Nick entrou na caverna e voou rapidamente em direção ao chão, atravessando-o.
No entanto, assim que tocou o chão, sentiu sua habilidade se desativar.
Já?!
Sim, cinco quilômetros não era uma distância longa para Espectros com aquele poder, mas aquilo foi muito rápido!
Por reflexo, Nick saltou para fora do chão de novo, e sua habilidade se reativou.
“Consegue me sentir através do chão!” Nick percebeu.
Isso também explicava como o Manto havia sido capaz de percebê-lo sem que ele pudesse perceber o Manto.
Essa habilidade provavelmente permitia que ele detectasse Nick a distâncias muito maiores.
Num instante, a mente de Nick passou por inúmeros cenários.
A única coisa que lhe dava alguma chance de sair daquela situação era sua habilidade principal.
Se essa habilidade fosse desativada, ele morreria.
Portanto, atravessar as paredes, o chão ou o teto significava morte imediata.
Sair da caverna também era ruim, já que não havia onde se esconder.
Parecia que o Manto se baseava principalmente em sua visão e naquele estranho senso pelo chão.
Portanto, se voasse para fora da caverna e cruzasse o céu, o Manto o perceberia e ele não conseguiria mais escapar.
Restava apenas uma possibilidade.
Ele teria que entrar na caverna e despistar o Manto sem tocar na caverna.
A percepção de Nick se estendeu pela caverna, e ele viu incontáveis ramificações.
Era um sistema de cavernas enorme.
Imediatamente, Nick disparou pela caverna abaixo.
No entanto, enquanto fazia isso, arrancou um pedaço do próprio corpo e o arremessou contra a parede.
Aquele pedaço tocou a parede e a atravessou como um fantasma.
A habilidade principal de Nick oscilou, e sua força variava entre três e cinco vezes o normal.
Isso se devia à natureza estranha com que o Manto conseguia perceber Nick naquele momento.
O Manto podia ver parte do corpo de Nick, mas aquela parte estava separada.
E ainda assim, podia ser controlada remotamente.
Portanto, era meio que parte dele e meio que não.
Menos de dois segundos depois, Nick perdeu o contato com a parte do corpo que havia enviado.
Durante esses dois segundos, ele conseguiu recuperar 30% de seu Zephyx.
Por outro lado, o Manto provavelmente também recuperou a mesma quantidade de Zephyx.
“O Manto é mais poderoso, mas não é um Espectro de Força. Além disso, também não tem uma habilidade de regeneração elevada. Isso torna mais difícil se curar dos ferimentos”, pensou Nick.
O Zephyx de um Espectro de Força era sua saúde. Em dez segundos, Nick podia se recuperar ao seu estado máximo.
Enquanto isso, um Espectro Físico Demônio poderoso precisava de minutos para se curar de um ferimento tão significativo, mesmo que seu Zephyx se recuperasse em apenas alguns segundos.
Nick já havia se aprofundado bastante na rede de cavernas.
De tempos em tempos, lançava diferentes partes de seu corpo em diferentes ramificações da rede.
Todas as partes, incluindo o corpo principal de Nick, tocavam ocasionalmente as paredes da caverna.
Naturalmente, o Manto não conseguia dizer qual nuvem era a verdadeira e precisava atacá-las uma por uma.
A essa altura, Nick já havia percebido que o Manto conseguia atravessar o chão como se ele não existisse, exatamente como ele fazia.
Normalmente, apenas Espectros de Força conseguiam atravessar os minúsculos espaços entre areia e terra sem movê-los, mas aquele Manto conseguia fazer o mesmo.
Pelo que Nick podia ver, o Manto tinha uma qualidade muito etérea que lhe dava propriedades semelhantes às de um fantasma ou de um Espectro de Força.
Nick conseguia perceber que seu corpo principal seria o próximo a ser atacado, já que uma de suas nuvens no ramo vizinho havia acabado de ser destruída.
Nesse momento, ele abriu um portal da Boca abaixo de si e disparou uma parte de si pela caverna, enquanto seu corpo principal seguiu por um ramo diferente.
Momentos depois, aquela parte foi destruída, mas não antes de se dividir de novo.
Agora, Nick estava presente em dez cavernas diferentes.
Infelizmente, isso só ajudaria temporariamente.
Embora houvesse essencialmente apenas 10% de chance de o Manto escolher a nuvem correta, e embora houvesse apenas 10% de chance de o Manto conseguir matá-lo, ainda restava 1% de chance de Nick morrer.
Após tentativas suficientes, essa chance de 1% se concretizaria.
Além disso, dividir-se em tantas partes quase custava tanto Zephyx quanto Nick regenerava.
Em essência, ele estava apenas se debatendo numa tentativa de escapar das garras do Manto.
Claro, parar tudo aquilo também não era uma opção.
Se Nick parasse de enviar partes de si, o Manto o alcançaria em um segundo e o mataria.
