até fosse capaz de empunhar a estranha armadura exoesquelética que havia usado durante o duelo no passado, mas isso dependeria do que seu irmão decidisse. Então havia a última habilidade, que era um pouco mais interessante do que as duas anteriores:

A explicação era um pouco vaga, mas como com todas as habilidades que recebeu, tinha um entendimento geral de sua função. Essa habilidade permitiria que usasse uma runa mesmo sem ela estar inscrita em sua armadura. Em outras palavras, mesmo que ficasse com armadura ou armas sem encantamentos, seria capaz de criar uma por conta própria por um tempo limitado.

“Mas o que significa ‘dominado’? Eu tenho que treinar para usar magias rúnicas?”

Robert murmurou para si mesmo, esquecendo que havia duas outras pessoas na sala com ele. Roland ficou parado, impassível, e não pareceu perturbado pelo tratamento frio. Lucille, por outro lado, parecia mais preocupada, e seu olhar o trouxe de volta à realidade. No entanto, antes que pudesse falar, seu irmão falou primeiro.

“Você deveria ir descansar, e lembre-se, tome cuidado para não machucar ninguém. Quando estiver recuperado, volte aqui, e discutiremos sua nova classe em detalhes.”

“Ah…”

Por um momento, Robert quis dizer que estava bem e pronto para testar suas novas habilidades, mas então se lembrou da xícara de chá quebrada, seus pedaços ainda no chão enquanto Lucille os limpava. Eventualmente, assentiu. Embora se sentisse fisicamente ótimo, sua psique havia sido afetada pelas constantes mortes e fracassos dentro do espaço do ritual de ascensão. Precisava se deitar um pouco e refletir sobre todas as coisas que havia recebido.

******

“Obrigado.”

“Não precisa, só descanse por enquanto.”

Roland observou Robert sair da oficina, seu andar errático, pois parecia estar colocando muita força nas pernas. Roland olhou pela tela de status de Robert e viu as habilidades aparecerem em tempo real, algo que não tinha experimentado antes. Ele tinha quase certeza de que sua própria classe Overlord havia influenciado de alguma forma as escolhas de Robert, já que os bônus que Robert recebeu eram bem parecidos com os dele.

“Todas as suas habilidades são semelhantes às minhas, mas mais restritivas.”

Ele bateu no queixo, pensando em como a nova classe evoluiria. Os poderes de Robert agora estavam muito mais focados, estruturados em torno de equipamentos rúnicos. Isso significava que, para realmente capitalizar a nova classe Arqui-Cavaleiro Rúnico, precisaria de uma armadura feita sob medida, feita do melhor metal e aprimorada com os melhores encantamentos, algo que Roland poderia fornecer por si mesmo ou deixar para os anões.

“Eu mesmo cuido das runas, mas os anões e Bernir podem cuidar da construção da armadura.”

Seu tempo tinha se tornado muito limitado ultimamente. Criar runas era uma coisa, mas criar uma armadura inteira sozinho levaria um tempo considerável. Enquanto Robert tinha dado um salto gigante para frente, a armadura que receberia eventualmente seria substituída e modificada. Era melhor não investir muitos recursos nisso ainda e, em vez disso, reunir mais dados para entender no que seu irmão realmente se destacava. Roland teve uma ideia do que fazer depois de passar um tempo preparando Robert para o teste de ascensão, e o esquema já havia tomado forma em sua mente. Uma vez que esta nova armadura e a espada estivessem concluídas, Robert finalmente assumiria a identidade de Durendal, um cavaleiro comandante.

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