A investigação da Sabor que Dá Felicidade 😉 aconteceu.
Todos os Extratores foram colocados de lado, observando os guardas entrarem em seu prédio.
Quando os guardas viram o interior da estrutura, suas expressões ficaram desconfortáveis.
Que porra era esse design?
Era uma Fabricante ou uma creche?
— Muito bem, rapazes! — gritou um dos Peritos. — Vamos desmontar tudo! Não deixem pedra sobre pedra! Vasculhem cada Unidade de Contenção! Interroguem todos os Espectros! Arrombem portas trancadas! Arranquem o piso! Quebrem as paredes! A Governadora quer tudo investigado!
Os guardas gritaram em confirmação antes de começarem a revistar o local.
Alguns estavam animados por poderem destruir um prédio inteiro, basicamente.
Outros estavam nervosos, pois não queriam entrar em contato com Espectros desconhecidos.
Dentro de uma hora, mais de 50 Extratores vasculhavam o prédio.
Paredes foram derrubadas.
Portas arrancadas das dobradiças.
Tábuas do chão removidas.
Papéis espalhados pelo chão.
Alguns guardas apenas se sentaram num canto com uma montanha de papel à frente.
Era o trabalho deles ler cada folha que parecesse minimamente importante.
BANG!
100 quilos de papel foram despejados em frente a uma das leitoras por uma guarda. — Isso veio do escritório da secretária do CEZ — ela disse.
A leitora franziu o cenho ao ver a montanha de papel, mas, ao ouvir de quem era, ficou interessada.
Empurrou para o lado os papéis que estava lendo e começou a analisar os da secretária.
Enquanto isso, alguém arrombou uma parede ao lado dela, mas não entrou.
Em vez disso, observou o interior da parede com interesse.
Eles estavam realmente examinando tudo.
Os guardas precisaram de quase um dia inteiro para vasculhar o prédio, mas a investigação ainda não havia terminado.
Embora o edifício tivesse sido vasculhado, enormes pilhas de papéis ainda estavam sendo lidas.
Além disso, havia uma parte que eles não conseguiam investigar.
Naturalmente, os guardas encontraram o túnel secreto que havia desabado, e puderam ver de imediato que antes havia um túnel ali.
Remover as pedras não era difícil para Extratores, mas eles não conseguiam descobrir aonde o túnel levava.
As paredes do túnel e da montanha eram feitas de pedra.
Não havia nada que indicasse para onde o túnel seguia.
Bem, pelo menos um dos túneis.
O túnel que levava ao armazenamento central não era difícil de encontrar.
Infelizmente, isso não revelava muita coisa.
No fim, não havia nada que pudessem fazer sobre o túnel desabado.
Quem quer que estivesse por trás daquela Fabricante, havia feito um bom trabalho escondendo os rastros.
A maioria dos investigadores deixou o prédio. Os que restaram estavam ocupados lendo montanhas de papéis.
Mas, mesmo após deixarem o edifício, o trabalho não havia terminado.
Aquele era o dia em que todos os Extratores seriam interrogados.
Um por um, os Extratores foram interrogados pelos interrogadores mais avançados.
A maioria também parecia ser vítima.
Tinham que viver naquele ambiente horrível e agir como crianças pequenas.
Como adultos, não gostavam nem um pouco disso.
Contudo, havia alguns que pareciam bastante suspeitos.
Quando os interrogadores encontravam alguém suspeito, enviavam a pessoa para seu superior.
O superior levava os suspeitos para uma Unidade de Contenção especial e os deixava lá.
Ele não sabia por que tinha que levá-los ali.
Só sabia que era ordem da Governadora.
Curiosamente, ele apenas os levava até lá.
Não os trazia de volta.
Sempre que o superior levava uma nova pessoa, a anterior já havia desaparecido.
O superior não fazia ideia de onde iam parar.
Até que, três dias depois…
Três dias depois, o superior levou uma nova pessoa e abriu a porta apenas para encontrar o indivíduo anterior ainda lá dentro.
— O que ainda está fazendo aqui? — perguntou o superior, surpreso.
— Senhor, me disseram que o senhor me escoltaria para fora — disse o Extrator com cautela.
O superior franziu o cenho.
Ele não precisava fazer isso antes.
— Tudo bem — disse o superior. — Pode sair.
A pessoa dentro da Unidade de Contenção saiu, e o superior empurrou para dentro a pessoa que trouxera.
— Me siga — disse o superior após fechar a porta.
Os dois caminharam em direção à saída.
— Senhor, se me permite perguntar — disse o homem — o que era aquilo lá dentro?
— Aquilo o quê? — perguntou o superior.
— O… sonho… é essa a palavra certa? — perguntou o homem.
— Explique — ordenou o superior.
— Bem, logo depois que o senhor saiu, todas as luzes se apagaram…
Ao ouvir isso, o superior ficou chocado.
