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World Domination System – Capítulo 234

A luta (1)

Ao ouvir a resposta do barman, Daneel não pôde deixar de se surpreender ao ver que havia tanta demarcação entre os cidadãos e estrangeiros, aponto de que até a casa em que moravam ser um indicativo de quem eram.

Optando por não responder, Daneel esperou um pouco antes de receber a iguaria local que havia pedido, um animal que parecia um pequeno rato espetado por um palito e flutuando em algum tipo de caldo.

Pegando a comida e um copo de vinho barato, Daneel se sentou em uma das mesas da estalagem, observando atentamente os arredores enquanto comia.

As pessoas usavam, principalmente, roupas largas por causa da temperatura mais alta, algumas até optando por ficar sem camisa e expor as cicatrizes em seus corpos.

Normalmente esse tipo de pessoa tinha um corvo consigo, mostrando que já haviam feito parte do exército, o que era algo digno de adoração nessa parte de Angaria.

Como já dizia o ditado popular “a força de uma corrente é sempre determinada pelo seu elo mais fraco”.

Os cidadãos geralmente aparentavam mais arrogância, falando com confiança em tons altos, sem se importar que estivessem em um ambiente público e que poderiam incomodar os outros.

Embora os estrangeiros não fossem muito submissos, podia-se facilmente avaliar que eles estavam agindo tendo seu status inferior em mente.

Embora o Reino Corvo Negro sempre insistisse que admitia estrangeiros de braços abertos, a diferença de status era algo muito gritante.

Isso fazia com que o número de estrangeiros vivendo dentro do Reino fosse pequena, chegando a apenas 20% da população total.

Portanto, o plano inicial de Daneel de aumentar as tensões entre os cidadãos e estrangeiros para causar tumultos e provocar uma mudança de liderança foi descartado, tanto porque os estrangeiros eram poucos quanto pelo fato de o Rei não ser alguém que pudesse ser deposto por qualquer cidadão comum.

De certa forma, esse Reino lhe dava a impressão de um culto. Um culto cujo líder e fundador foi o lendário Corvo Negro, responsável pela existência deste Reino em primeiro lugar.

Todos os sinais típicos de um culto estavam lá: todos os cidadãos adoravam sua divindade de forma fanática, sendo que os objetos dessa divindade que decidiam o papel de alguém na sociedade – se alguém pudesse se conectar com um descendente de divindade, significava que eles eram abençoados, levando-os a possuir riqueza e poder quanto quisessem, até certo limite.

Os cidadãos tinham várias coisas exclusivas, como as casas, e outras vantagens práticas, mas acima de tudo, a vantagem de tentar se relacionar com um Corvo Negro, que ninguém mais poderia fazer.

O líder do culto era aquele com a conexão mais forte com o Corvo Negro mais forte do Reino, que, segundo rumores, estava em um nível comparável a um Humano Exaltado, ao contrário dos outros Corvos, que só poderiam ser treinados até o nível Humano Eminente.

Ainda foi contado nas histórias como o atual Rei desafiou o anterior em uma luta e o derrotou antes de formar um vínculo extremamente forte com o mais poderoso Corvo Negro.

Consequentemente, ele ganhou a adoração do povo e facilmente se tornou o Rei, ainda adorado até hoje devido à força do sangue ancestral que flui através dele e que lhe permitiu formar esse vínculo.

Enquanto avaliava tudo o que sabia sobre o Reino em sua mente, Daneel tentou bolar um plano diferente enquanto esperava a hora marcada para o duelo chegar.

Uma hora depois, a pousada começou a esvaziar enquanto todos corriam para o grande estádio que ficava nos arredores desta cidade.

Vendo isso, Daneel também se levantou da cadeira e bebeu o resto do vinho amargo num gole, antes de se dirigir ao estádio.

Depois de chegar, ele não pôde deixar de parar ao ver a impressionante semelhança entre este estádio e os famosos coliseus na Terra.

Afinal, o propósito era o mesmo, fazendo com que essa estrutura simples fosse adotada em ambos os mundos.

Do lado de fora do estádio, foram montadas barracas que distribuíam ferramentas de comunicação, que anotavam cuidadosamente os detalhes de quem recebia e tinham o cuidado de embalar a ferramenta na presença dos encarregados.