Nick tentava encontrar uma forma de sair daquela situação.
Infelizmente, não conseguia pensar em nenhuma.
Mas então, percebeu algo.
A maioria das cavernas parecia terminar num certo ponto ou seguir evitando aquele ponto.
Esse ponto parecia ter cerca de um quilômetro de largura e cerca de dois quilômetros de altura.
Aquilo não podia ser a superfície, pois eles estavam a quase três quilômetros de profundidade.
Além disso, Nick não conseguia sentir o que havia naquele ponto.
Ele só conseguia sentir sua borda.
No final de três das cavernas havia paredes feitas de… algo.
Era um tipo de material verde formado por muitas escamas individuais.
Era quase como se aquilo fosse uma cobra gigante ou algum tipo de inseto.
No entanto, a uniformidade e a ausência de aleatoriedade biológica indicavam que aquilo provavelmente não era um organismo vivo.
Além disso, Nick não sentia nenhum sinal de vida vindo daquelas paredes.
Ainda assim, as paredes pareciam extremamente bizarras.
“Não há outro jeito de escapar desse Manto”, pensou Nick enquanto se aproximava de uma das paredes.
Várias de suas outras partes estavam sendo destruídas enquanto ele se aproximava da parede.
Nick não via nenhum ponto de entrada na parede verde, mas estava sem opções.
Então, se lançou contra a parede com seu corpo de névoa.
BANG!
A parede o impediu, mas quando tentou continuar empurrando, percebeu algo.
Na verdade, havia pequenos buracos por toda a parede!
“Como eu não vi isso?!” pensou Nick, chocado, ao olhar para os buracos.
Antes, a parede parecia lisa, mas agora, parecia quase impossível alguém pensar que ela fosse lisa.
A parede estava coberta de buracos com cerca de um centímetro de diâmetro.
Embora as paredes dentro dos buracos ainda fossem lisas, a parede em si não podia mais ser chamada assim por causa de todos os furos.
Era quase como se fosse algum tipo de sistema de filtragem ou algo assim.
Nick queria descobrir como era possível esconder tantos buracos de seus sentidos, mas não tinha tempo para isso agora.
Entrou rapidamente pelos buracos e atravessou a parede.
Enquanto estava dentro dos buracos, não conseguia perceber nada a poucos centímetros de distância.
Tudo parecia feito de paredes verdes.
Nick podia tocar as paredes nas laterais dos buracos, mas quando se aproximava do ‘fundo’ dos buracos, o fundo simplesmente… nunca se aproximava.
Era como se Nick estivesse caindo por um buraco de dois metros por dezenas de metros.
Nick sentia que o conceito de física e percepção deixava de fazer sentido.
“O que é isso?” pensou, confuso, enquanto continuava atravessando o buraco curto que parecia infinitamente profundo.
Nick continuou avançando por alguns segundos.
Durante esse tempo, sentia-se cada vez mais nervoso.
Ele não conseguia mais perceber nada e tinha certeza de que o Manto também já havia encontrado aqueles buracos.
Ele precisava continuar.
Mas para onde continuar?
Parecia que seus arredores haviam deixado de fazer sentido.
Tudo ao redor parecia idêntico.
Havia paredes por todos os lados, envolvendo perfeitamente seu corpo enevoado.
Ele podia sentir todas as paredes e, sempre que tentava se mover em alguma direção, sentia como se não estivesse se movendo.
Será que estava mesmo se movendo?
“Não sei”, pensou Nick, olhando para o mundo verde que o envolvia.
Sentia-se preso no lugar.
Sentia que não podia se mover.
Não importava como tentasse, sentia que empurrava contra uma parede indestrutível.
Tentou se mover.
Não conseguiu.
Estava preso.
A mente de Nick começou a entrar em pânico.
“O que é esse lugar?!” pensou. “Nunca vi nada assim!”
“Isso não é um organismo vivo, mas também não é algum tipo de máquina. E com certeza não é algo natural.”
“Então, o que sobra?”
“O que isso poderia ser?”
“O que é esse material?” pensou ele, tentando analisar as paredes verdes ao seu redor.
O material era incrivelmente liso.
“É basicamente sem atrito. É como o vidro mais liso que existe.”
“Se algo entrasse nesse buraco e não houvesse resistência do ar ou gravidade, o objeto continuaria seguindo por esse buraco para sempre.”
“Mas…”
Foi quando Nick percebeu algo.
“Espera, não tem ar aqui dentro.”
Como Nick não precisava respirar, geralmente não notava a presença ou ausência de ar.
“Espera, será que consigo sentir cima e baixo com meus sentidos?”
Nick manifestou uma pequena parte do corpo e tentou sentir se estava sendo puxado em alguma direção.
Nada.
“Também não tem gravidade!” Nick percebeu.
“Mas como?!”
“Onde eu estou?!”