Eles apagaram as luzes?!
Era assim que estavam torturando as pessoas?!
Aquilo era cruel demais!
— Mas em vez de sentir dor — continuou o homem — entrei em uma espécie de transe. Vi visões do meu passado e senti como se todas as pessoas da cidade começassem a falar comigo.
— Eu não sabia o que estava fazendo, mas quase automaticamente, comecei a responder todas as perguntas deles.
— O que foi aquilo? — perguntou.
O superior franziu o cenho.
“Isso parece perigoso e confidencial”, pensou. “Eu não devia ter perguntado.”
— Isso é confidencial — respondeu o superior, fingindo saber do que se tratava.
— Ah, tudo bem — disse o homem.
Os dois seguiram em silêncio até chegarem à saída.
— Estou indo agora — disse o homem antes de virar para caminhar rumo à cidade.
O superior apenas assentiu.
O homem começou a andar.
— Por que você é o único? — perguntou o superior de repente.
— Como é? — perguntou o homem, virando-se.
— Por que você é o único que eu tive que escoltar de volta? — perguntou o superior. — Não vi nenhum dos outros.
O homem pareceu um pouco nervoso, mas o superior percebeu que era o tipo de nervosismo de quem foi pego de surpresa, não de quem escondia um segredo.
— Eu não sei — disse o homem. — Eu nem sei o que aconteceu.
O superior o observou por um momento.
Aquele cara parecia ser uma boa pessoa.
Seria esse o motivo?
Não, as coisas não podiam ser tão simples.
Neste mundo, pessoas boas não eram recompensadas.
Na verdade, eram punidas por outras pessoas se aproveitarem delas.
Não havia como aquele sujeito ter sobrevivido só porque era uma boa pessoa, certo?
Após algum tempo, o superior voltou para dentro.
Algumas horas depois, novas ordens chegaram.
Os guardas receberam uma lista de nomes.
As pessoas nessa lista seriam presas e contidas separadamente.
Os guardas seguiram as ordens e contiveram todas essas pessoas.
Havia mais de 50 Extratores e mais de 150 pessoas normais, mas bastante ricas.
As famílias dessas pessoas ficaram preocupadas, mas acreditavam que veriam seus entes queridos novamente.
Afinal, os guardas disseram que seriam capturados apenas para fins de interrogatório.
Todas essas pessoas foram levadas para uma única grande Unidade de Contenção, e se olharam com nervosismo.
Quase todos se conheciam, já que tinham negócios secretos entre si havia bastante tempo.
Enquanto fingiam inocência, sabiam o motivo de estarem ali.
A Governadora havia descoberto seus acordos obscuros.
Confortavam uns aos outros. A cidade não poderia prender todos eles!
Todos juntos detinham quase 10% de todos os negócios da Cidade da Mina Negra!
Depois de um tempo, um guarda abriu a porta.
— Dimitri Aerol — disse o guarda.
Um homem mais velho se levantou e se aproximou do guarda.
O guarda fez sinal para que Dimitri o seguisse, e os dois deixaram a Unidade de Contenção.
Dois minutos depois, o mesmo guarda abriu a porta novamente.
— Stasia Aferio — ele disse.
Uma mulher mais velha se levantou e saiu da sala.
Nos 30 minutos seguintes, uma pessoa após a outra foi chamada.
— Jenkins Garvulnir — disse o guarda.
Jenkins, um homem mais jovem, se levantou e se aproximou.
Os dois saíram da Unidade de Contenção, e Jenkins seguiu o guarda.
O guarda conduziu Jenkins por um lance de escadas até um corredor estreito.
Parou em frente a uma porta aparentemente aleatória, abriu-a e deu um passo para o lado.
— Entre — disse o guarda.
Jenkins se aproximou e entrou pela porta.
BANG!
A porta atrás dele se fechou, mas Jenkins nem notou.
Toda a sua atenção estava voltada para a pilha de corpos à sua frente.
— Jenkins Garvulnir? — perguntou uma voz fria.
Jenkins olhou para o lado.
A Governadora estava ali, encarando-o.
— S-Sim? — respondeu Jenkins, em choque, sem compreender o que estava acontecendo.
A Governadora assentiu.
Então, sacou sua arma e atirou em sua cabeça.
O corpo de Jenkins foi arremessado para trás, caindo na borda do vestiário.
Seu corpo estava ao lado da pilha, mas logo estaria sob ela.
A Governadora respirou fundo enquanto olhava nervosamente para o canto.
Lá, viu uma discreta sombra negra de fumaça.
Decidiu não falar com a sombra e apenas focou na pilha de cadáveres à sua frente.
Naturalmente, fora ela quem fizera aquela pilha.
Tentou se manter calma por um tempo.
Então, a porta se abriu novamente, e outra pessoa entrou.
A Governadora olhou para a lista de nomes enquanto o recém-chegado encarava, chocado, a pilha de corpos.