Foi Daneel quem insistiu nisso, pois as ferramentas não eram tão baratas a ponto de apenas espalhá-las e torcer para que não fossem descartadas por desinteresse.

Um slogan chamativo, que havia sido proposto por Eloise, estava na frente de cada barraca: “Junte-se à Rede de Angaria e veja como a glória do Reino Corvo Negro se torna conhecida em todo o continente!”

Como era crucial em qualquer anúncio, o objetivo deste era impressionar as pessoas que estavam assistindo ao torneio e que tinham muito orgulho de seu Reino.

Assim, muitos foram atraídos pela palavra ‘glória’ e se aproximavam com curiosidade das barracas para averiguar o que estava sendo distribuído.

Sorrindo para a longa fila em frente às bancas, Daneel comprou um ingresso e se dirigiu a um assento comum nas arquibancadas.

A luta ainda não havia começado, com as pessoas preenchendo as arquibancadas à medida que o tempo se aproximava do meio-dia, quando o Rei, supostamente, reduziria o desafiante a pó.

Vendo que tinha algum tempo antes da luta começar, Daneel pegou uma ferramenta de comunicação e perguntou: “Eloise, os três locutores estão prontos? Você verificou suas credenciais completamente?”

Depois de uma breve pausa, que fez Daneel se perguntar se havia algum problema com a ferramenta de comunicação, Eloise respondeu de forma incomumente ofegante, como se tivesse acabado de subir e descer escada correndo.

“Sim, Meu Senhor. Dois deles são veteranos do Exército de Lanthanor, que lutaram com o Reino Corvo Negro em algumas escaramuças, enquanto o terceiro é um viajante que já percorreu todo o continente desafiando todo o tipo de lutador que existe, assim como o desafiante que lutará com o Rei. Todos os três são bastante fluentes e já tivemos várias transmissões testes, onde eles avaliaram lutas amistosas entre lutadores lanthanorianos. A transmissão com certeza será um sucesso.”

“Ótimo. Não esperaria menos da pessoa mais trabalhadora e sincera de todo o Palácio. Continue assim, Eloise.”

Sem saber que esse simples elogio havia tirado o fôlego de Eloise novamente e a feito sorrir bobamente para si mesma, Daneel voltou a olhar para arena daquele estádio, percebendo que alguém havia entrado e caminhado até o meio da arena, embora ainda faltassem 20 minutos para o início da luta.

Este homem estava usando uma máscara que cobria totalmente seu rosto, com exceção dos olhos, e ele ficou parado despreocupadamente de braços cruzados, enquanto era vaiado pela multidão nas arquibancadas.

De fato, essa figura familiar invocou nas pessoas que estiveram presentes no torneio anterior o desejo de despedaçá-lo, devido ao excesso de confiança e natureza provocadora que ele havia demonstrado antes.

O orgulho deles havia sido fortemente ferido e, se por acaso o Rei perdesse para este desafiante sem nome, Daneel não poderia nem tentar adivinhar o que aconteceria.

Enquanto olhava insistentemente para o homem no centro da arena, Daneel não pôde deixar de sentir que ele lhe era familiar.

No entanto, não importa o quanto ele pensasse sobre isso, ele não conseguia descobrir quem era.

Desistindo e esperando que a máscara caísse durante a luta, Daneel pensou na transmissão secundária que recebera do Rei Corvo Negro.

Nela, o Rei Corvo Negro lembrou o vínculo estabelecido entre eles graças ao acordo com as Sementes de Echer, que, aparentemente, foi parte do motivo para ele aceitar que a Rede de Angaria se espalhasse em seu Reino.

Com isso, Daneel teve que resistir ao forte desejo de praguejar.

Afinal, ele sabia que o vínculo nada mais era do que uma esperança de que, ao destruir algumas das terras mais férteis do seu Reino, ele seria levado a encontrar uma maneira de reconstruir suas terras perdidas, e seu método seria copiado pelo Reino Corvo Negro para reviver suas próprias terras, que definitivamente já estariam estéreis devido aos efeitos destruidores das Sementes de Echer.

Sabendo que o Rei Corvo Negro logo receberia sua punição por conspirar contra seu Reino e seu povo, Daneel apenas sorriu para si antes de se concentrar na luta que começaria em alguns minutos.


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